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Carros, motos e ônibus circulam normalmente em volta da praça da Liberdade, pelos jardins casais namoram, gente comum corre, há fotógrafos atentos, estudantes passam, transeuntes passeiam acompanhados de seus cães. Frestas da luz de um sol branco, de calor fraco, penetram por entre os galhos das copas das árvores, pouco antes de se esconder por detrás duma densa nuvem cinza e, em seguida, desaparecer nas velhas construções que circundam a mesma Liberdade. Tudo estaria dentro da normalidade diversa que cabe nessa praça de traços iluministas. Tudo azul, como na música d’Os Mutantes. Mas, hoje, a alameda central abrigava uma surpresa: uma grande caixa azul escuro com os dizeres “Labirinto da Felicidade”.

Da caixa saiam sons incompreensíveis, despertando a curiosidade naqueles que estavam na fila para entrar. “Sabe o que tem lá dentro?”, se perguntam. Não há resposta. Enquanto isso a fila cresce, encabeçada por adolescentes com uniformes escolares e mochilas nas costas, senhoras, senhores, pessoas de meia idade, no final dela se concentram adolescentes com trajes típicos dos headbangers. Além dos ruídos é possível entrever a tela de uma televisão onde aparece um bebê sorrindo, vestido, também, em azul.

A publicitaria Isadora Moema sorri enquanto explica: a intervenção foi criada pela agência Lápis Raro, a caixa foi produzida pela agência Do Brasil. “Fora isso não posso revelar mais nada. No máximo, que a peça publicitaria foi feita em comemoração ao aniversário de uma empresa.”.

Quando Vânia Mendes e Rúbia Schwrtz saem da caixa já não há sol, tampouco o fraco calor. Na fria tarde de sexta-feira uma caixa azul atravessada no meio da praça da Liberdade interferiu na rotina das duas mulheres. A primeira vinha de uma aula de física quântica, a segunda acabava de assistir ao comédia francesa “A Datilógrafa”. Seguiam seus caminhos, cada uma de um lado da praça, até que, atraídas pelo “Labirinto da Felicidade” se conhecem enquanto esperam a sua vez. Rúbia Schwrtz, ainda com a pipoca na mão, conversava com Vânia Mendes. “Nos perguntamos o que era felicidade.”, conta.

A mãe de Mendes namora aos 83 anos. Schwrtz tem uma tia de 83 anos, morando com ela, que faz faculdade na Fumec. Na fila, as mulheres de meia idade se vêem cercadas de entusiasmados adolescentes. Isso é também motivo de reflexão para elas. “Idosos e adolescentes parecem estar felizes, e nós, onde encontramos a felicidade nessa correria?”, questiona Vânia.

Elas tem ainda mais em comum, são artistas: Rúbia é arquiteta e decoradora, Vânia é regente da orquestra Jovem Sol das Gerais – grupo formado exclusivamente por mulheres. Quando entraram na caixa se disseram surpresas ao se deparar com muitas de suas precoces reflexões. “É mais óbvio do que imaginamos”, se espanta Mendes. Sobre o que há na caixa não revelam muito: “Risadas de neném, paisagens, é muito íntimo, são coisas”, reflete a regente que conta ter assinado um acordo para não falar o que viu no Labirinto. Ao fim, recomenda: “Vale a pena entrar para saber o que tem lá dentro.”.

 

Por Alex Bessas

Foto por João Alves