Dia Nacional do Gari: conheça Marcelo Vasconcelos

Dia Nacional do Gari: conheça Marcelo Vasconcelos

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Por Matheus Dias

Hoje, 16 de maio,  comemora-se em todo o Brasil o Dia do Gari, profissional responsável pela limpeza urbana.  Pensando nisso, a equipe do Jornal Contramão conversou com o gari Marcelo Vasconcelos, que trabalha em Belo Horizonte, e trouxe detalhes sobre sua rotina, experiência e decisão para atuar na profissão. 

A origem do termo “gari” surgiu em homenagem ao engenheiro francês, Pedro Aleixo Gary, que fundou a primeira empresa de coleta de lixo do Rio de Janeiro, em 1876. A equipe responsável pela limpeza da cidade começou a ser chamada de “garis”, por causa do fundador, já que os funcionários carregavam o nome do empresário no uniforme.

Respeito e admiração foram fatores decisivos para que Marcelo Vasconcelos, 42, criasse afinidade e despertasse o interesse pela profissão.

Marcelo Vasconcelos em seu trabalho.

Após um período desempregado, a oportunidade para Marcelo veio em um momento crítico no país e no mundo, em 2020, durante a pandemia, onde já pensava não conseguir um trabalho. “Me via largado na sociedade, mandava currículo, participava de entrevistas e não era chamado para as vagas de emprego”, explica. 

Diferente de muitos profissionais que trabalham em locais fixos, sejam em escritórios, lojas ou em suas residências, os garis trabalham nas ruas, lá que é seu ambiente de trabalho, cada dia em um local, onde a produtividade é medida por uma metragem proposta. Marcelo integra o time de garis responsável pela capina e roçada da região leste de BH, a meta diária de sua equipe é de realizar a limpeza, média de 3km, nos logradouros da região que atua. E ele enxerga ser o maior desafio de sua rotina de trabalho.

“Chego no meu trabalho com coração alegre e puro, oro antes de sair de casa e agradeço a Deus pela oportunidade, mesmo que tenha algum tipo de preconceito, para que ele não possa abater minha fé e nem estragar meu dia”, diz ele. Esse é o rito e pensamento de Marcelo para que não sinta o preconceito e desvalorização que ele sabe que existe pela sua profissão. 

Ele explica que deixa se apegar às experiências positivas que vive no seu dia a dia, como por exemplo, quando as vezes bate na casa de um morador na região que está trabalhando e é acolhido com alegria após pedir  um copo de água, café e alimento.

Em 15 de abril de 2021, foi um dos momentos mais difíceis que o gari vivenciou, ele trabalhava no bairro Boa Vista na capital mineira e sofreu um acidente. Estava fazendo a limpeza e não viu um bueiro tampado pelo mato, onde caiu com uma das pernas e rompeu os ligamentos do joelho esquerdo, onde já havia feito uma cirurgia em 2014. “Vieram muitas cenas, passagens e lembranças em minha mente, antes estava desempregado, havia conseguido um emprego e precisei ficar afastado”, relembra Marcelo.

Marcelo retornou ao seu trabalho, auxiliando seus colegas com um serviço mais leve por causa de sua recuperação.

“O meu maior orgulho é que um dia eu tive vontade e desejo de ingressar nesta profissão e fui muito rejeitado. Hoje o meu maior orgulho é vestir a roupa alaranjada, sair para trabalhar e voltar para casa cansado e suado, sabendo que ‘matou mais um leão’ no dia. Saio de casa com orgulho que mais um dia, por minhas mãos e de meus amigos, vamos limpar a cidade”, comenta. 

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