Una

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Por Keven Souza

Há muito tempo a arquitetura se empenha para ser um instrumento transformador de realidade na qual se aplica conforto e bem-estar às pessoas, e se a essência consiste em pensar e projetar espaços para as atividades humanas, é importante que arquitetos e urbanistas desenvolvam uma visão plural e aberta das diferentes realidades que se pode encontrar em termos de habitação. 

Segundo o relatório lançado pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos, o Brasil possui cerca de 33 milhões de pessoas sem moradia, e desse número, cerca de 24 milhões que não possuem habitação adequada ou não têm onde morar, vivem nos grandes centros urbanos. Por isso, tomar consciência de que, grande parte da população não tem acesso a um projeto arquitetônico bem feito, com aspectos técnicos e funcionalidade, por falta de habitação é indispensável. 

Pensando nisso, o Escritório Modelo é uma proposta extensionista criada pela Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo (FeNEA), que tem buscado maneiras de atender a população de baixa renda, além de proporcionar vivência prática na formação profissional dos estudantes.

O papel do Escritório Modelo no Centro Universitário Una, desempenhado pelo curso de Arquitetura e Urbanismo, é de um espaço de atendimento que busca não só unir a prática acadêmica ao exercício do trabalho comunitário e de extensão, mas atuar sobretudo com parcerias solidárias. Além disso, é uma iniciativa que busca auxiliar as comunidades, bem como a arquitetura social, e subsidiar o apoio aos alunos na multidisciplinaridade e no desenvolvimento de projetos, com suporte aos professores e serviços administrativos nas áreas de arquitetura da Una. 

Fábrica NAU

O NAU é o Núcleo de Arquitetura e Urbanismo da Fábrica e está situado na Una Liberdade, em Belo Horizonte. O laboratório que atua desde 2014, atualmente é gerido pela líder Ana Karolina de Oliveira Carvalho (arquiteta e urbanista com especialização em gestão estratégica de projetos) com o suporte das estagiárias Maria Luiza Azevedo, Gabriela Sabrina de Souza Oliveira e Renata Barbosa Botelho. 

O laboratório faz parte da Fábrica – coletivo dos laboratórios de Economia Criativa –  e é um importante projeto da Cidade Universitária, sendo referência para outros escritórios da instituição, e até mesmo do Ecossistema Ânima, sendo exemplo a seguido, com pilares de organização, fluxos e resultados. 

Com ação múltipla, o NAU vai além de um Escritório Modelo, estimula a arquitetura solidária, com o compromisso de fomentar o contato do laboratório com os alunos, e na universidade tem o papel de oferecer oficinas e promover eventos de maneira que o conhecimento seja amplificado para aperfeiçoar as técnicas adquiridas ao longo dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e Design de Interiores.

Além do contato praticado entre o laboratório e a instituição, há também a prestação de serviços para a comunidade externa. Os atendimentos seguem todas as etapas de um projeto arquitetônico e urbanístico, com construções de plantas e maquetes eletrônicas, visitas técnicas e elaboração de planilhas de orçamento. No entanto, estão elegíveis a solicitação do apoio famílias que possuem renda de até três salários mínimos, que se enquadre dentro da Lei da Assistência Técnica, e caso se trate de alguma instituição sem fins lucrativos voltada a um coletivo, há também a possibilidade de atendimento.

Na visão da líder, Ana Karolina de Oliveira Carvalho, o laboratório é uma oportunidade dos alunos experimentarem a arquitetura social, que é pouco vivenciada na maioria dos cursos de arquitetura, só que com desenvolvimento técnico e psicológico prontos para transformarem a visão da sociedade em relação ao “o que é” a arquitetura e onde ela pode chegar. 

“Eu definiria o NAU como um escritório que pensa na democratização do acesso à Arquitetura e Urbanismo, que pensa em uma melhor qualidade dos espaços para a cidade e principalmente para as pessoas”, explica Ana.

Para ela, o escritório além da prática, existe a reflexão acadêmica, em que a pesquisa, a produção de artigos científicos baseado na experiência dos alunos, ou conteúdos para as redes sociais, é uma realidade constante no laboratório.  

No NAU, a arquitetura não é só um meio que auxilia para condições estéticas e funcionais, favoráveis à habitação, utilização e organização dos ambientes, é um escritório que possui conexão cooperativa e solidária, com estudantes comprometidos em melhorar o futuro das comunidades.

Para Maria Luiza Azevedo, que está no nono período do curso de Arquitetura e Urbanismo, ser estagiária do laboratório a mais de um ano lhe permitiu desenvolver diversas habilidades, e que lidar com projetos reais é estar mais preparada para o mercado de trabalho.

“Tudo o que eu desenvolvia de prática dentro da arquitetura era somente nas aulas da faculdade e por isso sentia um certo receio, porque nunca tinha lidado com um projeto real que realmente seria edificado.” explica. 

Segundo ela, o trabalho do NAU tem sido essencial no auxílio à comunidade, pois tem ajudado várias pessoas a conseguirem o direito de moradia digna e afirma que a arquitetura é uma ferramenta que mexe com os sonhos e a qualidade das pessoas.

“Trabalhar com arquitetura social é um grande desafio, mas é totalmente recompensador fazer alguma diferença na vida de alguém que precisa, mesmo que pequena, não tem preço” desabafa Maria. 

É admirável que um dos objetivos do NAU seja ecoar na camada social de baixa renda para induzir a arquitetura para aqueles que ainda não tem acesso, para isso se envolver com demandas de Vilas, Favelas, Bairros periféricos, ONGs e prefeituras de forma inteiramente gratuita, é uma maneira de democratizar a arquitetura como uma linguagem acessível a todos.

Um dos projetos desempenhados recentemente pelo laboratório, é referente à casa dos moradores da Vila Acaba Mundo, em Belo Horizonte, que trouxeram a demanda pautada na queixa de não possuírem terrenos divididos corretamente, fazendo com que existam restrições de espaço dentro dos lares, e neste projeto o laboratório trabalha junto a comunidade em formas de obter melhorias no quesito de ventilação aos ambientes, tal como evitar mofos e conseguir aproveitamento do espaços das casas.

A reclamação da comunidade é corriqueira, e a muito tempo buscam alternativas para melhorar a vida de todos ali, entretanto neste projeto a Casa da Raquel, Casa do Laerte e Casa da Claudinha, são os lares que fazem parte do planejamento. 

Laerte Gonçalves Pereira, que é um dos moradores atendidos pelo NAU, e afirma que antes do apoio do laboratório, a maioria da vila não teria condições financeiras de arcar com uma consultoria particular de um arquiteto, no qual existiu um trabalho árduo de aceitação por parte da comunidade com relação a ter acesso aos projetos, mas que agora é um sonho coletivo.

“A sensação que resta do apoio é saber que o meu sonho está saindo do papel, e existe, principalmente, uma segurança de que lá na frente minha casa vai estar pronta por causa de um planejamento bem feito”, desabafa.

Segundo ele, boa parte dos moradores se edificam com a parceria, posto que muitos não compreendem sobre projetos arquitetônicos e que às vezes atrasam a obra por falta de conhecimento técnico, mas que o comprometimento dos alunos simplifica muito o entendimento do processo.

“Os alunos vêm com muita boa vontade de ouvir as nossas dificuldades, nos mostram a planta e nisso acabamos compreendemos mais sobre projetos e até mesmo sobre obra, por isso é importantíssimo entendermos que é necessário fazer uma casa com planejamento para que nós não nos percamos em meio à obra”, explica Laerte.

E conclui que o projeto é uma felicidade para todos os moradores que almejavam ver a comunidade mais bonita. 

Escritório EMAU 

O Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo (EMAU) é uma agência gerida pelos alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo, do Centro Universitário Una de Pouso Alegre, que em escalas de unidade habitacional ou da cidade, gerencia projetos que visam a interação entre a universidade e a sociedade.

Com atuação desde novembro de 2020, o papel desempenhado pelo escritório tem como objetivo alinhar o conhecimento acadêmico à realidade da profissão de arquiteto e urbanista, através de assessoria e assistência técnicas voltadas para a população de vulnerabilidade social, sendo o atendimento totalmente gratuito àqueles que buscam a parceria do escritório.

Atualmente, existe autonomia na seleção dos projetos por parte do EMAU, portanto todos os serviços realizados são por demandas levantadas pela comunidade local. Dentre os atendimentos às instituições sem fins lucrativos ou organizações civis como prefeituras, paróquias e escolas, que necessitam de diagnóstico sobre elementos arquitetônicos, podem entrar em contato e solicitar o atendimento. 

Gustavo Reis Machado, que é professor e coordenador do EMAU, acredita que o Escritório Modelo traz um impacto positivo na formação dos alunos como profissionais, cidadãos e como arquitetos transformadores que vão atuar dentro da sociedade sabendo que a sua profissão pode ter um efeito único na vida de vários indivíduos.

“A ideia é que o projeto seja horizontal, sem hierarquias, como professor estou ali para orientá-los. Colaboro sim! Mas a produção é deles. Ali é um ensinando o outro e compartilhando experiências”, explica o professor. 

Para ele, um dos pilares que compõem o EMAU é a solidariedade, sendo uma extensão acadêmica em que o aprendizado está ligado à realidade das pessoas, e que só existe porque a sociedade necessita do atendimento.

“O EMAU é o melhor exemplo de extensão para um curso de Arquitetura e Urbanismo, é muito transformador porque o que faz gerar os projetos e as demandas, é a comunidade local”, complementa. 

A comunidade local tem sido parceira do escritório na troca de experiências, com isso além do planejamento para espaços físicos, há uma maneira de apoiar o bem estar social das pessoas que vivem ali.

Um dos projetos realizados pelo escritório atendeu ao Centro Educacional Infantil Municipal (CEIM) Professora Evangelina Meirelles de Miranda, situado no bairro Cidade Jardim, em Pouso Alegre, que atende alunos de creche, pré-escola e educação especial.

O “Projeto Crescer” trouxe o conceito “Mundo Imaginário da Natureza”, que propôs a revitalização das áreas livres e de convivência dos alunos, realizou um estudo preliminar de cunho pedagógico a fim de entender como ocorre o desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial desta faixa etária visando a melhoria do espaço de brincar, de modo a otimizar o desenvolvimento das crianças. 

Para Ana Lúcia Clemente Gonçalves, que é professora e a atual gestora da escola, a ideia da parceria surgiu com a necessidade de mudar a estrutura do parque (local antigo), sendo uma área atrativa da escola e que precisava de renovação que promovesse a imaginação e a criatividade dos alunos. 

“Foi desenvolvido para atender melhor os estudantes de três a cinco anos e incentivar a exploração do mundo por meio do corpo, aprimorando o motor amplo, através de experiências, ou seja, tendo contato com diversos materiais, texturas, formas e cores”, informa Ana.

Segundo ela, neste momento a escola está passando por uma reforma geral e estão se organizando para colocar o projeto em prática, assim que ela for concluída. Além disso, expressa que o sentimento em relação a parceria é o de gratidão. 

“Essa parceria só traz benefícios para a comunidade, como a união da comunidade escolar junto com as famílias dos alunos, a interação ainda maior entre os funcionários da escola, e a motivação para sempre querer melhorar os espaços físicos dentro da escola.” desabafa ela.

Neste caso, a arquitetura atuou como peça fundamental no ensino, motivação e inspiração das crianças, e transcende a utilização do espaço como um agente ativo que influencia positivamente aqueles alunos que irão utilizá-lo.

Mayron Tadeu Costa, que é estudante e participa há oito meses do escritório, diz que atuar no projeto para o CEIM foi importante para aprimorar a vivência entre o seu contexto social-econômico, e que não sentiu dificuldade em elaborar o projeto para a escola infantil. 

“Tive pouca dificuldade. Nosso orientador, o professor Gustavo Reis, nos preparou tanto com referências bibliográficas, quanto com ensinamentos a partir de sua experiência profissional. Além disso, contei com auxílio dos meus colegas que foram essenciais para realizar a prática da melhor forma possível”, informou Mayron.

Segundo ele, os projetos desempenhados pelo escritório, além de reconstruir espaços físicos, busca também influenciar aquele que utiliza o espaço, seja na praticidade, na organização espacial ou na sensação do ambiente, e que a arquitetura como resultado estimula o sonho de muitas pessoas. 

 

 

Revisão: Bianca Morais

Edição: Daniela Reis

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Por Bianca Morais 

Nesse mês de junho, um acordo firmado entre o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, TJMG, e o Centro Universitário Una, deu início ao projeto de extensão Arbitragem Acadêmica. Em execução desde 2020, o programa foi idealizado pelos professores do curso de Direito, Camila Pereira Linhares e Daniel Secches S. Leite, através de um projeto piloto do Núcleo de Práticas Jurídicas, o NUSC. 

O principal objetivo dessa parceria é contribuir para a desjudicialização de conflitos, principalmente na área do Direito do Consumidor, contratos, posses e propriedades. Os alunos da Una, com o suporte dos professores irão decidir questões fora da esfera judicial e ainda receberam uma vasta experiência com isso. 

O nome do projeto, Arbitragem Acadêmica, está diretamente ligado a uma área inovadora presente não apenas dentro do direito, mas em qualquer espaço que necessite de uma solução de conflitos, consistindo no incentivo à pacificação social. O método da arbitragem, segue as diretrizes estabelecidas pela Lei 9.307/96 e permite trâmites mais simplificados e menos formais para agilizar uma disputa. É realizado de forma extrajudicial e privada, fora do poder judiciário. Nele, um ou mais árbitros, imparciais e escolhidos pelas partes, emitem decisões com a força judicial e essa deve ser cumprida assim como uma sentença comum, caso contrário é encaminhada ao judiciário. 

O que é arbitragem 

Dentro do Direito, a arbitragem sempre foi vista como um processo oneroso, utilizado muitas vezes por grandes empresas, para resolver conflitos onde ambas as partes entram em comum acordo, da melhor maneira possível e de forma mais rápida. Um árbitro, normalmente, é um profissional especializado na técnica da arbitragem e no tema da causa na qual ele irá intervir, cobrando valores, geralmente altos, pelo seus serviços prestados.  Quando se entra no foro judicial, o processo, em geral, é demorado, por isso, muitas vezes quem tem condições, prefere contratar uma pessoa ou entidade privada para solucionar o seu problema, sem a participação do judiciário.

O Arbitragem Acadêmica, aparece então como o pioneiro na área em questão de gratuidade, inicialmente a oferta do modelo será oferecida às partes dos advogados, caso concordem, os processos serão direcionados a Una, onde os alunos e professores, como colegiado, seguirão na condução do processo e julgamento.

A arbitragem dentro da Una

Há 10 anos, o Centro Universitário Una, inseriu em sua grade curricular a cadeira obrigatória de conciliação, mediação e arbitragem, sendo a pioneira no estado. Ou seja, antes mesmo de existir um código de processos no Brasil que proporcionaria o avanço dos métodos adequados para solução de conflito, a Una já trabalhava arbitragem com seus alunos.

Se tratando do assunto, a instituição está há tanto tempo inserida nesse meio, que a primeira competição nacional de arbitragem que aconteceu no país, dirigida pela Câmara de Mediação e Arbitragem Empresarial – Brasil, CAMARB, foi realizada no campus Aimorés, com apoio institucional da Una.

Como o centro universitário já carregava essa abertura para a arbitragem como forma de solução de conflitos, juntamente com o desejo de colocar no mercado profissionais que dominassem a técnica, dois professores com larga experiência em resolução de questões judiciais, sendo eles, Camila Linhares, com mais de 15 anos na área, e o professor Daniel Secches, com 17 anos como assessor no Tribunal de Justiça, juntaram seus propósitos e entregaram a Una o programa que criaram ao longo de uma década, para que a instituição fosse a primeira do Brasil a ter oportunidade de gerir a arbitragem.

Professores Camila Linhares e Daniel Secches

A seleção dos alunos ocorreu por meio de um processo seletivo, através de um edital, no ano de 2020, em que se ofereceu aos escolhidos capacitação em relação a arbitragem, e consequentemente, eles teriam que se responsabilizar e assumir o compromisso de seguirem na execução do projeto. No total, 90 alunos foram selecionados para participar.

Thales Wendell Gomes da Silva Dias, tem 22 anos, está no 9º Período de Direito e foi um dos alunos elegidos para participar do programa. Segundo o jovem, desde que a iniciativa foi apresentada pelos professores ele teve interesse. “O projeto trazia consigo uma grande oportunidade de “elevar” o status dos alunos no âmbito profissional, pois a proposta de atuarmos como árbitros em processos reais até então era algo difícil de se cogitar, visto que ainda não concluímos a graduação”, comenta Thales.

Embora ainda não tenham atuado no primeiro caso, as expectativas do estudante são as melhores possíveis, até porque desde o ano passado, ele e os colegas já estão imersos nesse universo da arbitragem com reuniões semanais sobre o tema, o que enriqueceu em grande escala seus conhecimentos dos métodos adequados como um todo. “Com o advento do convênio firmado juntamente ao TJMG, nossa atuação como árbitros está mais próxima do que nunca e essa sem sombra de dúvidas é a nossa “cereja do bolo”, completa ele.

O programa piloto foi desenvolvido junto à 33ª Vara Cível e à 5ª Unidade Jurisdicional do Juizado Especial Cível da Comarca de Belo Horizonte, cada unidade irá selecionar quinze processos relacionados a pequenas causas, como direito do consumidor, posse, propriedade e revisão de contratos, entre outras de natureza civil, todas de baixa complexidade para facilitar o aprendizado do aluno. O projeto tem a meta de que os casos selecionados sejam julgados em, no máximo, seis meses.

Segundo os idealizadores, o programa inédito e revolucionário, surgiu como uma alternativa para reduzir a taxa de congestionamento de processos e unir o acadêmico com o judiciário. Simplicidade e flexibilidade procedimental, essas são as palavras que Camila Pereira Linhares, coordenadora do Núcleo Una Solução de Conflitos e co-fundadora do programa, utiliza para defini-lo.

“Esse projeto é uma oportunidade ímpar para os alunos que terão acessibilidade à arbitragem de forma efetiva e que poderão atuar como árbitros, contribuindo para a solução de um conflito. Para a instituição, ser a pioneira em aplicar a prática da arbitragem pelo cenário nacional, sem sombra de dúvidas, deixará um legado na transformação de solução de litígio no âmbito da academia em parceria com o poder judiciário, através da metodologia de um método privado”, ressalta a co-fundadora

O NUSC – Núcleo Una Solução de Conflitos

O Núcleo Una Solução de Conflitos, NUSC, completou, no mês de maio, seus três anos de atuação, que de forma interdisciplinar, trabalha juntos aos cursos de direito, psicologia e serviços sociais para proporcionar tratamentos adequados a diversas causas. Através de workshops, lives e projetos de extensão, o NUSC oferece a sociedade acadêmica e externa a importância da compreensão e resolução de pleitos dos mais diferentes temas. 

O Núcleo atua em duas frentes: a primeira direcionada a pessoas da comunidade que têm o interesse em obter atendimento na área cível e que optem por uma solução consensual. Seja em um divórcio amigável, definições sobre a guarda compartilhada e dissolução de pequenas empresas. Para esses casos serão aplicadas as técnicas de mediação e conciliação.

Para receber o atendimento, os interessados devem passar por uma triagem no Escritório do Serviço de Assistência Jurídica, sendo, na sequência, encaminhados ao Núcleo.

A segunda frente é o trabalho com menores infratores e seus familiares, em que são aplicadas as técnicas da Justiça Restaurativa, por meio de um convênio com o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG) e o Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG). Nesse caso, o encaminhamento dos jovens ao NUSC será realizado por meio da Vara de Atos Infracionais da Infância e Juventude.

“Considerando que o NUSC é o núcleo que trabalha com os conflitos de forma adequada e a arbitragem é um método adequado, só tinha um lugar dentro da Una para que o programa Arbitragem Acadêmica nascesse e ganhasse forma, diante da legitimidade e respeitabilidade do histórico, da tradição e da experiência técnica que se tem dentro núcleo, só tinha como o projeto ser gerado dentro dele, o Arbitragem Acadêmica é um produto do NUSC”, completa a coordenadora do núcleo Camila.

 

Edição: Daniela Reis

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Por Keven Souza 

Desde de 2020, devido à pandemia do Coronavírus, com o decreto municipal anunciado pelo prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), uma das medidas adotadas para conter o avanço do Covid-19 na cidade, foi o fechamento do comércio, parques e escolas.  

Com a decisão, diversas instituições de ensino superior se organizaram e se adaptaram para o ambiente digital, com o intuito de manter as atividades e os trabalhos ativos. O ciberespaço foi a solução encontrada para que as aulas continuem a distância. 

Entretanto, o famigerado ensino online, que para alguns pode ser uma tarefa simples, é um desafio para aqueles estudantes que estão em cursos superiores voltados para segmentos mais exatos de atuação, tendo seu foco em habilidades práticas e técnicas específicas, sendo eles os cursos superiores de modalidade tecnólogo. 

Para os alunos do curso de Gastronomia do Centro Universitário Una, o período é de incerteza, visto que ainda em 2021, estamos em um cenário contínuo de pandemia, e a insegurança da maioria é perceptível , já que o curso é prático, e que trabalha todos os sentidos dos estudantes, principalmente o paladar. 

A preocupação presente acontece por não conseguirem utilizar o laboratório de aprendizagem, que é fornecido para aulas práticas para a absorção de conteúdos, até mesmo com a adaptação do ensino online, dado que algumas demandas são de atividades manuais.

Laboratório de Gastronomia

Cristina Nogueira Moreira, que é estudante do segundo período do curso de Gastronomia, diz que migrar para o ensino remoto não foi difícil, mas que em alguns momentos sentiu falta de interações desempenhadas na cozinha do campus que possui toda a estrutura para desenvolvimento e montagem dos mais variados pratos, incluindo panificação e também bebidas. 

“Sinto muita falta e necessidade de estar nos laboratórios, imaginando como seria estar ali com os professores e colegas de sala tendo aquela troca, que é muito presente na nossa profissão. Juntamente com o sentimento de ‘uau’ por ser um espaço ótimo, mas também de tristeza por conta de não poder usá-lo no momento”, desabafa a estudante. 

Segundo ela, este período atípico de pandemia trouxe não só problemas técnicos com o computador, mas também o receio da experiência no curso não ser completa, já que no presencial haveria prova dos pratos, absorção de críticas construtivas e criação de novas receitas tendo auxílio físico dos professores e também dos colegas.

Mas, está confiante de que o mais próximo possível aconteça o retorno presencial. 

“Há confiança em quem está me ensinando, o fato de que ainda vamos ter todas as aulas presencialmente… amenizou essa sensação “, completa Cristina. 

Atividade prática para além do laboratório 

A Una, percebe que continuar o sonho dos estudantes, mesmo que de forma remota, é essencial para a qualidade na formação dos alunos, por isso, aproximá-los do Laboratório de Gastronomia, é uma maneira imprescindível de fortalecer o aprendizado e a relação instituição/aluno. 

Pensando nisso, a universidade iniciou no mês de Maio, uma alternativa que possibilita tarefas práticas no ambiente domiciliar, de forma segura e eficaz e para os discentes. 

A proposta é a distribuição de kits para os alunos(com que diversos insumos alimentícios, como itens folhosos, frescos e carnes) que acontece semanalmente como forma de praticar desde o preparo de alimentos e bebidas, até mesmo a união de ingredientes de modo que se tornem resultados mais elaborados remotamente. 

A produção dos kits varia de acordo com a demanda e os cronogramas de cada Unidade Curricular (UC), mas a equipe técnica do Núcleo de Suporte aos Laboratórios (NSL), liderado por Daniel Sucasas, organiza em média de oitenta a noventa unidades por semana. 

Estão elegíveis a solicitação dos insumos os alunos matriculados em UC’s que possuem conteúdo prático, e a disponibilidade é feita através de inscrição em um link, indicando o interesse em retirar um ou mais kit dependendo de sua grade curricular. As entregas acontecem às quartas-feiras, na unidade  Una João Pinheiro II. Todo esse processo acontece seguindo as normas de segurança contra a Covid-19. 

Na visão do professor de Jornada do curso de Gastronomia, Sinval do Espírito Santo, a proposta é excepcional para que o aluno consiga ter a sensorialidade de criação dos pratos. Ele completa que além da prática com os kits ser um método pedagógico seguro neste momento, é uma forma também dos estudantes gerenciarem os insumos de acordo com as demandas das aulas práticas. 

“A gestão desses insumos é algo que se assemelha muito a um restaurante. Eu como proprietário, e que já trabalhei sendo chef em outros lugares, essa gestão acontece. Tem dia que você recebe os laticínios, o Ceasa e em outro um pequeno produtor”, explica o professor. 

Segundo ele, é uma injeção de ânimo pro curso. Uma oportunidade focada em maior interação nas aulas, e que os problemas comuns que antecedem as preparações dos pratos, agora podem acontecer em seus lares, sem deixar a prática de lado. 

“Vejo isso como algo extremamente positivo, tanto pedagogicamente falando, quanto em termos de logísticas de entender uma realidade grande de que vai ser a profissão deles”, complementa Sinval.

A ideia é ir para além da educação online, é trazer um método diferente de absorção de conteúdo, e também sintetizar os meios possíveis de ter contato com as atividades práticas, sendo no conforto de sua residência sem faltar apoio pedagógico, como já acontece nas aulas remotas pelas plataformas digitais.

E o kit, dentre o cenário, está sendo um sucesso. 

Para Maria Valentina Cássia Oliveira Moreno, que tem 21 anos e é estudante do segundo período do curso de Gastronomia, antes de ter acesso aos insumos era complicado praticar as teorias ensinadas, por isso o fator decisivo para ela foi o aumento no preço dos alimentos, já que a falta de dinheiro complicou na hora da compra dos ingredientes para as aulas.

E com o auxílio dos insumos, hoje, a maioria dos pratos que faz para aprender a técnica, foi após a disponibilidade do kit.

“Para mim os kits melhoram as experiências e ajudam muito! Queria que tivessem começado semestre passado, porque tive uma Unidade Curricular chamada ‘Cozinha Brasileira’, e gostaria muito de ter feito os pratos”, informou Maria.

Resultado gera parceria entre a universidade e instituição social

É notável o esforço da gestão em buscar ferramentas e alternativas para minimizar a sobra e desperdício de quaisquer insumos. Por isso, enfatizar que o aluno está tendo uma oportunidade afinca para o seu aperfeiçoamento, é dizer também que, a busca do estudante em participar da tarefa é fundamental para que não haja compras indevidas e um grande número de sobra. 

Entretanto, como todo processo de logística, o Núcleo de Suporte aos Laboratórios (NSL), procura estocar aqueles insumos possíveis de utilização, amparado pelas normas regulamentadoras, mas aqueles que não se enquadram ou se aproxima da data de vencimento, é doado para instituições beneficentes.

E é nessa cooperação em torno de solidariedade e empatia, ocorreu uma possibilidade de parceria, e a Una, neste momento delicado, “abraçou” a Casa de Apoio Chico do Vale.

A Casa de Apoio Chico do Vale, que reside no bairro Ouro Preto, em Belo Horizonte, acolhe pacientes em tratamento médico e acompanhantes, imigrantes e refugiados. O trabalho da instituição tem um impacto social único, posto que através do abrigo, ajudam a comunidade local com doações de Sacolão, com aproveitamento de roupas e outros produtos doados.

É um projeto amplo e favorece em vários setores, inclusive na sustentabilidade ambiental.

“Na realidade, é muito importante esta ação, pois, para realizar este trabalho,só contamos com a colaboração da comunidade civil e de ações como esta”, diz Helienice Natalina Silva, responsável pela instituição, sobre a parceria.

 

Casa de Apoio Chico do Vale 

Rua Aluísio Davis, 10, Ouro Preto – Belo Horizonte/MG
(31) 3418-6219
(31) 99994-6980
[email protected]
*Edção: Daniela Reis

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Por Bianca Morais 

A Una Pouso Alegre está sempre em busca de promover Projetos de Extensão que acrescentem benefícios, não apenas aos alunos, mas a toda a população local. A unidade já foi destaque aqui no Jornal Contramão com o Projeto Cidadania, que atende pessoas em situação de vulnerabilidade e leva a eles acesso ao conhecimento da democracia.

Pensando nessas boas práticas, apresentamos hoje ações desenvolvidas pelos alunos de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil e Nutrição, esses cursos que crescem a cada dia mais na instituição, se uniram em um trabalho e mostraram a importância da interdisciplinaridade no aprendizado.

A unidade tem tanto destaque na área de seus projetos, que já foram reconhecidos e premiados nacionalmente e a cada dia vêm desenvolvendo novos. 

Conheça agora mais sobre eles em mais uma matéria em comemoração aos 60 anos da Una.

Reconhecimento da memória local

No segundo semestre de 2020, o Centro Universitário Una de Pouso Alegre, promoveu o projeto de extensão Memória e Patrimônio da Cidade. Realizado em parceria entre os cursos de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia Civil e Nutrição, com o apoio do Conselho de Políticas Culturais e Patrimoniais do município. O programa levantou a importância da preservação da memória e do patrimônio nas cidades, os alunos encararam a temática e através do ensino e da pesquisa se aprofundaram na educação patrimonial, que é parte da preservação da história do lugar em que vivem. 

Coordenado pelo Professor Gustavo Reis Machado, com apoio dos professores Amon Lasmar, Carlos Pereira do curso de Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil; e as professoras Patrícia Fonseca e Sara Fiorini do curso de Nutrição, o projeto nasceu com o principal objetivo de promover a preservação do patrimônio arquitetônico e culinário da cidade. Ele atendeu a uma demanda da comunidade de difundir através da educação, o reconhecimento da cultura da região e garantir que as atuais e futuras gerações possam conhecer a origem de onde vivem, suas crenças, comidas, arquitetura, design e história.

O projeto teve quatro eixos de desenvolvimento correspondentes aos cursos que o abrangeram, sendo eles:

  • Análise das Patologias dos Edifícios Tombados: nessa etapa do projeto produziram-se mapas de danos patológicos nas edificações e envolveu os alunos de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo;
  • Levantamento Fotométrico de Objetos Móveis tombados (imagens sacras) do Santuário do Imaculado Coração de Maria: executado também pelos alunos de Arquitetura e Urbanismo, elaboraram-se modelos 3D para compor inventários;
  • Criação de roteiros culturais pelo centro: através de mapas e rotas turísticas do centro de Pouso Alegre, os alunos de Arquitetura e Urbanismo produziram os roteiros;
  • Registro da Cozinha Mineira Regional: os alunos do curso de nutrição produziram vídeos com os modos de fazer da cozinha regional e valorização dos itens da cozinha.

Os quatro eixos do projeto foram desenvolvidos com oficinas de produção do material, que envolveu docentes, discentes, técnicos e também a população local. A comunidade nesse projeto é envolvida na figura do Conselho de Políticas Culturais e Patrimônio do Município, e os alunos, selecionados através de um edital, tendo na metodologia embasamento teórico e prático nas oficinas, mantiveram contato estreito com os membros do conselho, da superintendência de cultural e do Museo Municipal Tuany Toledo.

A mesa de abertura do Memória e Patrimônio da Cidade apresentou o projeto aos alunos e ressaltou a importância no processo de preservação e conservação, o evento contou com convidados especiais de cada área envolvida no projeto, entre eles, Clarice Líbano, professora e diretora de Promoção do Instituto de Patrimônio Histórico e Cultural de Minas Gerais – Iepha/MG; Edson Puiati, Chef e professor; Luana Maris, professora e engenheira civil; e Elaine Luísa de Faria, conselheira e membro titular do Conselho de Políticas Culturais e Patrimoniais de Pouso Alegre. Apresentaram-se projetos de referência no tema da educação patrimonial e como diversas áreas podem trabalhar juntas e a importância dessa união.

Gabriela Paula Freitas da Costa é aluna da faculdade e junto com seu grupo participou do projeto e garante que ele agregou muito em sua vida e trouxe lições valiosas. “Meu grupo começou desenvolvendo um trabalho super simples mas com muita persistência, fomos lapidando o projeto e aprendendo juntos. Tudo aquilo que se insiste, se aprimora, colhe-se bons frutos. Foi incrível acompanhar a nossa evolução e não somente a nossa, mas a de todos os nossos colegas que fizeram excelentes trabalhos”.

A jovem é moradora de uma cidade próxima a Pouso Alegre e desde sempre viu o local como referência, frequentemente a garota ia para lá mas não tinha conhecimento de todos os patrimônios arquitetônicos que ela tinha e apenas com o desenvolvimento do projeto que passou a conhecê-los. “Foi realmente muito engrandecedor e trouxe uma nova perspectiva sobre a cidade. Projetos de extensão são excelentes maneiras de inserir os alunos na comunidade de maneira espontânea e leve, foi um trabalho lindo que eu enquanto aluna e moradora da região, adorei desenvolver”, comenta.

Juliana Cortez é coordenadora do curso de Engenharia Civil da Una Pouso Alegre e vê com bons olhos esse projeto em relação ao retorno para os alunos. “Foi muito positivo e gratificante. Com os feedback foi possível verificar que a metodologia utilizada alcançou o seu objetivo. Além da produção de um material com excelente qualidade, os alunos se envolveram e engajaram no projeto”, diz ela.

Cursos premiados nacionalmente

Quando se trata de projetos bem sucedidos na unidade, Juliana Cortez, também esteve presente na conquista do Prêmio Ozires Silva pelos alunos do curso de Engenharia Civil. Em sua 13ª edição, o prêmio promovido pelo ISAE Escola de Negócios, que é considerado um dos principais de sustentabilidade do Brasil e reconhece ideias que colaboram com ações mais conscientes, sustentáveis e, consequentemente, para que as pessoas vivam em um mundo melhor, foi conquistado pelos alunos.

Marcos Henrique Sabino, Wellington Augusto Ferreira Caetano e Bruno Rocha Venâncio, foram responsáveis pelo projeto “Construção de Casas Emergenciais com Blocos Celulares” que visa o atendimento de diversas famílias após desastres, como o de Brumadinho, em 25 de Janeiro de 2019, que ocasionou a fatalidade de mais de 250 vítimas. Os estudantes concorreram na categoria Graduação e tiveram, ainda no processo de desenvolvimento, o apoio dos alunos Diego Lopes, Rafael Jonas Aparecido e Raik Dias de Aguiar, junto a coordenação da professora Juliana Cortez e acompanhamento dos professores Drica Nunes e Wantuir Teixeira.

Wellington Augusto, um dos alunos vencedores do prêmio, confessa que para ele receber uma premiação com o nome de um dos maiores engenheiros do país, em suas palavras, “ícone da engenharia” e responsável pela fundação da Embraer, é uma grande honra e o motivou ainda mais a buscar a excelência na área da engenharia. “Além de acrescentar um peso ao currículo, em especial na área acadêmica, receber o prêmio foi uma responsabilidade, motivou minha equipe e eu a buscarmos a cada dia mais excelência nos projetos e estar sempre nos qualificando para sermos engenheiros melhores e podermos revolucionar o país através da engenharia” disse o estudante.

“Esse prêmio veio de um desafio lançado em uma disciplina na qual os alunos são os principais agentes no processo de aprendizagem. Isso mostra como eles são capazes”, comenta a orientadora Juliana. 

“Os alunos conseguiram unir numa multidisciplinaridade o que aprenderam em sala de aula, na prática e puderam utilizar isso de maneira útil, numa realidade caótica quando em campo puderam constatar a dimensão do desastre de Brumadinho”, destaca a professora Drica.

Reconhecendo o Risco

E os projetos da unidade Pouso Alegre não param por aí. Com o bom resultado tido no Memória e Patrimônio, eles já deram início a outro. O Reconhecendo o Risco, está sendo coordenado pela professora Carolina Galhardo e o professor Daniel Casalechi, e se encontra na fase de coleta de dados através de um questionário elaborado pelos alunos. 

Esse documento possui perguntas gerais a respeito das enchentes e inundações ocorridas no município e sobre o que o cidadão conhece acerca de planejamento urbano, plano diretor e defesa civil, além disso, investiga se as pessoas saberiam como se comportar diante de um desastre e se já receberam algum treinamento ou informação a respeito. A partir da análise das respostas coletadas, os alunos irão gerar informações para a elaboração de uma cartilha que será divulgada em redes sociais com o apoio da Defesa Civil de Pouso Alegre.

Esse novo projeto partiu, principalmente, da necessidade de um tipo de matéria mais direcionado para esses desastres na grade curricular. Até o momento, foram realizadas palestras e aulas acerca do assunto com o intuito de introduzir o tema e apresentar conceitos e estudos aos alunos.

“Não só em Pouso Alegre, mas em todo nosso país, possuímos amplo histórico de desastres como enchentes, inundações, alagamentos e deslizamentos. Sabendo-se que o conhecimento é uma ferramenta de extrema importância quando pensamos em prevenção, resposta e gestão do desastre, trazer à luz informações  claras e concisas para a população foi o que motivou a criação do projeto”, ressalta Juliana.

A cartilha contará com informações como quais são os principais órgãos responsáveis pelas ações tomadas em ocorrências de desastres, a relação dos desastres com o planejamento urbano, ações estruturais já efetuadas a fim de se sanar as inundações, entre outros.

O projeto já teve a honra de receber o professor Dr. Osvaldo de Moraes, atual diretor do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Adriano Mota, doutorando e desenvolvedor do estudo acerca do tema nesta mesma instituição e Duarte Júnior, ex Prefeito da cidade de Mariana, que estava no comando da prefeitura quando houve o rompimento das barragens e culminou em um dos maiores desastres ambientais já ocorridos no país.

“As palestras abordaram os assuntos em seus mais mínimos detalhes, muito se discutiu sobre o papel do arquiteto nesta dinâmica e o quão desafiador é colocar em prática soluções relativas ao planejamento urbano que interferem diretamente na ocorrência de alguns desastres. Os alunos demonstraram bastante entusiasmo nas palestras, que trouxeram à tona temas que não fazem parte do cotidiano da graduação”, concluiu a coordenadora.

Michel Rodrigues da Silva, é aluno de arquitetura e urbanismo e é um dos participantes do projeto Reconhecendo o Risco. Para o estudante, entender o conceito e como funciona essa questão dos desastres naturais e seus riscos é muito importante para quem está em um curso como a arquitetura. “Estou no terceiro período, e por isso não tinha muita informação sobre o assunto, confesso que era bem leigo antes de começar a me interessar por arquitetura e urbanismo, então vendo tudo isso acabo aprendendo mais como funciona as projeções de desastres, como pode ser evitado e como a população está carente desse tipo de informação”, comenta

Para informar é preciso conhecer, trabalhar conceitos básicos e fazer um panorama geral sobre determinados assuntos. Ao pensar nisso, a Una Pouso Alegre está sempre investindo em diferentes projetos de extensão, para além de ajudar a comunidade local ao prestar diferentes serviços, enriquecem aquele aluno para no futuro se tornar um profissional de excelência. 

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Os pontos extras facilitam a aplicação de vacinas e ajudam a evitar aglomerações

A Una é o primeiro Centro Universitário de Belo Horizonte a atuar como posto extra de vacinação para Covid-19. A partir de hoje, 25 de maio, de 7h30 às 16h, serão vacinadas pessoas de 18 a 59 anos com comorbidades, deficiência permanente cadastradas no benefício de prestação continuada (BPC), gestantes e puérperas.

Podem tomar a primeira dose aqueles que preencheram o cadastro no portal da Prefeitura até o dia 16 de maio.

Outras informações sobre a vacinação contra a covid-19 em Belo Horizonte estão disponíveis no portal da PBH.
Serviço:

Onde: Centro Universitário Una – Campus Guajajaras. Rua dos Guajajaras, 175, Centro, BH.
Quando: a partir de terça-feira, dia 25/03.
Horário: segunda à sexta, de 7h30 às 16h.

Para saver como chegar, clique aqui.

Mais detalhes, acesse o link.

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Por Bianca Morais 

Com a pandemia da Covid-19, o isolamento social foi a principal medida de prevenção e combate ao vírus, em contrapartida virou uma ameaça à vida de muitas mulheres vítimas de violência doméstica. De acordo com dados de uma pesquisa divulgada pelo Datasenado, o número de casos de violência doméstica dobrou desde o início da quarentena. O  Brasil registrou, em 2020, 105.821 denúncias de agressão à mulher, e esse número está longe de representar a realidade, visto que muitas nem chegaram a denunciar, por falta de oportunidade e por medo do companheiro descobrir.

Especialmente durante o ano passado, quando  as restrições para sair de casa foram imediatas, diversas empresas, organizações e governos municipais, estaduais e federais divulgaram diferentes formas de denunciar esse tipo de violência. Além dos telefones 100 e 180 para denúncias, foram disponibilizados canais no Whatsapp, no Telegram, um aplicativo nomeado “Direitos Humanos Brasil” e o site da ouvidoria do ministério. Esse tipo de suporte foi dado, principalmente, como uma forma de driblar os agressores e permitir que as vítimas pudessem pedir socorro.

Os casos de violência doméstica vão muito além dos problema de um casal entre quatro paredes, é uma questão de saúde pública. O acolhimento das vítimas e assistência jurídica, principalmente para mulheres em situação de vulnerabilidade, é uma questão social. O Centro Universitário Una, como instituição de ensino se vê no dever de prestar um serviço sobre o assunto e, por isso, conta com o projeto Pelo Direito das Mulheres, oferecido pelo campus Cristiano Machado, através do Núcleo de Práticas Jurídicas, em comum acordo de cooperação técnica com a Casa de Referência da Mulher Tina Martins.

O projeto

O Projeto Pelo Direito das Mulheres nasceu em março deste ano, mesmo mês em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres. Sob a coordenação do professor Cesar Leandro de Almeida Rabelo e com o apoio da coordenadora de cursos Priscilla dos Santos Gomes, o programa tem o objetivo de dar suporte às vítimas em situação de vulnerabilidade social e vítimas de violência doméstica.

Através do Núcleo de Prática Jurídica (NPJ), também do campus Cristiano Machado, firmou-se um acordo de cooperação técnica entre o projeto com a Casa de Referência da Mulher Tina Martins, um espaço de orientação para mulheres. O lugar foi ocupado pelas integrantes do Movimento Olga Benário e atualmente é considerada um dos principais locais de acolhimento para essas vítimas de violência da capital.

A Casa tem a proposta de atuar em diferentes eixos de apoio, na formação política, por meio de oficinas, palestras, rodas de conversas e outras atividades que possam permitir o acesso dessas mulheres à informação, a ressignificação de conceitos e troca de experiências, além de ser um espaço de fortalecimento. Quando a Casa não é a melhor solução elas são encaminhadas à Rede Estadual de Enfrentamento à Violência contra a Mulher em Minas Gerais. O local também oferece acolhimento psicológico, jurídico e de serviço social, e abrigo em situações emergenciais.

Pelo Direito das Mulheres, partiu do interesse em proporcionar aos alunos do curso de direito da faculdade Una a oportunidade de colocar seus conhecimentos teóricos em prática e, ao mesmo tempo, auxiliar a comunidade dentro de uma causa social. 

Cesar Leandro de Almeida Rabelo, professor e coordenador do projeto explica que a princípio a proposta do programa é dar todo tipo de suporte para o restabelecimento da dignidade das mulheres em situação de vulnerabilidade ou vítimas de violência doméstica. 

“Idealizamos diversas possibilidades, por exemplo, o Pitch Social onde poderão ser elaboradas cartilhas contendo temáticas de impacto social, ideais criativos e de potencial execução em busca da conscientização e enfrentamento da violência contra a mulher. A realização de palestras com a apresentação de temas pelos estudantes e professores que auxiliem no desenvolvimento de competências e habilidades dos ouvintes. Realização de minicursos (curta duração) com metodologias mais participativas, proporcionando uma experiência multidisciplinar e o atendimento jurídico em procedimentos judiciais, com o ajuizamento e acompanhamento em procedimentos judiciais diversos”, explica ele.

Inicialmente, o projeto conta apenas com os alunos do curso de Direito, porém a ideia de abrangê-lo para outras áreas e campus está sendo idealizada. Assim como outros programas de extensão que já vimos ao longo das matérias sobre os 60 anos da Una, o Pelo Direito das Mulheres tem esse objetivo de fazer o contato dos estudantes com a vivência de mercado. Esse projeto, no entanto, abrange um assunto muito delicado, por isso, esses estudantes compreendem além do mercadológico, a importância de promover o acolhimento e auxiliar na valorização das mulheres que se encontram nestas situações. Isso faz com que eles compreendam o impacto social do programa fora do contexto da sala de aula e sua relevância para o desenvolvimento de toda sociedade.

“Acredito que o impacto do projeto nos alunos favorece não apenas o aprendizado como o desenvolvimento de suas habilidades pessoais, sociais e profissionais. A lida com a realidade social não pode ficar reservada às notícias divulgadas na mídia ou após a conclusão do curso. Com isso conseguiremos não apenas desenvolver bons profissionais, como também excelentes cidadãos”, comenta Cesar.

Mulheres em situação de violência doméstica possuem traumas e feridas que são muito difíceis de serem revividas, e este com certeza é a maior dificuldade dos atendimentos, tanto para elas quanto para os alunos. Muitas vezes para compreender e prestar o melhor auxílio é preciso abordar temas ou situações que causem desconforto emocional. O Pelo Direito das Mulheres proporciona um maior amparo social dentro de um espaço pedagógico, dialógico e jurídico, fazendo com que sejam estimulados mecanismos de superação e fortalecimento da dignidade.

Os atendimentos do projeto são realizados, em um primeiro momento, pela Casa Tina Martins e esta faz o encaminhamento para o NPJ da UNA Cristiano Machado, com a concordância da vítima. Nesse momento de pandemia, para manter a segurança dos alunos e das atendidas, eles estão sendo realizados de forma remota, por conferências, WhatsApp ou telefone, porém um plano de ação juntamente com a Casa Tina Martins de realizar plantões de atendimento da própria casa onde as mulheres poderão se sentir mais confortáveis para relatar seus problemas, já está sendo pensado.

Os auxílios podem ser solicitados diretamente na Casa de Referência da Mulher Tina Martins ([email protected] e/ou 31 32642252) ou através do formulário eletrônico. Com o retorno das atividades presenciais o atendimento poderá ser solicitado na UNA Cristiano Machado ([email protected]).

Camila Regina de Oliveira, foi uma das primeiras mulheres atendidas pelo projeto. Foi através da assessora da vereadora Duda Salabert que Camila chegou até a ajuda que precisava. 

“Ela um dia postou um número de whatsaap dizendo que atenderia pessoas que sofriam violência, discriminação e outras situações semelhantes a essas. Eu estava completamente desamparada e sem recursos porque já tinha tentado vários sem sucesso. Entrei em contato através do número indicado pela vereadora Duda através do Instagram e dentro de poucos dias fui atendida e encaminhada para casa Tina Martins e conjuntamente atendida pelo Dr.Cesar. Consegui minha medida protetiva e fui orientada dos meus direitos, mudei meu olhar diante das circunstâncias que eram tão difíceis”, conta ela.

Através da Casa Tina Martins, ela foi encaminhada para a Una onde vem recebendo diferentes tipos de assessoria e orientações jurídicas sobre o assunto. No projeto, pela primeira vez ela passou a ter conhecimento de seus direitos, “fui acuada por muitos anos e as ameaças me faziam acreditar que não existia justiça para o meu caso, o projeto me fez acreditar que as mulheres têm direitos e que podemos sim ser amparadas pela lei”, desabafa. Camila é apenas uma das várias mulheres que têm recebido ajuda através do projeto e garante que é fundamental procurar seus direitos, ninguém precisa sofrer sozinha. 

Mais uma vez a faculdade Una, mostra através de um de seus projetos a importância em criar e desenvolver ações que gerem impacto pessoal e social, proporcionar uma mudança de perspectiva e realidade para fazer conexões que possam promover o desenvolvimento de valores, potencialidades e profissional. Transformando o mundo pela educação.

Em briga de marido e mulher se mete a colher sim, inclusive, a violência não se resume só a agressão mas quem se omite também pode ser responsabilizado. Mulheres, a um primeiro sinal de ameaça, denuncie, da classe baixa até a mais alta, todas estão sujeitas a sofrer nas mãos dos parceiros.

“O amor não causa dor, não causa medo, não deixa traumas ou dívidas” mensagem da campanha do governo federal em parceria com o Conselho Nacional de Justiça.

Mais sobre Camila 

Camila, como explicamos, é uma das atendidas pelo Projeto Pelo Direito das Mulheres. Durante anos ela esteve em um relacionamento abusivo, onde era vítima de violência doméstica, no entanto, sempre que procurava ajuda em delegacias e outros órgãos públicos nunca se sentiu acolhida como quando conheceu a Casa Tina Martins e o projeto Pelo Direito das Mulheres, apenas através deles que ela percebeu seus direitos.

Hoje, Camila é uma nova mulher, mais segura de si e por isso resolveu contar sua história ao Jornal Contramão para que todas as outras mulheres que passam por uma situação semelhante a dela, entendam que há esperança. Ela sofreu durante 15 anos e é o exemplo vivo de que ninguém merece viver com medo.

Aos 16 anos, Camila engravidou de seu namorado. Pressionada pela família, a jovem casou-se com o rapaz, nove anos mais velho, e desde o início do relacionamento já era vítima de violência psicológica.“Eu não sabia cozinhar direito, e ele tinha uma mãe que era cozinheira e queria que eu preparasse pratos como ela, lavasse roupas como ela”, desabafa. 

O marido era um homem completamente machista e o relacionamento do casal foi construído dessa forma.“Sempre dizia que eu não sabia fazer nada, me tratava muito mal. Era assim, se eu fizesse uma comida e ele não gostasse, ia dormir no sofá, na casa da mãe dele, brigava, gritava. Eu não podia estar presente quando ele estivesse entre amigos”.

Quando completou seus 20 anos, Camila percebeu que não era aquilo não era normal, que aquela relação não era saudável. Ela era obrigada a ter relações sexuais. “Querendo, não querendo, bem ou não, de resguardo. Tanto que eu tive um filho com 16 e outro com 18”, conta.

A jovem se viu em um relacionamento abusivo com um homem que sugava suas energias e decidiu que queria o divórcio. Separada dele, a mulher se envolveu com outra pessoa e durante todo esse novo relacionamento o ex não deu nenhum momento de paz. Ele ameaçava matar seu novo namorado e a família dele. “Um dia ele foi passar o final de semana com meus filhos e sumiu com eles, falou que só me devolveria se eu voltasse com ele”.

Diante das ameaças, Camila, cedeu e voltou para o pai de seus filhos. De início ele se mostrou uma pessoa diferente, mudaram de cidade e viveram um tempo com tranquilidade, nesse período foram pais de outra criança. 

O casal era evangélico e o homem foi promovido a pastor na igreja onde frequentavam, e foi quando a situação voltou a ficar ruim. “Eu não podia usar sequer uma roupa que eu gostava, não podia usar maquiagem, nada”. 

Camila cansou dessa situação, já não aceitava mais calada, passou a bater de frente com o marido e fazer o que lhe fazia bem. Começou a trabalhar, estudar, tirar carteira, e isso claro, o incomodou. “Ele surtou, ele não dormia. Passava a noite no banheiro mexendo no meu celular, procurando conversas com outros homens. Em cima do meu guarda roupa tinha facão, machadinha. Às vezes eu acordava e ele estava olhando para mim com um travesseiro na mão”. 

Até então as agressões eram apenas verbais. Na época, Camila trabalhava em um consultório odontológico e o marido cismava que ela estava tendo um caso com seu patrão, por essa razão, um dia foi até o local e a agrediu fisicamente. 

“Minha sorte era que era uma galeria e o pessoal o conteve. Esse dia que ele me bateu lá eu fiz corpo de delito e ele foi tirado de casa. Só que ele tem um irmão policial aposentado muito bem relacionado e eles usaram todos os meios possíveis para me intimidar”.

Camila chegou a fazer o boletim de ocorrência, porém ele desapareceu. Por muito tempo, ela teve vergonha em buscar ajuda, mas depois de ser agredida em seu próprio trabalho ela mudou. “ Eu perdi o medo, eu fui com tudo, já era meu limite, porque eu pensei assim, se ele veio fazer isso comigo no meu trabalho, quando chegar lá em casa ele vai fazer o que comigo?”.

Os dois se separaram, o filho mais velho quis ficar com o pai e os dois mais novos ficaram com ela. Um mês depois o pai foi buscar os filhos para passar o final de semana e como da outra vez em que haviam se separado, falou que só a deixaria vê-los novamente se voltasse com ele. Camila desta vez não cedeu e ele pegou os filhos e levou para a cidade onde seus irmãos moravam. Além do policial aposentado, o outro era vereador e muito influente no lugar e deixaram claro que ela não procurasse as crianças. 

“Às vezes eu tentava algum movimento de ligar para ter contato com os meus filhos, sempre que fazia isso quando eu saia do meu trabalho tinha um irmão dele que estava no carro, na porta do meu serviço e ficava apontando para mim fazendo gestos sabe, que ia me matar. Ligavam no meu trabalho, me ameaçava, foi horrível. A irmã dele me ameaçou na rua”.

Sem os filhos, Camila passou a ler e estudar seus direitos, procurou a Delegacia da Mulher, os recursos humanos e segundo ela, em todos os órgãos que procurava ajuda ela era mal atendida. Sempre que ia à defensoria pública, eles diziam que ela precisava de uma medida protetiva que ela não tinha.

“Eu dormi na delegacia das mulheres muitas vezes com medo, porque ele vivia me seguindo e com risco de perder meu trabalho pois estava sempre chegando atrasada no trabalho, mas nunca tinha sucesso, porque quando chega alguém de viatura lá que foi agredido fisicamente, essas pessoas têm prioridade, e isso é o tempo todo. Então se você está lá inteira, não está faltando nenhum pedaço, não está fisicamente agredida e machucada eles não atendem, então fiquei muito assim, muito tempo tentando”.

Por muito tempo Camila procurou por ajuda,  porém isso começou a interferir em sua vida. Como não conseguiu o suporte acabou entrando em uma forte depressão e precisou procurar outro tipo de auxílio que não a jurídico, o psicológico. Deu início a um tratamento com um psicólogo, onde percebeu que podia se abrir para outros relacionamentos e quando isso aconteceu, descobriu como uma relação saudável é leve e feliz

“No começo foi difícil, eu não conseguia lidar com relacionamento, eu não me sentia boa o suficiente para um relacionamento, porque a outra parte tinha a vida muito bem resolvida e eu era problema todo dia. Ele recebia ameaças no celular dele, recado que ele mandava, e eu tava sempre chorando, sem poder ver ele porque eu tava na delegacia, sempre algo do tipo. Minha vida não era nem não resolvida, era totalmente sem estar resolvida. Mas ele nunca soltou minha mão, desde o momento em que ele se comprometeu a estar comigo ele está até hoje e me dando força para lutar”.

Depois de ter conseguido o divórcio, Camila seguiu sua vida em se novo relacionamento, que lhe deu mais uma filha . Quando descobriu o nascimento da bebê, a irmã do ex-marido a procurou para que ela voltasse a ter contato com os filhos.

“Essa irmã dele ofereceu para eu poder voltar a ter contato, porque, na verdade , quem cuidava era ela e a mãe dela, e os meninos cresceram e viraram adolescentes problemáticos, aí elas não quiseram mais. Porque antes eles eram criancinhas tranquilas e agora não eram mais. Eles sempre me culpavam como se eu tivesse abandonado meus filhos, diziam que estava errada, se eu tivesse ficado com o pai deles eles não eram assim. Então a culpa dele ter me tomado os meus filhos era minha de não ter aceitado ficar com ele”.

Toda sua família, a do pai de seus filhos e as pessoas ao seu redor a julgavam, eles a condenavam por ter abandonado seus filhos, a colocavam como errada por não ter ficado com o pai deles.

Foram muitos de culpa. Para Camila a errada era ela, sendo que na realidade ela era a maior vítima. Essa situação só mudou graças à ajuda de projetos como a Casa Tina Martins e o Pelos Direitos das Mulheres.

Dentro da casa, Camila passou a receber os mais diversos tipos de ajuda, desde orientações sobre seu caso até psicológica e foi direcionada ao projeto Pelo Direito das Mulheres, onde com ajuda do coordenador Cesar e os alunos, passou a entender melhor seus direitos e ganhou o suporte necessário para conseguir sua medida protetiva.

“A partir do momento que aquele homem recebeu na casa dele a medida protetiva, eu tive paz, acabaram as ameaças, ele não vem mais aqui, acabou”, relata.

Foram longos anos de luta até conseguir sua liberdade. O ex-marido de Camila destruiu sua vida, sua saúde mental e a separou dos filhos. Durante muito tempo aquela mãe teve picos emocionais, não conversava, só queria ficar sozinha com a culpa que carregava de não estar ao lado dos filhos os vendo crescer.

“Ele tinha tanto tempo de me ameaçar com a família dele, de me cercar, de vim no portão da minha casa mesmo eu já sendo casada, de mandar mensagem pelo celular dos meus filhos me ameaçando, que como eu nunca tinha conseguido ajuda eu achava que ele tava certo, que eu era errada. Se eu tivesse certa a polícia me atenderia. Ninguém nunca me atendeu. Voltava atrás e falava, você tá bem, isso não é relevante, você falou que tinha um corpo de delito mas ele não existe. Como se eu tivesse mentindo, isso acabava comigo eu pensava assim, eu nasci para ser isso mesmo, a mulher nasceu para ser ofendida mesmo, insultada, humilhada, porque não tem recurso pra ela”.

Hoje, Camila é outra mulher que encontrou um parceiro que a faz feliz, a respeita, aceita seus filhos, e o mais importante, Camila conseguiu justiça. Camila é uma mulher forte, que faz questão de contar sua história para inspirar outras mulheres, para mostrar a elas que existe saída, foram anos de luta mas ela conseguiu vencer e todas podem conseguir.

Camila é exemplo de sobrevivência, o Projeto Pelos Direitos da Mulher está aberto a ajudá-las, a qualquer sinal de violência física, psicológica, moral, sexual, econômica e social DENUNCIE!