Manifestação

Por Júlia Garcia

O carnaval, festa típica brasileira, reúne diversos foliões nas ruas. São quatro dias de celebrações, desfiles e diversão. Muitos que optam participar deste momento, se impregnam de brilhos, apetrechos e objetos carnavalescos. Fantasias também são muito usadas neste período, elas permitem que no momento do carnaval, as pessoas possam trocar de papéis, fazer alguma homenagem e até mesmo  protestar. Mas, nem todas essas fantasias são bem-vindas. Isso porque muitos reforçam estereótipos completamente racistas e apaga a luta cotidiana da população negra.  

“Mulheres negras concentram 60% dos casos de racismo e injúria racial pela internet no Brasil”

Para começar, vamos fazer um exercício básico. É provável que você já tenha visto durante os blocos de carnaval, algum rosto pintado de preto, peruca bagunçada e roupas cafonas. Lembrou de algum?! Pois então, a famosa “nega maluca”, como dizem por aí, é uma das “fantasias” mais preconceituosas que existem. Ela atrela as mulheres negras o estereótipo de raivosa, escandalosa, mal vestida e mal cuidada.

De acordo com uma pesquisa da Faculdade Baiana de Direito, Jus Brasil e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), as mulheres negras concentram 60% dos casos de racismo e injúria racial pela internet no Brasil. Mas, mesmo assim, muitos – maioria são homens cis brancos – usam de estereótipos discriminatórios para sua própria diversão.  É bizarro pensar que essa atitude racista e cruel tenha virado brincadeira, enquanto mulheres negras sofrem diariamente com o preconceito e o abandono.

Outro ponto importante a ser mencionado, é o blackface. Do inglês, black, “negro” e face, “rosto”, a prática vai muito além da pintura da pele. Foi iniciado por volta de 1830, nos Estados Unidos, em meio ao período de transição entre escravidão e abolição da escravatura. No século XIX, atores brancos pintavam os rostos de preto em espetáculos humorísticos, se comportando de forma exagerada para ilustrar comportamentos que os brancos associavam aos negros. As pessoas negras eram ridicularizadas para o entretenimento de brancos.

“Casos de racismo cresceram 67%, e os de injúria aumentaram 32,3% entre os anos de 2021 e 2022”

Segundo a 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, os casos de racismo cresceram 67%, e os de injúria aumentaram 32,3% entre os anos de 2021 e 2022. Mas porque é tão divertido pintar seu rosto branco e privilegiado, para ridicularizar pessoas que sofrem diariamente com a discriminação racial? Até hoje a população negra é usada para o divertimento dos brancos.

Em 2022 o Brasil registrou 47.508 mortes violentas intencionais, como aponta o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. 76,5% dos mortos eram negros! O documento ainda afirma que  “Negros são o principal grupo vitimado pela violência independente da ocorrência registrada, e chegam a 83,1% das vítimas de intervenções policiais”. 

Curta, mas com consciência e respeito

O carnaval é um momento para celebrar e se divertir, mas também é importante se conscientizar. Quando o humor fere e reprime o outro, ele deixa de ser engraçado. Recentemente a Rede de Observatórios da Segurança divulgou que uma pessoa negra foi morta pela polícia a cada 4 horas em 2022. Mesmo com todos esses dados elevados e preocupantes, você ainda vai querer ridicularizar pessoas negras para suprir sua carência e pagar de “engraçadão”? Revise seus conceitos. Curta, mas com consciência e respeito!

Confira o quiz sobre qual fantasia você deve usar no carnaval.

Por Michele Assis e Natalia Vianini

Por vezes, ao nos depararmos com o questionamento “o que é o hip-hop?”, pensamos em figuras famosas e grandes hits, mas ele é muito mais do que isso. Para compreendermos plenamente a potência dessa cultura, é essencial revisitar suas origens e entender o que a desencadeou.

O hip-hop, um símbolo de luta e resistência nas periferias, celebrou recentemente 50 anos de existência, uma conquista que destaca sua evolução. Originado no Bronx, em Nova York, tornou-se uma poderosa ferramenta social que, por meio de expressões artísticas, deu voz aos problemas estruturais enfrentados pelas comunidades negras e periféricas nos Estados Unidos. Já no Brasil, este movimento ganhou força em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, na década de 1980. Alguns grupos de periferia de São Paulo passaram a se reunir na Galeria 24 de Maio e na estação São Bento do metrô para escutar as músicas e lançar os novos passos de dança.

Os principais pilares do hip-hop, estabelecidos por DJ Afrika Bambaataa, líder da banda Zulu Nation, reconhecido como “padrinho do hip-hop”, são: o rap, o DJing, breakdance e o grafite, além da moda e da gíria, que também compõem o conjunto. Por meio dessas manifestações artísticas, é possível conscientizar a periferia e despertar as lutas por mudanças.

O Hip-Hop no Brasil

No início, o rap era considerado um estilo musical violento e exclusivamente periférico, sofrendo muitos preconceitos e até repressões policiais. Porém o ritmo começou a se espalhar rapidamente entre as periferias da cidade, trazendo autoestima aos jovens que procuram uma forma de se integrar na sociedade da época, que vivia um regime militar.   

A coletânea “Hip-Hop Cultura de Rua” foi o primeiro álbum brasileiro exclusivamente de rap, lançado em 1988. Foi nesse álbum que o público conheceu o trabalho de rappers como Thaíde e Dj Hum, Mc Jack e Código 13, nomes de grande relevância na cena. O rap conquistou espaço nas rádios de todo o país na década de 1990 e atraiu o olhar da indústria a esse estilo novo e efervescente. O “Movimento de Rua”, programa da Rádio Imprensa, foi o primeiro com programação 100% dedicada ao rap, colocado no ar pelo DJ Natanael Valêncio.

Lançamento do selo comemorativo “BH Hip-Hop 40 Anos” durante o Encontro com a Imprensa, realizado pela Fundação Municipal de Cultura. Foto: Michele Assis.

Um dos nomes de peso dentro da cena que ajudaram a difundir o rap no país é do grupo “Racionais MC’s”. Em 1997 o grupo lançou o álbum “Sobrevivendo no Inferno”, que se tornou um dos maiores clássicos do rap nacional. Em 2018, o disco entrou como obra obrigatória no vestibular da UNICAMP, devido a sua relevância cultural e social.

Quatro décadas depois, o hip-hop vem quebrando várias barreiras e conquistando cada vez mais espaço no cenário musical e cultural brasilero, sem perder a sua essência de dar voz e denunciar as injustiças sociais. O movimento tem atraído também os olhares do poder público. Cada vez mais estão surgindo iniciativas no campo das políticas públicas para fortalecer o hip-hop. 

O Hip-Hop em BH

Em Belo Horizonte a cena do hip-hop tem relevância nacional, graças a eventos como o “Duelo de MCs”, que acontece no Viaduto Santa Tereza há 14 anos e artistas que conquistaram o país como Djonga, Clara Lima e Renegado. Devido a enorme presença que faz parte da cultura da cidade, o movimento tem conseguido dialogar com sucesso junto ao poder público. A cidade tem se destacado neste diálogo, sendo uma das primeiras capitais do país a propor essa ação.    

Recentemente, no mês de agosto de 2023, a Assembléia Legislativa de Minas Gerais aprovou o projeto que reconhece a relevância cultural do hip-hop e de seus elementos na formação e fomento da identidade cultural das periferias de Minas Gerais. O projeto prevê aos elementos do hip-hop a proteção do Estado, por meio de inventários, tombamento, registro e outros procedimentos administrativos. Além disso para resguardar suas atividades manter esta política pública como patrimônio cultural, a Prefeitura instituiu o Fórum Permanente de discussões das políticas públicas do hip-hop e, através da Lei nº 10.114, de 2011, foram criados a Semana Municipal do Hip-Hop (12 a 18 de novembro) e o Dia Municipal do Hip-Hop (12 de novembro).

A Secretária Municipal de Cultura de Belo Horizonte, Eliane Parreiras, reforça sobre a ação do poder público para promover e estimular o Hip-Hop na cidade. “O prefeito Fuad Noman tem solicitado que a gente se organize e estruture essa política municipal para o hip hop, especialmente porque estamos falando de duas vertentes. Da juventude, que dialoga com aqueles que vieram construindo essa história do hip-hop e também  no aspecto da inclusão social junto à juventude negra. É por esse trabalho que temos com a sociedade civil, que estamos construindo um plano municipal que atue no eixo da memória, na salvaguarda, no fomento, na institucionalização e formação, estimulando essa produção e garantindo que tenhamos cada vez mais o hip-hop sendo o que é, essa força e potência na cidade de Belo Horizonte”, diz.  

Batalha de MC’s “FaráOeste” que acontece na Pista de Skate do Barreiro, na Praça Cristo Reina, a cada quinze dias na quarta-feira. Foto: Michele Assis.

Por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, a prefeitura realiza durante o mês de novembro e dezembro de 2023, o programa comemorativo “Belo Horizonte Hip-Hop 40 anos”, que terá diversas atrações como shows, batalhas de MC’s, saraus, slans, entre outros. Essa é uma iniciativa organizada em conjunto com a sociedade civil para a celebração e promoção do Hip-Hop na capital mineira. Mais uma vez o movimento prova a sua força transformadora, conquistando novos espaços e transformando a vida das pessoas que acompanham a cena.  

Evento é considerado a maior manifestação popular de massa de caráter social de Minas Gerais e uma das mais antigas do país

Por Gustavo Meira

Acontece no próximo domingo (09), a 24ª edição da Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ de Belo Horizonte, com o tema ‘’Democracia: Liberdade e Direito para Todes’’.  Um evento de luta coletiva para combater a opressão, o preconceito e a invisibilidade presente dentro da própria comunidade. A concentração é a partir dàs 11h na Praça da Estação, onde haverá um palco principal para a apresentação de mais de 50 atrações. 

Multidão de pessoas reunidas na Parada do Orgulho na Praça da Estação. Foto: Cellos MG.

A artista drag Mannu Mallibu interpretada por Daniel Gerth é uma delas. Ela se apresentará pela primeira vez na Parada do Orgulho da capital, o maior palco em que já se apresentou. A inspiração da performance ao lado de duas amigas será em ‘’RuPaul’s Drag Race’’, programa que tem um significado pessoal à artista, que a influenciou diretamente em sua carreira. 

‘’Ser uma das atrações do palco principal da Parada me traz uma sensação de muita felicidade. De saber que alguma pessoa, nem que seja uma só, vai me ver e vai pensar ‘nossa, eu queria estar lá!’. Então, eu acho que a importância que tem pra mim, é de ser vista como possibilidade para alguém de algo real, que é válido, que é possível. Que ser drag queen é algo que é, que pode e que deve ser celebrado’’, diz.  

Artista Mannu Mallibu, interpretada por Daniel Gerth. Foto: redes sociais/divulgação.

A celebração contará também com cortejo de cinco trios elétricos que agitam o público durante todo o percurso com músicas que tem como destino final a Praça Raul Soares, no Barro Preto. Segundo a Prefeitura da capital, são esperadas 250 mil pessoas, 100 mil a mais do que na edição do ano passado, que aconteceu em novembro.

Além da Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ ser um movimento de resistência, luta e celebração, ela serve também para dar visibilidade às drags queens ‘’Além do Carnaval, a parada provavelmente é o lugar em que um artista drag mais vai ter público. É você estar em um lugar que majoritariamente entende e celebra a arte que você faz, a arte drag. É como uma validação’’, é o que explica Mannu Mallibu.

Alto investimento 

Esta edição da Parada contou com o investimento de R$ 300 mil do município e R$ 50 mil de emendas parlamentares vindas da Câmara Municipal. Todo o valor foi investido na estrutura do evento, que é organizado pelo Centro de Luta Pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais (Cellos MG).

O Brasil continua a liderar o ranking dos países que mais matam LGBTQIAPN+. De acordo com levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB), a partir da análise de notícias publicadas nos meios de comunicação. Foram apontados 242 homicídios e 14 suicídios ao longo do ano passado, ou seja, uma morte a cada 34 horas. Este movimento é em prol dessas pessoas, que sofrem e morrem todos os anos por simplesmente serem quem elas são. Além da celebração, é a luta pelo respeito.

A diversidade é um dos pilares fundamentais de uma sociedade democrática. Cada indivíduo merece ser reconhecido e respeitado em sua individualidade, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero. A luta pela liberdade e pelos direitos da comunidade é um reflexo do desejo de criar um mundo mais inclusivo e justo para todos.

 

Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ de 2022, na Av. Amazonas, BH. Foto: Cellos MG.

 

 

A 9ª edição do evento foi realizada na Esplanada do Mineirão e fechou mais um ano sendo sucesso. 

Por Gustavo Meira 

Aconteceu no último sábado (27) na capital, o Festival Sarará 2022, evento que reuniu mais de 60 artistas de diversos segmentos e contou com a presença de mais de 35 mil pessoas na Esplanada do Mineirão, na Região da Pampulha. Foram quase 12 horas de música constante divididos em seis palcos. Os ingressos giravam em torno de R$ 150,00 a R$ 540,00.

Palco principal do Sarará 2022, na Esplanda do Mineirão. Imagem: Leo Caetano.

As atrações mais esperadas para esta edição eram Glória Groove, que trouxe o penúltimo show da ”Lady Leste Tour”, e contou com vários sucessos de seu último álbum e famoso medley de pagode com Ludmilla, no qual foi ovacionada. O show de Pabllo Vittar contou com a participação da cantora Urias e um corpo de ballet impecável. Um dia antes, PV esteve no Mercado Novo, onde gerou alvoroço e atendeu os fãs. Zeca Pagodinho, que sempre está com sua cerveja na mão, cantou seus maiores sucessos e de surpresa recebeu o rapper e fã Emicida no palco, levando o público ao delírio. 

Pabllo Vitar e Urias no palco principal do Sarará. Imagem: Alison Jones.
Gloria Groove em seu show no palco principal do Sarará.  Imagem: Leo Caetano.

A mineira de Taiobeiras Marina Sena, que em 2019 estava na plateia, fez sua estreia no Sarará e contou com a presença de Marcelo Tofani da banda mineira Rosa Neon. Ambos cantaram o hit ”Ombrim”. Já Gilsons fez a plateia cantar ”Várias Queixas” em um lindo couro. 

Marina Sena em seu show no palco principal do Sarará. Imagem: Alison Jones.

Homenagens e manifestações na Esplanada 

O line-up do festival contava com a presença de Elza Soares, porém a cantora faleceu em janeiro deste ano. Teresa Cristina, Nath Rodrigues, Paula Lima, Julia Tizumba e Luedji Luna fizeram um show em homenagem à Elza, contando com sucessos de sua carreira. 

“Elza é um nome muito importante da arte no Brasil e no mundo, uma mulher que sempre cantou tudo que tinha algum significado para ela e para todes no qual ela sempre defendeu com toda força e amor. Foram 91 anos de vida, bem vividos, 70 anos de carreira fantásticos, com reconhecimento no mundo todo e muito depois no país que ela tanto amava e defendia, mas Elza nunca fraquejou e agora tenho o orgulho de continuar trabalhando o nome da nossa eterna Rainha, para mim, Elzão. Ela ainda deixou muita coisa pronta para sair”. É o que disse Vanessa Soares, neta, produtora executiva e pessoal da cantora.

Cantoras em homenagem a Elza Soares no palco principal do festival. Imagem: Instagram Sarará/internet.

Houve manifestações políticas por parte dos artistas e do público em vários momentos do festival. O couro mais ouvido era a favor do ex-presidente Lula, candidato à Presidência das eleições deste ano.

Outras edições do festival 

As duas primeiras edições do Sarará aconteceram em 2014 e 2015, no Parque das Mangabeiras, em BH. Seu marco aconteceu quando o evento foi palco da Virada Cultural em 2016, com público de mais de 50 mil pessoas no Parque Municipal. Desde então, o festival cresceu e se transformou em um dos maiores do estado.

A 9ª edição do Sarará estava sendo preparada desde 2019. ”Tivemos momentos de sonhos, dúvidas, planejamentos constantemente alterados, nó na garganta, esperança… Nesse tempo todo, quisemos e queremos tanto viver”, diz a organização do evento. 

O Sarará é um #FestivalDeSentir, este ano foi possível sentir toda a energia dos artistas e do público, que estavam sedentos pela volta presencial do evento, que não aconteceu durante dois anos por conta do isolamento social. 

Anote na agenda, a próxima edição do Sarará já tem data marcada, 26 de agosto de 2023. Borá mais uma vez?!

 

Edição: Keven Souza. 

Por Lucas Nascimento

Ontem, 7 de junho, se comemorou uma data que, não sabia que existia até escrever este artigo: o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa.

Em se tratando do conceito básico da imprensa, ela nada mais é do que o mediador entre a população e os fatos, já que não podemos estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Assim, a imprensa faz o papel informativo, para que possamos, por consequência, ter nossa própria opinião e debater, em bares, em casa e qualquer encontro que chamamos de social, tais assuntos.

Historicamente, a imprensa, com os meios de comunicação de massa, tem um poder quase absoluto, como um governo à parte; tanto que chega a ser denominada de “o quarto poder” aqui no Brasil. Seguindo essa linha de raciocínio, sabemos que, quase nunca, a imprensa foi plena o suficiente.

No Brasil colonial e imperial, a imprensa teve um cerceamento muito forte. A partir dos primeiros anos da república, jornais, como o Correio da Manhã e a Folha de São Paulo, além da revista O Cruzeiro, foram criados e demonstravam muita competência na busca detalhada de informações. Com a criação da rádio, na década de 1920, as informações passaram a ser ouvidas, para uma melhor absorção.

Quando tudo parecia um mar de rosas, Getúlio Vargas criou o DIP em 1935, como uma forma de controle sobre a imprensa à época. Com o Estado Novo (1937-1945), a rigidez do DIP se aprofundou até a sua destituição, dez anos após o DIP. Tivemos, então, uma imprensa forte por mais de 15 anos.

Porém, em 1964, tudo começaria a degringolar com o Governo Militar (1964-1985), sobressaindo o AI-5 (1968). A partir daí, admitiu-se uma nova faceta da imprensa: a da luta por liberdade de expressão, que foi a maior em muitos anos. A data desta comemoração, inclusive, foi criada ainda no Governo Militar, em 1977. O manifesto, assinado por mais de 3 mil jornalistas, ocorreu após o assassinato de Wladimir Herzog.

E, com todo este movimento e tantas transformações – entre elas, a descentralização da informação, confesso que, depois que ouvi de uma professora minha que “jornalista não se acha um Deus, tem é certeza”, alguns acontecimentos recentes mostram um cerceamento seletivo e que, a própria imprensa, que se julga atacada pelo presidente Jair Bolsonaro, bate palmas.

Desde as eleições de 2018, há uma competição de quem realmente fala a verdade. Desta forma, a grande imprensa criou mecanismos de validação; dentre eles, o Fato ou Fake, do Grupo Globo. Em paralelo, a criação de conteúdo voltado para assuntos sobre política, trazendo informações que a grande mídia, por vezes, esconde, gerou revolta pela disputa de audiência.

Lembra do cerceamento da liberdade de expressão que passou a ser validado? Criticar posturas da mídia e de políticos ou magistrados jurídicos (leia-se STF – Supremo Tribunal Federal), passou a ser passível de censura. Aí, devemos nos perguntar: por quê?

Há casos a serem analisados: o deputado Daniel Silveira e os canais Te Atualizei e Hipócritas, além do Telegram. No primeiro caso, o deputado está sendo julgado para uma pena de 8 anos. Motivo? Criticar posturas do ministro Alexandre de Moraes e outras, um tanto quanto estranhas, do STF. No dia 21 de abril, Bolsonaro concedeu o indulto presidencial a Daniel.

Já sobre os canais do YouTube e o Telegram, que, como sabemos, é um órgão privado. Logo, convenhamos que é bizarro ter alguma tentativa de cerceamento, correto? Não para Alexandre de Moraes. Ele notificou ambas as plataformas sobre “conteúdos perigosos” e exigiu que o Telegram fosse bloqueado, e os canais do YouTube citados, desmonetizados.

A imprensa ainda tem a ideia de que existe uma “censura saudável”? Como? Mesmo com o Brasil estando em 111º lugar em um ranking de 180 países sobre liberdade de imprensa, segundo o Repórter Sem Fronteiras. Bem estranho.

Ou seja, enquanto a guerra da falta de verbas exorbitantes de desvio e as narrativas se sobreporem, a imprensa não vai mais convencer ninguém. Portanto, como qualquer coisa que exista para um bom equilíbrio, ele precisa retomar o seu papel de fato: apenas os fatos.

Por Henrique F Marques

O projeto Mulheres Cabulosas da História foi idealizado no dia 8 de março de 2016, Dia Internacional das Mulheres, por um grupo de mulheres do Movimento Social Levante Popular da Juventude.

Ele é composto por dois ensaios fotográficos realizados por mulheres que recriaram imagens de 100 mulheres importantes na história nacional e internacional que foram apagadas, ou melhor, invisibilidades, por homens que estavam ao seu redor como Dandara dos Palmares, que foi liderança e companheira de Zumbi. A primeira parte do projeto encerrou no último dia 24 de novembro, momento no qual encerrou a campanha de financiamento coletivo via Catarse. A segunda parte do projeto consiste no pensamento e discussão das próximas etapas, como por exemplo, a elaboração e diagramação do Livro “100 MULHERES CABULOSAS DA HISTORIA” que deverá ser publicado primeiro semestre de 2018.

Catarse: catarse.me/mulherescabulosasdahistoria
Email: mulherescabulosasdahistoria@gmail.com
Página: facebook.com/mulherescabulosasdahistoria