“Tá pela hora da morte”: publicidade e mercado funerário

“Tá pela hora da morte”: publicidade e mercado funerário

Sala aquarius, um dos locais de velório do Funeral House. Foto: Divulgação

“Tá pela hora da morte” é uma expressão utilizada quando se faz referência a um produto que aumentou de preço e está caro. Crise econômica e inflação instável estão entre os fatores que desencadeiam no encarecimento de tudo o que nos rodeia. Em um sentido mais literal ou subjetivo, pode, também, se referir ao mercado envolvido por trás do “processo morte”. Tal setor ganhou mais destaque recentemente e tem recebido mais atenção de, por exemplo, agências de publicidade que enxergam em empresas do ramo uma oportunidade rentável.

O Cemitério Jardim da Ressurreição, de Teresina, Piauí, ganhou evidência nos últimos meses por seu trabalho nas redes sociais. Por meio do Facebook, a empresa se comunica com seus clientes e possíveis clientes com piadas, trocadilhos e postagens leves. O sucesso foi instantâneo e a página do cemitério já ultrapassa nove mil curtidas.

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Em Belo Horizonte, além dos tradicionais cemitérios que já são conhecidos pela população, como o Cemitério do Bonfim e o Cemitério da Saudade, que realizam, além do enterro, cerimônias de velório, existem espaços que utilizam outras formas de se dar o último adeus. É o exemplo do Funeral House, fundado em 2011 e localizado na região central da capital mineira. Por meio de instalações sofisticadas em uma construção tombada como patrimônio histórico, oferece serviços de bar, velório on-line, entre outros, e faz parte do grupo que administra o Bosque da Esperança e o Parque Renascer. A casa tem funcionamento 24 horas e trabalha em sistema de plantão. O período do velório fica a critério da família, alguns são curtos e outros duram até dias.

Sala aquarius, um dos locais de velório do Funeral House. Foto: Divulgação
Sala aquarius, um dos locais de velório do Funeral House.
Foto: Divulgação

Augusto Bacelar, diretor de arte da Agência Tot, especializada no atendimento de casas funerárias, diz que o mercado está em expansão. Para ele, esse nicho não recebeu a atenção adequada durante muito tempo e, agora, precisa correr atrás do prejuízo. Ainda em entrevista, ressalta a importância de se cuidar da comunicação do ramo e diz que a procura por sua empresa é grande, devido à falta de um atendimento especializado por parte de outras agências.

Bacelar foi indagado sobre o que escreveria em seu epitáfio. O entrevistado, que já trabalhou como agente funerário, gostaria que a frase fosse “Valorize sua vida”. Ele precisa da morte para sobreviver.

Material produzido para a disciplina TIDIR IV do curso de Jornalismo Multimídia do Centro Universitário UNA, ICA – Instituto de Comunicação e Artes, sob orientação do professor Aurélio Silva. O trabalho interdisciplinar IV é uma publicação impressa experimental, em que os alunos produzem desde a pauta até a finalização gráfica, que tem tiragem semestral e blog complementar na web.

Por Gabriel Peixoto

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