Principais desafios da mobilidade são discutidos por especialistas

Principais desafios da mobilidade são discutidos por especialistas

Quais são os principais problemas de mobilidade em Belo Horizonte? Quais os desafios que o prefeito eleito vai encontrar no que diz respeito ao trânsito da capital? A equipe do contramão entrevistou o sociólogo Carlos Magalhães; o presidente da Associação dos Condutores Auxiliares de Taxi (ACAT) José Estevão; e o Ex-presidente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) João Luiz da Silva Dias que fizeram uma análise sobre o assunto.

Jornal Contramão: Algumas regiões são alimentadas pelas estações BHBUS que tem integração como o Metrô. Como você vê a estrutura do transporte público de Belo Horizonte?

Carlos Magalhães: Penso que a população não tem sido atendida pelo transporte público. Seria interessante adotar medidas que aumentassem as alternativas de deslocamento, com tipos de ônibus diferentes dependendo do percurso, por exemplo. Talvez transformar a atual rodoviária em uma estação de transporte urbano seja uma opção.

José Estevão: Temos alguns projetos em andamento, O BRT é um exemplo que com certeza vai melhorar muito. Tem o projeto do metrô que pode ajudar também. Nós temos um problema muito sério aqui em Belo Horizonte com relação ao transporte de taxi. Aquilo que no popular se chama “placa de taxi”, na verdade, é uma permissão pública de taxi. E essa permissão que teria que ser um direito de todos os profissionais, é liberado apenas para alguns, os outros tem que pagar aluguel para trabalhar. Isso faz com que alguns profissionais tenham que trabalhar em média 18 horas para ter um retorno financeiro justo.

João Luiz: Não tem como se fazer um transporte público de qualidade, em Belo Horizonte, que não seja o metrô. Estou falando de capacidade de transporte, não tem BRT ou sistema de Ônibus que possa transportar 3,5 milhões de pessoas e 7 milhões contando a região metropolitana. Um conurbado deste porte tem que ter um sistema de metro da ordem de pelo menos 150km. Nós temos 28km e que ainda está com problemas de operação.

Trânsito na Rua da Bahia

JC: A extensão do metro é mesmo a melhor solução?

CM: Sem levar em consideração o custo e as questões técnicas envolvidas, acredito que o metrô subterrâneo seria a melhor solução.

JE: Talvez o metro não resolva tudo, mas com certeza vai melhorar muito. Outra coisa que ajudaria seria a situação do estacionamento faixa azul. Este tipo de estacionamento acaba diminuindo a pista de rolamento. Acredito que deveria tirar estes estacionamentos e colocar em locais fechados.

JL: O projeto inicial criado quanto eu estava na presidência da CBTU era criar a linha 2 do barreiro até Santa Tereza. Ou seja, a linha 2 passaria a ser o trecho Barreiro até a Vilarinho e a linha atual operaria até a estação Santa Tereza, liberando para que ela cresça ate Betim. Além de criar também a linha 3 três  que ligaria a Pampulha até a Savassi. O projeto que está previsto agora é a criação da linha Barreiro até o Calafate e alinha Lagoinha até a Savassi com projeção de transportar 900 mil pessoas. Mas temos que ressaltar que 900 mil passageiros era a projeção em 1980 quando foi criado o projeto das três linhas do metrô, então é difícil acreditar que de para transportar este tanto de gente com apenas parte do projeto.

JC: Quanto à Mobilidade Urbana, qual será o maior desafio do próximo prefeito?

CM: Repensar a cidade após a realização de inúmeras obras que já surgem ultrapassadas e que não trarão benefícios à mobilidade urbana.

JE: O grande desafio para nós seria regularizar o transporte de taxi na cidade, o direito de trabalhar tem que ser para todos. Esperamos que o novo prefeito faça valer o que está na constituição e que cumpra as demandas do Ministério Público.

JL: De imediato, clarear o projeto do BRT. O sistema não é solução para resolver o problema do trânsito em Belo Horizonte. Este sistema não tem capacidade para o número muito elevado de passageiros. Porém curto prazo pode até funcionar, desde que fique mais estruturado e se comunique com os outros mecanismos de transporte.

Por João Vitor Fernandes

Foto: Hemerson de Morais e Heberth Zschaber

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