Escrita Criativa: Alice
Hoje é dia de texto do e-book “Escrita Criativa: O avesso das palavras”, produto final do projeto de extensão conduzido pela escritora e professora do Centro Universitário Una, Geanneti Tavares Salomon.
A produção “Alice” é da estudante de Biomedicina, Gabriela Rocha Coutinho.
Alice
*Por Gabriella Rocha Coutinho
Sempre fui silenciada
pelo que existe de mais bonito em mim:
os meus excessos.
Essa tentativa de me chutar para dentro da caixa
de onde eu saí,
como se eu fosse domável.
A vida toda eu fui imparável.
A história real é muito vazia de malícia:
peco justamente por acreditar tanto.
Sou tão mais simples do que a imagem que pintam,
mas ninguém quer saber a verdade.
O quadro já está feito.
A voz incomoda
e todos os dias rompo novas grades
dessas prisões da vida.
Sempre fui de chutar as portas.
Algemas não me cabem.
Há uma gratuidade inadmissível
nessa mania de apontar dedo
e profanar ofensas.
É arrancar o meu chão
onde eu mais tinha fé
que a base era sólida.
Me transformaram em bala
e me disseram para encontrar a paz.
Me pedem palavras e compreensão
quando eu menos tenho controle.
Sou sozinha no escuro da noite
e sigo esperando por perdões que nunca vêm.
Sempre entreguei de graça,
passando a 130 no quebra-molas,
me colocando como o peso menor na balança.
Vesti a máscara de palhaço
e acordei outro dia sem mostrar nem uma lágrima.
Chega de me desmontar para te ver respirando
e sustentar seus traumas para que eles me ataquem.
Me disseram que o amor tudo suporta,
mas eu nunca vi nobreza nisso.
Escuto seu grito e não julgo necessário ficar.
Não existe amor
onde meus sentimentos
são enfiados para debaixo do tapete.
Sempre convivi com a ameaça do abandono,
mas nunca reconheci a minha própria força.
A verdade é que eu já estive
várias vezes
nessa toca de coelho,
mas eu me belisco:
nunca mais vou retornar.
Nunca mais serei a mesma passividade
que um dia eu fui.
Encontrei a superfície
e agora posso respirar.
Aprendi a nadar nesse mar de rumores.
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