População reclama da falta de manutenção em Parques de BH

População reclama da falta de manutenção em Parques de BH

Parque Municipal Americo Renne Giannetti

Espaços vão além do lazer e contribuem para a vida cultural e a diversidade zoobotânica na cidade

Por: Alexandre Pires dos Santos, André Vitor Barros de Souza, Érica Pena Miranda, Júlia Vilaça de Jesus, Juliana Carvalho de Faria, Leonardo Garcia Gimenez, Louryhaynnyer Counny Neri Marques, Luisa de Matos Resende Couto, Natália Leocádia Fernandes do Carmo, Thayla Araújo Nunes dos Santos.

Belo Horizonte possui 76 parques e nem todos apresentam o mesmo nível de manutenção, é o que diz a pesquisa realizada pelos estudantes de jornalismo do projeto de extensão Cobertura jornalística sobre o meio ambiente em BH.  Esses parques têm para a capital e seu entorno uma importância além do lazer, pois contribuem para a preservação da fauna, flora e recursos hídricos. São espaços favoráveis aos esportes e muito demandados para a realização de diferentes tipos de eventos, bem como servem para projetos na área de educação, saúde, cultura e turismo.

Apesar da seriedade do tema da preservação ambiental, muitos desses parques não recebem a devida atenção da Prefeitura, observando-se uma manutenção desigual. Eles estão assim distribuídos entre as nove regionais da cidade – 19 na Centro-Sul, 16 na Nordeste, 14 na Pampulha, 11 na Região Oeste, cinco em Venda Nova, cinco na Região Norte, quatro no Barreiro e apenas um na Região Leste e na Região Noroeste – mas a divisão da verba destinada a esses espaços é diferente.

A Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB) tem a responsabilidade de gerenciar todos os parques municipais, além do Zoológico, Jardim Botânico, Aquário, quatro cemitérios municipais e os cinco Centros de Vivência Agroecológica (CEVAE) de Belo Horizonte. Seguindo a legislação municipal, a PBH estabelece por meio de leis/decretos/portarias a regulamentação de diversos serviços, como descrito na portaria FPMZB n 006 de 23 de Janeiro de 2021, que trata do orçamento previsto para o ano de 2021.

Promovendo a cultura

Ao longo de um ano, os parques recebem cerca de mil eventos, com diferentes atrações e públicos. A Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica também é responsável pela gestão e planejamento de projetos, especialmente quanto à normatização do uso dessas áreas para a realização de atividades culturais. De acordo com o site da PBH, existem ainda parcerias desenvolvidas com a iniciativa privada, instituições de ensino e outros órgãos públicos, suprindo carências da administração municipal e fortalecendo as ações.

Apenas no ano de 2018, as áreas gerenciadas pela Fundação receberam 948 eventos, que reuniram mais de 185 mil pessoas, sendo que cerca da metade desses acontecimentos tiveram finalidade social, ou seja, apresentações gratuitas como peças teatrais, exposições e shows. No entanto, de acordo com dados de 2014, publicados no site da PBH, não são igualmente distribuídos pela cidade, tendo sua concentração maior na Regional Centro-Sul, denominada a região com maior Índice de Qualidade de Vida Urbana (IQVU) do município.

Os projetos gerenciados são numerosos, abordam diversos gêneros de apresentações culturais, ampliando as oportunidades de lazer para a comunidade, mas apresentam problemas de distribuição geográfica, deixando clara a preferência pelos espaços localizados em bairros mais nobres da cidade, cujos parques, em decorrência disso, têm maior atenção da Fundação.

Parque das Mangabeiras – Divulgação

A situação requer atenção

É importante considerar que os impactos ambientais e sociais como produção de lixo, poluição sonora, engarrafamentos e dano ao patrimônio público, são vistos aos finais destes eventos. Além dessas questões, observa-se que grande parte dos parques não têm uma manutenção regular, necessitando de reformas, revitalização dos jardins, entre outros, como pode ser visto em algumas reportagens veiculadas nos últimos dois anos.

Em 2019, a Record TV Minas produziu uma matéria que informa que mais de 50 parques de Belo Horizonte estavam abandonados pelo poder público. A reportagem também acrescenta que a grande maioria das áreas verdes da cidade não eram frequentadas pelos usuários.

No mesmo ano, a Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana, que pertence à Câmara Municipal de Belo Horizonte, apontou que a falta de segurança e o vandalismo eram evidentes no Parque Municipal Carlos de Faria Tavares, mais conhecido como Parque Vila Pinho, situado no Vale do Jatobá, na Região do Barreiro. À época, usuários do parque estiveram presentes na visita, e se queixaram da necessidade de cortar o mato alto, de podar as árvores, de contratar um vigia, de combater o consumo de drogas no local e também de reformar as estruturas esportivas. A matéria sobre a visita pode ser encontrada no site da Câmara Municipal de BH.

Ainda em 2019, uma matéria do portal Hoje Em Dia revelou que os parques de BH seriam monitorados, até o fim do ano, por mais de 300 câmeras de segurança, especialmente para combater o vandalismo e o tráfico de drogas nas 54 áreas verdes então abertas ao público na capital mineira. As inspeções ficariam sob responsabilidade de agentes da Câmara Municipal no Centro Integrado de Operações (COP-BH), que está localizado no bairro Buritis, na Região Oeste.

Parque Jacques Cousteau – Divulgação

Pesquisa elege os melhores e os piores parques de BH – conheça quais são eles

A cidade de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, foi fundada e planejada pelo engenheiro e urbanista Aarão Reis em 12 de dezembro de 1897, com o objetivo de criar a cidade do futuro, devido à ideia de progresso que se instaurou em todo o Brasil do final do século XIX ao início do século XX, com a proclamação da república em 1889. Assim, é grande a presença dos parques na cidade.

Eles são de suma importância para a preservação ambiental, e por consequência, a manutenção da vida de diversas espécies da fauna e flora. Graças a esses ambientes, é possível encontrar biomas do Cerrado, Mata Atlântica, mais de 200 espécies animais e por volta de mil espécies vegetais, além de nascentes que abastecem os córregos da Bacia do Rio São Francisco, segundo a página da Fundação de Parques e Jardins. Além das áreas de natureza, os parques possuem uma estrutura propícia para as crianças se divertirem, como playgrounds, campos de futebol, áreas de lago, pistas de skate, entre outros.

Em uma pesquisa realizada pelos alunos de jornalismo do projeto de extensão Cobertura jornalística sobre o meio ambiente em BH, orientado pela professora Magda Santiago, a desigualdade de manutenção dessas áreas pode ser confirmada. O formulário, distribuído pela rede social WhatsApp, foi respondido por 15 belo-horizontinos que costumam frequentar as áreas de preservação, que elegeram os melhores e os piores parques da capital mineira.

Parque Serra do Curral – Divulgação

Segundo os dados apurados, 26,7% dos entrevistados declararam preferir o Parque Municipal Américo Renné Giannetti, 20% o Parque das Mangabeiras e 13,3% frequentam os parques da Serra do Curral e Ecológico das Águas. Dentre as razões que levam os respondentes a optar por essas reservas em detrimento de outras, está a proximidade de casa. A pesquisa apontou que 66,7% considera a distância como principal fator na escolha.

A segurança também é uma questão determinante, e a escolha dos piores parques de BH está diretamente ligada a este aspecto. Os parques Guilherme Lage, no bairro São Paulo; Maria do Socorro Moreira, no bairro Jardim Montanhês; e do Brejinho, no bairro São Francisco, figuram entre os que menos oferecem uma estrutura adequada, cuidado e proteção. Inclusive, já foram alvo de ocupações irregulares, vandalismo e uso de drogas ilícitas em seus espaços.

Os dados levantados pelas respostas ao formulário apontam que 80,1% dos entrevistados consideram necessárias melhorias nos banheiros, na manutenção dos jardins e no aumento de lixeiras, como as principais ações para atrair a visitação e, principalmente, para contribuir na preservação do meio ambiente em BH.

Parque que foi lixão por 20 anos em BH vira tema de websérie

O Parque Jacques Cousteau, localizado no bairro Betânia, na Região Oeste de Belo Horizonte, foi tema de uma websérie lançada em janeiro de 2021. A área, que foi utilizada como um lixão durante 20 anos, desde 1971 é um espaço para ser aproveitado por turistas e belorizontinos, transformado em um ambiente acolhedor para quem o visita.

A websérie foi roteirizada, filmada, fotografada e produzida por Lilian Nunes e Chico de Paula, que disponibilizaram o acesso gratuito ao material no portal Coreto. As informações foram divulgadas em uma entrevista ao portal do jornal Hoje Em Dia.

 

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