Mostra de Cinema Tiradentes

Com grandes curtas metragens no currículo, as professoras e diretoras Aline Portugal e Julia Simone, estrearam na terça-feira, 26, o documentário de longa-metragem Aracati, no Cine Tenda da 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes.

O filme, que traz “uma fotografia impecável e sútil”, segundo o crítico de cinema Ticiano Monteiro, foi produzido durante os estudos das diretoras sobre o vento Aracati, no Vale do Jaguaribe, no estado do Ceará. Mesmo que o foco seja a trilha do vento, moradores locais participam do filme e contam a história do Vale e de suas vidas na região cheia de mudanças desde a construção do açude Castanhão, que, segundo os locais, fez com que a cidade de Jaguaribara deixasse de existir.

O destaque da obra é dado ao som produzido pelo vento, pelo o movimento das águas e das árvores, e também a delicadeza como as imagens foram capturadas pelo diretor de fotografia Victor de Melo.

Durante as pesquisas para obter o resultado final, ainda foram gravados dois curtas, o “Estudo Para o Vento”, em 2011 e “Vento Aracati” em 2014. Com a renda arrecadada para a produção do longa, foi contratado o pesquisador Victor Furtado para auxiliar na busca de cenários e personagens, além de seguir a trilha do próprio vento Aracati.

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Aracati – Encontro com a crítica

No seminário realizado nesta quarta-feira, 27, no Cine Teatro Sesi, as diretoras Aline e Juliana, diretor de fotografia Victor Melo, e o pesquisador Victor Furtado bateram um papo sobre a produção do filme com o crítico de cinema Ticiano Monteiro e com o público presente. De acordo com as diretoras, a produção do filme levou cerca de sete anos. “O filme refaz o percurso do vento em busca de entender o que ele está movimentando naquele espaço”, explica a diretora Simone enquanto complementa também a diretora Portugal sobre o Vento Aracati, “Limites, divisão e espacialização”, finaliza. . As diretoras também produziram: Sinfonia.

Em entrevista para a UNA TV/ Jornal Contramão em parceria com o Jornal Hoje em Dia, a diretora Aline Portugal fala como foi produzir o longa e da sua experiência em participar da 19ª Mostra de cinema de Tiradentes.

Texto por Julia Guimarães
Fotos: Gael Benítez

Foto: Leo Lara/Universo Producao

Há 18 anos, o mês de janeiro marca um momento de efervescência cultural na pequena Tiradentes, em Minas Gerais, é quando ocorre a Mostra de Cinema, considerada o maior evento do cinema brasileiro contemporâneo. Esse ano a mostra chega a sua 19ª edição com realização entre os dias 22 e 30 de janeiro, apresentando uma programação diversa, com mais de 100 produções entre curtas e longas de 12 estados brasileiros.

A edição deste ano traz como tema “Espaços em Conflito”, que casa com a obra do grande homenageado da mostra, o cineasta Andrea Tonacci. Seu filme “Serras da Desordem” será exibido na abertura do evento, às 21h, no Cine-Tenda e marcará uma década desde sua primeira exibição em Tiradentes, em 2006. O longa que mistura ficção e documentário aborda as questões indígenas no Brasil e é descrito como “a maior referência de uma mudança de paradigmas no olhar estético e na maneira de se fazer cinema brasileiro independente e de autor”.

A Mostra Tiradentes apresenta o que terá de novo no cinema nacional, inaugurando o cenário de produções independentes em pré-estreias mundiais e nacionais em 2016. Cléber Eduardo, Francis Vogner e Pedro Maciel Guimarães, a equipe de curadores do evento, foram os responsáveis por analisar as centenas de obras inscritas e preparar a lista final. Os filmes serão exibidos em três espaços: Cine-Tenda, Cine BNDES na Praça e Cine-Teatro Sesi e distribuídos em diversas mostras conceituais. A curiosidade das escolhas de exibições para 2016 é a forte presença de cineastas veteranos que são aguardados com suas novas obras, Walter Lima Jr., Ruy Guerra, Julio Bressane e Helena Ignez são alguns nomes.

Durante os nove dias de programação, além das exibições cinematográficas a mostra reunirá diversas manifestações artísticas, homenagens, oficinas, seminários, debates, performances, lançamentos de livros, teatro de rua e shows musicais, a programação completa é gratuita. O evento se encerra com a pré-estreia do longa de ficção de Aly Muritiba, “Para Minha Amada Morta” (2014).

Texto: Gael Benitez

 

Com o objetivo de iniciar a formação de novos profissionais e ampliar a indústria do audiovisual em Minas Gerais foram realizadas dentro da programação da 18ª Mostra de Cinema de Tiradentes dez oficinas gratuitas voltadas para o público adulto e infanto-juvenil. Os participantes tiveram aulas em diferentes áreas de criação.

 

A professora Anna Rosaura que ministrou a oficina “Por trás da câmera: o suspense no cinema” destaca que as aulas são oferecidas desde a quarta mostra e que como ‘oficineira’ acha fundamental esse trabalho para o evento. “É uma forma de o público interagir com a mostra e para aqueles que têm o objetivo de produzir filmes esse trabalho faz com que criem com qualidade e responsabilidade. É uma sensibilização para quem participa e com isso eles consequentemente ficam com o olhar mais crítico diante do que eles assistem e recebem como imagem e audiovisual”.

 

Renata Fernandes, que ofertou a oficina de Stop Motion para adolescentes, diz que é sempre um grande desafio trabalhar com esse público e despertar neles o interesse pela criação. Ela optou por incluir os participantes nos vídeos, e na produção para que eles interagissem e se identificassem com produto final. Renata participou de oficinas na mostra e vê esse trabalho como fundamental, pois foi a partir dessas oficinas que se interessou ainda mais pelo cinema. “Ter a oportunidade de deixar a semente do audiovisual é fascinante, com a idade que os alunos têm se eles inventarem um bom roteiro, a gente consegue fazer um filme e exibir na mostra, isso pra mim é muito legal”.

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Renata Fernandes, ex-aluna das oficinas e professora

As oficinas tiveram aulas teóricas e práticas, e no final da mostra foi exibido um longa produzido pelos alunos participantes das oficinas.

Texto Felipe Chagas

Imagens Yuran Khan

No sábado, 31 de janeiro, ocorreu o encerramento da 18ª Mostra de Cinema de Tiradentes e nesta data foram anunciados os vencedores da Mostra. Ao todo, foram exibidos 128 filmes nacionais, em três espaços da cidade, além de 28 debates que discutiram, entre outros assuntos, o lugar do cinema brasileiro e as perspectivas para o audiovisual em 2015.

O vencedor da Mostra Aurora foi o longa “Mais do que eu possa me reconhecer”, de Allan Ribeiro. O filme levou o prêmio Itamaraty no valor de R$ 50 mil. “A mostra Aurora foi o melhor lugar para esse filme estrear, porque é onde esse tipo de obra encontra crítica e público de uma forma muito especial para nascer”, destacou Ribeiro.

Na categoria Melhor Longa, o filme que documenta a vitória do Clube Atlético Mineiro na Libertadores, “O dia do Galo” levou o prêmio. Já o Melhor Curta eleito pelo público foi “De castigo”, de Helena Ungaretti. Eleito pelo júri jovem na Mostra Transições, o longa “O tempo não existe no lugar em que estamos”, de Dellani Lima foi o vencedor.

“Estátua”, de Gabriela Amaral Almeida foi eleito pela crítica e recebeu a premiação na Mostra Foco. O Prêmio Aquisição Canal Brasil foi para o curta “Outubro Acabou”, de Karen Akermane e Miguel Seabra Lopes, além do prêmio de 15 mil reais, o curta ainda pode concorrer ao Grande Prêmio Canal Brasil no valor de R$ 50 mil.

Texto Felipe Chagas

Imagens Divulgação Universo Produções

Em busca de resposta para as perspectivas para o audiovisual brasileiro em 2015, cineastas e produtores de diversas regiões do país participaram  na segunda, 26, do debate  com Rodrigo Camargo, coordenador do departamento de fomento da ANCINE – Agência Nacional do Cinema -, ligada ao Ministério da Cultura. A discussão teve como mediador o critico de cinema Pedro Brecher.

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Rodrigo Camargo destacou algumas realizações nos últimos anos da Agência  e citou os quatro principais eixos de ação para o FSA (Fundo Setorial de Audiovisual): o desenvolvimento, a produção, a exibição e difusão e a capacitação.  Rodrigo aproveitou o espaço para divulgar editais que estão com inscrições abertas. São editais para produção e desenvolvimento de projetos audiovisuais. “Esses editais  contemplam não só projetos de cinema, mas, como o desenvolvimento de séries de tv, series para vídeos por demanda e formato de programa de televisão também”, destacou.

Rodrigo falou também de editais contínuos, que ficam abertos durante o ano todo e que são destinados a produções independentes, complementação de recursos e verba para lançamento de filmes: “ a perspectiva é de produzir trezentos longas metragens , 400 obras seriadas dando um total de duas mil horas de programação, o equivalente a toda a exibição de tv paga no ano de 2012”.

Os realizadores presentes lamentaram a ausência do presidente da ANCINE Manoel Rangel, anunciado na programação do evento, pois, buscavam uma discussão sobre  a política nacional para o audiovisual. Durante o debate,  apresentaram problemas  que encontram como o alto grau burocrático para aprovação de seus projetos, e o baixo incentivo para exibição de filmes independentes. Algumas questões não puderam ser respondidas por Rodrigo. “O que a gente vê é um distanciamento da ANCINE  para essa conversa com o setor de audiovisual no Brasil, e  quando o presidente não vem e manda um representante ele é só um representante,  e aqui é um local de interlocução”, lamentou Karen Abreu, vice-presidente do Congresso Brasileiro de Cinema e membro do Fórum Mineiro de Audiovisual.

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O Presidente do Congresso Brasileiro de Cinema, Frederico Cardoso,  levantou questões negativas presentes no próprio relatório anual da ANCINE. Entre elas, o baixo número de espectadores nas exibições de filmes brasileiros no cinema. E aproveitou para tentar mobilizar os cineastas, “quero convocar os realizadores a se unir e pensarem juntos em politicas publicas efetivas para o setor”.

Texto e reportagem: Felipe Chagas
Fotos/imagens: Yuran Khan