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Aleijadinho

Por Bianca Morais

Restauração é o ato de restaurar, consertar algo desgastado, ou seja, recuperar aquele objeto, na maioria das vezes, uma obra de arte, dando seu brilho de volta sem perder a essência. O restauro se sustenta em um conjunto de procedimentos técnicos de intervenção, realizados na arte para recuperar sua integridade, uma restauração não pinta por cima da arte original, e sim se alia a ciência para reintegrar as cores da pintura. 

A restauração não é focada em criar uma nova obra, mas recuperá-la para mostrar como ela era no  olhar inicial do artista. É pensando nisso que o Circuito Cultural da Praça da Liberdade, constantemente proporciona essa experiência aos seus visitantes.

A Casa Fiat de Cultura

Em comemoração aos seus 15 anos, a Casa Fiat de Cultura oferece uma proposta muito interessante ao seu público, nomeada “Aleijadinho, a arte revelada o legado de um restauro”, o projeto leva seus visitantes a conhecerem o cuidadoso restauro de três obras do artista, sendo elas: São Manuel, São Joaquim e Sant’ana Mestra.

Até o dia 30 de novembro serão realizados os restauros das imagens de São Manuel e São Joaquim e no dia 2 de dezembro inaugurada a mostra delas, a de Sant’ana continuará em processo de restauro, ao vivo, para o público.

As obras foram trazidas de igrejas mineiras e depois das exposições serão devolvidas restauradas às suas comunidades de origem, valorizando então esse patrimônio artístico tão importante. 

“Desenvolvemos uma iniciativa inovadora ao possibilitar ao público o acesso a um processo de restauro de obras cujo estado de conservação se encontravam em diferentes estágios. Foram escolhidas obras que precisavam de intervenções em níveis diferentes mas com o mesmo objetivo: a valorização do patrimônio cultural, o aspecto educativo que estamos desenvolvendo em torno do projeto e a importância do legado do restauro para as futuras gerações”.

A restauração das três obras de Aleijadinho está sendo feita pelo Grupo Oficina de Restauro, com o acompanhamento técnico do IPHAN. A dinâmica a ser desenvolvida na Casa Fiat de Cultura permitirá a aproximação entre os visitantes e os restauradores, que poderão acompanhar todo o passo a passo e conhecer os bastidores de um restauro, seja por meio de visitas presenciais agendadas, seja através das vitrines do espaço ou, ainda, pela programação virtual, que inclui a websérie “Aleijadinho, arte revelada: o legado de um restauro na Casa Fiat de Cultura”

Além do restauro de Aleijadinho, a Casa Fiat tem o painel “Civilização Mineira”, de Candido Portinari. Após a execução de 16 etapas de trabalho e mais de 500 horas de pesquisa e minuciosa intervenção, a Casa Fiat de Cultura restaurou o painel “Civilização Mineira”, de Candido Portinari,  em 2013, garantindo a salvaguarda desta obra de inominável valor simbólico e material para a cultura nacional  e, sobretudo, mineira. 

Centro de Memória do Centro Cultural Unimed-BH Minas

Outros espaços do Circuito também já realizaram restaurações, um exemplo é o Centro de Memória. 80% das intervenções realizadas pelo Centro de Memória são de Conservação. Ou seja, tratamento (higienização e acondicionamento) do bem cultural – Acervo de Objetos / Premiações (troféus, taças, medalhas, troféus); Mobiliário, Indumentária Esportiva; Acervo Fotográfico e Acervo Arquivístico. 

Os outros 20% das intervenções são de Restauração. São episódicas e muito importantes pela diversidade e relevância dos acervos que são recuperados.  Os serviços são terceirizados. 

Exemplos de trabalhos de Restauração realizados:

 – Conjunto de 12 negativos de vidro 18 x 24, restaurados em novembro de 2011. Trabalho realizado por Pedro Brito Soares, Flávio de Paula, Leandro Araújo Nunes.

– Cadeira geminada que pertenceu ao antigo Ginásio do MTC. Trabalho realizado em 2018 por Thais Cristina Coelho Carvalho Caixeta.

– Sede Social rua da Bahia (edificação tombada pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte /CDPCBH). Restauração realizada em 2016.

– Conjunto de 100 cadeiras pertencentes ao Restaurante do Minas, tombado  pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de BH.  Trabalho realizado em 2019, por Paulo Henrique Maciel Senra. Restaurar – Conservação e Restauração de Móveis / [email protected]

– Troféus, com partes soltas e faltantes que exigiram soldagem. 2021.  Elizabeth Alves Kiefer

– Fotografias avulsas e álbuns de fotografia, desde 2014. Blanche Porto de Matos

– Premiação Vôlei Feminino. Campeonato Mundial de Vôlei. Premiação em porcelana procedente da China / conjunto de chá. Trabalho realizado em janeiro de 2019 por Iara Restaurações  / Júlio ( especializado em recuperação de objetos de porcelana).

– Pintura a óleo sobre tela com desprendimento de policromia. Trabalho realizado em 2019, Elizabeth Alves Kiefer.

Circuito Liberdade

O Circuito Liberdade é um complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. Trabalhando em rede, as atividades dos equipamentos parceiros ao Circuito buscam desenvolvimento humano, cultural, turístico, social e econômico, com foco na economia criativa como mecanismo de geração de emprego e renda, além da democratização e ampliação do acesso da população às atividades propostas.

 

A 37ª Semana Aleijadinho chega ao Circuito Cultural Praça da Liberdade neste sábado, 01. A exposição é um tributo de Carlos Bracher em homenagem especial ao artista e aos 200 anos de sua morte. De 1º a 23 de novembro as telas vão estar no MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal, na Praça da Liberdade, s/n, Prédio Rosa, na região centro-sul de Belo Horizonte.

A exposição Aleijadinho 200 Anos: Tributo de Bracher é composta por 80 telas que estão dividas entre as cidades de Belo Horizonte, Ouro Preto e Congonhas. As obras foram concebidas por Carlos Bracher especialmente para o evento e inspiradas nas obras do artista mineiro que se tornou ícone do barroco brasileiro.

A Semana do Aleijadinho é uma iniciativa da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Ouro Preto e tem como finalidade preservar a memória artística, cultural e histórica do estado de Minas Gerais, além de valorizar artistas contemporâneos.

O historiador contemporâneo Felipe Oliveira, 30, formado em história pela Universidade Federal de Viçosa ressalta a importância de eventos como esse para uma aproximação do passado e do presente de uma forma simples e para todos os públicos.

Aleijadinho

Nascido na antiga Vila Rica, atual Ouro Preto, sem um registro certo da data de nascimento. Filho do mestre de obras e arquiteto português Manuel Francisco Lisboa e de sua escrava Isabel. Antônio Francisco Lisboa desde a infância demonstrava habilidade para arte. Por volta dos 40 anos de idade, Antônio foi vítima de uma doença que, não se tem certeza qual, deformou seu corpo e prejudicou suas articulações. Graças a isso ganhou o apelido de Aleijadinho. Especula-se que ele tenha sido vítima da hanseníase.

Nas suas intervenções artísticas, Antônio Francisco Lisboa usou diversos materiais, os mais comuns sendo madeira e pedra-sabão. Suas obras se concentram na região de Outro Preto, São João Del Rei e Tiradentes. Seus trabalhos artísticos misturam alguns estilos do barroco (como rococó e gótico), sendo no Brasil um dos principais artistas do estilo. O escultor morreu na mesma cidade em que nasceu em 18 de novembro de 1814.  “Este evento pode trazer uma proximidade da cultura que era produzida na época e também uma intimidade maior com este artista que encantou a sociedade brasileira do século XVIII e que ainda se faz presente nos nossos dias”, explica Oliveira.

Carlos Bracher

Pintor, desenhista, escultor e gravador, nascido em Juiz de Fora. Frequentou a Sociedade de Belas Artes Antônio Parreiras, em sua cidade natal. Foi aluno de Fayga Ostrower na UFMG. Estudou mosaíco e mural com Inimá de Paula na Escola Municipal de Belas Artes. Ganhou o prêmio viagem ao exterior do Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro em 1967. Em 1989, foi realizada a exposição retrospectiva de seus 30 anos de trabalho, intitulada Pintura Sempre, em Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Curitiba. No ano seguinte, pintou uma série de quadros em homenagem ao centenário da morte do pintor holandês Vincent van Gogh, que foi exposta em várias galerias e museus do Brasil e exterior.

Barroco

Um dos movimentos artísticos mais complexos, o Barroco surgiu na Europa por volta do século XVI e durou até o século XVIII, período onde se tem o absolutismo dos reis e a influência iluminista nas ideias de vários pensadores. Além disso, o período é caracterizado pelo confronto de pensamentos opostos. “O Barroco vem com a arte que confronta duas ideias: o teocentrismo e o antropocentrismo“, explica Felipe Oliveira.

O movimento é marcado pela dramaticidade, o realismo, o dinamismo e o contraste forte. No Brasil, o Barroco ocorreu durante os séculos XVII e XVII, a partir do ciclo do ouro. O movimento envolveu todas as atividades culturais e foi o primeiro a criar expressões tipicamente brasileiras. O uso de contraste claro-escuro e maior variedade de texturas deram uma característica única para as obras da época expressando emoções da vida e do ser humano.

No Brasil temos destaque para nomes como Aleijadinho, com suas esculturas, e Gregório de Matos Guerra (1633-1696) na literatura, que ficou conhecido como Boca do Inferno por sua poesia satírica que condenava os alicerces da sociedade baiana da época. No cenário internacional surgem outros nomes de grande importância também. “Entre os artistas, podemos citar Michelangelo Merisi da Caravaggio, Annibale Caracci o os belgas Van Dyck e Frans Hals”, acrescenta Oliveira.

Agenda

37ª Semana do Aleijadinho – Exposição Aleijadinho 200 Anos: Tributo de Bracher, com obras de Carlos Bracher

  • Período: 1º a 23 de novembro de 2014
  • Local: Praça de Convivência – MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal
  • Horário: Terça a domingo, das 12h às 18h (quinta, das 12h às 22h)
  • Entrada franca

Toda Quinta e Muito Mais… – palestra Aleijadinho arquiteto, com André D’Angelo

  • Data: 6 de novembro de 2014, quinta-feira
  • Local: Auditório Bateia – MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal
  • Horário: 19h30
  • Entrada franca

37ª Semana do Aleijadinho – Seminário com palestras, performance artística, exibição de documentário e lançamento de livro sobre o projeto com Carlos Bracher

  • Data: 22 de novembro de 2014, sábado
  • Local: Auditório Bateia – MM Gerdau – Museu das Minas e do Metal
  • Horário: 14h às 18h
  • Inscrições gratuitas pelo e-mail: [email protected].

 

Texto: Umberto Nunes

Foto: Paixão de Cristo por Carlos Bracher. Foto de divulgação.

O Abril Poético é um salão nacional de poesia e uma celebração artístico-cultural e que busca mostrar a história de Minas Gerais através das poesias. Neste ano, a temática é sobre o mestre do barroco mineiro Aleijadinho e suas obras. O projeto tem a sua abertura na capital mineira nesta quarta-feira, dia 2, e tem encerramento marcado para o o dia 30 de abril, no município de Congonhas.

Promovido pela ONG Liga Ecológica Santa Matilde (LESMA) e parceiros, o Abril Poético percorre o Circuito dos Minérios, na Região Central e o Circuito das Águas, no Sul de Minas, levando para essas regiões uma programação diversificada com lançamentos de livros, sarau de poesias, oficinas sobre a educação patrimonial e palestras sobre o mestre Aleijadinho e sustentabilidade.

Pensando em promover uma ligação entre meio ambiente, cultura e educação, a iniciativa pretende ocupar bibliotecas, universidades, escolas e espaços públicos. O projeto não tem apoio de leis de incentivo a cultura e só consegue se desenvolver com o ajuda de parceiros e algumas entidades que os municípios participantes possuem.

Em sua 10ª edição, o Abril Poético já percorre 12 cidades do interior de Minas Gerais. O curador do programa, Osmir Camilo, se mostra bem empolgado ao trazer o projeto pelo terceiro ano consecutivo na capital mineira. “A poesia tá muito viva, então, nosso projeto desenvolve pela abertura que ele tem de misturar com as outras artes e por irmos muito em escolas, se torna muito didático”, explica.

As cidades que integram o circuito do Abril Poético são: Belo Horizonte (abertura), Ouro Preto, Conselheiro Lafaiete, Cristiano Otoni, Caranaíba, Capela Nova, Rio Espera, Cambuquira, Três Corações, Campanha, São João del Rei, encerrando em Congonhas.

Os interessados em participar das oficinas podem entrar em contato através do email [email protected]

Maiores informações: https://www.grupolesma.blogspot.com.br

Por: Lívia Tostes e Luna Pontone
Foto: Lívia Tostes

No dia 28 de novembro será realizada uma solenidade em função da aprovação da lei nº 3.396/12 de autoria do presidente da Assembléia, o deputado Dinis Pinheiro (PSDB), que institui 18 de novembro como o dia do Barroco Mineiro. A cerimônia marca ainda o início das comemorações do bicentenário da morte de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, maior expoente da arte barroca em Minas.

A data tem importância significativa para a história de Minas Gerais e se faz uma forma de reconhecer o valor das obras do mestre Aleijadinho, já que o cuidado com algumas dessas obras tem deixado um pouco a desejar. “Se fizermos uma pesquisa, veremos o enorme descaso com o nosso patrimônio histórico. Igrejas são facilmente devastadas por incêndios sem que haja qualquer planejamento que impeça tais desastres.”, denuncia o Mestre em Patrimônio Histórico pela Escola de Arquitetura da UFMG, Luiz Alberto Sales Vieira.

De acordo com Vieira, não são somente as igrejas que sofrem com descaso por parte dos órgãos que gerenciam o patrimônio histórico, “Casarões seculares sendo completamente descaracterizados após serem entregues aos cuidados da iniciativa privada.”, declara Alberto que fala também sobre a dificuldade de se conseguir recursos para a manutenção dessas obras, “O próprio IPHAN, recentemente, entrou em choque com o governo federal por não ter recebido recursos do PAC das Cidades Históricas.”, denuncia. “É preciso investir na conscientização da população para que o patrimônio histórico seja conservado, caso contrário leis como essas não servirão de nada”, alerta Vieira.

Por Hemerson Morais e Ana Carolina Vitorino

Foto: Internet