Entrevista

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A escritora Juliana James conversou com o Contramão e contou sobre a campanha e sua trajetória na literatura infantojuvenil

*Por Filipe Bedendo

Pessoa inquieta, produtora cultural, professora de teatro, pedagoga e escritora. É assim que a mineira Juliana James se define. Para ela, o caminho no mundo das artes surgiu bem cedo, apenas com 6 anos, quando começou as aulas aulas de teatro. Mas foi em 2013 que ela se lançou como escritora com o  livro “Qual a cor da sua vida?”. Desde então, não parou mais de escrever, já são 10 títulos publicados com temas variados que incluem diversidade familiar, inclusão de pessoas com deficiência, empoderamento feminino, e claro, fantasia.

Em março de 2020, Juliana lançou duas novas obras  e  começaria a divulgação dos títulos nas escolas, mas, assim como muitas pessoas, foi pega de surpresa pela pandemia do novo Coronavírus (Covid-19). Sem poder dar aulas de teatro e ao olhar as caixas de livros paradas em casa, a escritora decidiu criar uma campanha na internet a fim de arrecadar fundos e fazer uma boa ação nas instituições públicas de Juiz de Fora e região.

O Contramão conversou com a escritora, que falou mais sobre a campanha e sobre o seu trabalho.

Como surgiu a ideia da campanha? 

No dia 14 de março, lancei dois livros novos na Biblioteca Municipal Murilo Mendes: “Entrei pra família”, que fala de adoção e diversidade familiar, e “A Lua e o Riacho”, que é um livro extremamente poético, cheio de figuras de linguagem. No dia 16 de março tudo parou e  fiquei com esses exemplares em casa. Iria começar um trabalho de ir nas escolas, como eu sempre faço. Mas, com os livros em casa,  sabia que seria difícil vender. Sou professora de  teatro, meus trabalhos pararam e eu precisava encontrar uma forma de sobreviver nesse meio tempo, porque não dá pra ficar dependendo do governo. Foi aí que decidi lançar a campanha. Os livros custavam R$30,00 e R$35,00, eu coloquei todos a R$20,00. E a cada R$20,00 arrecadado, um livro é doado para uma escola pública de Juiz de Fora e região. Vários amigos contribuíram. Divulguei nas redes sociais e no Whatsapp. Já até entreguei no Caic Rocha Pombo, na Zona Norte, no Caic Núbia Pereira e na AMA. Meu objetivo é tentar juntar pelo menos 20 livros para cada escola. 

A quarentena mudou muito a sua rotina de trabalho? Como foi a adaptação?

Sim. 

É muito difícil dar aula de teatro online. Eu trabalho  com crianças, adolescentes e jovens, então, foi um desafio muito grande. Tenho mantido contato com os alunos, a gente tem feito alguns encontros digitais, mas o teatro é uma arte  que precisa do contato, precisa do afeto, de estar junto, ainda mais com crianças. 

Alguns dos seus livros são inspirados em pessoas reais, com problemas reais. Como é o processo de transformar esses assuntos em histórias lúdicas?

Para mim, o processo de escrita acontece de forma bem natural. Escrevo sobre coisas que eu quero defender, coisas que acredito e sobre pessoas que me inspiram. No caso de “Malu”, por exemplo, foi o último livro que escrevi inspirado em uma pessoa real, a Malu tinha um grave problema de saúde. Quando a conheci, a mãe dela me contou sua história  e a ideia veio na minha mente. Acho que cada escritor tem uma linha, cada pessoa escreve de um jeito. É claro que os livros são todos de ficção, alguns são inspirados em pessoas reais mas, mesmo assim, são livros de ficção. Acho que toda pessoa que escreve se inspira em alguém real. Alguma história do passado ou alguém que marcou muito a vida.

“Entrei para a Família” é um livro que abordamos diferentes tipos de família, incluindo casais homoafetivos e filhos adotados. Além deste, outros livros falam sobre deficiências e o papel da mulher na sociedade. Qual é importância de tratar esses temas com as crianças?

“Entrei pra família” é um livro muito bacana. Ele tem um cachorrinho como narrador e ele conta a história de uma garotinha que o adotou, esse é o gancho que faz ele explicar para as crianças o que é adoção. Ele explica que adotar é um ato de amor. Ensina o que está escrito no dicionário mas ele acaba explicando de um jeito mais simples e direto. E ele fala que a famílias são de todas as cores, que têm famílias de várias formações: tem a mãe com o filho, tem o pai com filho, tem família com dois pais, família que têm duas mães e tem família que a criança é criada pela avó, pelo tio ou por um irmão. O importante é o afeto que une as pessoas. Eu acho importante tratar desse tema. 

Tenho alguns amigos que adotaram. Tenho um casal de amigos que têm menininha e um casal de amigas que também têm um garotinho, então, esses amigos acabavam me pedindo para falar sobre isso. Nas minhas andanças de contação de histórias, outras pessoas que conheci me pediram isso. Fiquei com essa ideia na cabeça e então escrevi esse  livro. Coloquei o nome do personagem principal de Anny Eliza, que é o nome de uma garotinha que conheço e foi adotada. É um livro de ficção mas, como sempre, inspirado em pessoas reais que conheço.

Já recebeu alguma mensagem de pais que tiveram resistência aos livros por conta dos assuntos abordados?

Não, nunca. 

Na época que lancei “Céu de Outono”, que fala de empoderamento feminino, tive uma certa resistência por parte das escolas. É um livro que fala de gênero e é bem bacana, com ilustrações lindas. Mas, na época estava uma loucura essa coisa de “Escola Sem Partido” e de não poder falar sobre gênero nas escolas. Então, os diretores estavam com medo de me deixar contar essa história e as crianças entenderem ou levarem para casa de um jeito e alguns pais não aprovarem. Eu vivi isso, um certo temor por parte das instituições em falar sobre o assunto por receio de pais mais conservadores. Mas diretamente nunca me foi encaminhado.

Qual a principal mensagem que você deseja levar passar com os seus livros?

Não tem uma mensagem específica. Eu penso que preciso ajudar de alguma forma. Minha vontade é essa: contribuir para que as crianças se tornem cidadãos críticos e para que não sejam pessoas preconceituosas. Essa é a minha preocupação. Acho que são vários assuntos, vários temas e várias mensagens.

Você tem algum livro que marcou sua infância e te fez querer escrever?

Tenho contato com a leitura e com os livros desde muito cedo. Comecei a fazer teatro com 6 anos e fui apresentada a muitos autores. Tenho enorme gratidão ao teatro, então sou suspeita para falar. “A bruxinha que era boa” e “O Patinho Feio”, me marcaram muito, porque foram as primeiras peças que eu fiz e os primeiros textos que eu decorei. A “Maria Minhoca”, que é um texto incrível da Maria Clara Machado, “Crime Atrás da Porta” e os livros do Pedro Bandeira também. São vários livros que me marcaram, eu poderia fazer uma lista infinita.

O que você considera mais gratificante no trabalho e escritora e contadora de histórias?

Acho que o mais importante para mim e o que me deixa feliz, é que eu sou uma pessoa adulta e trabalho com algo que sou apaixonada desde a minha infância. Eu trabalho com que eu gosto, trabalho com arte, trabalho com teatro e com literatura. E isso me deixa imensamente feliz, apesar de ainda ser muito difícil trabalhar com arte.

 

 

*A entrevista foi produzida sob a supervisão da jornalista Daniela Reis e Italo Charles

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Delegada titular da Delegacia de Proteção ao Idoso de Belo Horizonte, Margareth Travessoni, conversou sobre o assunto com a equipe do Contramão.

*Por Izabela Avelar e Moisés Martins

O Relatório de denúncias registradas pelo disque 100 dos Direitos Humanos em 2019, aponta violações contra o grupo de pessoas idosas como sendo a segunda maior demanda de ocorrências. Segundo o documento, no ano passado foram registradas mais de 48 mil denúncias envolvendo o idoso. Este número representa 30% dos casos de registros do canal de monitoramento.

Os dados foram apresentados pelo Ministério da Mulher da Família e dos Direitos Humanos, em junho de 2020, e retrata as violações de Direitos Humanos no Brasil. A negligência consiste na violação com maior volume para o grupo de idosos, com registros de (41%), seguida da violência psicológica com (24%), e abuso financeiro que consiste em (20%) das ocorrências. Os abusos foram constatados em todo o Brasil e os estados que registraram os maiores índices de denúncias foram, principalmente, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Hoje, 15 de junho, é o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa. A data foi declarada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa. Desde 2006, acontecem campanhas pelo mundo todo com o objetivo maior de reconhecer as pessoas idosas como sujeitos de direito, sabendo que os números se agravam, gradativamente, e por isso demanda atenção.

Para falar mais sobre o assunto, o Contramão conversou com a delegada titular da Delegacia de Proteção ao Idoso de Belo Horizonte Margareth Travessoni.

Como funciona a Delegacia de Proteção ao Idoso em Belo Horizonte?

Em BH, a delegacia está localizada na rua Barbacena, nº 288, no Barro Preto. Nós atendemos os casos de violências domésticas contra pessoas idosas e também casos previstos nos Estatuto do Idoso. Funcionamos de segunda a sexta-feira, no horário comercial e plantões aos finais de semanas para mulheres vítimas de violências.

 

Quais são as principais denúncias que vocês recebem para investigação?

Maus-tratos a pessoa idosa, apropriação do benefício previdenciário, abandono do idoso, agressões físicas e psicológicas.

 

Como essas denúncias chegam até a delegacia e como vocês fazem o trabalho de investigação e a comprovação do crime?

As denúncias chegam através do disque 100, Direitos Humanos. Logo após o recebimento da denúncia, a gente designa uma equipe que vai até o local da ocorrência apurar e verificar os fatos e situação diária daquele idoso. Sendo procedente, damos início a uma investigação mais detalhada, convidando as pessoas a comparecerem na unidade policial para formalizar os termos e declarações dos fatos, até finalizar a investigação com o indiciamento do investigado ou não.

 

O que a lei prevê em casos de abusos comprovados?

As penas variam muito, para crimes mais leves e comuns como os maus-tratos a pessoa pode pegar de 1 a 4 anos de prisão. Caso o crime resulte na morte do idoso o acusado pode pegar até 12 anos de prisão.

 

Dentre os agressores quem são os principais algozes? E qual é o sexo mais afetado?

Geralmente os agressores são os próprios familiares dos idosos, filhos, netos, irmãos. Quanto ao sexo mais afetado, não existe muita diferença, sofrem simplesmente por serem vulneráveis, homens e mulheres.

 

Margareth, fala um pouco das três violências citadas no relatório do disque 100, negligência, violência psicológica e abuso financeiro.

 A negligência é justamente o cuidado que o idoso deixa de receber, a falta de alimentação, uma falta de banho, uma troca de roupa ou fraldas, o não uso correto dos medicamentos, já a violência psicológica é aquilo que geralmente o idoso ouve, frases como: “ Porque você não morre” “ Você é um fardo”, e o abuso financeiro que é a apropriação especialmente do benefício previdenciário do idoso.

 

Conte-nos pouco sobre a sua formação e como você chegou à Delegacia de Proteção ao Idoso?

Eu estou a frente da delegacia há um ano. É  um trabalho muito gratificante, foram muitas investigações concluídas nesse período, esse ano estamos pensando até em soltar o balanço das atividades da Unidade, expedimos várias medidas protetivas para idosos que sofrem de violência doméstica. Lembrando que durante a pandemia de Coronavírus as denúncias aumentaram no canal do disque 100, e nossa equipe não parou, durante esse tempo foram em média de 500 ocorrências já verificadas.

 

Após a permanência no cargo, mudou alguma coisa em sua visão pessoal em relação à pessoa idosa?

É satisfatório, saber que estamos ajudando as pessoas, e muitas vezes só a ida da Polícia Civil até o local da ocorrência já inibe a ação dos agressores. Minha vida mudou muito, a gente vê muita coisa ruim, ficamos sensibilizados, mas nos esforçamos muito para que todos os casos que chegam até a equipe seja resolvido.

Ao final da entrevista, a delegada chamou a atenção para que as pessoas denunciem os casos de abusos contra os idosos, através do disque 100, segundo a mesma, a ligação é gratuita e a pessoa não precisa se identificar.

 

* A entrevista foi produzida sob a supervisão da jornalista Daniela Reis

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Cida Falabella recebe Jornal Contramão

Por: Arthur Paccelli e Carlos Fernandes

Diante do cenário político atual, questões como educação, artes e cultura foram taxadas de “coisas de esquerdistas” e perderam representatividade desde o nível municipal ao nacional. O país vive um cenário em que a política é feita com uma rivalidade quase futebolística, onde cada um defende seu candidato, seu partido e suas ideologias sem sequer observar o que há “do outro lado dos muros”. Atualmente promover as artes, cultura e educação inclusiva se torna um desafio para aqueles que trabalham em prol das lutas socioculturais.

Em entrevista, a vereadora da cidade de Belo Horizonte Cida Falabella, do PSOL, falou sobre a necessidade de incluir política, cultura, artes e educação nos debates populares, desde a periferia ao centro. Eleita com 3.454 votos sendo a segunda vereadora mais votada da capital, Cida também é atriz, professora, defensora das minorias e integrante do Gabinetona juntamente com a Deputada Federal Áurea Carolina.

Gabinetona é um movimento político colaborativo, idealizado por parlamentares engajadas nos movimentos populares da cidade. O projeto possui cerca de 90 ativistas em sua maioria mulheres, negras, LGBTIQs, indígenas e moradoras de ocupações urbanas. O movimento possui locais de encontro que possibilitam a população de participar efetivamente do mandato das representantes envolvidas.

  • Recentemente na imprensa, você declarou que o projeto escola sem partido é “antigo”. Em sua opinião, quais aspectos sociais trouxeram à tona o debate das reformas na educação?

O projeto escola sem partido é assumido por uma bancada que se autodenomina cristã que tem como traço o fundamentalismo religioso e o ataque principalmente aos debates de gênero. A questão da educação no país avançava sentido da inclusão, de políticas de cotas, na expansão de vagas nas universidades públicas. No atual governo, muito do que era considerado investimento passou a ser tratado como gasto, passível de cortes sem nenhum tipo de preocupação a longo prazo. Todo mundo fala como a educação é fundamental, que nenhum país sai de crise sem educação, tecnologia e ciência, e no Brasil isso começou a ser atacado. Estamos vivendo em um tempo que é baseado na negação do conhecimento e um ataque a arte e a cultura.

  • Diante as recentes mudanças na educação e a aprovação do projeto escola sem partido, você julga importante a atuação de assistentes sociais nas escolas e apoio psicológico para os funcionários da educação?

A educação passa por muitos espaços de elaboração com participação de professores, pais, alunos e toda a comunidade escolar e qualquer debate sobre assistência social ou psicológica nas escolas tem que passar por esse processo. Acredito que fazer projetos de fora da escola e tentar impor não seja uma alternativa eficaz. Na verdade, o que a escola faz quando precisa do trabalho um assistente social, por exemplo, ela procura as redes do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), toda a rede municipal de atendimento e assistência social e de saúde está atenta aos casos das escolas que precisam ser atendidas.

Cultura

Em sua campanha, Cida, defendeu a bandeira da cultura e da arte na capital mineira. A vereadora acredita que a cidade vive um período de renascimento das políticas públicas de cultura com a criação de uma secretaria municipal de cultura.

  • Como a cultura tem sido tratada na atual gestão municipal?

Penso que a nível municipal, vivemos um tempo onde a cultura volta a ser protagonista, com reestruturação de editais, buscando integrar cada vez mais as margens da cidade e as manifestações que ficavam de fora. Belo Horizonte tem como secretário de cultura Juca Ferreira um homem que foi ministro no governo Lula e Dilma e isso faz muita diferença.

  • No governo do estado como você acredita que mesmo diante das recentes mudanças a cultura permanece recebendo a devida atenção?

No governo estadual é uma grande tristeza a secretaria de cultura ter se tornado uma subsecretaria. A luta para construir uma pasta da cultura foi uma luta histórica. Não adianta falar que vai tirar a pasta e a política vai ser a mesma, porque para ter política é necessário gestores, cargos e uma estrutura, porém vemos que acontece uma desestruturação, ainda mais para um estado do tamanho de Minas. Para eles, cultura é algo descartável, ou algo que a esquerda faz e que dever ser combatido.

  • Como você enxerga a situação da cultura a nível federal?

Estamos em um momento muito delicado, de desmonte total do que tínhamos de cultura, principalmente a políticas importantes da esquerda, como o Cultura Viva, que é um projeto que visa reconhecer as atividades que já acontecem em comunidades quilombolas e indígenas. Vemos ataque a artistas, censura e cancelamentos de editais importantes. Os Estados Unidos são um exemplo de como tratar a cultura, o país construiu seu reconhecimento e respeito internacional, com o cinema, por exemplo, uma indústria que emprega milhares de pessoas, e aqui, isso é jogado fora.

  • Qual a relevância de se debater a democratização do acesso à cultura e o que tem sido feito para incluir a população nos debates socioculturais da cidade?

Dentro da cultura, temos 3 direitos. Primeiro, produzir cultura, ninguém pode tirar isso de alguém, você pode não gostar dos meninos fazendo passinho ou do funk nas favelas, mas, inegavelmente aquilo é a cultura sendo produzida. O segundo é você ter acesso as políticas de cultura. Ter acesso aos editais, conseguir recursos para que aquela atividade não morra. E o terceiro é influir nas políticas de cultura, por meio de conselhos, decisões. Eu tenho direito a ir ao teatro, ao cinema, com um preço bom. As escolas devem levar seus alunos às diferentes manifestações de cultura. Devemos saber como a cultura está sendo feita, é preciso ter transparência na forma dos governos de construir suas políticas. Os conselhos de cultura têm que funcionar. É necessário eleger pessoas da sociedade civil para poder fazer parte de comissões que elegem projetos, para garantir que as comunidades estão sendo representadas.

  • Como você enxerga as práticas de desvio de atenção da população diante as decisões importantes do governo? Como o futebol sendo usado como “Pão e circo”, por exemplo.

Sobre o futebol, não temos que tirar as alegrias que o povo tem. O pessoal dizendo: “Ah que com essa fase do Flamengo, isso vai ser bom para o Bolsonaro”. Eu não estou nem aí para o Bolsonaro. O povo do morro, a grande parte da favela do Rio de Janeiro torce para o Flamengo e eu fico feliz por eles. Claro que na década de 70, durante a ditadura, o país tinha uma das melhores seleções na copa, o que encobriu parte do período. Mas a gente não pode jogar tudo fora. Não podemos impedir a população de ser feliz com futebol. Claro que lutamos contra a homofobia no futebol, mas não podemos negar a força que o futebol tem. Temos que ter um equilíbrio entre esporte e política, se não as pessoas ficam sem nada.

  • Sobre a política atual, você considera significativa a participação das mulheres?

Hoje nós temos menos que 10% de mulheres aqui. Eu acho que é fundamental a nossa participação, pois somos maioria na população. Quem está no alvo, na mira da violência são as mulheres, os índices de feminicídio aumentaram em 250% na cidade. Precisamos de mais mulheres para pautar essas discussões, sobre parto humanizado, aborto, direitos reprodutivos e lutar contra a educação sexista. É fundamental que tenhamos mulheres negras, periféricas, indígenas. São debates que um homem por mais que tente representar as mulheres não é suficiente, e necessário que as mulheres sejam as protagonistas.

  • Qual a importância do Gabinetona para a democracia?

O Gabinetona vem de uma movimentação chamada MUITAS que é formado por jovens e que vem de um debate pela ocupação da cidade. Desde a praia da estação que foi um movimento contra a proibição de manifestações aprovada pelo ex-prefeito Márcio Lacerda, a ocupação do conselho de cultura e ao carnaval da cidade. Os líderes desses movimentos chegaram a conclusão que precisavam ocupar a política, e sobretudo ocupar o poder legislativo, para promover uma diversidade de corpos, não dá para ser os mesmos homens velhos e brancos, tem que ter a mulher, negra, indígena, periférica, tem que ter a pauta da maconha e da mobilidade urbana. O objetivo é levar a arte e a cultura para fazer com que a política interesse e encante as pessoas, pois se você não faz política, alguém vai fazer ela por você. A idéia de que a política é ruim só serve pra manter os mesmos no poder.

*Entrevista realizada sob a supervisão do professor Aurélio José

 

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*foto: Flávio Souza Cruz

Já são mais de 20 anos de trabalho das três irmãs Ferraz, ao longo desse tempo foram sete CDs, espetáculos cênicos, parcerias e shows marcantes que fizeram do trio uma referência de música popular mineira.

Por: Fernanda Guimarães, Guilherme Sá, Italo Charles

Em entrevista para o Jornal Contramão, o trio conta um pouco sobre a sua história, a relação profissional entre irmãs e como a música proporcionou momentos de união à elas na construção de uma carreira sólida, estes foram alguns dos temas abordados. 

Três irmãs se juntam e formam um grupo de música reconhecido pelo seu apreço a música brasileira, voltando um pouco na história do trio, como surgiu a ideia do Amaranto? Esse nome, por exemplo, qual o significado?

Flávia nos responde a primeira pergunta contando um pouco da história do grupo.

“O surgimento do Amaranto foi a consequência natural da maneira como a música sempre esteve inserida na nossa vida. Sempre brincamos de cantar, exploramos nossa criatividade com música desde a infância, embora em nossa família não tenha havido antes de nós músicos profissionais. Na adolescência, passamos a estudar música e tivemos a sorte de fazer amizade com pessoas também envolvidas com o canto e com o estudo de instrumentos musicais, e formamos nossas primeiras bandas. Marina, a mais nova, não fez parte do grupo Flor de Cal – nossa primeira experiência profissional – mas nos ajudava a ensaiar e fazer arranjos. Assim, quando a banda acabou, foi natural prosseguirmos juntas, as três irmãs. 

Escolhemos este nome pela sonoridade e porque representa uma família de flores, conhecidas por sua perenidade. Para os povos antigos da América Latina, o amaranto era símbolo de força e imortalidade. Essa ideia casava bem com nosso desejo de ser um trabalho longevo. E assim tem sido! Parece que acertamos.”

 

São mais de 20 anos juntas, a que vocês atribuem uma parceria que dá certo a tanto tempo?

Flávia: “Faremos 22 anos de carreira em fevereiro! O principal segredo é que desenvolvemos constantemente a capacidade de reconhecer as diferenças individuais e aceitá-las bem, sabendo inclusive que isso é o que torna o trabalho bonito. No início, o foco é na identidade, naquilo que nos une e que nos faz um grupo coeso. Depois, as individualidades vão ganhando espaço e força, e vão – dialeticamente – reforçando nossa união. Não é simples, exige esforço, doação e muito amor. E não é porque somos irmãs que isso acontece naturalmente, é um processo contínuo que não pode ser negligenciado. E assim, vamos regando nossa plantinha, porque nossa meta é fazer bodas de ouro, como o Quarteto em Cy!”

 

Três cabeças pensantes, cada uma com suas particularidades, na hora de escolha de repertório, quais são as inspirações do amaranto? 

Flávia: “O processo de escolha de repertório sempre partiu de um desejo individual. Aquela que imagina a voz do Amaranto em alguma canção apresenta a ideia para as outras e se a ideia vibrar no coração das três, acatamos. Assim acontece também com nossas composições. Temos referências musicais semelhantes, mas nas buscas individuais mais coisas vão sendo acrescentadas às escolhas de cada uma. Atualmente, este processo flui muito naturalmente, sem conflitos.”

 

Diversos trabalhos entre CD’s e espetáculos ao longo desses anos, gostaria de saber, tem algum que marcou de forma especial ?

“Foram realmente muitos shows importantes na nossa carreira e cada um tem cantinho especial na nossa lembrança” 

Palavras da Lúcia, mas um show marcante para ela e para as irmãs foi o show de lançamento do CD Brasilêro em 2003.

“Fizemos um projeto de lei, com ingressos a preços populares super acessível, na época a gente tava tocando muito na rádio e foi um show muito emocionante. Não foi a primeira vez tocando no Palácio das Artes, a gente já tinha feito algumas participações em outros shows mas foi nossa primeira apresentação naquele espaço sozinhas. E aí teve a casa lotada, ingressos esgotados, pessoas que chegaram na porta para comprar, fizemos um show muito especial com criação de cenário e figurino, uma grande produção. Foi muito lindo tocar no Palácio das Artes que era para a gente o maior espaço de Belo Horizonte na época, realmente foi uma grande emoção.”

 

2008 o Amaranto faz sua primeira apresentação fora do Brasil, com certeza um momento muito importante na ampliação do trabalho do grupo, conta um pouco como foi essa experiência.

Lúcia: “Em 2008 a gente recebeu um convite da embaixada brasileira de Washington, era um evento sobre a cultura da música mineira e a gastronomia, foi uma alegria esse momento na nossa carreira porque foi a nossa primeira viagem internacional, conseguimos as passagens pelo edital de passagens do governo e como já tínhamos esse convite feito pela embaixada criamos a oportunidade de fazer um outro show em Nova York, no bar de música chamado cachaça de música variada, jazz e world music. Foi uma experiência muito legal apesar de não ampliar tanto nosso trabalho o fato de ter no currículo shows internacionais que tiveram uma receptividade do público muito boa, mostra que oportunidade é o que falta, tendo oportunidade o trabalho é bem recebido em outros lugares do mundo, e isso que é o mais importante. 

 

“Três Pontes” e “A menina dos Olhos Virados”, trabalhos dedicados ao público infantil, de onde parte o desejo da criação destes? E como foi a recepção?  

Marina Ferraz a irmã caçula do trio responde a pergunta, “Os dois trabalhos dedicados ao universo infantil do Amaranto, tiveram origens um pouco distintas, o Três Pontes  temos um trabalho baseado muito na receptividade que a gente tinha com as crianças no palco, a gente tocava músicas para adultos e as Crianças ficavam na beirada do palco escutando, no final do show era sempre cheio de crianças assistindo bem pertinho da gente, é isso que nos motivou a construir o Três Pontes. Já o segundo Trabalho foi um pouco diferente, motivada pelo percurso que eu, Marina Ferraz, tive com o teatro. Fiquei muito entusiasmada para colocar em prática meus inscritos, que Surgiram desde muito nova e tive vontade de levar a Lúcia e a Flávia para o palco,  levando o nosso universo infantil, coisas que a gente sempre fez quando criança. E aí eu escrevi essa história A Menina dos Olhos Virados que surgiu a partir da música Olhos Virados, é essa música que me fez criar uma história inteira com canções. A Menina dos Olhos Virados já foi uma coisa um pouquinho mais planejada e os dois trabalhos deram super certo, e agora estamos com um terceiro trabalho, Menino da Sem Palavras, que estaremos inaugurando agora no fim do ano em dezembro.”

A originalidade na composição dos arranjos é uma marca do Amaranto, explorando ao máximo todos recursos de voz e instrumentos. Como é feita a construção dessa identidade sempre citada por quem avalia o trabalho do trio?

Lúcia: “A construção dos arranjos vocais do Amaranto são feitas entre a gente mesmo, pelas três integrantes, a gente sempre faz os arranjos coletivamente na hora que tá experimentando a música. Então eu acho que talvez essa  originalidade tem a ver um pouco com as nossas experiências de criação musical da infância, dessa liberdade de compor e criar em cima de uma coisa que já existe, uma melodia já existente. E aí a gente vai experimentando, cantando e aos poucos as ideias vão surgindo e as que são interessantes ficam e as outras vão embora. A maneira é sempre intuitiva, apesar da gente ter o conhecimento musical, ter o estudo da música, na hora de criar a gente deixa a liberdade da brincadeira da criação coletiva. E a parte instrumental sempre é muito mais simples quando é só a gente e, quando tem outros músicos envolvidos é realmente sempre no coletivo. Eu acho que a gente tem essa ideia de que o coletivo sempre traz muitas possibilidades.”

A música feita aqui em minas tem grandes momentos como o clube da esquina, as bandas Jota Quest e Skank com grande força de mercado, e nos últimos tempos vem crescendo o Rap e o Samba. Tem um lugar para a música popular, como a feita por vocês nessa crescente? Retomando a tradição mineira no estilo?

Flávia: “Tem sim! Existe espaço para todos. Mas é preciso ter consciência de que o mercado da comunicação de massa escolhe pouca coisa para trabalhar e ampliar o alcance daquilo. Há bastante gente que curte música vocal (uma das tradições que resgatamos) e se vê representada pelo nosso nosso trabalho. A gente não se sente limitada por um estilo ou tradição. Vamos fazendo o que nos representa esteticamente e fazendo esforço de nos conectar àquelas pessoas a quem nossa arte faz sentido.”

 

Recentemente em entrevista com Mônica Bérgamo, da Folha de São Paulo, Milton Nascimento declara que: “música brasileira está uma merda”, como vocês avaliam o cenário musical atual?

Flávia: “A fala do Milton tinha foco em um tipo de produção musical presente hoje no Brasil. Ele próprio teve de esclarecer esta fala depois da publicação da entrevista. Makely Ka cunhou uma expressão que – para nós – representa muito bem o que acontece na música brasileira: “música orgânica”, em contraposição às “monoculturas, aos latifúndios musicais”. Há coisas maravilhosamente incríveis e inspiradoras sendo feitas na música brasileira sim. Há tanta coisa que é impossível se dar conta de tudo. Mas são trabalhos que são feitos com envolvimento direto de quem os cria em todas as etapas de sua produção. É como uma pequena propriedade, plantando e colhendo seus produtos, sem uso de aditivos químicos. Cultura de massa, desde que surgiu, é uma coisa diferente de Arte. Arte brota. É manifestação da essência do artista, de certa forma incontrolável, por ser absolutamente necessária para o artista. Isto que se planeja meticulosamente, com estudos de mercado, injeção de muito dinheiro, é diferente de arte. É da ordem do mundo do entretenimento – que de vez em quando encontra a arte sim – mas não isso acontece fortuitamente, não é o que se busca em primeira instância. Neste sentido, a arte e a música brasileira, andam muito bem, obrigada.

 

Quais os desafios de fazer música independente se popularizar entre os ouvintes que, hoje tem a mão diversas formas de consumo, como  plataformas de Streaming e Youtube, como o grupo trabalha nesta área ?

Flávia: “O maior desafio é fazer a música chegar a quem ela pode realmente fazer sentido, virar alimento da alma. É isso que o artista busca. Preocupamos com a ampliação do nosso público, mas não com um projeto de expansão exponencial. É um trabalho de formiguinha. Um a um. As conexões se dão por amizades, por compartilhamentos de interesses comuns. E o público que chega para nós por meio deste caminho, é muito fiel. É muito parceiro. Vira um divulgador e já divulga para as pessoas certas. Bate um desanima vez ou outra – mas a gente espera passar e segue firme! – é a quantidade de tempo que a gente despende com atividades extra-musicais, com criação de conteúdo para redes sociais etc. Mas não há outro caminho. Seguimos firmes.”

Em 2018 o grupo realizou na Fundação de Educação Artística (FEA)  um show para ajudar no programa social de bolsas de estudo. Qual a importância de ações como esta, principalmente nos dias atuais, onde a área cultural não recebe incentivo de fato?

Lúcia: “Eu acho que, a princípio são ações pequenas, e que às vezes parecem não surtir um grande efeito no mundo de hoje. Mas é só mesmo com elas para a gente sentir que alguma coisa está sendo feita, porque se não podemos contar com ações do governo, infelizmente, estamos mesmo em um período realmente muito triste para a cultura e para outras áreas, como as ações do governo não feitas e inclusive até o contrário na desvalorização da Cultura. Se a gente dá conta de fazer pequenas ações, já temos a sensação de que alguma coisa está sendo feita, pequena sementinhas estão sendo plantadas de alguma forma. É uma pena realmente as ações não serem maiores, mas quando cada um faz um pouquinho eu acho que o mundo vai se transformando, é o que a gente tem que tentar fazer hoje em dia, fazemos nossa parte dentro de casa e na música fica pensando no que fazer. Apesar dessa ação muito voltada para as bolsas, para ajuda nas bolsas, a gente tem feito outras nesse sentido, que se for para pensar a gente quase que não ganha, não recebe para fazer um show, para fazer um trabalho novo para lançar um projeto novo, mas a gente faz por amor a música e por amor a arte e por saber que isso faz diferença na vida de muita gente então acho que é assim que se começa do pequeno e aos poucos as coisas vão crescendo.

 

E para o futuro, quais são os planos? O que o grupo prepara para o público?

Marina: “O Amaranto tem para esse ano dois grandes projetos que a gente idealizou bem no comecinho e agora estão chegando na reta final. Um deles é o livro Menino da sem palavras, escrito por mim Marina Ferraz, e o CD homônimo  com canções compostas pela Lúcia Ferraz, Thiago Godoy, Marina Ferraz e Flávia, dedicado a nome de pessoas, esse CD vem encartado junto do livro que é infanto juvenil e também vem o áudio da peça que a gente adaptou para teatro, o lançamento será agora em Dezembro. Estamos muito feliz de ir mais uma vez para o Teatro, poder apresentar nosso trabalho junto da Daniele Braga e do Thiago Corrêa. E o outro é o Bendito jazz, o CD do show gravado em 2017 na sala Minas Gerais, realizado pelo Amaranto e o Trio Mitre, que é maravilhoso e a gente compôs um repertório com canções dos irmãos Gershwin e do Cole Porter, esse trabalho foi condensado no período muito curto, em um mês a gente ensaiou e criou os arranjos juntos e agora estamos tendo alegria de ter esse material, registrado no dia do show sem a gente saber pelo Murilo Correia. E agora juntamos esse material e estamos lançando em CD, então são esses os nossos projetos e, para os próximos anos terá novidades mas estamos primeiro concentrado nessa nessas duas grandes ideias.

*Entrevista realizada sob a supervisão do professor Aurélio Silva

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Por: Helen Oliveira

A imagem dos avós  na cadeira de balanço a espera dos netos perdeu-se no tempo. O time da terceira idade está, cada vez mais, ativo. Eles trabalham, saem para encontrar os amigos, dançam, divertem-se e conseguem compartilhar momentos com a família. Administram o tempo de forma a aproveitar todas as oportunidades oferecidas pela vida. No Dia Nacional dos avós, o Contramão  conversou com dois deles, José Teixeira Alves, de 63 anos, e Ivany Alves Leite, de 66, que se mantêm em atividade.

De acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), divulgados pelo Ministério do Trabalho, o número de pessoas entre 50 e 64 anos, no mercado formal de trabalho, cresceu quase 30% entre 2010 e 2015. É o caso de José Teixeira Alves, mais conhecido como Zezinho. Avô de oito netos, o senhor faz dupla jornada: cuida da família em casa e da família que criou no ambiente de trabalho.

O idoso trabalha como auxiliar de manutenção, há 14 anos. Apesar de ter idade para se aposentar e ter dificuldades de locomoção, Zezinho não tem intenção de parar de trabalhar. Ele costuma percorrer longo trajeto de casa ao trabalho,  “São três ônibus para ir e três para voltar. Não é fácil, mas quero continuar trabalhando, enquanto tiver vida e saúde”, ressalta.

José assumiu o papel de conselheiro, atendendo às pessoas que o procuram para desabafos e conselhos, confiantes na vivência e maturidade dele. Em casa, os filhos e netos de Zezinho “tem que andar na linha”.  Ele não dá colher de chá, mas, sempre que necessário, está disposto a estender a mão.

“Como o tempo é curto, não consigo estar 100% com os netos, mas, no final de semana, a minha casa fica cheia. Nas férias, eles passam comigo e minha esposa. Procuro levá-los em passeios e viagens para ficar perto”, finaliza o avô.

Ivany Alves Leite é avó moderna. Com nove netos, ela não deixa transparecer a idade que tem. Cuida muito bem da saúde para manter-se, a cada dia, mais jovem. Nunca dispensa batom para realçar a beleza.

Para a senhora a idade chegou, mas ela se mantém com vigora. Ela foge dos padrões de avó que faz tricô. Garante que os netos se mantêm bem próximos por ela ser assim. É vista como amiga. Ivany sempre foi dona de casa e passou anos cuidando da casa e família. Agora é o momento de aproveitar os dias “de folga”. A dona de casa levanta todos os dias bem cedo para fazer caminhada, “manter a forma e saúde é primordial”. Realiza consultas periódicas para saber suas necessidades e limites.

A avó é exemplo para as amigas que procuram mudar o modo de vida. Sempre muito alegre, a senhora aconselha a todas a viverem como se sentem bem. “A idade chegou apenas no corpo. A cabeça tem que ficar jovem. Meus netos precisam de mim e eu deles, e é dessa forma que me mantenho próxima a eles”, conclui.

Por: Moisés Martins e Marcelo Duarte 
Foto: Dimi Silva

Em 8 de maio comemora-se o Dia Nacional das Artes Plásticas. Convidamos o artista Edmilson Antônio da Silva, conhecido como Dimi Silva, para um bate-papo.  Aos 35 anos, ele vive de seu trabalho como autônomo em Belo Horizonte. Brinca com as cores, possibilitando a quem vê  viajar por mundos divertidos. A inspiração é ampla, vai da beleza da mulher negra aos autorretratos de Frida Kahlo (1907-1954), uma das principais pintoras do século XX. “É muito importante ter um dia do artista plástico, mas deveria ter mais eventos e feiras para que possamos mostrar nosso trabalho”,  afirma o artista plástico Dimi Silva.

Como e quando você iniciou nas artes plásticas?

A ideia de ser artista plástico foi algo que surgiu em minha vida. O gosto pela arte vem desde criança. Desde cedo aprendi a desenhar. O tempo passou e, a cada dia, queria aprender mais. Comecei a ter contato com novas técnicas e estilos de desenhos, que me fizeram chegar onde estou. Mas não quero parar por aqui. A cada dia que passa eu aprendo mais, para que meu trabalho fique cada vez melhor.

Como você se vê dentro do mundo das artes?

Eu me considero grande artista plástico. A grande maioria das pessoas não dá valor às artes. Então, fica difícil para o artista ser reconhecido pelo seu trabalho.

Dentro da arte, como você usa a tecnologia a seu favor?

A tecnologia tem nos ajuda bastante.  Uso as redes sociais para divulgar meu trabalho. Por meio das postagens, alcanço público amplo, o que aumenta o  reconhecimento do meu trabalho.

Como você apresenta suas obras?

Faço pinturas expostas em  muros da cidade, onde o público tem contato direto com a arte e com o meu processo de produção. Também participo de algumas feiras de artes.

Com qual outra área das artes plástica você teve contato?

Basicamente foi só pintura mesmo. Pintura de telas, murais, desenhos papel e arte digital.

O que você espera do seu futuro nas artes plásticas?

Busco evoluir cada vez mais, sempre buscando novos conhecimentos e com isso reconhecimento pelo meu trabalho.

Você tem contato com outros artistas?

Tenho muitos amigos no meio artístico, com trabalhos maravilhosos e de diferentes estilos. Para mim é um contato muito importante desde a  parte do aprendizado artístico até questão do respeito com a arte do colega.

Você vê muitos jovens inseridos nas artes plásticas?

No meu cotidiano vejo alguns, mas faltam oficinas, eventos e projetos voltados à juventude para poder despertar o interesse dos jovens pelas artes plásticas.

Aqui podemos ver um pouco de suas obras e sua descrição sobre elas;


Mural realizado na pista de skate do Barreiro/Belo Horizonte. “Assim como a maioria dos meus trabalhos não tem muita a explicação exata, gosto de compor obras voltadas para psicodelismo surreal com bastante movimento e cores vibrantes e objetos de mundos distintos tudo em um mesmo lugar”


“Trabalho realizado para uma cliente. Tinta acrílica sobre papel, retratando um ícone e referência. A pintura é releitura de uma das obras de Frida Kahlo, com cores, objetos e movimentos sempre presente no meu trabalho”.