#FIQ 2015: Contramão conversa com o quadrinista Ricardo Tokumoto

#FIQ 2015: Contramão conversa com o quadrinista Ricardo Tokumoto

#FIQ 2015: Contramão conversa com o quadrinista Ricardo Tokumoto

Ryot fala sobre o mercado dos quadrinhos em BH e sua trajetória no Festival Internacional de Quadrinhos

O Jornal Contramão entrevistou o quadrinista Ricardo Yoshio Okama Tokumoto, mais conhecido como Ryot, responsável pelo site ryotiras.com. O quadrinista, além de produzir para a revista MAD e outras publicações esporádicas, ele faz parte do Coletivo Pandemônio e trabalha como ilustrador em vários setores, principalmente na área de livros infantis. O quadrinho infantil “Song” está entre suas mais recentes publicações.

Foto: Divulgação

Qual a sua história com o Festival Internacional de Quadrinhos?

Bom, como eu já participei de outras edições eu já tinha uma ideia mais ou menos de como funcionava o formato da galera que produz também, Há cada ano tá diferente. O primeiro FIQ que eu fui, era apenas como visitante e bem diferente, havia poucos estandes de editoras, e apenas autores independentes, no outro FIQ que eu participei nós conseguimos mais estandes para quadrinhos independentes, tudo coletivo. Já no FIQ de 2012, pela primeira vez eu consegui encontrar mesas de diferentes artistas que estão produzindo quadrinhos e sendo tão ampla, há cada ano eu me surpreendo vendo a qualidade das produções dos artistas de quadrinhos, pois aumenta a diversidade.

Antes era só fanzine xerocado, e artista independente era isso, hoje em dia não é bem assim mais, encontramos livros muito bem editados, com projeto gráfico muito bem elaborado e coisa que não perde na qualidade se formos comparar com a produção das grandes editoras, há algum tempo atrás existia uma discrepância entre o trabalho dos autores de quadrinhos independentes, com os que são produzidos por grandes editoras.

Como estão sendo as oficinas de quadrinhos?

Com relação ao público e de oficinas que estão acontecendo, por que eu estou dando oficinas aqui também, já aconteceu nos outros anos e esse ano tem sido bem legal, a participação do público está sendo mais engajada, está sendo aquela coisa com menos medo, ou aquele olhar meio perdido, hoje em dia o pessoal já está sacando que existe quadrinho independente e isso tem sido bem maneiro.

Qual a sua visão mercado dos quadrinhos em Belo Horizonte?

Eu acho que um evento igual ao FIQ acaba sendo vital para quem produz dessa maneira independente, até por que a gente não leva os nossos quadrinhos nas bancas para vender, nós não temos essa mão gigante de distribuição pra jogar nosso trabalho para o Brasil inteiro, a gente tem ajuda da internet, mas é bem virtual a coisa, não querendo dizer que seja ruim, ou que um seja menos que o outro, porém é diferente.

Para nós, o FIQ acontecendo e essa relação de vender nossos quadrinhos para o público, e essa relação de público e criador mesmo (autor), é uma coisa que motiva a gente a continuar produzindo. Quando olhamos nossas redes sociais, o Facebook principalmente, nós não nos damos conta de que essas pessoas existem de verdade e que elas vão até esses eventos, como é o caso do FIQ por exemplo.

Em Belo Horizonte, principalmente devido ao FIQ, houve uma ebulição mesmo de pessoas dispostas a produzir, e eu acho que cresceu assim nitidamente.

Qual a importância desse festival para os quadrinistas?

Quando eu comecei a participar mais ativamente que eu percebi que existiam muitas outras pessoas com esse mesmo intuito, foi devido a isso que criamos inclusive o pandemônio, a principio um grupo de quadrinistas aqui de Belo Horizonte que resolveu se juntar para criar quadrinhos e vender no FIQ, por que estávamos todo mundo na mesma onda, e o FIQ é um grande canalizador dessas vontades, por que se esse festival não existisse a gente não iria se encontrar, e não iriamos saber que é possível fazer quadrinhos de uma maneira mais independente.

O Vitor Caffagi começou ali com a gente no pandemônio, e a conversa que as vezes que ele coloca em pauta é o que todo mundo passou, que é ser independente de uma grande editora, e entrar em certos estilos específicos nos quadrinhos americanos. Hoje em dia é possível encontrar vários quadrinistas que produzem para os Comics, para a Marvel DC, muita gente produzindo mangás também, que é um estilo de quadrinhos.

Nessa edição do Festival internacional de Quadrinhos, encontramos bastante mulheres produzindo quadrinhos, qual a sua visão sobre isso?

Vejo isso como um mercado que pode crescer muito mais, por que sair desse nicho e desse estigma que ‘quadrinhos são só para homens’, e quem poderia produzir eram apenas homens, era um grande problema que a gente enfrentava até pouco tempo atrás, que foi quebrado, principalmente por elas consumirem quadrinhos, por conta do mangá, muitas colegas que produzem hoje em dia, tiveram influência do mangá por que além dele ser consumido por mulheres ele era produzido por elas, ao contrário dos quadrinhos americanos, que era super homem e super heróis, uma coisa bem fechada para o público adolescente e masculino.

A partir do momento onde você tem mulheres produzindo e mulheres consumindo é como se fosse para dobrar o mercado, no mínimo, e eu particularmente acho isso maravilhoso, para que o mercado dos quadrinhos continue crescendo e existindo. Tudo isso converge em um grande amadurecimento do mercado.

Por Raphael Duarte

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