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Autor de “Marvin”, “Homem Primata”, “Diversão” e tantas outras músicas que redefiniram o cenário musical brasileiro nos anos 1980, o Titã, Sérgio Britto trilhou uma carreira sólida e, hoje, mostra acordes mais suaves em uma apresentação solo. Aproveitando as férias do conjunto, Britto abre espaço na sua agenda para divulgar o seu mais recente CD intitulado “SP55”. O nome do álbum é sugestivo e guarda relação afetiva com a rodovia em que tantas vezes ele passou a caminho do litoral norte de São Paulo.

Na noite da quinta-feira, 7, o Contramão Online esteve presente no bate papo com Sérgio Britto, na Casa UNA de Cultura, oportunidade em que o cantor e compositor destacou as características do seu trabalho solo que reúne influências das diferentes vertentes da música brasileira, como o samba paulista e a bossa nova em um formato pop. O cantor que já havia gravado dois CDs solos, disse que nos shows dos anteriores tocava muito Titãs, e que a sonoridade lembrava um pouco a banda, mas que nesta turnê do álbum SP55, vai tocar mais músicas do mesmo. “Não estou cantando muitas músicas do Titãs nestes shows, toco duas músicas do Titãs, mas o grosso é desse disco”, revela Sérgio.

No inicio do bate papo, Britto destacou as diferenças entre o seu trabalho nos Titãs e o seu trabalho solo. Confira no áudio:

“É outro clima eu vou fazer um show em um teatro, são shows que tem percussão, dois violões, baixo, bateria é um show com mais ritmo, muito diferente dos Titãs”, define. Ouça o áudio:

Estrada da vida

Para Britto, a rodovia é uma metáfora da estrada da vida. “É um caminho pessoal, de uma descoberta e uma coisa que você vai seguindo. A SP-55 é uma espécie de microcosmo do Brasil como todo lugar você vê miséria de um lado da estrada e luxo do outro, tem violência, tem tudo. Eu achei que era um título sugestivo, o nome é sonoro e por isso resolvi colocar”, observa.

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Fotos de Divulgação – Marcelo Tinoco

O novo álbum explora uma sonoridade pop unida ao lirismo rítmico da bossa nova, é um produto do contato que Britto teve, ainda jovem, com os grandes nomes da Bossa e da MPB, nas décadas de 1960 e 1970. Nesta época, Sérgio Britto morava no Chile, devido o exílio de seus pais, durante o regime militar no Brasil. Assim a música brasileira era ouvida em sua casa com carinho, algo que despertava a saudade.

“Eu sempre ouvi todos os estilos desde Bossa Nova, os Tropicalistas e Jovem Guarda. Isso também faz parte da minha vida, assim como bandas de rock gringas. Acho que isso tudo ajudou na minha formação musical. E o Titãs é uma banda que tem um cuidado com as letras das canções, com a adequação de música e letra, um cuidado muito que é típico da música brasileira. Essa é uma influência forte no nosso trabalho e as pessoas reconhecem isso”, avalia Britto.

Intimista, cool, essa é uma definição possível para o novo álbum de Britto que mescla, ainda, drum’n’bass e música latina. O autoral “SP55” é o seu terceiro trabalho solo. Vozes femininas dão um tom ainda mais suave ao álbum, as participações são de Wanderléia, Marina de La Riva e Negra Li.

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Clique aqui e confira a galeria de fotos, conversa com Sérgio Britto na Casa Una de Cultura

O tecladista falou das indecisões antes de optar pela música. “Já quis ser artista plástico, comecei a fazer faculdade de artes plásticas e filosofia, parei as duas”, relata. Sérgio Britto estudou piano e resolveu depois de assistir um show de Nelson Cavaquinho e Cartola, show este que lhe despertou o desejo de fazer música popular. “A música popular é muito rica, mistura muita coisa. Poesia com música, experimentar milhares de coisas dentro daqueles três minutos. É uma coisa mágica”, afirma Britto.

Sobre a relação com os Titãs, Sérgio não pretende deixar a banda. “Eu acredito que a gente possa fazer coisas ainda muito legais que a gente não fez e que eu só faço com eles. Tem coisas que eu não faria na minha carreira solo, que posso fazer com os Titãs, que eu quero fazer”, relata. “Eu não tenho essa vontade de sair, é claro que o futuro a Deus pertence”, reforça.

O tempo é um problema real diz o compositor. “Os shows de lançamento do CD estão sendo feitos no 15 dias de férias dos Titãs pra tentar pegar algo próximo de um fim de semana, mas em geral eu tenho uma quinta-feira, uma quarta-feira, é tudo meio a conta gota porque a prioridade pra quem está na banda é a banda”, conclui.

Mercado fonográfico

Segundo o artista por causa da internet as pessoas criaram o hábito de não pagarem mais por música, de achar que não devem pagar, mesmo as pessoas eu gostam do teu trabalho acham caro. “O padrão que é causa de tudo isso mudou, acho que a gente ainda está em uma fase de transição, com essa coisa da internet. Como os artistas terão ganhos com isso, para poder investir no trabalho, isso ainda está em um processo”, avalia.

Para Britto a alternativa é um trabalho com mais qualidade, um preço razoável, e coisas estimulantes para as pessoas como: promoções. “Isso vai ter que ser inventado aos poucos pra recuperar esse tipo de relação”, afirma.

Por Felipe Bueno e Bárbara de Andrade

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As pessoas que passam pela Rua da Bahia quase esquina com Gonçalves Dias, encontram, todos os dias, Rogério José dos Santos e seu carrinho de pipocas. Há 20 anos ele está ali. “Trabalho neste ponto bem antes da UNA abrir um Campus aqui”, destaca.

O pipoqueiro é um tipo de poucas palavras e divide o posto com sua esposa Vânia Felix. Nestas duas décadas ele já testemunhou muita coisa e tem clientes fiéis. “Os estudantes do Centro universitário UNA e as crianças do Colégio Imaculada e Educação Infantil, sempre compram comigo, alguns não compram todos os dias, mas são clientes fiéis”.

Rogério relembra que, neste ponto da Rua da Bahia, já avistou personalidades marcantes. “Por causa do Palácio [da Liberdade] eu já vi passar por aqui presidentes, governadores e prefeitos. Já vi, também, os atletas do Minas [Tênis Clube] já compraram pipoca na minha mão. O repórter Leopoldo Siqueira já comprou pipoca comigo”, pontua.

A estudante de jornalismo, Lorraine Dias, é uma das freguesas do carrinho de pipocas de Rogério dos Santos. “Não gosto muito de pipoca, mas a que ele prepara e muito boa. Gostei muito”, avalia Lorraine Dias. “A pipoca é um lanche rápido e acessível”, finaliza.

Por: Bárbara de Andrade

Foto: Felipe Bueno

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Pela primeira vez no Brasil, o público confere a exposição “Transparência”, do mineiro Hamilton Aguiar, conhecido no circuito cultural dos EUA, onde morou entre os anos de 1987 e 2009. Na exposição estão quadros e esculturas provenientes do contato do artista com várias paisagens estrangeiras.

Transparências
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Toda a técnica, procedimento e material utilizado pelo artista, são inusitados para o público brasileiro, pois são de origem americana. “Resina, folha de prata, vidro, são materiais utilizados por Aguiar, para dar a sensação de transparência, de camadas, que você vai adentrando com o olhar”, explica o curador da exposição, Júlio Martins.

De acordo com o curador, a novidade com relação à matéria-prima. “As pessoas tem mostrado deslumbramento em relação aos materiais, procedimentos, justamente por ser um tipo de arte que a gente esta pouco habituada a ver”, avalia.

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Obra "The Crossing" no cruzamento da Rua Guajajaras com Rua da Bahia

Uma das obras, chamada “The Crossing”, exibida apenas uma vez está exposta no passeio da Rua Álvares Cabral esquina com Rua da Bahia e deixa quem passa por ali curioso. “Essa escultura chama o público além de proporcionar contato com as pessoas sem a mediação dos museus, é um contato com a arte sem a necessidade de entrar no museu”, explica Júlio Martins.

O curador da exposição explica como foi o recorte das obras a serem expostas e porque do nome “Transparência”:

Para aqueles que ainda não conhecem esse trabalho, vale a pena conferir. Até o dia 10 de julho pode ser visitada no Museu Inimá de Paula.

Endereço:
Rua da Bahia, 1.201 – Centro
CEP 30160-011 – Belo Horizonte, MG Telefones:
(31) 3213-4320
[email protected]

Por Andressa Silva e Marcos Oliveira

Foto: Felipe Bueno

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Ideologicamente trabalhado no mesmo conceito do lema da bandeira do estado de Minas Gerais, “Libertas quae sera tamem”, o movimento pela anistia terá um memorial sediado em Belo Horizonte. O Memorial da Anistia será um espaço interativo que contará um período obscuro da história do Brasil.

O memorial está sendo construído com verbas do Ministério da Justiça e vai funcionar na antiga sede do curso de Psicologia, que funcionava na Faculdade de Ciências Humanas da UFMG (Fafich), na rua Carangola, 288. O prédio era chamado de “coleginho”.

A proposta é de que seja um ambiente onde explore a percepção e os sentidos das pessoas, de modo que haja vídeos, fotos, áudios e documentos. Essa é uma tendência de inovação de lugares que guardam a informação de um determinado assunto, algo parecido com o Museu da Língua Portuguesa na Estação da Luz em São Paulo.

Previsto para ser inaugurado em 2012, o memorial tem por objetivo preencher lacunas e resgatar o discurso de parcela da população brasileira, que era contra o regime militar e ficou reprimida durante 21 anos, no intervalo de 1964 a 1985. O material para a composição do memorial constituído por documentos, depoimentos e fotos virá do Arquivo Nacional e de doações de familiares de presos políticos e dos próprios envolvidos.

Para o Brasil, falar desse momento ainda é um desafio. Entidades no mundo que trabalham na defesa aos Direitos Humanos, como a ONU, cobram transparência e investigações de abusos praticados durante a Ditadura Militar. Inserido num contexto de bipolarização política no mundo, outros países da América Latina também sofreram com golpes de governo e a imposição dos governos anti-democráticos.

Na Argentina e no Chile, um dos países em que a ditadura foi mais intensa, a luta contra o autoritarismo e abusos cometidos pelos ditadores é algo existente até os dias de hoje. Por meio de investigações e julgamentos muitos militares estão sendo condenados à prisão, mesmo depois de se ter passado muito tempo. Além de terem memoriais dedicados à preservação da história do período ditatorial.

O Jornal Contramão entrevistou seis pessoas que pertencem à Associação dos Amigos do Memorial da Anistia, entidade que organiza o projeto que pretende resgatar as lutas políticas e sociais do período do regime militar no Brasil (1964-1985), bem como reunir depoimentos, documentos e outros materiais de pessoas que foram presas, torturadas, perseguidas e assassinadas no período. Os entrevistados são Maria Christina Rodrigues, Valéria Ciríaco Carvalho, Carlos Alberto de Freitas, Maria Clara Abrantes Pêgo, Jorge Antônio Pimenta Filho e Alberto Carlos Dias Duarte.

Entrevista:

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Reunião Associação dos Amigos do Memorial da Anistia, Alberto Duarte, Maria Christina Rodrigues, Valéria Ciríaco, Jorge Antônio Pimenta Filho, Maria Clara Abrantes e Carlos Alberto de Freitas

Contramão: Como nasceu a idéia de um memorial dedicado a anistia?

Maria Christina: O memorial vem de uma proposta não só brasileira, mas também mundial no sentido de estar resguardando, guardando e procurando transmitir para as gerações futuras a história. Porque normalmente num período de ditadura você tem a visão da história oficial, a história do poderoso, a do vencedor. Então é necessário que pós-ditadura, depois no processo de redemocratização o outro lado também relate sua versão e os fatos que aconteceram.

Contramão:A Anistia é um recorte do período da ditadura, que por sua vez foi um tempo crítico da história do Brasil. O tema do memorial está ligado à contestação das idéias de um governo ditatorial. Naquela época poucos ousavam discutir sobre a situação, um temor ainda presente na atualidade. Qual foi o respaldo para se reconstituir a memória desse momento que ainda não está livre da censura?

Maria Christina: Há hoje um fortalecimento da democratização no mundo, que está experimentando uma onda de luta contra qualquer tipo de regime intransigente. Na América Latina, nós temos visto há alguns anos que os governos ditatoriais a cada dia estão caindo como caem cartas de baralho. Então essa sustentação, essa veia democrática e dinâmica é a vontade da busca do aprofundamento de ideários políticos justos e livres da intolerância.

Contramão:Belo Horizonte e o conjunto do estado de Minas Gerais tiveram uma participação importante na luta contra a repressão política. Como o senhor vê a importância de grupos de oposição na cidade e a sua atuação? Como o memorial vai abordar Belo Horizonte na história da anistia?

Jorge: A história da luta democrática no Brasil e da esquerda não deixa de passar primeiro por Belo Horizonte. Muitos partidos e organizações políticas começaram aqui na cidade, como por exemplo, alguns grupos ligados a seguimentos que se deslocaram do antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB), ou mesmo setores sociais que se deslocaram da igreja e construíram a ação popular.

Maria Christina: Não podemos esquecer a questão das greves e da luta da mineração de Morro Velho, não podemos esquecer historicamente a situação de Raposos, a fábrica de tecido Marzagânia e os movimentos sindicais naquela região, que foram profundos. Tudo isso vai também ser resgatado. Quando se fala muito na formação de um partido operário como o PT, nós não podemos achar que a história começou no ABC, a história das organizações sindicais e das sublevações antecede a isso. Na década de 60 nós tivemos os movimentos na Cidade Industrial e o massacre de Ipatinga. Então Minas Gerais tem uma história que precede a década de 70 dentro dos movimentos sindicais, operários e sociais.

Contramão:Como o memorial vai trabalhar? Como foi feito o recolhimento de documentos?

Carlos Alberto: O recolhimento está sendo e será feito através do arquivo público nacional, através de todos os documentos daquelas pessoas que foram anistiadas e também de documentos públicos que estão no arquivo de Belo Horizonte, além de doações de anistiados e familiares de pessoas implicadas. São 70 mil documentos oriundos da comissão nacional da anistia.

Contramão:A Ditadura Militar está permeada por lacunas, uma vez que a censura e a propaganda do governo propiciaram a alienação da população. Uma parcela do povo não sabia o que estava acontecendo no país, a outra tinha medo de falar, criando assim um quadro de esquecimento e falta de reflexão. Visto isso quais foram as dificuldades enfrentadas na criação do memorial? Como foi montar esse quebra-cabeça?

Maria Christina: Todo memorial é dinâmico. Então o recolhimento do material é constante e contínuo. A idéia inicial foi a de selecionar, guardar e reservar em um só local todos os processos brasileiros que passaram pelo Ministério da Justiça via comissão de anistia. Toda a população brasileira que quiser fazer uma consulta sobre o que aconteceu com Lamarca, por exemplo, deverá consultar o arquivo dele no Memorial da Anistia em Belo Horizonte. Todo arquivo da luta pela redemocratização no Brasil vai estar aqui. Assim todas as informações contidas nos processos da anistia que eram pessoais e foram tornados públicos farão parte desse memorial. Na medida em que é recomposta a história a partir da captação de depoimentos de quem viveu, será possível contar a versão real do que foi a Ditadura no Brasil.

Os uruguaios também perseguidos

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Carmen Aroztegui

A uruguaia Carmen Aroztegui mudou-se para Porto Alegre em função da perseguição política sofrida por sua família em plena Ditadura Militar no Uruguai, em 1973. Hoje é professora na Escola de Arquitetura na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ela recorda que “no Uruguai sempre houve uma intenção que a ditadura tivesse uma legitimação. A ditadura começa assim, você reprime você expulsa pessoas de esquerda do trabalho e não os permitem sobreviverem”.

Para Aroztegui, “a palavra anistia está recoberta de uma idéia de que existiram dois bandos. O que aconteceu é que existia uma política de estado de repressão, não era uma guerra, onde existiam os nazis e os aliados. Existia um exército e uma política de estado que detinha mecanismos institucionais de repressão e de abusos aos Direitos Humanos de forma sistemática. Isso na verdade é que foi anistiado”.

A censura draconiana

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Alberto Duarte, um dos idealizadores do Memorial da Anistia

Alberto Carlos Dias Duarte, membro da Associação dos Amigos do Memorial da Anistia, foi um militante nas diversas lutas pelos Direitos Humanos durante a Ditadura Militar brasileira. Para ele, “pobre é um país sem história. Nós temos que resgatá-la, mesmo porque o golpe da ditadura foi em 1964, já se passaram muitos anos. Nós estamos hoje batalhando pelo aperfeiçoamento da democracia”.

AlbertoDuarte explica a importância do Memorial da Anistia:

Duarte lembra que durante a ditadura militar havia censura: “Eu mesmo fui diretor de dois jornais alternativos, o Jornal Movimento e o Jornal Em Tempo. A censura era drástica, draconiana nesse país. Então com esse memorial, nossa pretensão é divulgar o máximo, permitindo o acesso de todos aos documentos”.

Por : Felipe Bueno

Fotos: Felipe Bueno

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Por volta das 10 horas, centenas de pessoas engrossavam a fila em frente ao Palácio da Liberdade para prestar a última homenagem ao ex-presidente e senador da República, Itamar Franco, morto no dia 02 de julho, vítima de um acidente vascular cerebral (AVC). Jovens, adultos e idosos que aguardavam a chegada do corpo do parlamentar, destacavam a importância do ex-presidente para a estabilização da política e da economia brasileira. “Itamar Franco foi um homem que deixou um legado muito grande para nós mineiros e, sobretudo, juiz-foranos e também para o próprio Brasil, um homem integro de grande personalidade, que estava sempre tentando reconciliar partidos”, declara a professora aposentada Jacira Campos Coelho, 66.

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Acompanhada do marido, o delegado aposentado Abelardo Teresinha de Almeida, 78, Jacira Campos destacou ainda o papel político desempenhado por Itamar Franco, em 1994, quando foi lançado o Plano Real. “Foi um período muito difícil, a inflação era muito grande, com ajuda do Fernando Henrique Cardoso [ministro da economia da época em substituição a Rubem Ricupero], foi feito o Plano Real que salvou a Pátria”, lembrou Jacira Campo. Já Abelardo de Almeida rememora a convivência que teve com Itamar Franco. “Convivi com a simplicidade dele, muita ética. Na época em que faleceu a mãe dele, eu tive o privilégio de coordenar a vigilância para dar a ele uma tranqüilidade maior, pois estava sofrendo muitíssimo”, declarou. “Itamar se distingui pela simplicidade, pela consciência e conscientização com que ele comandou o governo”, avaliou o aposentado.

A professora Cristina Rodrigues, 56, estava na fila há 2 horas e ressaltou o nacionalismo do ex-presidente. “Ele sempre defendeu a indústria brasileira, era contra a privatização, tentou como governador manter a autonomia de Minas. Era um grande republicano no sentido de manter a autonomia dos Estados, ou seja, levou a sério o pacto federativo”, avaliou. “Para mim ele foi um dos maiores políticos do país, tanto para os civis quanto para a polícia militar”, frisou o militar aposentado, Navantino Gomes, 73.

A pré-vestibulanda, Ana Raquel Cota, 22, estava na fila para homenagear Itamar Franco. “Acho que se eu fosse da família dele, eu gostaria que a população estivesse aqui, ele foi importante porque aprovou o Plano Real e acabou com a grande inflação, votei nele para senador e nunca se ouviu falar em corrupção no governo dele”, revelou.

O estudante de direito, Caio Bellote, 21, enfatizou a trajetória política do senador. “Ele soube honrar a presidência da república, de uma moral ilibada, um homem que viveu toda uma vida pública sem nenhuma denúncia contra ele, ele soube em um momento difícil para o país, estabilizar a economia e conseguiu se livrar da crise do governo Collor”.

O metalúrgico aposentado, Wildes de Souza, 59, que esteve presente no velório do ex-vice-presidente, José de Alencar, compareceu, hoje, para homenagear o senador Itamar Franco. “O Itamar trabalhou muito para Minas Gerais e fez um trabalho de coração”, avaliou.

Trânsito
Nas imediações da Praça da Liberdade, o fluxo de veículos foi desviado para as ruas Gonçalves Dias e Bahia. A Polícia Militar organizou um cordão de isolamento nas avenidas Brasil e Bias Fortes, além da Rua Cristóvão Colombo. A BHtrans implantou rotas de desvio do itinerário dos ônibus que passam pela região.

O corpo de Itamar Franco chegou à capital por voltas das 10h30, e segui em carro aberto do Aeroporto da Pampulha até a Praça da Liberdade, passando pelas principais vias da cidade. Às 11h37min, o cortejo dos Dragões da Inconfidência subiu a Avenida João Pinheiro, cruzou a Praça, sob os aplausos de centenas de pessoas, até os portões do Palácio da Liberdade, desta vez ao som de “Oh Minas Gerais”.

Para a população de BH, Itamar será lembrado como exemplo na política.Acompanhe o vídeo:

No Palácio, um velório restrito à família e às autoridades políticas nacionais e estaduais, dentre essas a presidenta Dilma Roussef, a ministra da casa civil, Gleisi Hoffman, e o ministro do desenvolvimento, Fernando Pimentel, além do governador, Antônio Anastasia, e do senador, Aécio Neves.
As 15h o corpo de Itamar Franco segue para Contagem, na região metropolitana, onde será cremado no cemitério Parque Renascer, o mesmo onde foi cremado o ex-vice-presidente, José Alencar.

Por: Bárbara de Andrade e Anelisa Ribeiro

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Aplicativos para celulares já provocam acidentes de transito no EUA ,é isso que aponta a pesquisa da Universidade do Alabama (UAB). Mas e no Brasil, será que o  aparelho ao volante(algo que é proibido por lei) ainda é  companheiro dos motoristas ?

A equipe de reportagem do Contramão observou em menos de meia hora na rua da Bahia dezenas de motoristas usando o celular enquanto dirigem.

Reportagem: Thaline Araujo

Produção: Andressa Silva

Imagens e edição: Vanessa COG