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Por Davi Gomes

Monaco recebeu a oitava etapa do circuito mundial da Fórmula 1 depois de três semanas sem corridas. Devido a fortes chuvas que atingiram a região da Emilia Romagna na Itália, o grande prêmio de Ímola, que aconteceria entre os dias 19 e 21 de maio foi cancelado e ainda não foi definido se a corrida acontecerá em outro momento da temporada ou se vão cancelá-la em definitivo.

Após vencer em Miami, o atual campeão Max Verstappen subiu novamente no lugar mais alto do pódio ao vencer uma das corridas mais tradicionais da história do automobilismo e contou com um péssimo final de semana de seu companheiro e adversário direto na disputa pelo título Sérgio Perez para abrir ainda mais vantagem na liderança do campeonato.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

A corrida realizada no Principado de Mônaco geralmente não traz muitas emoções pelo fato de ser realizada nas ruas da região e ter poucos pontos de ultrapassagem, com isso as sessões para a classificação para a largada da corrida se tornam ainda mais importantes, já que quanto melhor for a posição do piloto, melhor poderá ser seu resultado final. A qualificação realizada no sábado de cara trouxe surpresas já que o mexicano Perez bateu ainda nos primeiros minutos da sessão e ficou de fora, tendo assim que largar em último lugar. Do momento da batida do piloto da Red Bull até os segundo finais do restante da classificação não houveram grandes destaques, mas com o cronômetro perto de zerar, a disputa pela pole position foi intensa, isso porque faltando menos de 2 minutos para o fim da última sessão, quarto pilotos brigaram pela primeira posição. Primeiro, o francês Esteban Ocon da equipe Alpine tinha o tempo mais rápido porém logo foi superado pelo piloto da casa Charles Leclerc da Ferrari, alguns segundo depois o espanhol Fernando Alonso foi que fez a volta mais rápida e em uma cena pouco comum dos engenheiros da Aston Martin, equipe de Alonso, já comemoravam o primeiro lugar, mas com o cronômetro já zerado, Verstappen fez uma volta mais rápida e ficou com a pole por menos de 1 centésimo de segundo. Pelas regras os pilotos precisam abrir suas voltas com o tempo contando e não há problema passarem da linha de chegada com ele zerado, por isso o atual campeão ficou com o primeiro lugar.

No dia seguinte, como já esperado, a corrida não teve grandes emoções, pelo menos na grande parte do tempo. As disputas mais acirradas pelas posições eram dos pilotos que vinham nas últimas colocações. Logan Sargeant e Alex Albon, ambos da Williams e Lance Stroll da Aston Martin tiveram muito dificuldade com o traçado da pista e tocaram nos muros e até dos concorrentes algumas vezes, Perez que largou em último tentava uma recuperação improvável mas também sofreu c

Foto: Fórmula One Management
Foto: Fórmula One Management

om batidas e não conseguiu se recuperar. As trocas de posição aconteceram em sua grande maioria quando os pilotos eram chamados para fazer as trocas de pneus. As coisas começaram a ficar um pouco mais emocionantes quando na volta 55 das 78 disputadas, a chuva resolveu tentar dar um pouco de emoção e os pilotos tiveram que mudar suas estratégias. As ultrapassagens começaram a aparecer de forma um pouco mais constantes, mas não pelas disputas entre os pilotos, mas pelos erros que alguns cometeram pelas condições da pista molhada. Os ferraristas Carlos Sainz e Leclerc sofreram muito quando ainda estavam com pneus próprios de pista seca, George Russell da Mercedes também teve dificuldades em guiar o carro na pista molhada.

No fim, Verstappen venceu sua quinta corrida de sete possíveis no ano, seguido de Fernando Alonso que mantém o bom desempenho no ano subindo mais uma vez no pódio e de Ocon que foi a grande surpresa levando sua equipe às primeiras posições pela primeira vez na temporada. Com os erros, as Ferraris de Leclerc e Sainz terminaram em sexto e oitavo respectivamente, e o destaque negativo ficou com Perez que terminou apenas em décimo sétimo.

No próximo fim de semana os pilotos voltam à pista para mais uma corrida, desta vez disputada na Espanha entre os dias 2 e 4 de junho.

Foto: Fórmula One Management
Foto: Fórmula One Management

Por Júlia Garcia

Escrita por Glória Perez, dirigida por Marcos Schechtman e transmitida pela Rede Globo, a novela Caminho das índias estreou em janeiro de 2009 e se encerrou em setembro de 2009. Com 203 capítulos, a telenovela fez um sucesso e acumulou ótimas pontuações de exibição.

Trama na Índia e no Brasil

A trama principal, que se ambientou na Índia, conta a história de um triângulo amoroso formado por três jovens indianos, Maya Meetha (Juliana Paes), Bahuan (Márcio Garcia) e Raj (Rodrigo Lombardi).

A novela mostrou como funcionam algumas das tradições indianas, o casamento arranjado e o sistema de castas no país.

Raj (Rodrigo Lombardi), Maya (Juliana Paes) e Bahuan (Márcio Garcia). Foto/Divulgação: Globo

 

Já o núcleo ambientado no Brasil, contou a história de dois irmãos, Raul (Alexandre Borges) e Ramiro (Humberto Martins). Na trama, os Raul e Ramiro gerenciam o império do pai e vivem em discórdia.

Temas em debate
Yvone (Letícia Sabatela) e Tarso (Bruno Gagliasso). Foto/Divulgação: Globo

A autora Glória Perez abordou temas relacionados com doenças mentais. O ator Bruno Gagliasso interpretou o jovem Tarso, que após sofrer pressão da família, desenvolve esquizofrenia.

Além do jovem, a personagem Yvone (Letícia Sabatela) esconde um desvio de personalidade. Ela é psicopata e aproveitou a confiança que as pessoas tinham nela para destruir muitos sonhos.

Prêmio Emmy Internacional e o sucesso 

Em 23 de novembro de 2009, Caminho das Índias foi eleita a melhor telenovela na edição do prêmio Emmy Internacional, sendo a estreante a ganhar a premiação. 

Além do Emmy, a novela que marcou altas pontuações durante sua exibição, levou o sucesso para fora da telinha. Nas ruas, era possível ouvir palavras estrangeiras como bordões populares, como “are baba” e “tike”.

Caminho das Índias foi exportada para 90 países e chegou a três continentes além da América, Europa, Ásia e Europa.

A escritora Glória Perez recebendo o Emmy. Foto/Divulgação: AFP
Catálogo do Globoplay

Hoje, 28 de abril, a novela entra para o catálogo do Globoplay. Todos os capítulos estão disponíveis e você pode assistir onde e quando quiser, basta acessar o streaming da Globo. 

Imagem/Divulgação: Globo

 

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A novela Vai Na Fé marcou a segunda maior pontuação de audiência no último sábado (1) e ultrapassou o Jornal Nacional. 

 

Por Júlia Garcia
Foto: João Miguel Júnior/Globo.
Escrita por Rosane Svartman e transmitida pela TV Globo, a novela das sete teve sua estreia em 16 de janeiro. A trama, que se passa no Rio de Janeiro, conta a história de Solange (Sheron Menezzes), mais conhecida como Sol, que agora é mãe, evangélica e ex-princesa do baile funk.
A protagonista que tinha o sonho de se tornar dançarina, teve seus planos mudados e agora, adulta, vende quentinhas junto com sua melhor amiga de infância, Bruna (Carla Cristina Cardoso).
O antes e depois de Ben e Sol. Foto: TV Globo/Reprodução.
Recheada de flashbacks, a história consegue encaixar perfeitamente os acontecimentos do presente e passado. O telespectador é levado para as antigas vivências dos personagens, tendo uma experiência imersiva ao universo narrativo da história. 
Elenco quase 70% preto
Não é só o enredo de “Vai na Fé” que prende a atenção do público. O elenco da telenovela é composto por diversos talentos, alguns rostos já são conhecidos na telinha e outros estão em sua estreia.
Um ponto importante é que pela primeira vez na Rede Globo, o elenco de uma novela é composto por quase 70% de atores pretos e a trama conta com personagens em diferentes espaços. Os núcleos são divididos entre pessoas bem sucedidas e trabalhadoras tipicamente brasileiras.
O ator Samuel de Assis, que dá vida ao protagonista Ben, informou ao Splash Uol que nunca teve tanta gente preta em papéis de destaque. [] Acho importante que a gente assista e diga ao mundo: nós merecemos estar aqui, nós temos que estar aqui e nós damos audiência., afirma.
Foto: João Miguel Júnior/Globo.
Religião sem didática 
Para mais, é ímpar a forma como Rosane aborda a religião na novela. Os personagens praticam sua fé de forma natural, como na vida real, sem ditar o que é o certo. É possível notar três religiões na trama, como: cristianismo, candomblé e budismo
Em uma coletiva de imprensa, a autora afirmou que a religião não é o viés da novela. “Apesar da religiosidade não ser um pilar da novela é sim um dado importante, porque aparece na construção dos personagens.”, comentou Svartman. 
Onde assistir?
Imagem: Reprodução/TV Globo/Instagram.
A novela “Vai na Fé” está disponível na grade da TV Globo e é exibida de segunda a sexta, após a segunda edição do jornal local
Se você perdeu o capítulo na íntegra, basta assistir a reapresentação, disponível de segunda a sexta, após o Conversa com Bial.
Além do mais, todos os capítulos exibidos na íntegra estão disponíveis no Globoplay, é só conferir!

 

 

Divulgação: Filme Kevin
Divulgação: Filme Kevin

Produção cinematográfica chega aos grandes telões a partir desta quinta-feira

Por Keven Souza

No dia 03 de novembro, as salas de cinemas de todo o Brasil abrem as portas para receber a estreia do filme “Kevin”. Amantes do audiovisual nacional que residem em Belo Horizonte poderão assistir a pré-estreia do longa-metragem no Una Cine Belas Artes, que é um dos últimos cinemas de rua da cidade, através da compra de ingressos pelo site ou pela bilheteria do cinema. 

O documentário “Kevin” diz respeito à amizade, ao qual narra o reencontro da diretora com sua amiga ugandense, Kevin Adweko, abordando questões como sororidade, relações interraciais e a posição da mulher. Ele é produzido pela Bukaya Filmes, em coprodução com Anavilhana e Vaca Amarela Filmes, e com distribuição nacional da Embaúba Filmes. 

O filme é uma obra de arte dirigida e estrelada pela roteirista e diretora, Joana Oliveira, que trabalha na área audiovisual desde 1999 e possui curtas que já foram exibidos em vários festivais internacionais, como o Festival Internacional de Cine de Huesca (Espanha), e no Brasil em festivais como a Mostra de Cinema de Tiradentes. 

imagens do filme Kevin
Imagens de divulgação – Filme: Kevin

Hoje, o Contramão traz um bate-papo com Joana, que relembra como foi a construção do documentário, bem como sua carreira no cinema, e diz como está a expectativa para o lançamento nesta quinta-feira. Confira! 

 

Joana, como começou sua carreira no cinema? Você sempre soube que seria cineasta? 

Eu sempre gostei muito de assistir a filmes. Desde pequena adorava ir ao cinema ou à locadora de vídeo escolher os filmes para assistir no fim de semana. Era um barato levar as fitas VHS para casa! Mas, nunca tinha imaginado estudar cinema porque não havia cursos de graduação em Belo Horizonte. Fiz vestibular no final de 1995 e não havia Enem, ou seja, um vestibular unificado para todo o Brasil. Não pensava em sair da cidade. Porém, quando comecei a fazer Comunicação Social, vi que eu poderia ingressar no mundo do cinema e comecei a trabalhar em produções, que eram muito poucas, em Belo Horizonte. Trabalhei em um curta e um longa-metragem e decidi que era o que queria fazer da vida. 

Em 2002, fui estudar Direção de Cinema no curso regular da Escuela Internacional de Cine y TV de San Antonio de Los Baños, Cuba, onde consegui uma bolsa da própria escola para uma parte do custo e outra do governo brasileiro para a outra parte.

Divulgação: Filme Kevin
Divulgação: Filme Kevin

Qual foi o momento em que passou a entender que havia um mercado audiovisual esperando seus filmes? 

Logo que fiz meu primeiro vídeo experimental na faculdade de Comunicação, entendi que havia muitas pessoas que assistiam a curtas-metragens. O vídeo foi selecionado para alguns festivais, inclusive o VideoBrasil que é um grande festival de arte digital e para a Mostra de Cinema de Tiradentes. Então, percebi que as pessoas tinham interesse na arte que eu estava começando a produzir. Foi um grande impulso para eu seguir em frente e ir estudar cinema.

 

Você imaginava ter produções cinematográficas notadas pelos grandes festivais nacionais e internacionais de cinema?  

Na verdade, o que queria era inventar histórias e produzi-las! Claro que eu queria que o maior número de pessoas assistisse, mas não imaginava que meu trabalho viajaria para tantos lugares! 

Divulgação: Kevin - Filme
Divulgação: Kevin – Filme

Falando agora do documentário, de onde ele nasce? 

O documentário nasce da minha vontade de rever a Kevin e ter um projeto em conjunto com ela. Sobretudo, a vontade era de celebrar a amizade! A minha amizade com ela, claro, mas também de colocar no centro de um filme a amizade entre mulheres que é um tema tão pouco retratado no cinema. Além disso, ele existe para celebrar a sororidade! “Kevin” é um filme feminista, antirracista e que promove o encontro.

 

Explique como foi gravar metade do filme em Uganda e outra parte em Belo Horizonte. Houve dificuldades de locomoção, língua ou cultura? 

O esforço de produção que houve é realmente incrível porque não tínhamos tanto dinheiro para viajar com equipe, para ficar tanto tempo na Uganda, etc. A Luana Melgaço, produtora do filme, é muito experiente e conseguiu muitos bons acordos de produção. E o filme existe também porque a Kevin se envolveu na produção, uma vez que ela nos recebeu maravilhosamente. Foi ela quem procurou um lugar para que toda a equipe ficasse, foi ela que nos apresentou tudo. Uma coisa é você receber sua amiga. Outra coisa é você receber uma equipe de filmagem que vem com ela – risos. Ela facilitou tudo. Mas realmente foi um desafio filmar em outro país! 

Entretanto, o filme é sobre minha amizade com a Kevin, então, por mais que estivéssemos na Uganda, não era um filme sobre a Uganda. Eu não conseguiria fazer um filme sobre um país que tinha acabado de chegar e não conhecia profundamente. Então, me concentrei na Kevin, que lidou com a equipe super bem. Ela é um talento natural e eu estava ali para e por ela. Filmamos de acordo com a agenda que ela estabeleceu e deu certo. 

 

Você e Kevin Adweko são as protagonistas do documentário. Como se deu essa amizade? Você sabia que seriam amigas? 

A Kevin diz que a gente se aproximou porque queríamos muito rir e nos divertir. A Alemanha, que foi onde nos conhecemos, é um país muito sério. Especificamente o lugar da Alemanha onde estávamos. Nos aproximamos de forma muito espontânea e divertida, conversando depois das aulas de alemão.

O que é legal é que não tinha a menor ideia se conseguiríamos ou não manter a amizade. Muitas relações se perdem no tempo. A internet em 1999 era ainda algo de acesso restrito. Nós nos escrevíamos cartas longas e e-mails extensos. Mas, houve muitos momentos que ficamos bastante tempo sem conversar. Em 2005, eu fiz um intercâmbio entre a minha escola de cinema em Cuba e a Alemanha. Esse momento de reencontro com a Kevin ao vivo depois de 6 anos foi muito emocionante. Acho que aí eu percebi que a amizade iria perdurar.

 

É a primeira vez que o filme “Kevin” estreia em salas de cinemas, qual sua expectativa para o lançamento? 

Kevin, na verdade, estreou na Mostra de Cinema de Tiradentes do ano passado. Também ganhou uma menção honrosa do júri do festival FEMINA deste ano. Mas, todas essas exibições foram feitas online. Agora, é a estreia do filme presencial no Brasil nos cinemas comerciais. Eu nunca tive um filme que entrou em cartaz nas salas de cinema e isso é muito emocionante! Na terça-feira, dia 01 de novembro, em Belo Horizonte, haverá uma pré-estreia em que Kevin estará presente. É muita emoção envolvida!

Para o público que irá assistir “Kevin” nesta quinta-feira, o que você diria? 

Kevin é um filme sobre o encontro. E, depois de tanto tempo em que estivemos separados das pessoas por causa da Covid-19, celebrar o encontro e a amizade é de extrema importância! 

Assista o trailer de “Kevin”

Sinopse – É a primeira vez que Joana, brasileira, visita Kevin, na Uganda (África). Elas se conheceram há 20 anos, quando estudaram juntas na Alemanha, e faz muito tempo que não se veem. A partir desse encontro, o filme tece a fina trama que é uma conversa entre duas amigas: as histórias do passado, os desejos, os caminhos trilhados, os diferentes modos de encarar os desdobramentos da vida. Disso ressurge um elo de amor e parceria que resiste à distância e ao tempo.

Por Bruna Valentim

Greta Gerwig é uma atriz de respeito. Musa do cenário indie, ela é referência quando se trata de filmes alternativos com histórias tão reais que chegam a ser palpáveis. Ela fala sobre o mundo feminino de forma tão pura como apenas outra mulher seria capaz de retratar. Greta é o tipo de atriz que enquanto a assistimos parece que estamos vendo uma amiga de longa data no seu próprio reality show. Como diretora felizmente Gerwig também não decepciona em seu longa de estreia.

Com cinco indicações ao Oscar,a de melhor filme, melhor roteiro original, melhor atriz, melhor atriz coadjuvante e melhor direção (Gerwig quebra recordes sendo a quinta mulher indicada na categoria em 90 anos de premiação), o filme acompanha uma adolescente interiorana e sua complicada relação com sua família enquanto busca se encontrar e seguir seus sonhos em meio a decisões erradas e atitudes inconsequentes típicas da idade.

Christine, que se autotitula Lady Bird, é uma garota de 17 anos que odeia sua cidade natal, Sacramento, sonha em viver da arte em alguma grande metrópole e se acha diferente, portanto melhor, que outras pessoas. Saoirse Ronan que da vida a personagem, com apenas 23 anos, adquiriu uma terceira indicação ao Oscar, dessa vez como melhor atriz e com muita chance de levar a estatueta para casa. Por vezes engraçada, por vezes impetuosa, por vezes simplesmente chata, mas sempre interessante, Lady Bird têm camadas e faz com que sintamos empatia e amor pela personagem, mesmo com atitudes adversas que poderia despertar uma antipatia no telespectador, mas o carisma de Ronan faz apenas com que torçamos pela adolescente de cabelo rosa em sua jornada em busca de felicidade e amor.

Os relacionamentos amorosos de Lady Bird no filme, diferentemente do que acontece na maioria dos filmes adolescentes, são romances reais es situações absolutamente plausíveis para jovens adultos. Os atores escolhidos para interpretar seus namorados, Lucas Hedges e Timothée Chalamet, mesmo que não sejam o foco principal uma indicação ao Oscar no currículo. As pessoas provavelmente se identificarão com Lady Bird e terão uma sensação do que é ser uma adolescente descobrindo o amor, a paixão, o sexo. Os primeiros momentos em um relacionamento, a primeira vez, o término, são situações que a direção do filme mostra sem firulas, sem uma áurea cor de rosa, mostra do jeito que é. Greta foi sincera sobre tudo e essa é sem duvidas sua maior qualidade como diretora. A forma como a personagem principal lida com seus interesses amorosos e seus altos e baixos é independente, honesta e nada soa falso ou melodramático, algo corriqueiro em longa metragens do gênero.

A relação da protagonista com sua mãe é o ponto mais alto do filme, não é algo perfeito como a relação mãe e filha do aclamado seriado Gilmore Girs, é algo mais cru, mas também verdadeiro. As brigas entre as personagens e a maneira como fazem as pazes é duro, é puro, é a oposição de duas personalidades fortes que se contrastam, mas acima de tudo se complementam de um jeito muito bonito. Atenção para a cena do aeroporto, lenços serão necessários.

Lauren Metcalf, mãe de Lady Bird, está em estado de graça no filme. Demonstra a exaustão da rotina dobrada para conseguir alimentar a família, o amor e a frustração que sente pela filha ao não conseguir realizar seus sonhos e ao tentar sempre tirar a garota das nuvens, mostrando a realidade que a jovem não que enxergar. A indicação ao Oscar como melhor atriz coadjuvante é mais que merecida.

A trilha sonora carrega sucessos do ínicio dos anos 2000, uma vez que o filme se passa em 2002, então vemos Bones Thugs-N-Harmony e Justin Timberlake com seu coração partido embalando as aventuras de Lady Bird pela simpática sacramento.

O filme é sucesso absoluto e é uma concordância dos críticos e da audiência. Parte disso certamente se deve a perfeição da construção da personalidade de Lady Bird, ela é segura quase o tempo todo, ela tem certezas sobre quem é e sobre o que quer. Ela vive com intensidade e verdade ao mesmo tempo em que sente medo, reconhece quando erra, pede perdão e perdoa. Ela é humana, assim como todos os personagens do filme e sua perfeição se encontra aí, no fato de que essa estória em devidas proporções poderia ser sobre você ou sobre mim. O filme contém traços biográficos de Gerwig, e é uma carta de amor a Sacramento e uma homenagem as mães, as filhas, ao poder feminino, as relações familiares e a quem se é de verdade.

Por Ana Paula Tinoco

A Netflix vem nos surpreendendo a cada lançamento. Entre séries, filmes, documentários as produções se dividem em vários gêneros e são raros aqueles que nos decepcionam. Colecionando sucessos de público e crítica, o serviço de streaming vem ganhando espaço e respeito daqueles que são amantes do entretenimento feito com qualidade e o último a arrebatar minha atenção foi Atypical.

A série que foi lançada em agosto do ano passado, 2017, pode passar despercebida se não tivermos um olhar atento e quando damos uma chance, ela nos surpreende a cada episódio. Com uma doze de humor balanceado, atypical (atípico) como já diz o nome não cai no marasmo dos estereótipos, como é o caso de vários filmes que retratam psicopatas, como: Hannibal ou Psicopata Americano e abre uma discussão leve e interessante acerca do autismo sem romantiza-lo.

No papel principal encontramos o jovem ator Keir Gilchrist (25 anos), Gilchrist é Sam, um jovem de 18 anos que diagnosticado ainda criança com Transtorno do Espectro Autista guia o caminho para que assim possamos enxergar o mundo pela perspectiva de seus olhos. Passando pelas mazelas da juventude e as descobertas que ela traz, viajamos por ambientes diversos narrados por ele, o que permite choramos, rirmos e sofrer junto a Sam.

Esses ambientes são compostos pelos núcleos que o rodeiam: família, amigos, escola e terapeuta, cada um servindo para compor o dia a dia do nosso protagonista. Em uma ótima interpretação Gilchrist nos sensibiliza a tentar compreender como é a vida de um garoto autista que diferente de nós vê o mundo com suas próprias cores e nuances.

Sua família que a princípio parece perfeita pode ser vista como a base geral de sua vivência. Com uma mãe super protetora, Elsa (Jennifer Jason Leigh) faz com que o espectador a ame e ao mesmo tempo a odeie, serve como um freio, o medo. Não permitindo a Sam a descoberta e podando sempre que pode sua vontade de mergulhar em novos mares. Seu pai, Doug (Michael Rapaport), pode ser visto como a ignorância diante do desconhecido, mas que aos poucos, assim como qualquer pessoa que procure o conhecimento, se guia e ajuda o filho na autodescoberta enquanto o mesmo vai perdendo o preconceito diante da própria inabilidade.

Sua irmã Casey (Brigette Lundy-Paine) é seu porto seguro. O tratando como uma “pessoa normal”, ela mostra seu afeto e dedicação por seus gestos, olhares e às vezes com palavras. Os dois em cena são um dos pontos fortes da série, a química entre ator e atriz é perfeita e entregue na medida certa.

Porém, não é apenas Casey que enxerga Sam além de seu diagnóstico, seu amigo Zahid (Nik Dodani) é seu conselheiro e às vezes faz com que ele saia dos trilhos, rendendo as melhores cenas quando o roteiro transita entre o drama e o humor. Sua namorada Paige Hardaway (Jenna Boyd) que o ajuda a entender a complexidade do envolvimento com outra pessoa e que é necessário haver uma troca. Sua terapeuta Julia Sasaki (Amy Okuda) e seu consultório são os fios condutores do entendimento do espectador, pois é ali entre essas quatro paredes que Sam descreve seus medos, anseios e quais são suas limitações.

A escola, esse é o núcleo que mais causa desconforto, sensação que pode ser gerada não pelos clichês de escolas de ensino médio, mas pelo fato de que muitas vezes somos capazes de nos identificar com aquelas pessoas que transitam pelos corredores ofendendo e discriminando alguém apenas pelo fato de não conhecermos e algumas vezes não procurarmos o conhecimento sobre determinadas coisas que não são familiares do nosso cotidiano.

O fato é que Atypical é uma ótima série, um convite para que conceitos pré-estabelecidos sobre aqueles que possuem transtornos caiam por terra e abre o nosso olhar para entender o lado do outro. Então não tenha medo de dar o play e divirta-se, apesar de ser um assunto delicado, a roteirista Robia Rashid soube dosar na medida certa sua visão sobre o assunto.

A primeira temporada possui oito episódios e foi renovada para uma segunda que contará com 10 e ainda não possui data de estreia.