Cobrir as manifestações e caminhar com os manifestantes

Cobrir as manifestações e caminhar com os manifestantes

Fui pautado pelos editores do jornal Contramão para cobrir as manifestações dos estudantes na Avenida Antonio Carlos, em frente ao campus da UFMG, às 17hs, da última terça-feira, 18. Cheguei ao campus da universidade com o movimento ainda no inicio. Os gritos que já ecoavam pela cidade há dois dias eram cantados pelas vozes que sonhavam em ser escutadas pela sociedade.

Fiquei por um tempo acompanhando as manifestações, porém, tive que voltar para a faculdade. As provas semestrais me tiravam da linha de frente e me faziam recuar e acompanhar as mobilizações pela internet. No campus da UFMG eram aproximadamente seis mil pessoas, na Praça Sete outras duas mil.

Mais uma vez a população tomou as ruas e os manifestantes começaram a marchar rumo a Praça da Liberdade, ponto simbólico do governo mineiro. Percebendo este movimento, termino minha prova e volto às ruas para acompanhar de perto a caminhada dos estudantes.

Neste caminho, por volta das 21:40hs, as coisas começaram a tomar outros rumos. Um pequeno grupo de vândalos infiltrados no movimento pacífico depredou o patrimônio público e privado da cidade. Identificados os arruaceiros, conversei com eles amistosamente, na tentativa de entender o motivo de tanta revolta.

O grupo, que preferiu ser identificado como sendo de anarquistas, disse que também é contra a depredação do patrimônio público, mas quebraram o relógio da copa porque é um monumento de uma empresa privada. Os componentes desse grupo disseram ainda que esta foi a forma que encontraram para protestar contra a copa organizada pela FIFA. Vale lembrar que a destruição não chegou somente ao relógio da Copa, atingindo ainda agências bancarias, o “Pirulito” da Praça Sete e o prédio da prefeitura de Belo Horizonte.

Após a represália do movimento aos vândalos, o protesto voltou aos trilhos e terminou com os manifestantes cantando o Hino Nacional na porta do Palácio da Liberdade. O povo está ocupando as ruas, os jovens querem gritar por seus direitos. Mas, infelizmente, algumas pessoas querem manchar este momento histórico do país!

Trabalhar na cobertura destes protestos está me fazendo acreditar a cada dia mais em um futuro melhor. Quando conseguir tirar as frutas podres do cesto, este movimento vai conquistar o que busca: respeito!

Por João Vitor

Foto: Hemerson Morais

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