#CRÔNICA: em resposta

#CRÔNICA: em resposta

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Por Melina Cattoni

“Eu sei que a gente já conversou sobre isso várias vezes, e eu até pediria desculpas por tudo o que eu vou falar, eu imagino a sua feição ao ler esse texto. Eu precisava desabafar já que com você é sempre do teu jeito e no seu tempo. Nós precisamos conversar, mesmo que por textos…”   

Citação do texto “Eu já entendi que você não me quer” – Jean Lescano (Poligrafias)

 

Antes de tudo o que está para acontecer aqui em baixo, a gente nunca conversou sobre isso e é muito egoísmo meu te jogar uma bomba dessa no meio de tantas complicações. Eu sei, estou sendo egoísta mas preciso desabafar, mesmo que seja por texto.

 

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Será muito egocentrismo achar que de um tempo para cá, todos os seus textos são sobre mim? Quer dizer, que fazem algum tipo de referência sobre a gente. Ou não, que culpa eu tenho se quando leio, enxergo nossas conversas, meus medos, o seu jeito e a nossa confusão. Ao mesmo tempo que eu sorrio ao pensar nisso, meus medos me trazem para a realidade e, em segundos, os textos podem ser para a Maria, Giovana, Daniela, para a Nathalia ou às vezes para ninguém, talvez seja apenas uma viagem. De um tempo para cá, tenho percebido a facilidade que eu tenho de transitar entre conversas tranquilas e conversas sérias, sim, essas mesmas, aquelas que se fala com transparência e sem medo da resposta do outro lado da telinha, porque naquele momento os dois estão na mesma sintonia. E, em minutos, a conversa se dispersa, mas uma pequena semente continua ali dentro.

 

Na sexta, você me enviou um texto e eu deixei claro que me senti afetada. Continuei aquele texto em terceira pessoa, acreditei na sua inteligência para perceber que a conjugação perfeita, seria a primeira. Não sei qual foi a sua reação aí, mesmo porque, como falado anteriormente, as conversas se dispersam. Não sei de onde saiu a coragem para isso, mas eu tinha que tentaram e, claro em companhia também da ansiedade e do medo – até a chegada da madrugada para ser a minha companheira -. Em resposta escrevo agora em primeira pessoa, sim, estou dando a minha cara a tapa, correndo o risco de você ler e não ver sentido, o que talvez não tenha mesmo.

 

Sabe, esses dois últimos meses aconteceu tudo o que eu fugi o ano inteiro, o que eu fujo todo ano. Pelo simples motivo de não saber lidar com o que eu não tenho controle, eu sou controladora e falta dele me enlouquece. Eu tenho medos e barreiras que não consigo explicar, então quando eles aparecem a minha autodefesa é me magoar, afastando as pessoas de mim. O problema é quando você é magoado, isso acaba comigo. Eu sei que não entende isso, ninguém entende. Eu acredito muito em energia, esse semestre já participei de duas sessões de tarô, as duas me falaram que eu tenho medo da felicidade. Você não sabe o quanto isso doeu e dói em mim. Queria saber solucionar isso! Eu já fui chamada de boba, já falaram que os meus pensamentos são engraçados, não engraçados no sentido divertidos, mas sim, sem sentido. Eu nunca neguei nada porque sei que é a verdade. Em uma madrugada dessas você me perguntou porquê de estar agitada, lembra? Bom, quando eu faço alguma besteira e não sei como consertar, eu fico agitada e com a cabeça girando a mil. Quando estou agitada, pode ter certeza que tem algo me incomodando.

 

E as vezes que você me acusou de não entrar nas brincadeiras, sabe porquê? De brincadeira em brincadeira as coisas podem ficar sérias, ou pode ser apenas a minha imaginação. E por isso, faço o questionamento novamente – será muito egocentrismo achar que de um tempo para cá, talvez você pense em mim? -. Eu adoro as suas brincadeiras, no primeiro momento a minha autodefesa é ativada, talvez por isso você ache que eu não brinque. Com o tempo, eu jogo tudo para o alto. Eu brinco, falo o que penso, eu já passei a madrugada inteira conversando com você – claro, entre conversas sérias e tranquilas – isso não vai mudar. Sabe, o pior disso é que eu fico completamente exposta, a fragilidade toma conta e fico à mercê das suas atitudes.

 

Em uma das nossas conversas falamos por alto sobre expectativas, acho que nós dois estamos preocupados em um não magoar o outro. Para falar a verdade, se a gente vivesse na mesma cidade, eu até acharia isso um problema. Mas com você perto e ao mesmo tempo tão longe – sei que poucas pessoas entenderão isso – facilita um pouco o controle delas, porque querendo ou não, a distância torna algumas situações (em) possíveis, como os amores de verão nos filmes americanos – o casal se esbarra por aí, vive o que tem para viver, aproveita as aventuras daquele período e, quando o verão acaba os dois se despedem. Ao final, as lembranças são o que permanecem -. Eu imagino um pouco a gente assim, não amor porque amor é uma palavra muito forte, mas imagino sim, aventuras de verão. E mais, digo de verão, mas não tenho a mínima noção do calendário das estações, ou seja, também pode ser apenas um feriado, uma viagem ou um compromisso que o outro tenha na mesma cidade. Mas se por acaso fosse o verão dos filmes americanos, seriam quatro semanas de tranquilidade e muita confusão, brincadeiras e carinhos, conversas e brigas – porque você já conhece os meus reverbérios neh – e, sobretudo muita diversão, pelo menos imagino eu.

 

Bom, esse texto era para ser uma resposta, não sei exatamente do que. Acho que de respostas esse texto não teve muita coisa, mas se ler as entrelinhas talvez me conheça e me entenda um pouco mais. E mais, eu nem sei se vou ter coragem de publicá-lo, mas se por acaso você está lendo pela tela de algum aparelho, quer dizer que tive coragem mesmo com medo das consequências. Para finalizar, será que é muito egocentrismo meu, pedir que mesmo depois disso, não se afaste e que continuemos a conversar? Porque, eu espero que sim. Eu te adoro e você sabe disso, eu apenas não sei a melhor forma de demonstrar. Eu preciso da sua ajuda.

 

Eu sei que já finalizei esse texto várias vezes, mas ainda tenho tanto para falar. Sabe, são 03h12 da madrugada. Já faz uma semana que escrevo esse texto e apenas agora eu entendi uma única resposta, os seus textos não são para mim e você também não pensa em mim. Mas em algum momento, de um tempo para cá, eu gostaria que sim. E se em algum momento essa fantasia se tornou realidade em um mundo paralelo, te peço que não desista de mim, da nossa amizade. Já li e reli diversas vezes e cheguei à conclusão que eu realmente sou egoísta, esse texto era para ser uma resposta a você, uma resposta de quanto você em pouco tempo apareceu e se tornou a melhor surpresa que eu pude receber. Mas lendo e relendo, eu apenas vejo uma menina falando sobre si própria, me desculpe mais uma vez por isso!

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