Crônica – Luz, câmera e gravando: o sonho de ser jornalista

Crônica – Luz, câmera e gravando: o sonho de ser jornalista

Por Daniela Reis 

Digo que não só me formei, mas nasci jornalista. Ainda menina, ganhei de presente aquele famoso gravador de fita cassete, vermelhinho, com os botões coloridos e um pequeno microfone, que usava para gravar meus primeiros programas de rádio. Ali, na minha emissora de “mentirinha”, eu exercia duas funções, a de repórter e também de entrevistada. As ondas não eram de FM, eram da imaginação da garotinha sonhadora e comunicativa. 

Sempre gostei de conhecer e contar histórias, até fui apelidada por uma professora do primário como “Daniela Tagarela”. Minha curiosidade ia além das perguntas clássicas das crianças. O sonho era grande, muito maior que aquela molequinha de cabelos lisos e compridos, franja e gordinha. Eu me vi algumas vezes como professora, mas o anseio era mesmo segurar um microfone em frente às câmeras, aquele com canopla e a logo de um importante canal. 

No dia da inscrição para o vestibular, lembro como se fosse hoje, o frio na barriga ao assinalar a opção: Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo. Estava ali dando o primeiro passo para um sonho que um dia se tornaria real. Como todo jovem eu tinha minhas dúvidas, meus medos, mas a única certeza era: Eu quero e vou ser jornalista! Provas de vestibulares feitas, aprovação e o primeiro dia de aula. Sim, eu estava na cadeira de uma universidade subindo o primeiro degrau para a conquista do meu canudo, o meu diploma. 

Sempre fui daquelas alunas caxias, que anotava tudo, que sentava na frente e que amava as aulas práticas de rádio e TV. Era figurinha conhecida do jornal laboratório, apresentava um programa na emissora educativa FM e aproveitava todo o meu tempo livre para trocar ideias e criar projetos com colegas e professores. Ali, a Daniela Reis Salgado começou a ser conhecida como Dani Reis, nome profissional que utilizo até hoje nas minhas produções. 

Ainda como universitária tive minha primeira matéria publicada em um jornal de grande circulação de Belo Horizonte, através de uma parceria da minha instituição de ensino com o veículo de comunicação, tenho esse impresso guardado até hoje como minha primeira conquista profissional. Daí não parei mais! Fui escolhida pela universidade para um intercâmbio em Portugal, estagiei na assessoria da UEMG – Universidade Estadual de Minas Gerais, fui monitora na rádio da faculdade, participei de projetos de extensão, formei! 

Pronto, o mundo estava aberto para mim! E como sempre fui dessas que busca oportunidades, logo me inscrevi para minha primeira pós-graduação. No mesmo período fui chamada para cobrir férias no Jornal o Tempo, onde também escrevi para o Jornal Pampulha e o Super. Veio a primeira reportagem de capa, o primeiro furo e a primeira matéria especial. A adrenalina da primeira entrevista coletiva que cheguei com gravador, bloco e caneta, a emoção de sentar no mesmo ambiente dos grandes, dos profissionais, caiu a ficha: Danielaaaaaa, você é uma profissional! Nossa… o sonho estava se tornando realidade. 

E foi assim, de degrau em degrau, que o dia de pegar aquele microfone com canopla chegou! Indicada por professores da pós, participei de um processo seletivo de uma grande emissora, passei! Agora era oficial, repórter Dani Reis. Poxa, a garotinha do programa de rádio no seu Primeiro Gradiente agora estava nas ruas fazendo povo-fala, cobrindo eventos importantes, dando furos e até fazendo vivo em um helicóptero. A rotina era puxada, muitas vezes as pautas eram tristes, tragédias da chuva, acidentes fatais, crimes hediondos. Plantões aos finais de semana, bater ponto às 05h da matina. Mas nada disso era maior que a realização de saber que estava alcançando o que queria. 

Foram anos de TV, mas o caminho profissional nos surpreende! Jornalismo não é só microfone ou gravador na mão, jornalismo vai além! E durante esse minha trilha passei por grandes instituições, por assessoria, por produção de eventos, marketing digital, freelas e mais freelas. Em todo esse percurso estava fazendo o que mais amava, comunicando, contando histórias, tendo contato com o público e deixando minha marquinha positiva na vida de pessoas que cruzavam meu caminho, sorte a minha! 

Hoje, a jornalista aqui pode fazer um pouco de tudo! Da TV e da produção para o universo acadêmico! Nesse novo desafio a possibilidade de compartilhar conhecimento, de gravar, de escrever, de revisar, de assessorar, de produzir e ajudar a construir novas histórias com jovens universitários, que assim como eu (um dia) sonhavam em chegar lá. 

Nesse dia do jornalista, só posso agradecer por tudo que vivi e esperar com o peito aberto por o que ainda está por vir. Continuarei buscando pautas, contando histórias, produzindo e mesmo com 15 anos de carreira continuarei sentindo o frio na barriga quando alguém gritar “gravando” e ainda temerei o nosso famoso deadline. 

Parabéns jornalistas, vamos comunicar para mudar o mundo!

 

*Edição: Bianca Morais e Italo Charles

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