Depressão atinge duas vezes mais as mulheres

Depressão atinge duas vezes mais as mulheres

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As diferenças entre o sexo feminino e masculino vão além do corpo humano. De maneira ampla pode-se apontar essas nuances no agir e se emocionar diante das coisas, também pela imposição da cultura do lugar, porém, isso pode ser perigoso quando trata-se de doenças psicológicas e como atingem cada um dos sexos.

A ABRATA (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos), classifica a depressão como a doença que, dentre todos os distúrbios psiquiátricos é a que ocupa um dos patamares mais altos na escala de disfunções incapacitantes. Além disso, ela não faz distinções e atinge pessoas de todas as idades, gêneros e classes sociais. Pesquisas médicas indicam uma incidência maior de depressão entre as mulheres do que entre os homens, e os motivos são variados.

O Coordenador Estadual de Saúde Mental da Secretaria de Estado de Saúde Minas Gerais (SES/MG) Humberto Cota Verona, explica que no caso das mulheres, os diferentes processos hormonais pelos quais o sexo feminino passa ao longo da vida, podem fazer com que esse grupo seja mais vulnerável a esse distúrbio. “Antes da adolescência, a prevalência de depressão é a mesma em meninas e meninos. Entretanto, com a chegada desta fase da vida, o risco das garotas desenvolverem depressão aumenta duas vezes mais que o dos garotos.” afirma Verona. Alguns especialistas acreditam que mudanças hormonais estão relacionadas a este risco aumentado.

Os depressivos mantêm-se isolados do convívio social.
Os depressivos mantêm-se isolados do convívio social.

Diferenças atribuídas a cada sexo

A depressão é um distúrbio de humor sério, podendo ser de leve a moderada e causa sentimentos de tristeza, desespero, desamparo, inutilidade, dificuldade para dormir, falta de apetite, apatia, baixa autoestima e fadiga, falta de interesse nas atividades rotineiras que antes eram realizadas com satisfação, insônia, perda ou ganho de peso, e pensamentos recorrentes de morte ou suicídio.

Nos homens a procura por ajuda é mais difícil, por medo de expor sentimentos, preconceito, ou falta de informação. A doença afeta o homem de forma mais silenciosa do que mulheres, somente 10% conseguem ter acesso às estratégias de prevenção ou tratamento, pois não consideram a gravidade da doença com receio de arranhar sua masculinidade.

Nas mulheres além dos fatores genéticos e biológicos, há questões interpessoais de relevância que atenuam a propensão de sofrerem o distúrbio, as mulheres que intercalam o trabalho com o cuidado com seus filhos ou as mães solteiras sofrem mais de estresse que pode desencadear a depressão, separação ou divórcio; abuso sexual ou físico durante a infância ou com o parceiro e também podem apresentar depressão logo após terem um bebê, a chamada depressão pós-parto.

infografico ELA x ELE

A predisposição da mulher e superação

O psicólogo, palestrante e instrutor de treinamentos e workshops, Wesley Santana, fez uma extensa pesquisa sobre o assunto. As conclusões do especialista conforme pesquisa publicada no site Gazeta do Povo – Saúde – reproduzida no Brasil no estado de São Paulo mostram que o universo feminino está sujeito a maior incidência da doença: “Existe uma tendência para se admitir que as mulheres adultas sejam duas vezes mais acometidas pela depressão quando comparadas aos homens adultos, incidência em mulheres varia de 10 a 25%, enquanto nos homens a porcentagem é de 5 a 12 %.

A securitária Márcia Cristina de Oliveira, de 53 anos, mãe de 4 filhos, casada há mais de 20 anos, foi diagnosticada com depressão após a morte da sua mãe. “Essa situação me acompanha desde a perda da minha mãe e isso já faz 30 anos e se agravou com o fator hormonal, a menopausa.” ela desabafa.  A doença está sob controle após tratamento. “A princípio não procurei nenhuma ajuda somente tentei manter minhas atividades físicas sabendo que exercitando seria a forma de liberar a serotonina. Sentindo que somente os exercícios (quando conseguia ficar na academia), não estavam mais surtindo efeito procurei meu ginecologista que me orientou com uma medicação mais natural. Florais, Hypericum Perforatum. Lembro que foi um pedido meu já que não queria uma medicação muito forte. ” conta Oliveira.

Mesmo no círculo com predisposição para a doença não há garantias que todas as mulheres estão fadadas a desenvolver tal disfunção. Santana faz as seguintes considerações: “A atitude que cada mulher toma frente à depressão está relacionada com a sua história de vida, seus recursos internos e a idade na qual ela se encontra. Logo, não existe um comportamento comum a todas.” ele diz.

Dentro desse cenário, mesmo com todos as dificuldades que a doença apresenta, desistir é a pior escolha. Tanto homens como mulheres podem e devem buscar ajuda de alguma maneira. Como a depressão é algo tão preponderante e proeminente na atualidade, há muito o que se oferecer para seu tratamento. E se possível jamais se esquivar da ajuda preciosa de familiares e amigos.

Márcia ainda fez uma escolha mais interessante quando entregue a doença: ela passou para o papel tudo o que sentia e, com isso, pôde amenizar o fardo. Seus poemas lhe trouxeram um alívio que hoje compartilha com aqueles que a amam e até com quem precisa lidar com a mesma situação. Ela prova, assim, que até da dor, pode nascer beleza, doçura e força para não desistir.

POEMA MARCIA

Matéria produzida pela aluna do quarto período de jornalismo, Carla Andrade, na disciplina de TIDIR/JOR2B

 

Fontes:

https://drauziovarella.com.br/letras/d/depressao/

https://mdemulher.abril.com.br/estilo-de-vida/alteracoes-hormonais-causam-depressao/

https://www.youtube.com/watch?v=VDwMmIoHjJA

https://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/a-descida-ao-inferno-depressao-feminina/

https://www.gazetadopovo.com.br/saude/o-lado-feminino-da-depressao-ef496catxu5eodm16ojx4tnbi

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