O dia em que não recebo flores

O dia em que não recebo flores

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“Antes só do que mal acompanhada”, diz o ditado e há quem diga que isso é recalque. Mas e se for? Faltam apenas duas semanas para a data menos esperada do ano, e nesse tempo não dá para mudar o status de relacionamento do Facebook. Muito menos para tirar fotos, fazer montagens e declarações enormes de um amor tão finito.

12 de junho é uma das datas com mais publicidade veiculadas em todos os tipos de mídia. São comerciais na TV, outdoors pela cidade, anúncios em sites e redes sociais deixando frustrada toda a população carente de namorado (a) da cidade. A solteira e estudante de arquitetura, Pâmella Ceikeira, 23, lembra que a data oprime os solteiros, que não tem vez na publicidade e questiona essa posição das empresas. “Porque eles não fazem nenhum anuncio no dia do solteiro (15 de agosto)? É puramente comercial, por que faz com que as pessoas tenham obrigação de presentar a outra e isso movimenta o comércio. Ou seja, ser solteiro não movimenta o comércio na cabeça deles, o que na minha opinião é bem errado”.

A estudante ainda defende seu julgamento sobre a data usando um argumento comum entre os solteiros, o fato de que eles também são felizes sozinhos. “Eu não gosto da data, porque na maior parte das vezes a mídia lembra a quem está solteiro que a vida dele é péssima porque ele está sozinho, enquanto quem está namorando é super feliz, é uma espécie de lavagem cerebral”, argumenta.

Felizes ou infelizes, os solteiros que pretendem sair no dia 12 de junho podem se preparar para cruzar a todo o momento com os casais apaixonados, pelas ruas. Em cada canto haverá flores, bombons, beijos e um ar de Paris que parece não ter fim. As faculdades vazias, e as filas de cinemas lotadas. Resta aos solitários procurar por uma balada com programação especial ou a dor de cotovelo afundando em suas mágoas.

O promotor Celio Vieira, 19, namora e afirma que a data não faz muita diferença em sua vida. “Pra mim é como se fosse um dia normal, já que não gosto de gastar dinheiro atoa, prefiro sair junto e curtir um pouco, assim um momento especial marca mais que uma lembrança. Na verdade se formos olhar todas as datas comemorativas do ano, ficaríamos pobres”, analisa.

Se existe gente que fica feliz de verdade com a aproximação da data, são as pessoas que fornecem os presentes. Data mais comercial, impossível. De acordo com uma pesquisa realizada pela Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), 26,85% dos 410 entrevistados pela organização, pretendem gastar de R$100,01 a R$ 150,00 com presentes para seus amores. Dos itens mais procurados, a pesquisa revelou que 39,09% das pessoas desejam investir em roupas. Vai ver que o (a) parceiro (a) não está se vestindo bem. Seguido por calçados (20,97%), Perfumes e Cosméticos (12,25%) deixando as românticas e tradicionais flores apenas com 5,20% das intenções.

O fato é que a data deprime muita gente, endivida muita gente, mas faz felizes também aqueles que ainda adoram receber cartões, surpresas em geral e um abraço no fim do dia. Porque vai ver que quem realmente se importa com o significado, ou pelo menos o intuito inicial da data, que é se lembrar de quem te faz bem, não precisa de um dia só pra provar sua importância.

Por Aline Viana e Ana Carolina Vitorino

Ilustração: Diego Gurgel

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