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Agronomia

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Por Keven Souza

Abordando o tema “Quais são as possíveis alternativas de compostos promotores de crescimento e metabólitos no desenvolvimento cafeeiro?”, aconteceu no mês de junho deste ano a 3ª edição do Desafio Work&Play Satis. A competição de caráter nacional é promovida pela empresa mineira, Satis, especializada em produtos de nutrição orgânica, direcionada aos universitários dos cursos de Agronomia e Engenharia Agronômica com objetivo de estimulá-los a desenvolverem projetos de gestão nutricional de plantas e criarem suas próprias competências, além de habilidades, a partir da proposta.

Ao final do concurso houveram dez classificados. Entre eles estava a aluna do nono período do curso de Agronomia da Una Pouso Alegre, Amanda Martins Lima, 24 anos, que superou outros 264 trabalhos inscritos nesta edição e se consagrou em primeiro lugar como a campeã do desafio deste ano, se tornando a primeira mulher a conquistar este feito. 

Em conversa com o Jornal Contramão, Amanda explicou como foi participar do desafio e as dificuldades durante este processo. Também abordou detalhes acerca do seu projeto que lhe garantiu ser classificada como vencedora. Confira a entrevista!

Amanda, desde o início da graduação você imaginava participar de competições relacionadas à agropecuária ou essa projeção veio somente por agora?

A minha carreira e o início da realização de um grande sonho começaram no segundo semestre de 2017, quando a Una Pouso Alegre trouxe o curso de Agronomia para minha cidade. Faço parte da primeira turma de alunos deste curso e desde quando entrei, a faculdade tem motivado os alunos a participarem de concursos e desafios, e comigo não seria diferente. Então com todo o incentivo e apoio que recebia, e ainda recebo, da instituição, conseguia, sim, me imaginar participando de competições relacionadas à agropecuária. 

Essa é a primeira vez que você ganha uma competição? Como se sentiu em relação a isto? 

Sim! É a primeira vez que ganho uma competição a nível nacional. No ano de 2019, foi realizado pela Una Pouso Alegre, o Expolnova, um evento que cheguei também a conquistar o pódio, em segundo lugar, como melhor projeto inovador desenvolvido no campus. No entanto, costumo dizer que ganhar a premiação de 1º Lugar  do Desafio Work&Play Satis me fez adquirir mais maturidade e confiança em mim mesma, hoje, carrego comigo uma bagagem de conhecimentos imprescindíveis e a certeza é de que posso ir muito além do que posso imaginar. Uma sensação incrível! 

O que levou você a participar do Desafio Work&Play Satis e qual seria o diferencial do seu projeto que te tornou vencedora?

Um dos maiores motivos foi o desejo de conquistar a vaga de estágio na empresa, já que foi ofertado para os dois primeiros ganhadores do desafio e sem dúvidas foi uma motivação para que eu pudesse me dedicar ainda mais e estudar no projeto. Hoje sou estagiária no campo de pesquisa da Satis e essa oportunidade está agregando no meu crescimento profissional. 

Em relação ao projeto, vejo a minha proposta de solução como algo inovador para a cultura do cafeeiro, onde venho propor o uso da inoculação da Bacillus aryabhattai neste cultivo. O uso dessa bactéria já é utilizado em algumas culturas, como o feijão-caupi, mandioca, soja, milho, algodão e cana-de-açúcar. Com base na literatura Bacillus aryabhattai, ela é ativada através de diversas ações metabólicas e consegue promover o crescimento acelerado da planta. Tendo em vista que os microrganismos endofíticos, como a Bacillus aryabhattai, vem se  tornando uma estratégia inovadora para atender às demandas globais por alimentos sustentáveis, o uso da inoculação da bactéria, agrega em vários benefícios, como ajudar na relação hospedeiro vegetal-microrganismo e no controle de pragas e fitopatógenos. 

Pesquisas mais recentes apontam que estes microrganismos podem produzir metabólitos secundários com potencial de aplicação farmacêutica (como antibióticos), como a promoção de crescimento vegetal, o aumento da absorção de nutrientes no solo, os vetores para a introdução de genes em plantas hospedeiras, a fixação biológica de nitrogênio e a potencialização para obter produtos biológicos que podem evitar ou reduzir o uso de agroquímicos. 

E para que acreditassem que a minha solução fosse realmente eficaz, utilizei de metodologias, como google acadêmico, a fim de buscar estudos recentes sobre o uso da inoculação de Bacillus aryabhattai em outras culturas. De modo que, a utilização deste produto não só seja uma inovação para o cafeeiro, mas também venha ser testada devido ao seu grande potencial. De modo geral é um projeto desafiador e muito necessário. 

Durante o processo de desenvolvê-lo, houveram desafios e percalços para conciliá-lo com a faculdade e vida pessoal? Você sentiu medo ou insegurança de não dar conta?

Dediquei todo o tempo que tinha ao projeto, estudei e li muito artigo para formular a melhor proposta. Na minha visão, consegui administrá-lo muito bem com a faculdade e vida pessoal. Houve momentos que senti insegurança, mas não por não acreditar no meu potencial e sim, por ser um desafio muito competitivo. Acredito que esse foi um dos pontos que fez com que eu me dedicasse afincadamente aos estudos para conseguir desenvolver a melhor proposta possível. 

Você teve apoio de seus familiares e amigos? 

Tive muito suporte. Principalmente dos meus familiares que sempre me apoiaram e continuam a acreditar e me apoiar no meu potencial até hoje. Sou imensamente grata a eles por estarem ao meu lado sempre, porque este apoio me fez conquistar mais força para me dedicar e conquistar o primeiro lugar do desafio Work&Play Satis. Quando souberam do resultado final se sentiram honrados em ver que todo esforço que tiveram por mim valeu muito a pena e o sentimento que possa a vir a sintetizar tudo isso é o de orgulho. Orgulho em me ver conquistando uma premiação que agrega em toda minha carreira profissional. 

Na sua visão, ter conquistado o primeiro lugar no desafio, seria de grande valia para a Una? 

A Una de Pouso Alegre recebeu um troféu de recordação dessa premiação, tenho certeza que ser a única do curso de Agronomia a participar do desafio e ter conquistado o 1º lugar, criou uma visibilidade muito grande para ambos. Meus professores e a própria coordenadora se sentiram muito honrados e orgulhosos da minha conquista.

Você vê a Una como uma instituição que incentiva seus alunos nesse tipo de projeto?

Com certeza! Como disse, tive muito apoio e incentivo da faculdade, e também do meu professor Dr. Wantuir Chagas que estava me orientando desde o início de todo o projeto, até o final do desafio. 

Qual a importância de estar numa instituição que busca se relacionar com o mercado? 

Uma importância muito grande para assegurar, nós alunos, de que há um grande empenho por parte da instituição para termos o devido apoio em relação ao mercado de trabalho e seus diversos âmbitos.

A Agronomia é um campo da Gestão Ambiental, constituído, majoritariamente, por homens. Como você enxerga esse paradigma, pensando na sua vitória no concurso? Seria importante essa “representatividade” feminina na agropecuária?  

Acredito que essa vitória veio para mostrar que o agronegócio também é para as mulheres e que o nosso lugar é onde nós quisermos, inclusive na Agronomia. Espero que essa conquista na minha carreira possa servir de inspiração para aquelas que querem seguir a carreira do agronegócio, mas por algum motivo colocam limites em seus sonhos. Digo e repito: assim como eu não coloquei empecilhos no meu sonho, não coloquem no seus! Acreditem em vocês, porque se vocês sonham, no final das contas são capazes de fazer acontecer. Não deixem nada e ninguém dizer ao contrário. Somos uma grande representatividade feminina dentro do agronegócio, podem apostar. 

O que você acha do mercado do agronegócio? Estaria ele mais aberto para pessoas dedicadas e comprometidas, levando mais em consideração a capacidade do indivíduo independe do sexo do profissional?

Total! O mercado de trabalho prefere pessoas com espíritos competitivos e desafiadores independente do sexo profissional, e são profissionais assim que fazem empresas crescerem. 

Amanda, a partir de agora virão outros desafios e novas conquistas?

Com certeza sim! Sempre estarei a buscar novos desafios para alcançar grandes vitórias. Vitórias estas que me fazem crescer profissionalmente e aguça meu lado pessoal. 

O que a Amanda de agora, a que venceu o desafio, diria para a Amanda de antes, aquela que fez a inscrição para participar da competição? 

Digo que sou capaz de conquistar qualquer coisa, que carrego comigo um orgulho enorme de mim mesma, da mulher do agronegócio que estou me tornando e ainda mais da responsabilidade de ser representante de inúmeras mulheres nessa áreas que escolhi atuar. A agronomia é muito mais do que se pode a vir a pensar, conquistar o primeiro lugar do Work&Play Satis me fez ter a certeza de que posso conquistar tudo que desejo, basta sempre acreditar em mim mesma e me esforçar que a recompensa sempre virá.