#CRÔNICA: Mais uma de amor

#CRÔNICA: Mais uma de amor

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Reprodução internet

Ele era um cara como outro qualquer, normal. Daqueles que em meio à multidão passaria completamente despercebido. Talvez sozinho você prestaria atenção, afinal ele era alto, mas alto que a maioria, acima da média. O encontrei algumas vezes ao longo de várias caminhadas, mas não olhei uma segunda vez e quando o percebi, alguém já havia lhe dado a atenção que ele merecia. E assim, simplesmente assim, me senti como o pequeno Michael cantando um dos versos de I Want You Back.

Sem menos esperar aconteceu, como em uma comédia romântica, estávamos ele e eu no mesmo lugar, com os mesmos amigos e os mesmos gostos. E naquele encontro pude perceber que passamos muito tempo olhando para todos os lados à procura de enumeras coisas, quando o que realmente queremos está logo ali, na nossa frente. Como quando fazemos em filmes de suspense policiais, que apesar de ser envolvente, o vilão é o primeiro a dar as caras, mas insistimos em procurar por outros suspeitos.

Você pode dizer: “ele não era lindo”. Mas, e daí? O melhor “James Bond” foi aquele que só contava com o charme, aqui damos “um salve” para Sean Connery. Mas, assim como o ator, ele tinha algo especial. Era quando ele sorria, pelo amor de Hades a coisa mais linda de se ver. Um sorriso de paralisar o cérebro, que era entregue em diferentes estágios, para diferentes ocasiões. O meu preferido? Aquele torto, meio sarcástico que aparecia quando uma bobagem era profanada sobre qualquer filme da saga Star Wars ou um comentário meio chulo sobre algum assunto importante. Ele coçava a nuca.

Outros encontros aconteceram, nos esbarrávamos diariamente nas idas e vindas do dia-a-dia. Era angustiante vê-lo e não poder tocá-lo. Era impossível estar ali e não pensar por um momento em tê-lo para mim. Mas sempre me contive e não posso negar que torcia para esbarrar com ele, já que o ponto alto desses encontros era quando nos cumprimentávamos. Nesses momentos podia por um pequeno instante senti-lo como se ele estivesse ali por mim. Mas era tudo muito rápido e a vida voltava a ser a música do Skank. Você sabe: “E seu não posso ter, eu fico imaginando…”.

O tempo passou, a amizade cresceu e nos mantivemos assim, amigos bons amigos. Afinal de contas a vida não é um filme do Tarantino que conta com reviravoltas a cada sub trama adicionada a trama original. O que posso dizer? A vida como ela é não tem nada que se iguale aos plot twists do longa Os 8 odiados. Eu sei que a realidade não é uma das loucas obras do cara, mas posso aprender a aplicar o exercício que pratico com seus filmes e não deixar que um detalhe perdido me faça perder o vendaval que poderá vir e sempre vem com o desfecho da história.

A conclusão é simples, afinal eu já sabia desde o início que seria eu a sair dali sem nada, a ver navios. Uma tarefa para a vida? A partir daqui olhar sempre duas vezes. Enquanto outro encontro como esse não acontece, eu sigo nessa história sorrindo sempre que ouço o Samuel Rosa cantar: “te ver e não te querer é improvável, é impossível.”.

 

Por Ana Paula Tinoco

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