#CRITICA RESIDENT EVIL VI: O CAPÍTULO FINAL

#CRITICA RESIDENT EVIL VI: O CAPÍTULO FINAL

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NOTA:    

            A série de filmes baseada no jogo homônimo, depois de longos 14 anos como franquia chega finalmente ao fim. O sexto filme de Resident Evil, denominado “O Capítulo Final”, vem levando fãs do maior apocalipse zumbi da história aos cinemas de todo o mundo. Neste sexto filme temos a heroína Alice enfrentando um dilema em sua vida, a única chance de salvar todo o mundo do massacre total consiste em seu retorno ao local onde tudo começou, Raccoon City, mais especificamente na colmeia da Umbrella Corporation, onde um antidoto ao T-Virus, que se espalha pelo ar, encontra-se protegido. Entretanto, Alice não deve apenas enfrentar o temido retorno à cidade da Umbrella, deve também capturar e libertar o antidoto que também acabaria com sua vida, uma vez que a mesma também foi infectada com o vírus zumbi por seu pai, que desejava salvar sua filha de uma terrível doença que a fazia envelhecer muito em um curto período de tempo.

            O longa dirigido por Paul W.S. Anderson e estrelado por Milla Jovovich possui diversos pontos altos e baixos, assim como todos os filmes já lançados, entretanto, tais pontos em “O Capítulo Final”, algumas vezes se sobressaem aos demais pontos, deixando o filme falho e fraco. Já no início da trama somos apresentados à história do filme com um flashback explicativo demais, mas necessário para que muitos fatores não se percam durante a narrativa. Porém tal composição se alastra bastante ao longo do filme e o deixa inconsistente, ou seja, o roteiro e a direção não confiam piamente na sua história e em seu poder de expressar informações já tratadas, como se as pessoas não gostassem de assistir os filmes anteriores e pedindo uma justificativa desnecessária, principalmente em cenas onde Alice lembra de fragmentos do primeiro filme ao entrar na colmeia, como a cena em que a protagonista está na famosa sala de raios laser, o simples passar de mãos da mulher na parede seria o suficiente para o espectador se situar em qual ambiente se encontrava, a explicação nítida composta por uma lembrança prejudicou o ato de pensar, relembrar e de trabalhar a mente de quem vê.

                Outro fator prejudicial é a abordagem de Alice, que se mostrar estar totalmente dependente das decisões e trejeitos impostos no roteiro, uma vez que a personagem encontra-se em uma forma humanitária diferente dos demais filmes e enfrentando vilões fracos, problemáticos e longe de ser uma ameaça verdadeira para a personagem, que nunca aparenta se esforçar demais para detê-los. Sem contar com o tempo de tela preenchido com cenas repetitivas, como as pancadas que Alice leva na cabeça e que a desacorda, provocando uma tontura, inquietação e lembrança de onde a mesma realmente estaria. O pequeno romance instaurado entre os personagens Doc e Claire também consegue se enquadrar na lista de fragmentos insustentáveis, uma vez que o mesmo é criado de forma fria e solta, ficando nítido que só está ali para dar uma bela e clara dica de quem seria o aliado de Alice que estava servindo de informante para a Umbrella Corporation.

            Alguns sites afirmam que o 3D do filme também deixou a desejar, principalmente pelo fato desta tecnologia ser o forte da franquia. Neste filme, as cenas de ação são colocadas sempre no escuro, porém, o 3D se mostra eficiente nas cenas em que deve ser e sombrio nas que não deve, uma vez em que cenas de tenção e ação pesada o 3D evidente pode atrapalhar a perspectiva e embaralhar as emoções de quem vê, precipitando um susto ou estragando o ritmo das cenas de luta.

            Entretanto, apesar dos demais problemas o filme ainda assim é bonito de se ver, com uma fotografia impecável e deleitosa e com uma equipe de efeitos especiais bem cuidadosos, capazes e sem nenhum tipo de economia barata perante os fatores, além de ser um filme destinados aos fãs da franquia e dos jogos, feito exclusivamente para agradar o público já fixo. O ponto que se destaca com grandiosidade ao longo do longa é a maquiagem, tanto dos zumbis quanto dos demais personagens, sendo para envelhecer, rejuvenescer, machucar, entre outros. Ela é toda feita com excelência, cuidado e completa continuidade, digna de aplausos.

            A misé en scene que ronda o longa é completamente notável, seu roteiro e direção cuidam mais do tempo, da fluidez e dos movimentos dos personagens do que em diálogos, os primeiros 15 minutos de filme são totalmente silenciosos, apenas com Alice se movimentando em tela e enfrentando criaturas modificadas pelo mundo apocalíptico, uma vez que diálogos elaborados e roteiros dramatúrgicos nunca foram o objetivo e ponto de partida de W.S. Anderson, muito pelo contrário. O mesmo se sobressai como diretor de ação e suspense principalmente devido aos longos silêncios e movimentos de câmera com bastante cortes, agilidade e rapidez.

            O final não poderia ser diferente, o retorno da protagonista ao início, o dilema a respeito dos clones e principalmente a respeito de sua própria vida, o mundo sujo, deserto, inabitável e completamente longe do horror implantado nos primeiros filmes. Neste, o suspense é a arma principal, os sustos não são clichês e tão esperados quanto antes, por mais que ainda continuem previsíveis ainda assim são feitos em contraste com um 3D bem eficaz. O susto atrasado também foi uma arma utilizada por Anderson, que provoca um ambiente completamente previsível e atrasa drasticamente o susto para que espectador relaxe antes de se deparar com a situação prometida anteriormente. O longa pode ter milhares de problemas não solucionáveis, mas ainda assim, por mais que dê brechas a um sétimo filme (o que seria plenamente errôneo e desnecessário), funciona como um final digno à Resident Evil nos cinemas e Alice finaliza sua jornada com eficiência, elegância, humanismo, coragem e muita determinação. O público alvo pode se sentir com o desejo de missão cumprida, pois se foi isso que Anderson queria, ele conseguiu.

 

Por: Isadora Morandi

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