Fotografia

Dídimo Paiva, 87 anos, Jornalista aposentado.

A cidade de Belo Horizonte foi a primeira capital a participar do projeto “Moradores”, da agência Nitro, que consiste em captar a história das cidades a partir dos relatos de seus habitantes.
Na última semana, a Praça Sete e a Praça da Savassi receberam uma tenda estúdio, onde as histórias eram contadas. Hoje, quarta feira (8), foi dia da Praça da Liberdade acolher o projeto.

Com todos os idealizadores nascidos em Minas, o projeto teve seu início na cidade de Tiradentes, “de lá, vimos que é universal e que cabe em qualquer cidade este movimento”, explica o fotógrafo e um dos idealizadores de “Moradores”, Bruno Magalhães, 38.

Seis cidades históricas do interior de Minas, Paraty (RJ), Juazeiro (BA), e Petrolina (PE), já foram palco para o projeto. Diante da estreia em uma capital, uma nova proposta para a captação de personagens foi feita: “fizemos uma campanha na internet para as pessoas indicarem personagens de Belo Horizonte, foi bem legal, nós começamos o projeto com quase 200 personagens indicados.”, destaca Magalhães.

Vir para Belo Horizonte era um desafio para os idealizadores, o fato de ser uma grande metrópole trouxe a preocupação da receptividade das pessoas à proposta. O desafio foi aceito e a resposta foi positiva. A primeira etapa do projeto, ou seja, a coleta de dados, contou com a participação de diversas pessoas dispostas a dar o seu depoimento sobre a cidade, o que enriqueceu as etapas seguintes, como relata Magalhães: “O segundo momento é voltar para este lugar onde o patrimônio histórico é imponente, já reconhecido. Fazemos uma grande exposição multimídia: de fotografias em grande formato. Em BH, 14 personagens serão impressos em grande formato. Um filme também é projetado, com os materiais coletados durante o processo. O terceiro momento é o varal fotográfico, voltamos onde o conteúdo foi produzido e trazemos uma cópia fotográfica de todos os personagens participantes do projeto”.

A exposição acontecerá na Alameda da Praça da Liberdade e terá seu início no dia 21 deste mês, terça-feira, às 19h. Entrada gratuita.

Texto e imagens: Bruna Dias e Raphael Duarte

Hoje, terça-feira (7), Belo Horizonte recebe a exposição “Uma certa Itália – 15 artistas do Piemonte na Casa Fiat de Cultura. Piemonte, situada no norte da Itália, teve grande efervescência artística nos últimos 40 anos, com ênfase em sua capital, Turim. A partir de então, novos artistas inseridos em um contexto diferente dos já conhecidos pintores Italianos surgiram, influenciados por tecnologias e meios de comunicação atuais, e a produção artística foi rejuvenescida.

“Muitos dos artistas apresentados utilizam da tecnologia eletrônica em alguma fase de seu processo de criação. Outros, não utilizando esses recursos de modo direto, mostram a influência que as modernas tecnologias tiveram sobre sua visão do mundo e da arte”, explica o presidente da Casa Fiat de Cultura, José Eduardo de Lima Pereira.

Ao todo, 45 obras de 15 jovens artistas piemonteses foram selecionadas. Os critérios para escolha desses artistas, segundo o presidente da Casa Fiat, foi: “baseada na relevância de suas pinturas no cenário artístico, já com uma carreira consolidada, premiada e amplamente apreciada entre os críticos. Cada um, a seu modo, com linguagens e técnicas distintas. Em comum entre eles, o fato de todos serem da região do Piemonte. Eles são a vanguarda da pintura no Piemonte. E a Casa Fiat de Cultura tem no Piemonte a sua referência cultural italiana, berço de sua matriz industrial, a Fiat, que, em Minas, aportou nos anos 1970”.

Além das 45 telas, a exposição conta com o “Robô Racer”, unindo arte e tecnologia. Racer, criado pela COMAU, é o mais rápido em sua categoria.

“O robozinho faz um contraponto. Ele ‘faz’ videoarte. Será que ‘faz’ mesmo? A resposta, os visitantes é que darão”, destaca Pereira.

Com o objetivo de mostrar alguns caminhos atuais da produção artística italiana, a exposição pode ser visitada a partir de hoje até o dia 7 de setembro de 2015, terças e sextas, das 10h às 21h, e sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h.
Endereço: Casa Fiat de Cultura / Circuito Cultural Praça da Liberdade
Praça da Liberdade, 10 – Funcionários – BH/MG.
Entrada gratuita.
Para mais informações: (31) 3289-8900

[email protected]
facebook.com.br/casafiatdecultura
Instagram: @casafiatdecultura
www.circuitoculturalliberdade.com.br

 

Texto: Bruna Dias

Imagens: Divulgação

Diane Paschoal, produtora visual e publicitária.

Desde a não tão recente crise das gravadoras de discos e com o boom do uso da internet e de sites de download de música, artistas enfrentam problemas para divulgar seu trabalho. Além de precisarem investir ainda mais na qualidade musical, eles precisam recorrer a outros meios para valorização do que produzem.

O Jornal Contramão entrevistou a publicitária e produtora visual, Diane Paschoal. Inserida na música desde cedo, Dihleaall, como prefere ser chamada, acredita que a música autoral precisa de projetos mais complexos que vão além do “produzir música”.

Contramão

Qual a importância do crescimento do número de artistas autorais em Belo Horizonte?

Dihleeall

Por mais que apenas 1/10 dos artistas consigam chegar ao ápice da carreira musical, toda elevação na produção cultural enriquece a cultura local, além de empresas que vivem disso, como estúdios, escolas de música e teatro. Se existem mais bandas e projetos artísticos acontecendo em garagens, colégios e faculdades, mais pessoas estão tendo contato com a arte. Isso é esplêndido: todo país de primeiro mundo tem aulas de música e teatro no high school. Se a cena autoral cresce em BH, é o reflexo que as pessoas estão buscando a arte própria, que querem expressar através da arte seus sentimentos, além de palavras e desabafos no Twitter.

Contramão

Você, como produtora cultural, fotógrafa e cinegrafista, acredita que produções além das gravações musicais, como videoclipes, enriquecem o trabalho de músicos independentes?

Dihleeall

Além de ter um material musical bem produzido, as bandas devem investir na imagem do projeto. Não adianta mais bater o pé falando que música “é som e ponto”. Hoje em dia, uma banda é projeto que pode agregar designers, assessores de imprensa, merchandising de empresas e da própria banda. Então, é importante investir na construção imagética, desde a criação da logo até a interação com o seu público nas redes sociais. Algumas bandas fazem clipe em que fãs aparecem no enredo. A galera adora fazer parte de um propósito, saber que existem mais pessoas que escutam o som da banda X por tal motivo ou ideal. Então se existem mais peixes no mesmo aquário, os mais vistosos serão os escolhidos. Por isso hoje projetos musicais devem transcender o som.

Contramão

Como você enxerga, hoje, o cenário musical autoral de BH? Ele tem ganhado mais espaço? Como?

Dihleeall

Eu tenho 22 anos e, desde os 17, me inseri nos porões como o Matriz, onde eu via bandas de São Paulo virem tocar arrastando 400 pessoas, e os locais abriam para elas. De uns tempos para cá, existe, sim, espaço. Mas sem leis de incentivo, acredito que muita gente boa de serviço estaria apenas tocando o cover para sobreviver. O rap tem se alastrado pelas ruas, viadutos e cada vez estão mais caras as baladas onde MCs duelam. O rock alternativo, indie, por sua vez anda parado, caído. Acredito que a maioria das pessoas ainda olhe para SP e RJ e não valoriza as bandas daqui.

É difícil uma banda daqui conseguir lotar sozinha um show para mais de 100 pessoas. A última que eu vi ter um público bem expressivo foi a banda de hardcore Pense HC e a banda de ska Pequena Morte, salve o show do clipe da banda Engradado. No geral, o que galera de todos os estilos tem feito é promover festivais com 4 até 6 bandas tocando no mesmo dia. Aí sim o caldo engrossa e festas legais acontecem. Algumas pessoas vão pela banda X, outras pela Y e acaba rolando esse “descobrimento” de bandas pelo público.

Contramão

Você acha que BH tem criado espaços para que artistas autorais independentes se apresentem?

Dihleeall

Então, reabriu o Baixo que era o antigo Nelson Bordelo, rola autoral nas quartas se eu não me engano. Remanescentes têm o Matriz e a Obra e de novo no pedaço, A Autentica. Além das casas, alguns centros culturais têm facilitado a produção de pequenos festivais. Então, espaço tem. O problema é que muitas vezes as bandas não sabem organizar e se unir a coletivos para fazer acontecer. Muita banda que acredita que sua qualidade musical é muito superior para tocar em pequenos festivais. O problema é que qualidade musical encalacrada dentro do estúdio não é escutada, muito menos valorizada. Então a receita é essa: se a banda quer conquistar o público, ela tem que colocar a “cara a tapa” e aceitar tocar de graça até chegar ao ponto em que festivais vão pagá-la bem porque tem um público expressivo.

Por Gabriel da Silva

Bailarinos fizeram na tarde de hoje, um ato público na Praça da Liberdade, em defesa da permanência do Ballet Jovem Palácio das Artes, que no dia 4 deste mês, recebeu a notícia do fim do projeto. A manifestação que tomou conta das redes sociais, tem o objetivo de mostrar o interesse dos bailarinos pela continuação do programa, além de chamar a população da cidade para participar da ação em apoio à cultura.

O projeto, que funcionava por meio das leis de incentivo à cultura, foi encerrado abruptamente, com o argumento de não haver mais verba. Desde então, os membros estão se mobilizando nas redes sociais em busca de assinaturas para uma petição a ser entregue ao Secretário de Estado de Cultura de Minas Gerais, Angelo Oswaldo.

Segundo a Bailarina Bárbara Maia, 21 anos, o secretário pediu um prazo de dez dias para dar algum retorno sobre uma possível solução. “Pedimos o apoio da população. Estamos fazendo aula, na porta do Palácio das Artes, de 09hs as 10hrs e 30, a procura de assinaturas para petição online que fizemos. Queremos que as pessoas tomem conhecimento do que está acontecendo e se unam a nós. O Ballet Jovem não é apenas para esses 32 bailarinos, mas para os que ainda virão, os que desejam ter uma formação profissional para se inserir no mercado, e para o público que nos assistia e que gostaria de continuar assistindo. Que a gente leve, no dia 23, a conhecimento do secretário o apoio dessas pessoas que estão conosco.”, ressalta.

Davi Lopes, também bailarino, 20 anos, vê como um descaso, o fato de não terem recebido nenhum tipo de aviso prévio. “Terminamos sem ao menos uma notificação ou aviso prévio. Eu acho que seria menos ‘brutal’ se tivessem colocado no nosso mural: “O projeto acaba daqui uma semana, ajeitem suas coisas e vão embora”. Fomos cortados pela cabeça mesmo. Saímos sem saber para onde iriamos. A população de Belo Horizonte acaba perdendo com o fim desse projeto”, desabafa.

O Ballet Jovem

O Ballet Jovem Palácio das Artes é um projeto de extensão do Centro de Formação Artística do Palácio das Artes – CEFAR, que existe desde agosto de 2007, com o objetivo de preencher a lacuna que existia entre a formação do bailarino e a sua inserção no mercado de trabalho. O Ballet contava com um corpo de dança formado por 32 dançarinos, muitos saíram de centros de formação de outros estados e vinham completar sua formação na capital mineira.

Texto e foto: Victor Barboza

Em busca de resposta para as perspectivas para o audiovisual brasileiro em 2015, cineastas e produtores de diversas regiões do país participaram  na segunda, 26, do debate  com Rodrigo Camargo, coordenador do departamento de fomento da ANCINE – Agência Nacional do Cinema -, ligada ao Ministério da Cultura. A discussão teve como mediador o critico de cinema Pedro Brecher.

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Rodrigo Camargo destacou algumas realizações nos últimos anos da Agência  e citou os quatro principais eixos de ação para o FSA (Fundo Setorial de Audiovisual): o desenvolvimento, a produção, a exibição e difusão e a capacitação.  Rodrigo aproveitou o espaço para divulgar editais que estão com inscrições abertas. São editais para produção e desenvolvimento de projetos audiovisuais. “Esses editais  contemplam não só projetos de cinema, mas, como o desenvolvimento de séries de tv, series para vídeos por demanda e formato de programa de televisão também”, destacou.

Rodrigo falou também de editais contínuos, que ficam abertos durante o ano todo e que são destinados a produções independentes, complementação de recursos e verba para lançamento de filmes: “ a perspectiva é de produzir trezentos longas metragens , 400 obras seriadas dando um total de duas mil horas de programação, o equivalente a toda a exibição de tv paga no ano de 2012”.

Os realizadores presentes lamentaram a ausência do presidente da ANCINE Manoel Rangel, anunciado na programação do evento, pois, buscavam uma discussão sobre  a política nacional para o audiovisual. Durante o debate,  apresentaram problemas  que encontram como o alto grau burocrático para aprovação de seus projetos, e o baixo incentivo para exibição de filmes independentes. Algumas questões não puderam ser respondidas por Rodrigo. “O que a gente vê é um distanciamento da ANCINE  para essa conversa com o setor de audiovisual no Brasil, e  quando o presidente não vem e manda um representante ele é só um representante,  e aqui é um local de interlocução”, lamentou Karen Abreu, vice-presidente do Congresso Brasileiro de Cinema e membro do Fórum Mineiro de Audiovisual.

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O Presidente do Congresso Brasileiro de Cinema, Frederico Cardoso,  levantou questões negativas presentes no próprio relatório anual da ANCINE. Entre elas, o baixo número de espectadores nas exibições de filmes brasileiros no cinema. E aproveitou para tentar mobilizar os cineastas, “quero convocar os realizadores a se unir e pensarem juntos em politicas publicas efetivas para o setor”.

Texto e reportagem: Felipe Chagas
Fotos/imagens: Yuran Khan

Residente no Brasil desde 1971, o pintor espanhol Carlos Carretero, teve suas obras destruídas na segunda-feira, 12. As obras que estavam expostas em seu ateliê no Centro de Cultura Flamenca “Los Del Rocio”, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, foram danificadas e objetos de decoração quebrados. Estipula-se que o valor do dano, no ateliê chegue a R$ 100 mil.

De acordo com o artista, a galeria já havia sido invadida outras vezes, sendo vítima de furtos em certa ocasião, levaram computadores e telefones.  Segundo o pintor, desta vez não levaram nada.

Nos atos de vandalismo, foram escritas frases como “família, paz e sexo”, em alguns quadros do artista.  A obra “Crucificado”, uma das preferidas do autor, recebeu a frase “mais amor, menos crack”, com corações vermelhos.

Para Carlos, as frases são estranhas e sem conexão. “Não há nenhuma relação entre as obras danificadas, destruíram de forma aleatória. Colocaram massa corrida nos manequins e em muitas pinturas. Salas do ateliê foram pichadas com as palavras “Bertini” e “Ber”, acredito que possam ter relação com o autor do ato.”, desabafa.

Segundo Carlos Carretero, estão sendo pensadas medidas para evitar novos ataques. Quando encontrou as obras danificadas e a bagunça no ateliê, foi um choque. Já que não é apenas proprietário, mas também autor das artes. Para ele a primeiro momento foi impactante, mas agora, já olha de outra forma.

Novo olhar

Pensando em mudar o cenário atual do ateliê, Carlos revela um futuro projeto, baseado-se na ideia de um amigo próximo, “ele (amigo) propôs expor as obras danificadas e as fotografias das pichações no ateliê e depois tentar recuperá-las”.

Texto: Victor Barboza
Foto: Ítalo Lopes