Moda

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Por KEV

O papo aqui é mais amplo: está faltando gente apaixonada pela moda.

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Com presenças de celebridades, como a Rihanna, a Dior apresentou um desfile singelo, mas luxuoso em referências e matérias-primas

Texto escrito por KEV, para o portal Fashionlismo

Mostrando que a simplicidade pode ser deslumbrante, a grife realizou o desfile de sua coleção Primavera-Verão 2024 no Museu Rodin, abrindo a Semana de Moda de Alta-Costura parisiense nesta segunda-feira (22).

Inspirada nas ricas tradições orientais, a grife trouxe para a passarela vestidos luxuosos com bordados e aplicações intrincadas. Além disso, incorporou o uso de tecidos estruturados, como o moiré, conferindo um toque adicional de elegância à coleção.

O desfile

Em um balé meticuloso de alfaiataria, pregas, drapeados e construções tipo moulage, a coleção da Dior apresenta uma fusão extraordinária de sofisticação e inovação, onde cada peça conta uma história única.

moiré, um tecido semelhante ao tafetá (fabricado à base de fibra de seda ou material sintético), foi escolhido para a confecção das peças. Foi com esse tecido que Christian Dior revelou uma de suas criações mais famosas, o vestido “La Cigale” (“A Cigarra”), em 1952.

Maria Grazia Chiuri, diretora artística da linha feminina da Dior, revisitou essa inspiração para reinterpretar a peça em tons de bege. Desta vez, sem o corset dos anos 1950 e com linhas mais clean, pois rompe com os padrões antigos da marca.

Vestido La Cígale, da coleção de inverno 1952 da Dior. (Foto: Instagram/Vogue Brasil).
A coleção

Na passarela, também se destacaram o veludo e o cetim, revelando a atemporalidade dessas peças, juntamente com longos plissados, complementados por capas. Bem como o uso do drapeado para conferir volume e definir as peças, também marcou a coleção. Dessa forma, deixou o público em êxtase com o acervo.

Dior, verão 2024 alta-costura. (Foto: Instagram/Dior).
Dior, verão 2024 alta-costura. (Foto: Instagram/Dior).
A paleta de cores, alternando entre neutros como bege e preto, ganhou vida com um toque vibrante de amarelo ouro em peças bordadas, que manifestaram a influência árabe. Saias e blusas semitransparentes adquiriram mais sofisticação com aplicações de franjas e pedrarias.Em resumo, o desfile contou com a presença de estrelas do cinema, como a atriz Natalie Portman, e do mundo pop, como a cantora Rihanna, que enriqueceram o espetáculo apresentado pela Dior, em Paris.

Veja também outra matéria escrita por KEV.

Rihanna durante desfile da Dior. (Foto: Instagram/@illjahjah)

 

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Por KEV

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Por KEV

Neste fim de semana, Belo Horizonte celebrou a moda mineira no Espaço Cultural da Escola de Design (ECED) da UEMG, localizado na Praça da Liberdade, um epicentro vibrante e significativamente significativo.

Mostrando que Minas faz moda, confira os destaques dos novos e emergentes talentos do estado, que trouxeram coleções surpreendentes para a passarela, fugindo do convencional.

Manuart

A marca mineira Manuart apresentou sua mais recente coleção 2024 ‘O Mar’ nessa sexta-feira (1), no MCM. A proposta da coleção é trazer o crochê adequado para o verão, em uma fusão harmônica e divertida.

Elementos do mar, como conchas e franjas, são transformados em moda autoral, trazendo uma aura de sensualidade aos vestidos, saias, biquínis e conjuntos apresentados na passarela. Estes foram desenhados em tons de azul, laranja, coral e off-white, com acabamentos belíssimos.

Desfile Manuart. Foto: Matheus Barcelos.

Os óculos e acessórios foram verdadeiros destaques com o match perfeito de Aldo Clécius Acessórios. Brincos dourados em formato de conchas e óculos divertidos complementaram os looks.

O desfile da marca contou com a participação da cantora Mac Júlia, que trouxe à tona o que já pensou sobre crochê: ele está mais vivo do que nunca e agora, colorido e sexy!

Designer Manu Bombom Toa Toa e cantora Mac Júlia. Foto: Matheus Barcelos.
Pedro

A marca bela-horizontina Pierro, do designer Lucas Pietro, apresentou no sábado (2), o lado obscuro e deslumbrante da cultura clubber durante sua passagem pela passarela do MCM.

A fusão entre fotografia e tecido é uma marca registrada de Pierro, estabelecendo uma conexão entre arte, moda, sustentabilidade e experiência.

Calças, saias, espartilhos, camisas sociais e uma profusão de luvas e sobreposições, em tons de preto, branco, azul e vermelho, com colocadas o que a Pierro trouxe por meio de sua moda nada convencional. As peças fazem parte de sua coleção de Verão.

Modelos para Pierro. Foto: KEV.
Pierro no MCM. Foto: KEV.

Assim como a Manuart, a marca também apresentou um elenco especial, contando com a participação do artista e DJ Amerikana, que protagonizou um espetáculo à parte com sua dança vogue.

Belício

Sustentabilidade e elegância foram os pontos-chave apresentados por Belicio, de Érik Belicio, durante o desfile do MCM também no sábado (2).

A coleção autoral exibe tons em azul claro, rosa pêssego, bege, branco e estampas de bengaline xadrez listrado. Esses elementos se uniram no mood ‘business’, como vestidos em corte V, blazers confeccionados com tecidos de alto padrão e calças de alfaiataria coloridas.

Belício no MCM. Foto: Instagram Beliciobrand.

O impacto dessa coleção? Fundir o básico com atitude, em uma mistura de moda pós-moderna.

Do início ao fim, uma coleção por si só surpreendeu todos(as) os(as) presentes no desfile.

Sobre o MCM

A Moda Contemporânea Mineira é um festival efervescente, que desde 2017 vem tecendo conexões únicas entre criadores de moda jovem, diversa, inclusiva e sustentável em Belo Horizonte. “A ideia é colocarmos novos nomes no mercado, que considerem conta da moda mineira. Não se trata apenas do segmento de Moda Festa, para o que a maioria de nós, criadores, acaba indo. Trata-se, sim, de uma moda diversa, aberta e democrática para todas as pessoas, criada por novos rostos”, afirma Aldo Clécius, organizador do evento.

Durante dois dias, 1 e 2 de dezembro, das 10h às 22h, no Espaço Cultural da Escola de Design (ECED) da UEMG, na Praça da Liberdade, o evento reuniu 10 desfiles de marcas novas e emergentes, além de ter contado com a presença de mais de 15 expositores. Ele também impulsionou a produção local por meio de feiras, palestras, workshops e shows.

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O preço ambiental das etapas de produção da chamada “moda rápida”

Lolly Counny

O mundo da moda é fascinante e atraente, mas, muitas vezes, ignoramos os impactos negativos do setor sobre o meio ambiente. O fenômeno do fast fashion, que, semanalmente, leva roupas baratas e acessíveis às prateleiras das lojas, está entre as principais causas do problema.

As tendências mudam com frequência, e as vestimentas tornam-se acessíveis a público cada vez mais amplos. Neste cenário, marcas de fast fashion, como Shein, Zara, H&M e Forever 21, estão sempre produzindo novas coleções a preços baixos. Tal indústria crescente, porém, apresenta um lado sombrio, com consequências devastadoras ao ecossistema.

A produção em massa é a principal característica da moda rápida. O segmento tem sido associado a um dos mais altos índices de poluição em todo o mundo,  sendo considerada a segunda indústria mais poluente do planeta. De acordo com a ONU Meio Ambiente, a indústria têxtil é responsável por cerca de 10% das emissões globais de CO2 e 20% da poluição da água do mundo. Além disso,  a produção de tecidos como o poliéster, frequentemente usado no segmento, consome quantidades significativas de energia e emite gases de efeito estufa.

Contudo, não são apenas tais emissões que preocupam. A produção de roupas baratas e descartáveis resulta em quantidades enormes de resíduos têxteis.  Estima-se que aproximadamente 92 milhões de toneladas de restos sejam gerados a cada ano, e, na sequência, acabam queimados ou descartados em  aterros sanitários, o que pode causar poluição do ar e contaminação do solo.

Além disso, a produção de algodão, matéria-prima mais usada na indústria da moda, tem grande impacto ambiental. Tal produção requer grandes quantidades de água e pesticidas, o que leva à degradação do solo e à contaminação dos recursos hídricos de muitos países em desenvolvimento.

O modelo de negócios fast fashion também incentiva o consumo excessivo e o  rápido descarte de roupas, o que acelera ainda mais a degradação ambiental. As  vestimentas são compradas, frequentemente, por impulso, e usadas apenas  algumas vezes antes de serem descartadas. Esse ciclo contínuo tem amplo impacto significativo sobre o meio ambiente. 

Trabalho escravo

O ritmo acelerado da indústria da moda, conhecida pelas coleções que mudam constantemente e pelos preços baixos, esconde uma realidade sombria: as condições precárias de trabalho para produção das roupas.

Muitas marcas de fast fashion são frequentemente criticadas pelo uso de trabalho escravo em suas cadeias de suprimentos. Em certos caso, elas produzem roupas em grande quantidade, e com preços reduzidos, ao montar base em países em desenvolvimento, onde os trabalhadores são mal pagos e  trabalham em condições perigosas.

Tais proletários são obrigados a trabalhar longas horas, com salários baixíssimos e sem garantias de segurança. Muitos são forçados a trabalhar em condições insalubres, sem acesso a água limpa ou a banheiros adequados. Além disso, há relatos de trabalho infantil nas fábricas. Crianças são forçadas a ajudar suas famílias a sobreviver, e acabam privadas de educação e oportunidades.

Embora as marcas de fast fashion se defendam, ao afirmar que não têm conhecimento do trabalho escravo nas etapas de suprimentos, muitas organizações de defesa dos direitos humanos argumentam que as empresas não fazem o suficiente para monitorar e garantir a ética de suas práticas.

No documentário Untold: dentro da máquina Shein, lançado em 2022, pela emissora britânica Channel 4, o público é conduzido à realidade reveladora das condições deploráveis enfrentadas pelos trabalhadores de uma das maiores empresas de fast fashion do mundo, queridinha dos jovens na atualidade. 

Funcionários dizem relatam trabalham 120 horas por semana, com turnos diários que começam às 8h e terminam tarde da noite, e têm apenas um dia de folga por mês. Além disso, os operários ganham apenas £500 mensais, tendo que confeccionar 500 peças diárias. E correm o risco de serem penalizados por erros na confecção, o que acarretaria desfalque no salário. 

À medida que exploramos o complexo mundo fast fashion, fica evidente que essa indústria gera profundas consequências sociais, ambientais e econômicas.  Desde a exploração de mão de obra até a produção em massa de roupas descartáveis, a busca incessante pelo lucro tem levado a um ciclo insustentável, que precisa ser repensado. 

Pequenas mudanças em nossas escolhas diárias podem ter um impacto significativo na redução do desperdício e na demanda por uma indústria de moda mais justa e ecologicamente responsável.

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Por KEV

Sempre levanto a bandeira de que estilo é sobre ser, num movimento lindo e interno que parte do seu eu e se externaliza. Mas preciso te dizer a verdade: ser, hoje, é também ter em algum nível.

Não digo ter marcas caras e de renome por aí, mas algo que você representa, que você possa chamar de seu. Aquilo que você serve, traz conforto e, de certa forma, funciona.

O discurso medíocre de que só o “ser” importa (re)afirmar e validar a falta de acesso que muita gente passa na moda.

Sim.

Se para você condenar a Shein é mais importante que entenda o acesso que ela traz às pessoas, e não digo só ao financeiro, mas de tamanhos, modelagens, opções. Você claramente não entende nada de moda.

Não me confunda! A conversa não é sobre inocentar a marca em aspectos de produção e mão de obra problemática, mas expor o fato de que, hoje, ela é uma referência no quesito compra de várias populações latinas. Isso, devido, claro, ao preço “acessível” e ao poder de compra, agora, com a ajuda da marca, dadas essas pessoas.

Ou seja: não dá mais pra falar sobre o “ser” sem o considerar o “ter”. A gente precisa discutir esses acessos, sobre quem pode ter muito, quem tem que se virar com o pouco, quem se faz chique com nada e quem não é lido como estiloso de jeito nenhum.

“O chique é ser”, muitas vezes, só é chique mesmo quando você já tem muito — por isso o papo sobre “tenha menos coisas” precisa sempre sair da bolha de quem sempre teve tudo.

Ter acesso à roupa é importante, e ter menos só é legal por escolha.