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Auspicioso Acapela

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Foto Reprodução

Por Auspicioso Acapela – Coletivo parceiro Contramão HUB

Belo Horizonte, às seis horas da manhã, olho pela janela do quarto e observo as pessoas andando, algumas apressadas outras caminhando, reparo também algumas pessoas esperando o ônibus. Noto crianças e adolescentes com os uniformes das escolas do bairro e, principalmente, com os fones de ouvidos na orelha. Imagino se eles estão ouvindo música ou as notícias. Se minha avó estivesse viva, logo estaria falando – menina, tira esse trem do ouvido, quer ser assaltada? Você sem esse telefone não sobrevive! -. Rio com essa imagem na cabeça. Bom, hora sair e me tornar mais uma no meio da correria do dia a dia.

Estou na linha 8108 – Cidade Nova / Savassi, já sentei e me escorei na janela, quem sabe dá para tirar um cochilo. Na minha frente, ouço a conversa de um pai com o seu filho – já está na hora de começar a estudar para um concurso público, estabilidade financeira e carga horária reduzida. Você já pode parar de brincar de escrever. – Mesmo sonolenta, escuto a conversa com clareza.

Com a mente desligada, meu cérebro embaralha o pensamento da minha avó com a conversa. E de repente, minha cabeça tem uma estalo. O pensamento dela faz sentido. Ocorrem assaltos todos os dias e em diversas situações. Assalto – subst. masc. ataque repentino com uso de força, para retirar algo da pessoa –. Acabei de presenciar uma situação de assalto, o pai retirando o sonho do garoto. Paro para pensar em quantas situações, situações simples na verdade, em que as pessoas acham que tem o direito de abolir com algo de outro. Isso realmente é um assalto! Quem diria que quando minha avó puxava a minha orelha, ela tinha razão.

Subo a rua da Bahia, observo o movimento e realmente a frase “subir Bahia, descer Floresta” faz parte da vida de muitos mineiros, inclusive da minha. Com o pensamento da minha avó ainda na cabeça, imagino quantos sonhos já foram roubados naquele pequeno trajeto.

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Por Auspicioso Acapela – Coletivo parceiro Contramão HUB

Ela não quer reconhecimento. Ela não precisa disso. Uma coisa interessante é que, ela precisa apenas sentir que está atendendo às expectativas ou até mesmo superando-as. Não apenas em questão de estágios, mas também na faculdade e nos trabalhos pessoais, com os amigos e com a família. Resumindo, ela não gosta de decepcionar.

É uma característica complicada, para isso funcionar ela teria que ter o controle de tudo em suas mãos. Mas, ela não está sozinha. O mundo gira sem pedir permissão. As situações acontecem, não tem como controlá-las. Claro, ela não acha isso ruim. Só que, quando ela dá 110% em qualquer situação, tomando a frente para tentar resolver qualquer empecilho e de repente ocorre algo, que se perde o controle. Ela se sente mal e pior, ela decepciona. Ela murcha igual à uma flor ao não receber água.

O que não entra na cabeça dela é que, perder o controle quando se tem controle, é uma situação. Mas, ela não pode se sentir responsável se a situação não depende só dela. O mundo gira de um lado para o outro, de cima para baixo, de baixo para cima e as vezes solta algumas piruetas. E ai? Como se ter controle de uma coisa que realmente não se pode ter controle? Como a flor não murchar, se o tempo está seco.

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Reprodução Blog Diário de uma garota desiludida

Por Auspicioso Acapela – Coletivo parceiro Contramão HUB

Uma menina, curiosa com o mundo. De olhos baixos, apenas observando os ponteiros do relógio. Ela não fala muito, se conversar com ela você perde o controle do tempo. Ela fala sério e também fala algumas bobagens. Te faz rir e às vezes te irrita, mas ela se irrita também. Ela só precisa de uma chance.

Por algum motivo, ela acredita em príncipes encantados. Não aqueles príncipes que aparecem montados em um cavalo branco, prontos para salvar a plebéia em perigo. Ela não é boba. Ela apenas acredita que possam existir pessoas que demonstrem o carinho, o cuidado e o sentimento que esses personagens vivem em seus diferentes cenários. Para ela, essa é a essência que os filmes e desenhos tentam passar. Ou pelo menos, ela os interpreta dessa maneira.

Ela não precisa ser tratada como uma princesa, e nem quer ser salva quando está em perigo. Disso ela dá conta, e muito bem. Alguns duvidam, mas não teste a paciência dessa menina. O mesmo mel que é doce, pode ser amargo. Mas calma, ela odeia mostrar este lado. Ela contou isso apenas para não subestimá-la.

O sonho dela é viver intensamente tudo que essa grande bola azul pode proporcionar. E o que eu vou contar agora, é um segredo. Não conte a ninguém, ela pode se assustar e se encolher. Ela está se transformando, assim como uma borboleta saindo do casulo. Ela decidiu não esperar uma chance, e sim, se dar um chance. O que significa isso? Ela não sabe ainda, mas assim que souber ela conta a vocês. Só uma coisa que não muda, e não a julgue por isso. Ela ainda continuará em busca do príncipe encantado, mesmo ela não sabendo como ele é hoje.

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Start

Por Coletivo Auspicioso Acapela – Parceiros Contramão HUB

Eu tenho uma história para contar, é a história de uma pessoa. Talvez você a conheça. Você pode escolher o nome da protagonista, apesar do real protagonista ser o tempo e suas peripécias. Eu vou chamá-la de Tempestade. Não ria do nome, tem um motivo. Bom, tudo começa com uma primeira vez. Então, vamos começar assim.

Era uma vez, uma primeira vez. Tempestade, uma garota como todas as outras. Ela tem a vontade de se aventurar neste mundo, conhecer cada cantinho de terra e experimentar um pouquinho de cada cultura. Ela não vê a hora de pegar sua mochila e seguir a estrada. Uma coisa interessante é que, para quem está lendo esta história, Tempestade parece aquela garota que topa tudo, correto? Que não desperdiça a chance de viver nada. Você não está errado, apenas por uma questão. A garota realmente é dessa maneira, só que apenas dentro da própria cabeça. Se um dia você conseguir entrar na cabeça dela, você vai conhecer um mundo confuso mas divertido, com cores e risadas… Um mundo que talvez ache bobo, mas esse é o mundo dela.

Dentro deste universo, Tempestade tem um amigo e também um inimigo, o tempo. Ele sempre caminha ao lado dela, sempre aconselhando e puxando a orelha. Muitas vezes ela não dá ouvidos, teimosa. Medrosa. Seu amigo quer apenas que ela realmente comece a se aventurar no mundo, mas do lado de fora. Ele quer que ela tenha as primeiras vezes, como qualquer pessoa tem as suas. Quer que ela entenda que, cada primeira vez é diferente da outra. Isso não quer dizer que seja bom ou ruim, apenas diferente. Sensações diferentes.

E seu inimigo, não é por mal. Mas como toda pessoa, ela só entende o recado quando alguém sacode a sua cabeça. E esse é o papel dele. Mostrar da maneira mais rude que como qualquer pessoa, Tempestade está ali para viver e realmente ser a garota que topa tudo. Sabe, as primeiras vezes sempre são especiais. Podem acontecer de várias maneiras, mas sempre é acompanhada pelo frio na barriga. Afinal, primeira vez. Primeira vez que sente algo. Primeira vez que faz algo. Primeira vez que reage de uma forma.

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Texto do coletivo Auspicioso Acapela

Maria, todas as noites antes de dormir, arruma a sua mochila na seguinte ordem – o material usado no período da noite por último, o material usado nas primeiras horas do dia por cima e os objetos mais usados nos bolsos da frente e laterais – No dia seguinte, ao acordar, Maria se arruma e ao sair de casa já pega a mochila e bate o portão.

Durante o dia, a menina vai a faculdade, ao trabalho, a padaria, ao banco, descansa na praça e volta para casa, por consequência, esse dia trouxe muitas coisas e novos espaços da mochila foram preenchidos. Maria cansada, ao chegar em casa, joga a mochila no canto e “apaga” na cama.

No dia seguinte, Maria acorda atrasada, e apressada, joga o material do dia em sua companheira. Ao passar das horas, a mochila começa a pesar, mas está sempre completa. O mais engraçado e o mais irritante é que, Maria precisa fazer uma apresentação e trouxe o seu pen drive. Ele está em algum lugar submerso no buraco descosturado da sua mochila, Maria desesperada, tira todos os materiais de maneira desordenada e com a pressa, o sentimento da raiva vai nascendo do fundo do inferno. Ao final, o objeto é achado e, por fim, o objetivo é cumprido.

Parece exagero, mas é verdade. Por outro lado, Maria que há muito tempo não achava seu chaveiro, nessa confusão foi encontrado. Ao final, Maria chega a uma conclusão. Uma mochila é um portal para um mundo desconhecido, com muitas surpresas e sentimentos.

Esta história é da Maria, minha, sua, da Marina, da Michele, do Leonardo, do Pedro. De todos que durante o dia são acompanhados por uma mochila. Qual a surpresa que a sua mochila está guardando para você?