Sífilis congênita é caso de emergência em saúde pública

Sífilis congênita é caso de emergência em saúde pública

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Direitos autorais: Nicoleta Ifrim-Ionescu

Concentrando 30% dos casos de sífilis em Minas Gerais, Belo Horizonte se encontra em estado alarmante diante do que pode se tornar uma epidemia. A doença, que é sexualmente transmissível, teve um aumento considerável de diagnósticos e não houve prevenção ou tratamento na mesma proporção. Dados liberados pelos infectologistas do Ministério Público revelam que somente na capital mineira, o número de casos saltou para 2.800, este ano, sendo que há seis anos eram apenas 5.

Segundo o órgão, o aumento representa um crescimento de 55, 900% e os casos recorrentes são aqueles transmitidos por relação sexual, transfusão de sangue e compartilhamento de agulhas e seringas contaminadas. Mas, são os casos em que a doença é transmitida de forma congênita, ou seja, de mãe para filho via placenta, e em gestantes que mais preocupam. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, somente os casos congênitos cresceram absurdamente, enquanto que em 2010 foram 107 casos, em 2016 passaram a ser 5.245.

Como medida de prevenção, o Ministério Público assinou três pactos para erradicação da doença na última década, mas sem sucesso. Outro agravante no que diz respeito a controlar a doença, ou até mesmo erradica-la, estão as ações de prevenção, já que a número de parceiros das gestantes que tratam a doença é baixo.

O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) apresenta dados que mostram que dos 4.519 registros, apenas 1.201, ou seja, 26,57% casos de gestantes diagnosticadas com a doença tiveram parceiros que se trataram ao mesmo tempo em que elas. Para 32% a informação de tratamento conjunto não consta nas fichas de atendimento e em 41,3% não houve adesão. E as informações foram colhidas no período entre janeiro de 2015 e outubro de 2016.

Jordana Costa Lima, coordenadora de DST/Aids e Hepatites Virais da Secretária de Estado da Saúde de Minas Gerais, explica a importância da procura e aceitação do tratamento: “A sífilis é uma doença muito fácil de ser transmitida, mais até que a hepatite e o vírus HIV. Além disso, se a mulher se trata e o parceiro não, ela volta a ser reinfectada e começa um novo ciclo da doença”. Lima ressalta ainda que uma pessoa com sífilis é mais propícia a adquirir o vírus da Aids, já que um dos sintomas da doença são as feridas, o que aumenta a exposição ao HIV.

O casal se tratar em parceria implica em ter um bebê saudável.

Se o casal se tratar em parceria isso implica em ter um bebê saudável, já que quando não tratada, a doença transmitida via placenta, pode causar sérios problemas de saúde ao recém-nascido, como: pneumonia grave nos primeiros meses ou primeiros anos, microcefalia, anemia, fígado e baço aumentados. Ainda é importante ressaltar que alguns bebês que nascem com a doença não têm sintomas claros, por isso é importante que a criança faça o exame e em caso de resultado positivo, ela deve ficar internada por pelo menos 10 dias para que possa receber os medicamentos.

Prevenção

“O Estado de Minas Gerais distribui cerca de 30 milhões de preservativos por ano e intensificou o diagnóstico com a aplicação de testes rápidos”, destaca Lima que completa, “uma campanha de conscientização será iniciada pelo Ministério Público nos próximos dias, já que o sucesso do tratamento depende da fase da gestação e o estágio da infecção materna”, finalizou.

Fique atento! Abaixo os sintomas da doença em seus três graus: primário, secundário e terciário.

Quais são os sintomas da sífilis?

Os sintomas da sífilis variam conforme o estágio da doença e também de pessoa para pessoa, mas no começo podem ser bem leves e passar despercebidos. Por isso não é raro a pessoa só descobrir que tem a doença quando faz um exame.

No estágio inicial, conhecido como sífilis primária, surge uma (ou mais) ferida indolor e altamente contagiosa, com bordas elevadas, denominada cancro. A ferida pode ser arredondada, meio funda com as bordas mais altas. Ela surge no lugar em que houve a infecção (nos órgãos genitais, dentro da boca, na mão), normalmente cerca de três semanas depois do contato com a bactéria, mas às vezes antes ou depois disso — até três meses após a infecção.

Dependendo da posição do cancro, se ficar dentro da vagina ou da boca, ele acaba nem sendo notado. Esse tipo de ferida pode surgir também nos lábios vaginais, no períneo, no ânus e nos lábios. Podem aparecer ínguas (linfonodos aumentados) na área próxima ao cancro.
Sem tratamento, a ferida desaparece sozinha em até um mês e meio. O problema é que as bactérias responsáveis pela doença continuam se multiplicando no organismo, e entram na corrente sanguínea. Quando isso acontece, a doença passa para o próximo estágio, a sífilis secundária.
No estágio secundário, a sífilis pode apresentar vários sintomas, que aparecem semanas ou até meses depois do surgimento da ferida. Assim como os da sífilis primária, porém, eles podem passar despercebidos. A maioria das pessoas apresenta uma erupção de pele que não coça, principalmente na sola do pé e na palma da mão, mas às vezes em outros lugares do corpo.

Também podem surgir lesões na boca e na vagina, novas feridas indolores na área genital (que, assim como o cancro inicial, são muito contagiosas), sintomas parecidos com a gripe e queda de cabelo. Nesse estágio, a doença ainda é curável, se tratada. Sem tratamento, os sintomas costumam ir embora por conta própria em alguns meses, mas a doença permanece ativa. A bactéria continua se multiplicando nessa fase latente e pode causar problemas graves anos depois.

No chamado estágio terciário, a doença pode provocar anormalidades cardíacas, lesões nos ossos, na pele e em vários órgãos, e a pessoa pode morrer. Além disso, cerca de 20 por cento das pessoas com sífilis terciária apresentam a neurossífilis, ou seja, o sistema nervoso é afetado pela doença. Nos estágios finais, a neurossífilis pode causar convulsões, cegueira, surdez, demência, problemas na medula espinhal e a morte. A neurossífilis também pode surgir nos estágios anteriores, causando problemas como a meningite. Felizmente, a maioria das pessoas é diagnosticada antes disso e recebe o tratamento adequado para não chegar à sífilis terciária.

Fontes: Estado de Minas/ Baby Center

Por Ana Paula Tinoco

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