Comércio prevê queda nas vendas para o Dia dos Pais

Comércio prevê queda nas vendas para o Dia dos Pais

Lojas realizam liquidações, na esperança de atrair clientes.

A Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) publicou uma pesquisa que aponta uma retração no número de vendas para o Dia dos Pais, se comparado com semelhante período do ano passado. A pesquisa foi realizada entre os dias 10 a 22 de julho, com 372 consumidores da capital mineira. “A redução do poder de compra das famílias diante da inflação e juros é um dos principais motivos para os consumidores que não vão presentear nesta data”, explica o vice-presidente da CDL BH, Marco Antônio Dutra.

A intenção de compra da maioria dos consumidores belo-horizontinos (52,33%) para este Dia dos Pais está menor, na comparação com a mesma data em 2014. Para 27,33%dos entrevistados o consumo será igual ao do ano passado, outros 18,31% pretendem consumir mais. Não souberam responder 2,03% dos entrevistados.

Presentes

Para a estudante universitária Ana Lívia Gomes, 20, que foi às ruas de Belo Horizonte em busca de um presente, a alternativa será a “lembrancinha”. “Não vou comprar presente, estou em busca de promoções, mas os preços estão muito altos, vim aqui para buscar uma promoção.”, explica.

O economista Silvério Dias esclarece que para entender a inflação é preciso pensar na sociedade. “Muitas vezes, se há um excesso de dinheiro, e com isso, há uma tendência dos preços aumentarem, desde que eu não tenha produção suficiente para suprir essa demanda do mercado. Esse é um conceito básico chamado oferta e demanda. Então, quanto maior a demanda por produtos, maior é a necessidade do ofertante de aumentar os preços por que se tem muita gente procurando, ai entra a questão da escassez, não tem quem pague mais”, explica.

Índices

Segundo dados divulgados, hoje, pelo IBGE, em julho, a alta de preços medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,62%, contra 0,79 % de junho e 0,01% do mesmo período do ano passado. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) apresentou variação de 0,58% em julho e ficou 0,19 p.p. abaixo do resultado de junho (0,77%).

Com isso, o acumulado no ano foi para 7,42%, acima da taxa de 3,92% relativa mesmo período de 2014. Em julho de 2014 o INPC fora de 0,13%.Os produtos alimentícios apresentaram variação de 0,56% em julho, enquanto em junho a taxa foi de 0,69%. O grupamento dos não alimentícios teve variação 0,59% em julho, abaixo da taxa de junho (0,81%).

O que estamos vivenciando no país hoje?

Para o economista Silvério Dias, estamos com um problema de credibilidade política no país, ou seja, quem tem dinheiro não investe devido a uma série de fatores que estamos vivenciando no Brasil, não só os que tem dinheiro aqui, mas no exterior também. “As pessoas estão guardando seu dinheiro em instituições financeiras e em outros lugares fora do país, com isso a nossa produção fica estagnada. Nesse período há um interrompimento do processo produtivo e deixamos de gerar renda, ou seja, nesse momento paramos de contratar pessoas e promover as pessoas”, esclarece.

Foto: Raphael Duarte
Lojas realizam liquidações, na esperança de atrair clientes. Foto: Raphael Duarte

De acordo com o economista, o Brasil enfrente, hoje, um processo de recessão, as empresas não contratam funcionários e começam a demitir, devido a queda de produção. “Há dois fatores permeiam a economia, hoje, o primeiro fato é cenário da demissão e a avaliação das necessidades básicas para consumo. “As pessoas que foram demitidas precisam canalizar o seu dinheiro que restou para a sobrevivência, para a alimentação, que são as necessidades básicas. Nesse caso, o comércio não está muito otimista, por que as pessoas estão receosas de gastar com presentes caros, por que seria considerado um gasto de segundo plano”, explica Dias.

O segundo fator é o momento de crise econômica que gera uma sensação de insegurança. “Não se pode gastar dinheiro com qualquer coisa que não seja de primeira necessidade, pois as pessoas temem se encontrar na situação de desempregado posteriormente”.

Lojas realizam liquidações, na esperança de atrair clientes. Foto: Raphael Duarte
Lojas realizam liquidações, na esperança de atrair clientes. Foto: Raphael Duarte

Esses fatores causam retração no poder de compra das pessoas e isso recai sobre o movimento da economia. O governo tem tentado minimizar a alta de preços, aumentando a taxa básica de juros, essa ação dificulta o crédito para compras a prazo. “Essas ações são para que as pessoas parem de comprar e que, com isso, os empresários baixem os preços e a inflação volte a ficar controlada”, esclarece o economista. “As políticas macro econômicas que o governo está adotando não vêm surtindo o efeito esperado, ou seja a população já está sofrendo as consequências, com medo de perder a sua renda/emprego, e aqueles que já perderam a sua renda e, é claro, isso influência o processo de consumo”, finaliza.

Por: Raphael Duarte

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