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Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil

Por Thiago Guimarães Valu

Não é difícil ao andar pelas ruas, vez ou outra, a gente se deparar com pessoas muito jovens, acima do peso. Eu mesmo, durante parte da minha infância, toda adolescência e grande parte da vida adulta, estive nessa situação. Hoje, não posso me declarar como uma pessoa de biótipo exemplar, mas sou alguém que pratica exercícios físicos e segue uma boa alimentação.

Vivemos em um tempo, onde a comida é de rápido preparo, farta e nada nutritiva. São inúmeras as opções dos chamados fast foods, onde o universo de gorduras trans e açúcares, são quase ilimitados. Mas vamos tentar ir um pouco mais além, do que a visão nos sugere. Onde realmente começam os problemas, para uma juventude obesa?

Um tempo de mudanças

A puberdade é um período de muitas mudanças, os hormônios estão agindo para a transformação de crianças em jovens adultos, e isso agrega uma série de processos no organismo. Agora muitas vezes, é proveniente de algo mesmo antes do período da adolescência, sendo assim ela é multi fatorial, desde questões genéticas e estresse na gestação, até questões de mudanças alimentares e do meio ambiente de uma forma geral. Tudo isso, acaba por propiciar o aumento de peso.

Reconhecendo o problema

Algo importante para se resolver qualquer situação, é de forma primária, entender e enxergar que é necessária uma ajuda. Muitos pais, infelizmente não estão prontos para conduzir um jovem com esse tipo de problema, então como podemos cobrar que ele encontre os meios para sair dessa realidade? É preciso que os hábitos alimentares saudáveis, além de serem ensinados desde “o berço”, tenham uma extensão ao longo da vida. Talvez uma criança que não teve acesso ou educação sobre a importância de alimentos saudáveis, pode vir a tomar ciência disso em seu aprendizado escolar ou em campanhas fortes do governo na televisão, coisas que são historicamente defasadas em nosso país.

Quebrando o ciclo

De acordo com a Dra. Maria Flávia Gatti, médica endocrinologista em Belo Horizonte, umas das formas de se mudar esse caminho, passa pelas mudanças mental e corporal.

“Este aumento da obesidade na adolescência, é decorrente da mudança dos hábitos aliados ao consumo de alimentos processados além do sedentarismo. Infelizmente além da pandemia atual do COVID-19, nos encontramos também em meio a uma situação de pandemia da obesidade. Situações que já seriam mais difíceis em tempos comuns de serem contornadas, se agravam ainda mais em meio a esse cenário” afirma a médica.

É importante ressaltar, que a tendência de um adolescente obeso se tornar um adulto obeso, é grande. E o com isso, na fase adulta, aumenta-se o risco de desenvolver doenças como, diabetes, hipertensão  e cardiovascular.

O que pode mudar esse quadro?

De fato é preciso que desde os primeiros anos de vida, os bons hábitos alimentares sejam incluídos na vida da criança. Como vimos acima também nessa mesma reportagem, na palavra da Dra. Maria Flávia Gatti, fatores emocionais desde a gestação de uma criança, podem comprometer o seu comportamento alimentar no futuro. Novamente ela fala conosco a respeito de um possível caminho melhor para o futuro.

“É preciso uma atenção especial para as classes sociais mais baixas, a escola pode exercer um papel muito importante nesse sentido de conscientização alimentar. Através de campanhas e da própria merenda sempre nutritiva e saudável oferecida para os alunos. O estímulo a atividade física, também é parte fundamental para a mudança, as crianças estão muito sedentárias ao passar dos anos. E é claro, é preciso que o acesso ao alimento saudável,  seja melhor para toda  população.” Afirma a Dra. Maria Flávia Gatti.

É neste caminho  e com várias ações ainda que isoladas, é que podemos nos próximos anos, mudar hoje a realidade preocupante com relação a obesidade entre os adolescentes. Se faz preciso, de uma vez por todas, que isso seja tratado como aquilo que verdadeiramente o é, uma doença.

 

Edição: Daniela Reis

Revisão: Bianca Morais e Keven Souza

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Por Bianca Morais

Há mais de um ano, o Coronavírus chegou ao Brasil e mudou completamente a rotina de milhões de pessoas. O isolamento social foi uma das primeiras medidas tomadas a fim de evitar a transmissão do vírus. Escolas e faculdades fecharam, empresas de serviços não essenciais passaram a adotar o home office como medida de manter os funcionários em casa e não os expor aos riscos. 

As relações passaram a ser online, a solidão tomou conta de muitos que moram sozinhos e o estresse daqueles que dividem a casa com seus familiares. As condições do trabalho remoto, a falta de limites entre profissional, vida pessoal e atividades domésticas somadas a uma maior carga horária e pressões diárias despertaram nos brasileiros, além de todos esses sentimentos, um quadro de ansiedade e depressão.

A covid-19 não contamina apenas os pulmões, mas também a saúde mental. No ano passado, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) realizou uma pesquisa que mostrou que 80% da população brasileira se tornou mais ansiosa durante a pandemia. A ansiedade é algo comum entre todas as pessoas, ela funciona como um aviso de perigo e faz com que o corpo do sujeito se prepare para enfrentá-lo, no entanto, ela passa a ser um problema quando atrapalha o dia-a-dia de alguém e cria um sofrimento daí a necessidade de procurar ajuda de especialistas.

O Brasil sempre ocupou um lugar de destaque em relação ao número de indivíduos com ansiedade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) 9,3% dos brasileiros apresentam algum transtorno de ansiedade, e com a pandemia esses números só crescem. O momento de incertezas e a constante angústia afeta diretamente o psicológico aumentando as crises.

Um dos mais relevantes sintomas de uma crise de ansiedade é também um dos mais conhecidos da covid, a falta de ar, por isso, principalmente no começo, a população se assustou muito. Além disso, essa inquietação também é responsável por dores de cabeça, tensão muscular, palpitações, suor excessivo, tontura, ondas de frio e calor, vontade de urinar constante, entre outras. 

A verdade é que esses sintomas são parecidos com os de várias outras doenças, desta forma ela se torna um tormento diário, afinal as pessoas evitam ao máximo ir a consultas médicas e hospitais, por medo de pegar a covid, preferem ficar em casa e sentir essa angústia que poderia ser facilmente resolvida de outras formas. 

A ansiedade está diretamente ligada a problemas da vida do indivíduo e muitos desses foram criados pela pandemia, as incertezas sobre o futuro, o medo de contrair a doença e passar a algum familiar, a falta de contato físico, tudo isso provoca diversas reações, como tristeza, cansaço, insônia, irritabilidade, aumento de peso, sistema imunológico fraco, alteração do sistema gastrointestinal, enfim, a doença é desencadeadora de muitas situações ruins.

Um fator relevante que espalhou o afligimento pelo país durante a pandemia foi a atual situação socioeconômica. Muitos empresários foram à falência por não poderem abrir seus estabelecimentos, milhares de trabalhadores perderam seus empregos. A população em geral passa por dificuldades financeiras e esse é um importante ponto que se torna gatilho a favor desse tormento. A incerteza do cidadão se terá ou não dinheiro para arcar com as contas do mês cria nele não apenas a ansiedade como até a depressão.

Nesse mês de março, o Brasil bateu recorde em mortes por conta da covid-19 e está no pico da doença. Minas está na fase roxa, ninguém pode sair de casa, temos toque de recolher e a aflição só aumenta. O mais indicado nessa situação é manter a calma, procurar ajuda com psicólogos, psiquiatras, terapeutas, profissionais da saúde mental. Outras maneiras, também, podem ajudar a enganar essa agonia e uma delas é a alimentação. 

A nutrição e a saúde mental

Uma boa alimentação em si já ajuda e muito na melhora da qualidade de vida. Entretanto, pesquisas recentes mostram que determinados alimentos podem ajudar a combater os indícios da ansiedade. Nutrientes ricos em vitaminas e aminoácidos têm a capacidade de melhorar o humor, tranquilizar e trazer mais disposição.

Quem tem uma alimentação que inclui muitas comidas calóricas, consequentemente, tem uma deficiência de nutrientes considerados bons ao funcionamento do corpo e principalmente do cérebro, como vitaminas, minerais, aminoácidos e ácidos graxos essenciais. Para um bom funcionamento do cérebro do ser humano, é preciso a energia que os alimentos nos proporcionam, estes últimos, são muito significativos porque têm efeitos antioxidantes, antinflamatórios e neuroprotetores que ajudam a combater sintomas do estresse.

Em 2015, um trabalho publicado na BMC Medicine, apresentou uma pesquisa feita por alguns cientistas que observaram que uma ingestão menor de alimentos com poucos nutrientes e uma maior quantidade de comidas pouco saudáveis se associa a um menor volume do hipocampo esquerdo. 

A psiquiatria nutricional é um novo plano de estudo relacionado a transtornos mentais, anormalidades metabólicas e doenças crônicas. As pesquisas são atuais e, tudo é muito novo, existe uma base sólida de evidências que afirmam que a qualidade da dieta dos indivíduos está relacionada ao risco de transtorno mentais comuns, e ainda há muito o que descobrir. A área vem crescendo e em alguns anos  poderemos identificar descobertas muito importantes nesse campo da ciência.

Estudos iniciais mostram uma relação entre a ansiedade e o consumo excessivo de alimentos com cafeína, açúcar e bebidas alcoólicas, a má hidratação e o hábito de fumar também estão relacionados. Em contrapartida, comidas que estimulam a produção de neurotransmissores tais quais a serotonina e melatonina, substâncias que ajudam no bom humor e qualidade de sono, são sempre super bem vindos. 

Boa alimentação contra a ansiedade

Alimentos não são remédios, mas muitos deles podem ajudar a controlar o início dessa aflição que tanto tem tomado conta da rotina das pessoas. 

Denise Alves Perez é nutricionista e professora do Centro Universitário Una. A especialista ajudou a elaborar algumas dicas de alimentos que podem diminuir os níveis de ansiedade em um momento tão delicado. Confira abaixo.

Dica 1 – Coma alimentos fonte de triptofano. O triptofano é um aminoácido que participa da formação da serotonina, um neurotransmissor que está associado a sensação de bem estar, e podendo assim, reduzir sua ansiedade. Aqui vão alguns desses alimentos: Ovos, leite, carne, soja, cereais, brócolis, couve-flor, berinjela, tomate, kiwi, ameixa, banana, nozes, peixes, frutos do mar e cacau.

Dica 2- Alimentos ricos em gorduras boas, vitamina C e Vitamina E, têm demonstrado serem excelentes aliados para combater os males da ansiedade em excesso. Alguns estudos mostram que o estresse causado por essa angústia resulta em uma maior liberação de radicais livres que podem prejudicar o funcionamento do nosso corpo! Então abuse dos alimentos a seguir: peixes, linhaça, chia, castanhas, nozes, laranja, goiaba, limão, acerola, vegetais verdes escuros.

Dica 3- Alimentos ricos em vitamina do complexo B também são excelentes para auxiliar e combater a ansiedade! As vitaminas B6, B9 (folato) e B12 auxiliam na formação da serotonina, que nem dito acima, um neurotransmissor que está associado a sensação de bem estar. Podemos encontrar essas vitaminas nos seguintes alimentos: feijão, vegetais de folhas verdes (espinafre, aspargo, brócolis, couve), abóbora, batata inglesa, cenoura, carne vermelha, carne de porco, abacate, laranja, maçã, milho, ovo, queijo e leite.

Além da alimentação, a prática de atividades físicas também são muito importantes, afinal para uma boa qualidade de vida é necessário corpo e mente saudáveis. 

E lembre-se, essa é uma fase passageira, mesmo distantes um do outro, ninguém está sozinho, é momento de empatia e acolhimento. A qualquer aparecimento de indícios de depressão ou ansiedade procure ajuda de um profissional da saúde. Ocupe sua mente, alimente-se bem e hidrate-se.

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*Por Bianca Morais

A Clínica Integrada de Atenção à Saúde oferece gratutamente encontros semanais em grupo voltados para condições médicas como: obesidade e sobrepeso, diabetes e hipertensão. Os encontros sãoonlines pelo google meets, sempre às quartas- feiras, 11 horas.

O atendimento é realizado pelos estagiários do curso de Nutrição do Centro Universitário Una, uma prática regulamentada pelo CFN (Conselho Federal de Nutrição). Os estudantes preparam as orientações com antecedência sob a supervisão de um profissional responsável. 

Os grupos operativos funcionam desde 2018 e pela primeira vez acontece online. A dinâmica em grupo permite às pessoas mais liberdade para falar, contar suas experiências, o que funcionou e o que não deu certo, é um verdadeiro bate papo, com linguagem bem simples para que todos possam tirar suas dúvidas. Para aqueles, no entanto, que não se sentem à vontade, também existe a possibilidade do agendamento individual.

Para as nutricionistas Izabela Broom e Junia Drews, responsáveis pela iniciativa, movimentos como esses são de grande importância para quem tem a doença ou a predisposição. De acordo com elas, o indivíduo precisa entender sua condição para que possa se adaptar no dia a dia, evitando dietas que estão na moda e muitas vezes são restritivas e acabam por gerar mais compulsão e problemas de saúde. Quando a pessoa entende sua condição, ela se empodera para fazer melhores escolhas e ter maior adesão ao tratamento.

As inscrições para os grupos estão disponíveis no link

 

*Edição: Daniela Reis

 

 

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Nutricionista e Preparador Físico falam sobre cuidados para manter o corpo saudável 

Por: Amanda Gouvêa e Camila Toledo

A pandemia global do novo coronavírus, fez com que várias pessoas trocassem a sua rotina normal de trabalho pelo “home office” (teletrabalho) e pelo ensino remoto, no caso das universidades. Além disso, essas mudanças também afetaram as formas de lazer e de se exercitar, impactando diretamente na saúde física e emocional de diversas pessoas pelo país.

Muitos estabelecimentos comerciais (bares, restaurantes, academias e afins), estão com funcionamento reduzidos ou fechados, com isso, as pessoas cada vez estão a procura para alternativas de consumo, o que contribuiu significamente para o aumento de pedidos de delivery e, consequentemente, o sedentarismo.

Com o intuito de entendermos as consequências da má alimentação e da falta de exercícios físicos, conversamos com Clara Marcelle, nutricionista que atua na rede pública de Vespasiano, e com o preparador físico da equipe feminina de vôlei do Itambé/Minas, Alexandre Marinho, sobre os impactos e cuidados que devem ser tomados devido ao isolamento social ocasionado pela Covid-19.

Cuidados com a alimentação

Clara, Quais os hábitos que devem ser evitados durante esse período de isolamento social?

CM: Você deve evitar criar “falsos hábitos” Mudar horário do sono, alimentação, trabalho, você mesmo que esteja em casa, tente manter os hábitos e horários, da sua vida habitual antes.

A crise que vivenciamos devido a pandemia da Covid-19 influencia na formação de comedores compulsivos?

CM: O período de quarentena que estamos vivenciado influencia muito na nossa alimentação. Quando estamos em casa e ansiosos nossos hábitos compulsivos afloram, por este motivo é importante tentar manter os horários habituais.

Como se alimentar em tempos de pandemia? Quais alimentos ajudam no fortalecimento da imunidade?

CM: Precisamos ficar atentos a algumas fontes que podem fortalecer nosso sistema imunológico. A vitamina C por pode ser encontrada na acerola, limão, goiaba, caju, laranja, brócolis, pimentão, espinafre, salsinha e tomate. Estas opções podem ser incluídas em saladas, sucos, temperos e consumo in natura. Podemos inserir o Zinco na alimentação através de semente de girassol, abóbora, chia, farelo de aveia, castanhas e nozes – que podem ser adicionadas em vitaminas, sucos, bolos, na preparação de alguma refeição ou consumidas in natura, e carnes em geral. É importante incluir também o Ferro no cardápio, consumindo carnes e vegetais verdes escuros, e Vitamina A, presente nos alimentos alaranjados como cenoura, mamão, abóbora, além de ovos, manga, couve, espinafre, pimentão vermelho, leite e derivados.

Uma boa hidratação é essencial para combater infecções virais, por isso alerta-se para o consumo diário de no mínimo dois litros de água potável evitando assim a desidratação. Lembrando que uma alimentação equilibrada não é cura para o vírus, mas fortalecerá o sistema imunológico.

Com o isolamento social as pessoas tem pedido com mais frequência comida em Delivery. Existe algum tipo de dica pra que isso não afete tanto na saúde das pessoas?

CM: A dica é: se for pedir um Delivery, evite sanduíches, pizzas e outros tipos de massa, dê preferência a pedidos de comidas in natura, frutas, legumes frescos e sucos naturais.

Existe uma forma correta para a higienização dos alimentos?

CM: Sim, a forma correta é: Para cada 1 litro de água, coloque 1 colher de sopa de hipoclorito de sódio (água sanitária), e deixe verduras e legumes imersos nesta solução por 15 minutos. Para produtos embalados, você deve borrifar álcool líquido sobre as embalagens lacradas. Nunca faça isso com embalagens abertas. Caso prefira usar álcool em gel, você deve adicionar um pouco do álcool em um pano limpo e passar sobre toda a embalagem.

Cuidados com o corpo

Alexandre, em meio ao isolamento social devido à pandemia de Covid-19 muitas pessoas só estão saindo de casa em casos muito necessários, então, até atividades simples praticadas no dia-a-dia – como subir escadas no trabalho ao invés de usar o elevador e preferência à caminhada ao percorrer distâncias curtas, por exemplo – foram paralisadas. Como as pessoas podem inserir atividades em seus cotidianos sem sair de casa?

Hoje a gente tem várias opções, os profissionais estão cada vez mais criativos e estão elaborando treinos de acordo com as coisas que as pessoas têm em casa: é possível transformar toalhas em TRX – que é um treinamento de suspensão – amarrando na porta, por exemplo, e (utilizar) principalmente o peso corporal que, com a criatividade de quem está prescrevendo, a gente consegue variar bastante o tipo de estímulo: pranchas, puxadas, flexões de braço, agachamentos são alguns dos exemplos que conseguimos fazer em espaços bastante limitados. É a criatividade de quem prescreve (os exercícios) que vai mandar, pensando também na individualidade para conseguir ajustar essas cargas em função da demanda da pessoa

Qual a importância da mobilidade para quem está trabalhando em home office?

AM: A mobilidade e a flexibilidade são alguns dos pilares do treinamento em casa no período de pandemia, então é fundamental que a pessoa se preocupe com esse tipo de exercício porque a tendência é ficarmos cada vez mais parados. Muitas pessoas estão casa, então os deslocamentos são pequenos e as atividades do dia-a-dia estão cada vez menores.

Quais prejuízos de se ficar muito tempo sentado em uma única posição?

AM: Nada que é exagerado é bom, então ficar na mesma posição pode gerar dores nas pernas, na região lombar, na região torácica. Manter uma mesma posição durante muito tempo é prejudicial em relação à dor e obviamente ao ficar muito tempo sentado você diminui ainda mais o gasto calórico. O ideal é, mesmo dentro de casa, se locomover o máximo possível.

Quais os efeitos do isolamento no corpo de um atleta com a paralisação das atividades dos clubes? E nas pessoas não atletas, qual a diferença?

AM: O atleta tem várias demandas físicas, a qual depende da modalidade. Independente de qual esporte é praticado, as perdas são muito grandes: força muscular, potência, agilidade, velocidade, além de mudanças ruins na composição corporal, ou seja, ele tende a perder massa magra e ganhar gordura. Isso porque o tipo de estímulo que a gente dá em casa está longe de ser o estímulo que ele, o atleta, trabalha no clube com disponibilidade de equipamentos, com a intensidade do treino.

Nós não conseguimos reproduzir isso de uma forma ideal para a demanda de um atleta. Uma pessoa normal, como ela não tem a mesma demanda, tem perdas um pouco menores, mas elas existem também. Se você para de treinar, começa a se alimentar mal – e a tendência é comer mais. Assim, a composição corporal vai variar de uma forma muito ruim, então temos que estar atentos a isso.

O Minas Tênis Clube têm realizado lives no instagram e preparado vídeos no Youtube com exercícios físicos instruídos por seus profissionais de cada área. Qual a importância disso nesse momento?

AM: A importância dessas lives nas redes sociais é minimizar essas perdas que vão ocorrer, não tem jeito, o período é muito extenso. No vôlei feminino, por exemplo, eu dou férias de inatividade de uma semana apenas para as atletas, já estamos estendendo muito o tempo. Se não fizer nada, a perda é muito grande. Então, a ideia dessas lives é minimizar as perdas das capacidades físicas e, no caso das atletas, prepará-las para retornar em uma condição melhor.

Quais os perigos de se fazer um exercício sem a instrução devida de um profissional?

AM: A pessoa adequada, para instruir os exercícios, é o profissional de educação física, porque ele organizará a sua demanda, seus problemas e eventuais lesões. Não recomendo as pessoas pegarem vídeos de blogueiros, porque, estes podem fazer coisas erradas e passando treinos sem ver quem está do outro lado, perdendo a orientação. Fazer qualquer coisa é melhor do que nada? Nesse momento, sim. A orientação é mover-se, mas com cuidado. Temos muitas opções tecnológicas para um preparador físico ou um personal trainer conseguir, virtualmente, ajudar. Não é o ideal, mas conseguimos ajudar sim.

Como está trabalho com as atletas do Minas? Quais as recomendações e dicas você e sua equipe estão passando para as jogadoras?

AM: No momento, não só para as atletas, mas para a população em geral, a gente tem que se exercitar, mas é preciso alguns cuidados. Não é a hora de fazer exercício extenuante, em altíssima intensidade ou exercício muito prolongado. A gente sabe que o nosso sistema imunológico pode sofrer e não é a hora dele estar debilitado.

Exercícios moderados a moderado intenso são mais curtos, via de regra hoje eu recomendo em torno de 45 minutos – talvez um pouco mais, um pouco menos, mas por volta disso. Esse é o principal recado que eu passo para as atletas porque elas acham que, como está parado, tem que se dedicar ao máximo e não é bem assim. Tem que se dedicar fazendo o que é para ser feito, mas com os devidos cuidados. Elas vêm treinando, algumas tem a estrutura própria que facilita (as atividades), e eu personalizo o treino, mando vídeos explicativos com as todas as variáveis do treinamento e, pra quem não tem estrutura, eu passo um treino com peso corporal, utilizando o menor espaço possível. Tudo isso dentro da base que eu disse, que é estimular o gasto calórico, diminuir as perdas das valências físicas, de potência, de força. Então é um pouco nesse sentido.

 

 

*A entrevista foi revisada por Italo Charles e Daniela Reis

Estilo de vida ganha cada vez mais adeptos

Dados da Sociedade Vegetariana Brasileira indicam grandes aumentos de adeptos ao veganismo e vegetarianismo no Brasil

*Por: Moisés Martins

 

O vegetarianismo e o veganismo têm crescido consideravelmente nos últimos anos, prova disso é que quase 15% da população brasileira é adepta a um desses estilos de vida, número 75% maior que em 2012. Esses números não impactam apenas na alimentação, mas também na economia, já que o mercado vegetariano movimenta por ano R$12,5 milhões e o vegano R$2,8 milhões.

 

Já que estamos falando de economia e o quanto esse mercado fatura, provavelmente você já ouviu a seguinte frase: “Ser vegano ou vegetariano custa caro!”, mas de acordo com Ana Luisa Arrunátegui, estudante de cinema e adepta ao vegetarianismo desde 2011, existem maneiras de economizar na hora das refeições. “O preço das frutas e legumes comparado ao das carnes é bem mais barato. A dica é fazer as refeições em casa e evitar os produtos industrializados disponíveis no mercado”, salienta.

 

Apesar de muitas marcas e estabelecimentos aproveitarem o título vegetariano ou vegano para cobrarem mais caro nas prateleiras, a nutricionista Priscila Menezello reforça que a escolha por certos produtos pode deixar a conta mais onerosa. “O custo de vida vegano e vegetariano não é nada caro, um vegetariano come todas as coisas que um onívoro come, excluindo a carne, o que acontece é que quando os adeptos optam por consumir alimentos industrializados, por a demanda ser menor, eles costumam ter um custo mais alto dependendo também da matéria prima que é um pouquinho mais onerosa”.

 

Mas, você já parou para entender esses dois estilos de vida? Ser vegano ou vegetariano  não é a mesma coisa. As duas formas de viver têm diferença. O foco do veganismo é a luta pela libertação e não exploração animal, não apenas na alimentação, mas também no vestuário, em testes laboratoriais, na composição de produtos diversos, no trabalho, no entretenimento e no comércio. Veganos opõem-se, obviamente, à caça e à pesca, ao uso de animais em rituais religiosos, bem como a qualquer outro uso e/ou testes em animais.

 

Esses dois modos de vida fundamentam-se, ideologicamente, no respeito aos direitos animais e pode ser praticado por pessoas de qualquer credo, etnia, gênero ou orientação sexual. O veganismo não tem relação com crenças políticas nem com preferências musicais, nem deve ser associado a determinada cultura. Trata-se, portanto, de uma prática universal.

 

Já o vegetarianismo, não é apenas uma prática alimentar motivada somente por questões éticas, mas também envolve saúde e bem-estar “Substituo as proteínas da carne por outros alimentos que também são riquíssimos em proteínas, como lentilhas, soja e o brócolis.” comentou Ana Luisa.

 

Com a operação  carne fraca, realizada pela Polícia Federal em março de 2017, foi comprovado que empresas frigoríficas produziam carnes em péssimas condições sanitárias, foi confirmado  também o uso de produtos químicos prejudiciais à saúde. Com isso o índice de pessoas que passaram a buscar por estes estilos de vida aumentou.

 

“Eu falei para mim mesma que a partir daquele dia eu seria vegana, e assim foi. E nesse processo eu não sabia que minha vida ia mudar tanto, comecei a estudar os alimentos, fui aprendendo a cozinhar, inventando receitas, e comecei a sentir o meu corpo mais disposto. Eu estava mais feliz, e emagreci muito também”, afirma Carol Cortês, adepta do veganismo.

 

Muitas pessoas procuram os nutricionistas para fazerem a transição, o que é correto. Afinal toda mudança na dieta causa impacto no corpo e a proteína animal deve ser devidamente substituída pela a vegetal, pois nutrientes essenciais à saúde humana estão presentes nas carnes, nos ovos, etc.  “Existe uma dieta especifica para qualquer pessoa sendo vegetariana ou não, a alimentação é algo individual, os horários, e as necessidades nutricionais. A única diferença de uma dieta vegetariana ou vegana, é que quando você tira a carne, ovos e laticínios, temos que aumentar a quantidade de consumo de alguns alimentos, para garantir o aporte nutricional adequado. Observamos também a necessidade de suplementos como a vitamina D e B12, de acordo com o exame de sangue”, finaliza  a nutricionista Priscila Menezello.

*Essa matéria foi produzida sob a supervisão da jornalista Daniela Reis.