Construções poéticas
Uma explanação livre a partir da exposição “Construções Sensíveis” e de depoimentos colhidos nela; percurso em texto e vídeo:
Texto por Petros Farias*
Vídeo por Guilherme Jardim*
(Alunos do curso de Cinema e Audiovisual do Centro Universitário Una)
A exposição Construções Sensíveis — a experiência geométrica latino-americana na coleção Ella Fontanals-Cisneros, que envolve artistas de sete países, ocupa um espaço institucional. Quem entra no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-BH) não o faz por acaso. O olhar pode ser leigo, mas está de sobreaviso, como um espectador de filme de terror que espera e deseja se assustar. A expectativa de quem adentra a exposição é apenas uma das variáveis na formação de sentido.
A primeira reação à exposição foi a de admiração das obras, enlevo estético ou deleite com o desconhecido. Neste aspecto, entrevistados admitiram não possuir conhecimentos específicos sobre a arte que lhes causara boa impressão, satisfação ou mesmo alumbramento — ressalta-se que o desconhecimento não lhes estorvou em nada tal apreciação.
Nenhum dos entrevistados, e menos ainda aqueles que se apresentaram empolgados com a experiência, demonstrou qualquer interesse ou inclinação na busca da realidade a partir das múltiplas expressões artísticas com que travaram conhecimento.
Embevecidos ou distanciados, os espectadores destacam a relação, nem sempre clara, mas sempre notória, entre uma certa composição matemática das formas e uma hipotética mensagem que esta geometria conteria. Por um lado, a reincidência do sentimento de imersão em entrevistados pode se atrelar a essa repetição de formas que termina por costurar o todo por meio de uma razão sensível, que torna o trajeto pela exposição estranhamente familiar ainda que inédito a cada passo.
O que é intrigante para um grupo tende à superficialidade para outro. O que desemboca sentimentos de deslumbre pode também alimentar a indiferença, o desinteresse ou descaso.
O espectador não reage conforme um composto químico descrito por uma ciência exata. Exalta-se, revolta-se, desconfia do que vê, entrega-se no ato, tece conjecturas, apressa o passo, leva lembranças do que vê ou logo apaga da memória a experiência. Qualquer que seja a técnica ou a poética entrelaçada na construção de significados, qualquer que seja a relação entre ideia concebida e executada, as imagens serão sempre outras nas retinas em que se formarem. A mais sensível construção não consta no acervo da mostra.
A mostra “Construções Sensíveis” fica em cartaz até o dia 7 de janeiro de 2019 no CCBB Belo Horizonte, na praça da Liberdade, número 450.
*(Texto editado pelo jornalista Felipe Bueno).