Saúde

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Por Gustavo Meira

Dia 27 de setembro é comemorado o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos e a intenção é conscientizar sobre a importância de ser um doador.

Estamos em setembro, mês de conscientização para doação de órgãos. A campanha Setembro Verde busca incentivar ações onde o único objetivo é que a família diga sim para este ato tão nobre que salva vidas. 

Dados de transplante em Minas

Em 2022 foram realizados 2.003 transplantes de órgãos e tecidos em Minas Gerais. O número anual é o maior desde o início da pandemia. Em 2021, foram 1.733, um aumento de cerca de 13% no ano passado. Os números também são maiores na comparação com 2020, primeiro ano de pandemia, quando foram feitos 1.573. Ainda assim, é necessário um aumento de 28% em relação às operações do ano passado para chegar à marca dos 2.512 transplantes registrados em 2019

De acordo com o coordenador do MG Transplantes, Omar Lopes Cançado, um dos principais motivos para a alta recusa de doações é a falta de informação ‘’As campanhas são de extrema importância, isso ajuda para que, caso a pessoa tenha um familiar que seja um potencial doador de órgãos”, afirma.

A lista de espera por órgãos e tecidos para transplantes em Minas somava, até julho deste ano, 5.949 pessoas. Para a doação ocorrer, basta apenas a resposta positiva dos familiares – não é preciso deixar nenhum registro sobre esse desejo em vida. 

Procedimento de um transplante de órgão. Foto: FreePik.

Omar ressalta também que ‘’As pessoas precisam conversar mais, principalmente dentro de casa, e expor suas ideias a respeito da doação de órgãos. Levar informação à população faz com que o público dialogue mais’’, conclui.

Faustão na fila do transplante de coração

Fausto Silva estava internado desde o dia 5 de agosto, no Hospital Israelista Albert Einstein com insuficiência cardíaca, condição desconhecida que mata 350 mil pessoas por ano no Brasil. O apresentador apresentou uma piora no quadro e precisou entrar na fila de transplante de coração do Sistema Único de Saúde (SUS). 

O procedimento foi feito no dia 27 de agosto, seguindo a ordem prioritária, ele era o segundo da fila e só conseguiu o novo órgão após a recusa do primeiro. O doador era um jogador de futebol de 35 anos, que faleceu após um Acidente Vascular Cerebral (AVC). As estatísticas brasileiras e mundiais indicam uma taxa de sucesso no transplante cardíaco na ordem de 50-70% dos casos, com possibilidade de sobrevida pós-transplante de 10 a 20 anos.

Faustão se pronunciou nas redes sociais dias após o procedimento (31/08), no vídeo ele diz  emocionado ‘’Não sinto nada, nenhuma dor. Estou completamente recuperado; Eternamente grato ao José Pereira da Silva. Um homem simples. Eu fico emocionado, porque ele deixou que eu vivesse de novo. Agora é motivar todo mundo a fazer do país o primeiro doador de órgãos do mundo. Temos que conscientizar, não tem que ser obrigatório”, alega.

Fausto Silva no hospital, quatro dias após o transplante de coração. Foto: divulgação.
Família de Faustão entrou na campanha

A família do apresentador Fausto Silva participou da campanha Setembro Verde, do Ministério da Saúde, sobre a conscientização de doação de órgãos e tecidos no Brasil. No vídeo, a família agradece as orações para a recuperação do apresentador. “Órgãos não vão para o céu. Eles têm uma segunda missão na terra, que é ajudar a quem precisa”, afirmou João Guilherme Silva.

Filhos e esposa de Faustão em vídeo publicado nas redes sociais. Foto: divulgação.

O Sistema Único de Saúde (SUS), tem o maior programa público de transplante do mundo, no qual cerca de 87% dos transplantes de órgãos são feitos com recursos públicos, permitindo que cada vez mais pessoas tenham uma vida melhor.

A vida pode continuar, seja você um doador

Para ser um doador, basta conversar com sua família sobre o seu desejo. No Brasil, a doação de órgãos só será feita após a autorização familiar. Existem dois tipos de doadores:

O primeiro é o doador vivo. Pode ser qualquer pessoa que concorde com a doação, desde que não prejudique a sua própria saúde. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Não parentes, só serão doadores com autorização judicial.

O segundo tipo é o doador falecido. São pacientes com diagnóstico de morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral). Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado, e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes.

Deixe sua família ciente de que você quer ser um doador de órgãos. Foto: internet.

Por Mateus Schiestl

O nono mês do ano representa um marco muito importante para a sociedade brasileira: a independência. Um tempo de patriotismo em que indivíduos de todo o país vão às ruas acompanhados de faixas, marchas e fanfarras, celebrar a tão aclamada liberdade e independência do Brasil, conquistada por D. Pedro I, em 1922, às margens do Rio Ipiranga.

Além da independência 

Paralelo a este atributo nacional, no mês de setembro, temos outras causas valiosas e simbólicas, para também vestirmos a camisa e ir às ruas. Jamais podemos nos esquecer que, infelizmente, enquanto muitas pessoas salteiam a liberdade, outras permanecem presas em suas próprias mentes. 

Setembro é um mês que não apenas representa o lembrete e a conscientização ao suicídio, mas, um convite ao combate desta e outras causas importantes, como por exemplo, o Setembro Verde (mês da visibilidade e luta pelos direitos de pessoas com deficiência). 

O significado da palavra combate, é luta entre grupos e pessoas. O alerta se estende para além do mês amarelo e precisamos lutar contra o suicídio nos 365 dias do ano. Uma das formas de tirar essa chamada do calendário, é partir ao acometimento, diálogo e a atenção aos sinais de pessoas que apresentam qualquer tipo de suspeito sinal ao descaso da vida. 

Foto: Aliança Explica.
Caso Mike

Essa, lamentavelmente, não foi a oportunidade que uma família de Westminster, no Colorado, Estados Unidos teve. Mike, um adolescente de apenas 17 anos, era conhecido por ser carinhoso e ter habilidade com a mecânica. Além disso, ele tinha como marca, um Mustang, 1968, amarelo, restaurado e pintado por ele mesmo. Mike era um jovem comum, mas possuía uma sujeição oculta dentro de si, a respeito da sua própria existência. 

No ano de 1994, Mike cometeu suicídio. Não houve tempo hábil ao diálogo entre a família, amigos ou quaisquer observadores passivos que pudessem espreitar qualquer sinal suicida. Foi muito rápido, tarde e sem chances.

No funeral, as pessoas mais próximas à vítima, decidiram montar uma cesta de cartões e fitas amarelas com os seguintes dizeres: “Se precisar, peça ajuda”. A atitude teve tanto êxito, que a partir disso, muitos jovens com o mesmo pensamento, passaram a utilizar cartões amarelos como forma para pedir ajuda às pessoas do entorno. A trágica história de Mike virou um símbolo. 

Casos no Brasil

Dados informam que, a cada dia, 38 pessoas tiram a própria vida no Brasil. Desde 2015, o país tem adotado apoio a esta causa, conscientizando os cidadãos sobre o suicídio, bem como evitar o seu acontecimento. Uma falha na observação dos sinais, pode comprometer o futuro de alguém.

Que neste mês de setembro e sempre, a luz volte a resplandecer nos pensamentos de quaisquer pessoas que cogitem a possibilidade de suicídio, como um escape da dor. Que sabiamente, parentes, amigos e colegas sejam auxiliares e portadores de conselho, suporte e encaminhamento à assistência psicológica e psiquiátrica. Que a história de Mike não se repita, mas reflita, e torne este símbolo uma realidade materializada na expressão de guerrilheiros e combatentes prontos a estar na linha de frente desta causa tão genuína e necessária. 

Foto: Aliança Explica.
Independência com consciência

Por fim, que o Brasil e o mundo vibre, todos os dias do ano, e, aos quatro ventos: liberdade às nações, à cultura, à paz, à independência. Mas, principalmente: às mentes, às dores, à depressão, à ansiedade, ao luto, e, acima de tudo, que haja restauração aos corações desesperançosos. 

Altruísmo, piedade e solidariedade à vida, que em nossa independência e liberdade, jamais existam pendências em relação àqueles que necessitam de amparo e mãos estendidas. 

Lembrete

Observe frequentemente as pessoas à sua volta. Ofereça ajuda, peça ajuda, seja inspirado e inspire. 

Se precisar de auxílio: disque 188. 

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O CIS 2023 será um evento voltado para o cenário brasileiro atual da inovação e da sustentabilidade. Entre essas duas grandes áreas, temos intersecções e distanciamentos, e, para percebê-los, contaremos no Congresso com especialistas qualificados para discutir tais questões. O evento, portanto, se compõe com o pensamento acadêmico, empreendedor, cultural e também social. Assim, contaremos com a participação de atores do ecossistema de inovação, criadores de soluções sustentáveis que inovaram as possibilidades na área, consultores ESG de grandes empresas, professores e pesquisadores de grandes universidades brasileiras.

“O Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC) é agente de desenvolvimento tecnológico e de conexões de negócios de base científica-tecnológica. Nesse contexto, desenvolve estratégias e mecanismos diferenciados em soluções de gestão, networking, acesso a financiamento e abriga empresas que se dedicam a investigar e produzir produtos e serviços inovadores e centros públicos e privados de Pesquisa & Desenvolvimento.”

A programação está repleta de atrações imperdíveis na área, que vão de mesas redondas a cinema no Parque. Todas as atividades são voltadas para o pensamento e estratégias de negócios nas áreas de inovação e sustentabilidade. Dessa forma, contamos com uma palestra magna ministrada pela professora e consultora Andreia Marques, mesas redondas sobre ESG e também seus afluentes, como a bioeconomia. Contaremos com um Plantão ESG com a equipe do Centro de Inteligência em Sustentabilidade do BH-TEC, uma Rodada de negócios para startups (com oportunidades de serviços e parcerias), além de uma Vitrine de soluções sustentáveis inovadoras.

Programação

24/08 (quinta-feira) – Auditório

9hCredenciamento e welcome coffee: recepção dos convidados / participantes

10h – Solenidade de abertura

10h30Palestra de abertura: ESG – pra gestão e pra inovação

Palestrante: Prof. Andreia Marques (professora e pesquisadora, atua na UNICAMP e USP, é coordenadora ESG do IBCG SP interior, sócia Diretora na AMARQUES & ASSOCIADOS e mentora na Baita)

12h – Almoço

14h – Painel Cases de Inovações para a Sustentabilidade

Palestrantes: Lucas da Silva (VLI), Myriam Nobre (Embrapa), Breno Paula (Grupo Heineken), Alexandre Resende (BluestOne)

18h – Sessão de cinema “Sustentabilidade é Cultura”

Filme: Wall-E

25/08 (sexta-feira) – Auditório

9hPalestra online: ESG como estratégia de negócios

Palestrante: Álvaro Almeida (GlobeScan)

10h – Coffee break

10h30Mesa redonda: Olhares e perspectivas ESG: empresas, mercado e consumidores

Mediação: Andreia Marques (Unicamp)

Palestrantes: Inês Francke (Natura), Ana Lúcia (Instituto Ethos), Viviane Torinelli (Brasfi)

12h – Almoço

14h  – Mesa redonda: Bioeconomia e inovação

Mediação: Marco Crocco (BH-TEC)

Palestrantes: Felipe Lucci (Mãe Terra), Frederico Ozanan (Embrapa), Raoni Rajão (UFMG)

16h – Vitrine Sustentabilidade: Apresentação dos empreendedores do BH-TEC sobre suas soluções para a sustentabilidade e agenda ESG

17h – Encerramento do evento e happy hour

Nos dias 24 e 25, de 9h às 18h:

Rodada de negócios (CIS + Conexões) (para startups previamente selecionadas)

Workshop ESG para Startups (Cis +EcoJusLab UFMG) (para startups previamente selecionadas)

 

Por Maria Cecilia Nepomuceno 

O momento de transição para a vida adulta é sempre uma época difícil. Escolher um curso, entrar em uma faculdade e se manter no curso pode afetar a saúde mental de qualquer jovem. Diversos aspectos ajudam a deteriorar o bem-estar dos jovens, como os compromissos das aulas, conciliar com o trabalho, as relações familiares, a pressão para ser bem-sucedido na profissão, entre outros.

Cursos mais requisitados como medicina apresentam alta taxa de alunos com ansiedade e depressão. Fernanda Mayer, doutora pela Faculdade de Medicina de São Paulo, publicou uma tese sobre o assunto. Ouvindo 1350 alunos de 22 universidades públicas e privadas concluiu em seu estudo que cerca de 41% dos estudantes de medicina do Brasil têm depressão, além disso, 81,7% apresentam ansiedade em algum momento da graduação. 

Existem vários programas e palestras oferecidas nos ambientes de ensino das escolas particulares e federais, que procuram ajudar os alunos nesse processo de adaptação e a lidar com as pressões e ansiedades do período.

Welder Rodrigo, líder do Núcleo de Apoio Psicopedagógico e Inclusão (NAPI) (das unidades Una Aimorés, Conselheiro Lafaiete, Liberdade, Itabira e Pouso Alegre, além dos cursos 100% EAD), que é o núcleo responsável por colocar em prática a política de atenção ao estudante o conduzindo a programas e projetos amparados nos princípios de equidade e inclusão e que assegura os recursos necessários nas relações, potencializando aprendizagens significativas e favorecendo o desenvolvimento de competências variadas, afirma que o programa de apoio psicológico da instituição fez mais de 100 atendimentos no ano de 2022. “O estudo tem sim sua responsabilidade, mas não precisa ser pesado, nem tóxico, pode ser leve, o estudante pode ter qualidade de vida, enquanto se gradua”, conclui. Todo estudante tem direito a acessar o NAPI de sua instituição, pela plataforma da mesma, para mais informações procure um de seus professores ou o coordenador do seu curso.

Foto/Divulgação: Próximos Concursos.

Cuidar da saúde mental é cuidar de um todo, e dentro da faculdade existem inúmeras possibilidades para seguir com o curso da melhor forma possível, participando de eventos, praticando atividade física, tendo convívio social e interativo com os colegas, se organizando, entre outras. 

Os profissionais da rede SESI/SENAI, indicam alguns cuidados e dicas para manter a boa saúde mental no período de estudos. Dentre elas: separar um tempo de descanso e de relaxamento da mente, investir no autoconhecimento, organização de tempo, ajuda de um profissional da área, seja ele psicólogo ou psiquiatra, e o ato de praticar atividades físicas e a boa alimentação. Por fim, Natália Vaz, aluna de Letras Inglês/Português pela Unicesumar sempre comenta que apenas tirar um tempo para si mesmo e só ver uma série, filme ou qualquer meio de entretenimento, ajuda bastante. “Se desligar um pouco da correria da rotina e relaxar”, diz.

Foto/Divulgação: Instituto Assistencial Espírita André Luiz/HEAL.

No Brasil, 68,8% da comunidade LGBTQIA+ está em algum grau de Insegurança Alimentar, sendo 20,2% em IA grave, conforme levantamento do Guia de Cuidado e Atenção Nutricional à População LGBTQIA+

Por Júlia Garcia e Millena Vieira.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os transtornos alimentares são um conjunto de doenças psiquiátricas que se caracteriza por uma desordem no ato de se alimentar. Estima-se que mais de 70 milhões de pessoas no mundo sejam afetadas por algum transtorno alimentar, incluindo anorexia, bulimia, compulsão alimentar e outros, sendo a anorexia e a bulimia nervosa as de maior incidência entre o público jovem de 12 anos até o início da vida adulta, o que acaba dificultando o seu desenvolvimento. 

Para a nutricionista e professora Luana Santos, especialista em Adolescência pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), com Doutorado em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo (USP), os distúrbios alimentares estão vinculados a condições de saúde física ou psicológica, questões socioculturais e até mesmo fatores genéticos. Entre os adolescentes, o principal fator de risco, além da auto estima baixa, a distorção da própria imagem e os maus hábitos alimentares, é o culto excessivo ao corpo. “Isso tem sido muito valorizado, sobretudo nos últimos anos, com o avançar das redes sociais, há uma imposição pelas redes, pelas mídias de corpos que fogem do padrão, há um culto excessivo ao corpo esteticamente diferente do que é habitual da adolescência, isso favorece a ocorrência de distúrbios”, alerta.

Na visão da professora, existe uma linha muito tênue entre transtorno alimentar e transtorno de saúde mental. “Essa relação é uma via de mão dupla, aqueles indivíduos que têm o histórico de depressão, ansiedade e outros transtornos, vão ter maior propensão a ter um distúrbio alimentar, e aqueles indivíduos que têm um distúrbio alimentar também poderão ter maior chances de desenvolver qualquer transtorno de saúde mental, pela questão inerentes aos quadros de distúrbios”, afirma.

Em 2021, o Conselho Regional de Nutricionistas 1º Região (CRN-1), lançou a 1º edição do “Guia de cuidado e atenção nutricional à população LGBTQIA +”. Conforme levantamento, no Brasil, 68,8% dessas pessoas vivem com algum grau de Insegurança Alimentar (IA), sendo 20,2% em IA grave. De acordo com o Guia, entre os TAs mais comuns à população LGBTQIA+ e outros problemas correlacionados, estão: altos índices de insatisfação corporal devido ao padrão de corpo e beleza e à pressão estética hetero cisnormativa; estresse entre minorias (opressão sofrida pelos próprios membros da comunidade); estresse de minorias (opressão sofrida pela sociedade). Em relação às pessoas trans em comparação com cisgêneros, o uso de laxantes e outros remédios para fins de emagrecimento são muito comuns.

Aos 21 anos, Isaque Vieira, um homem negro, gordo, baixo, de cabelos cacheados e pretos, está dentro da estatística de 2% da população brasileira transgênera. Ele lembra as inseguranças que o levaram a desenvolver bulimia no início de sua juventude. “Eu comecei a passar pelo transtorno alimentar quando eu tinha uns 10 anos mais ou menos. Foi quando comecei a entender como as pessoas na escola eram diferentes de mim por conta do meu corpo. No twitter, descobri uma hashtag chamada #anaemia que é onde pessoas que sofrem anorexia e bulimia conversam entre si e colocam metas nada seguras para perder peso e eu comecei a praticá-las”, conta. 

Após o desenvolvimento do transtorno alimentar na adolescência, Isaque diz que ao se identificar como um homem trans, as influências das mídias digitais começaram a ser muito mais negativas. “Hoje quando vejo um corpo trans nas redes sociais, ao invés de olhar para esse corpo e me identificar, eu olho e me sinto triste. Muitas das vezes são corpos fora do padrão por serem corpos trans, mas são corpos padronizados dentro da comunidade trans, (corpos magros, brancos e principalmente transicionados) e daí se cria um enorme sentimento de insegurança em mim”, afirma. Embora seja um fator limitante, para o jovem negro e trans, o padrão de beleza vai muito além do corpo. “Quando a gente vê os padrões da sociedade sendo impostos, geralmente são pessoas brancas, de cabelo liso, olhos azuis. Padrões que uma pessoa negra não vai alcançar, sabe? E isso acaba sendo frustrante”, diz.

De acordo com a psicóloga Dalcira Ferrão, pessoas fora do padrão normativo tendem a desenvolver mais transtornos pela cobrança excessiva imposta socialmente sobre os corpos, ou seja, sobre a forma como devem ser e existir. “Perceber que não se aproxima desse dito “padrão” faz com que as pessoas se vejam sem pertencimento no coletivo”, afirma. Ainda segundo a psicóloga, a maioria dos jovens utilizam as redes sociais como referencial para a construção de suas identidades. Espelham-se em pessoas públicas e naquilo que é divulgado nas mídias. “O tempo que os jovens têm destinado à tecnologia tem sido demasiado, o que acaba impossibilitando outras vivências no dia-a-dia. Ao mesmo tempo em que a internet pode interligar pessoas que estão distantes geograficamente, pode também afastar quem está ao nosso lado”, diz. 

Dalcira Ferrão é uma mulher preta de cabelos cacheados, feminista, bissexual, antirracista e militante LGBTQIA+ e Direitos Humanos. Psicóloga clínica e social desde 2007, ela trabalha no atendimento de pessoas LGBTIQIA+, suas famílias, mulheres em situação de violências e pessoas pretas. Além disso, durante o período de 2016 a 2019, Ferrão foi presidente do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRP-MG) e Conselheira Federal de Psicologia, entre 2020 e 2021. Hoje, a psicóloga é colaboradora das Comissões de Psicologia, Gênero e Diversidade Sexual e de Psicologia e Relações Étnico-Raciais do CRP-MG.

Outro fator preocupante sobre o transtorno alimentar, é o isolamento do indivíduo, podendo afetar de forma negativa a saúde mental e impactar nas atividades diárias. “No início pode ser que a pessoa se distancie da família ou do grupo, para que as pessoas não percebam vestígios do distúrbio. Esse indivíduo pode se tornar incapaz de participar de atividades por até mesmo sentimentos causados pelo transtorno e não querer estar de forma sociável com os demais”, afirma a profissional Luana Santos.

Desafio de ser um homem trans

Isaque acredita que o seu maior desafio seja parar de se comparar tanto. O jovem alega que até dentro da comunidade trans há padrões a serem seguidos. “Você sempre tem que ser alguém que toma hormônio, que já transicionou. Quando você olha pra você e vê que você tem traços femininos, você não se entende mais como um homem trans”, declara.

A divisão entre “ser um homem trans” e “ser um homem cis”, também é um desafio para Isaque. “Quando a sociedade impõe que homens trans não são “homens de verdade” por serem transexuais, você ouve isso e nega para si mesmo. É muito difícil, sabe? Porque tem mil coisas que a sociedade vai impor para você seguir, mil padrões, e quando você não tem como seguir, é mais complicado ainda”, diz.

Segundo o psicanalista Julian Silvestrin, ter seu modo de gozo, seu prazer, sua forma de viver a sexualidade encarada como um transtorno, pode produzir diversas formas de sofrimento e igualmente diversas formas de tentativa de apaziguamento. “É aí que cada sujeito vai construir sua trajetória de transição, que é sempre singular”, conclui.

Para Dalcira Ferrão, “é extremamente importante que as pessoas que apresentem sofrimento psíquico decorrentes dos transtornos alimentares ou das imposições de sexualidades e de gênero tenham suporte psicológico e/ou médico adequados, quando necessário, e que se constitua uma rede de apoio, de modo a promover relações de segurança e confiança”, ressalta.

Segundo o Guia de cuidado e atenção nutricional à população LGBTQIA+, o acesso à saúde também é limitado para a comunidade. “De forma geral, a experiência de pessoas LGBTQIA+ nos serviços de saúde é marcada por constrangimentos, falta de conhecimento e violências, o que resulta em um afastamento dessa população dos serviços de saúde”, afirma o estudo.

Embora o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibilize atendimento para pessoas em sofrimento psíquico por meio dos serviços da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), sendo os CAPS – Centro de Atenção Psicossocial, em suas diferentes modalidades, pontos de atenção estratégicos da rede, a espera pela disponibilização de um profissional qualificado e a falta de investimento na saúde mental no Brasil, que recebe menos de 2% do orçamento recomendado pela OMS, quando deveria receber no mínimo 6%, dificulta o acesso afetando toda a população.

Perguntado sobre o que gostaria de deixar para as pessoas que se identificam com Isaque, o jovem respondeu: “Eu diria que antes de tudo, reconhecer que precisamos de ajuda é o principal, a partir daí as coisas fluem naturalmente para o nosso bem. Quando a gente está nesse processo, é muito difícil enxergar que estamos precisando de ajuda, o primeiro passo é reconhecer isso. Meu maior conselho é que a pessoa encontre um profissional que a ensine a se enxergar de uma forma melhor e cuidadosa. Hoje eu digo que amar nossos corpos é uma luta diária que temos que ter em mente que vamos vencer, falo luta porque é realmente algo muito difícil. Mas sempre com a ajuda de um profissional, a gente consegue aprender o que é amar e respeitar nossos corpos.”

 

O evento terá programação gratuita com trabalhos artesanais e muita gastronomia feita pelos próprios estudantes da Una

Por Keven Souza

A primeira edição do Mistureba terá início amanhã (01), entre 18h e 21h, no campus Liberdade da Cidade Universitária Una. A feira é organizada por alunos de Relações Públicas, através da Unidade Curricular de Planejamento de Eventos, e tem como objetivo divulgar pequenas marcas e empreendimentos universitários que o próprio campus abriga. 

Tudo isso, acontecerá na charmosa área de convivência do Liberdade, a Laje. O espaço externo promete ser um reduto cultural que reunirá peças de arte, bazar, brechó, vendas no local de comida, além de flash tattoos e muita música com presença de DJs. 

Será o momento ideal para conhecer novas pessoas, trocar networking, compartilhar experiências e, claro, apoiar o empreendimento local. É o que explica Sarah Brás, curadora do evento e aluna de Relações Públicas. “O campus Liberdade une vários estilos de vida e pessoas, e o nosso evento contribuirá para que esta miscigenação cultural seja exaltada e continue existindo em nosso meio. Claro, é um evento novo, mas desde já se faz fundamental, pois os artistas poderão apresentar seus trabalhos e arrecadarem fundos para suas artes. Esperamos que o público se divirta e se misture, de fato, com o que estaremos oferecendo”, pontua.

Cartaz de divulgação. Foto: acervo pessoal.
Serviço 

Mistureba – Feira Universitária 

Data: 1 de junho de 2023

Horário: das 18h às 21h

Local: Una Liberdade – R. da Bahia, 1764, Lourdes, BH.