Por Eduarda Boaventura

Uma das minhas melhores lembranças na praia foi quando tinha 13 anos e juntou minha família inteira para ir para Cabo Frio no Rio de Janeiro, eram 15 pessoas em um apartamento que era para 8 no máximo. Tinha somente três quartos, e claro, colocou meus primos e meus tios mais novos para dormir na sala. Ficamos o dia inteiro para comprar colchão inflável -o que tínhamos levado furou quando inventamos de ficar pulando nele.

Não tem como esquecer dessa viagem, ainda mais que vó cismou de nos acordar todo dia batendo as tampas das panelas, ficava com um ódio quando fazia isso. Posso não gostar dos seus métodos, mas não tem como reclamar dos seus resultados, era ela acordar e todo mundo levantava para ela não precisar dar uma de despertador.  

Juntavam todos os primos e tiravam na sorte quem ia na padaria comprar os pães dos dias. Os mais velhos faziam complô e roubavam para que os mais novos fossem, acho que eu mesmo fui enganada umas duas vezes, era só preguiça porque a padaria ficava do outro lado da nossa rua, nem precisava andar um quarteirão.

Outra coisa que achava uma comédia, após tomar café, começavam a arrumar para ir na praia, criança chorando por ter que passar protetor, alguém gritando se viu a canga, outra separando os sanduíches naturais para levar. Uma confusão de pessoas e vozes, passos e barulho. Quando todos já estavam prontos, na porta, ansiosos para ir para a praia, começava: quem vai carregar o quê? Íamos a pé para a praia, uma caminhadinha de 15 minutos acho. Nós tínhamos cadeiras de praias e os guarda sóis, a luta da vez era quem ia levar, porque usamos do princípio, quem não estava de mochila tinha que levar algumas coisas, mas não precisamente queria dizer que quem está levando a cadeira vai sentar nela, era muita gente e, como de costume, eu e os mais novos éramos colocados em cima das cangas. Mas para mim, aos 13 anos não fazia muita diferença, desde sempre fui apaixonada por mar, se pudesse ficar do nascer do sol ao escurecer com a lua dentro da água. Então sentar na cadeira ou na canga não me importava tanto. 

Os pais tentavam controlar os filhos para não saírem comendo tudo o que vendia na frente, tadinhos, meu ‘vô’ sempre dava dinheiro escondido para comprar um picolé aqui, um açaí ali, chegava o carinha com um espetinho, depois achávamos uma barraca de mini pizza… E por aí íamos, comendo de tudo. 

Nós só íamos embora por volta das 17h quando as crianças já estavam mortas de tanto correr e os adultos já tinham nadador, tomando sol e bebido algumas, muitas, cervejas. Juntava tudo, inclusive o lixo que meu pai sempre frisou em recolher para deixar a praia que tanto amávamos limpa. Quando chegava em casa era mais confusão.

Corrida para quem ia tomar banho primeiro, minhas tias e minha mãe iam para a cozinha fazer a janta, e nesse meio tempo quem podia dar uma cochilada. 

A noite saiamos para a feira da cidade, eu e meus primos íamos na frente enquanto o restante dos adultos acordava e arrumava, como era relativamente perto de onde era o nosso apartamento e temos o costume de ir lá, eles nunca ligaram muito em deixar a gente solto, desde que tivesse algum responsável, que era minha prima Carolina, que na época tinha 16 ano e nos levava tranquilamente – o mais tranquilo que crianças poderiam ser.

Não lembro de outra viagem que foi a família toda, acho que meus primos cresceram, tiveram outros amigos para poder viajar, meus avós ficaram bem velhinhos e debilitados. Mas eu, meu irmão e meus pais continuamos a tradição e sempre que podemos ir na praia, nos programamos de ficar nesse mesmo apartamento. Que inclusive a dona brigou muito na época por ir aquela galera, mas a mãe prometeu que não aconteceria de novo. Infelizmente, ela estava certa.

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