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Começar a semana com música e boas energias é a cara do Contramão! Hoje trazemos a última banda do Almanaque produzido pela Bianca Morais. Mas não fique triste, ainda vamos trazer conteúdos sobre o cenário das bandas independentes e muito mais!

Vamos ao show de hoje?

DAPARTE

E agora como fica Iaiá,

E agora como fico eu?

Se eu toda flor que eu tento cheirar,

O perfume é o seu.

Por um segundo fiquei sem saber

Achei que o rádio me falava de você

Numa canção de amor ouvi falar

Que eu levo a sério e você tenta disfarçar.

Quer música romântica? De sentimento? Baseadas em histórias reais? Melódica? Que fica na cabeça?

Apresento eles, a Daparte.

A Daparte tem contrato com a Sony;

A Daparte já tocou no altas horas;

A Daparte já gravou em estúdio famoso;

A Daparte já tocou no Circo Voador (um dos palcos mais tradicionais do Rio, em plena conquista do título da libertadores pelo Flamengo)

A Daparte já tocou em palco com gigantes da música;

A Daparte já tocou no Planeta Brasil;

A Daparte tem conta verificada no Instagram;

A Daparte já abriu show pro Skank e para o Cachorro Grande;

A Daparte fechou o último show do Cachorro Grande.

Se lendo isso você acha que a Daparte com toda essa bagagem tem lá seus mais de 10 anos de estrada, você está errado, a banda tem somente 4 anos e os meninos são todos jovens (nem todos) e sonhadores. João Ferreira (vocal e guitarra), Juliano Alvarenga (vocal e guitarra) e Bernardo Cipriano (tecladista) estão na casa dos 20 e poucos anos, Daniel Crase (baterista) uns 25 e o mais velho Túlio Lima, conhecido também como Cebola.

O Crase vem de crazy (aportuguesado) porque segundo os meninos ele é meio doido. O Cebola, quando criança, tinha planos mirabolantes e infalíveis, aí o irmão o apelidou assim.

Mas como uma banda tão nova conquistou tanta coisa importante que outras bandas mega famosas realmente levaram 10 anos para conquistar, eu vou contar agora.

O começo de tudo

O ano era 2015, João tinha uma banda com o Crase, a Gramofone; e o Juliano outra com o Bernardo, a Twig. As duas bandas terminaram na mesma época, porém a Twig tinha um show marcado na data do St. Patrick’s Day. Resolveram chamar o Crase, que já era amigo do Juliano, para tocar. O Crase chamou o primo, o Cebola. O João, que já conhecia o Juliano (por namorar a melhor amiga dele) pediu para entrar. E foi assim que a Daparte se apresentou pela primeira vez, mesmo ainda não sendo de fato a Daparte.

Sabe aquele grupo do Whatsapp que você tem com seus amigos? Essa é a Daparte. Todo mundo se zoa, de vez em quando briga, mas quem nunca? As personalidades diferentes se encaixam para formar a banda. Crase maluco, Bê caladão, Cebola o dentista, Ju o fofo e o João um pouco de todos e um pouco mais.

Ok, mesmo sendo um pouco de todos, talvez o João não seja dentista de fato. Mas o Cebola com certeza é formado e atuante. Nem todo mundo que está de fato em uma banda autoral consegue se sustentar somente com a música, mas isso a gente já está cansado de saber.

Agora imagina se você é fã da Daparte e se consulta com o Dr. Cebola. Privilégios.

Daparte de quem?

Quando foram tocar juntos pela primeira vez, decidiram que precisavam de um nome. O Cebola inventou um na hora, eles se apresentariam como “Seu Zeed”. Era um nome realmente muito ruim e a banda percebeu, por isso em outro show viraram o “Um Quinto”, outro nome também não muito bom.

Mas a busca pelo nome perfeito continuava. O acerto viria na terceira tentativa.

Em um show do Samuel Rosa com Lô Borges, onde estava à venda um livro que contava curiosidades do Clube da Esquina. Em um determinado capítulo contava a história do apelido entre os irmãos Lô Borges e Márcio Borges.

Um dia uma fã ligou para a casa do Márcio Borges e questionou se determinada música era “da parte de Mário Lô Borges”. Os irmãos acharam legal ela ter misturado o nome dos dois achando ser uma pessoa só e, dali em diante nasceu um apelido interno deles: “Da parte”.

Os garotos ao lerem isso acharam um nome interessante e o adotaram para a banda.

Escolha certeira (pela terceira vez).

Outra curiosidade: durante a infância, Juliano conviveu com Lô Borges e sempre via ele se referir a seu pai como da parte. Via naquilo um charme, então quando entendeu o nome não teve dúvidas. Era para ser aquele.

Se você chegou até aqui e ainda não sabe, o Juliano Alvarenga é filho do Samuel Rosa, vocalista do Skank.

Pois bem. Nome da banda ok.

Estilo musical

Influenciados pelo Clube da Esquina não apenas no nome da banda, mas em seu estilo musical, a banda carrega influência de muito rock e MPB dos anos 70. Beatles é uma das bandas favoritas em comum de todos eles.

Quando você pergunta à Daparte o estilo musical deles, a resposta vai ser Pop Rock. Agora, se você for tentar encaixar a Daparte no Pop Rock brasileiro, aquele que conta com grandes bandas como Skank, Barão Vermelho e Nando Reis, você vai se decepcionar. O som deles carrega sim essa influência, mas depois de quatro anos de muita dedicação a seu trabalho autoral, a banda vem criando uma identidade própria.

Mais próximos do que hoje chamamos de Pop Leve, aquele representado por Lagum, Vitor Kley, Anavitória e Melim, a banda mescla esses grandes sucessos atuais com a paixão pelo rock dos anos 90, como Oasis, Radiohead e Supergrass. É inspiração de todos os lados que os ajudam a criar, cada vez mais, a identidade jovial deles.

Manual de composição de João Ferreira

O ex relacionamento do João pode até ter partido seu coração, mas também serviu para boas canções. Principal compositor da banda, o músico tem consigo um caderninho em que anota seus sentimentos mais profundos e, quando necessário (ou quando o Juliano aparece com uma melodia), transformam aquilo em canção.

Assim aconteceu com a maioria das músicas desse novo disco que, por hora, está sem data de lançamento, mas com alguns singles já lançados.

Iaiá é um deles. Ela nasceu de uma melodia cantarolada que o Juliano mandou para o João e ele escreveu a letra inspirado no seu rompimento.

Iaiá é a música mais triste e mais alegre de todas. Ao mesmo tempo que você se pega cantando alto e dançando um som animado, você chora com a letra que conta como aquele alguém que você quer, não te quer.

Poxa João, eu e todo mundo que gosta de Daparte te entende e por isso que a gente gosta tanto. Quem nunca sofreu de amor nem precisa continuar, porque se em Iaiá você ainda dança, em 3 da manhã você chora junto com ele. Sabe aquela insônia que você teve quando brigou com a pessoa que gostava? Tá cantada ali.

A dupla João e Juliano, depois de trabalharem letra e melodia, mostram pro Cebola, pro Crase e pro Bê, que sempre acabam concordando.

Diferentemente desse novo disco em que os garotos se uniram para construir juntos com o estilo da banda, unindo comprometimento com a vontade de crescer, o primeiro álbum, o Charles, foi uma bagunça organizada. A banda já existia e a vontade de ser autoral sempre os motivou a escreverem suas próprias músicas, lançando seu próprio material. Foi então que os cinco decidiram que iriam lançar um disco para que as pessoas fossem aos shows e cantassem músicas deles.

Como já tinham as músicas escritas em seu particular, apenas juntaram e lançaram. Não foi um acordo de “vamos compor um disco”, foi mais para “vamos gravar um disco”.

Neste álbum, encontramos desde Guarda-Chuva, que é um pedido de desculpa do João a sua ex-namorada; A Cidade, canção que o Cebola fez com o pai; até a letra do Bê, Fênix, que não tem muito sentido, é mais uma viagem que o tecladista teve. 

No conjunto da obra, o disco ficou muito bom, fez sucesso e abriu portas para que os garotos tocassem Brasil afora.

A evolução

Sem medo do sucesso, a banda se preocupa apenas em fazer a sua arte chegar às pessoas. A cada dia que passa, evoluem mais como músicos e pessoas. A grande quantidade de shows e gravações fizeram os garotos evoluírem desde a maneira de se portar em frente a um público até em suas composições.

Quando a banda começou, João beirava os seus 15 ou 16 anos. Hoje mais velho e com mais vivências, amadureceu até mesmo em suas composições. A fase de transição da adolescência para a vida adulta deu uma visão bem diferenciada para ele, que acabou absorvendo novas inspirações e mudou principalmente a sua forma de pensar e produzir. O crescimento pessoal unido ao profissional fez todos eles criarem uma identidade única e original para a banda. Um som mais a cara deles.

A banda tem uma visão de onde querem chegar e trabalham cada dia mais para alcançar isso. Com o sonho de viver disso, a banda corre atrás de produzir material de qualidade, original e verdadeiro para, dessa forma, ganhar o mercado nacional.

E é então que aqui aparece para eles também a Sony. Diferente do trabalho que prestam para a Papa Black de distribuidora, a Sony tem um papel de gravadora para a Daparte. Esse último disco está sendo gravado com apoio de grandes produtores musicais e em um estúdio incrível.

A Daparte não quer atingir um público específico, o objetivo é alcançar pessoas acima de 0 anos e abaixo de 120, pessoas que vivem, que se identificam com as músicas. Talvez atinjam mais o público dos 20 e poucos anos que é a idade deles, mas qualquer um que já viveu uma história de amor cabe aqui.

 

*Esse produto resultado do Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário Una da Jornalista Bianca Morais.

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Vamos começar a semana com música? Segue a nossa penúltima banda do Almanaque de Bandas Independentes de BH, produzido pela jornalista Bianca Morais. 

PAPA BLACK

Amigos da Duetê e com um produtor que entende da indústria musical em Belo Horizonte, está a Papa Black.

Se você já foi ao Major Lock (casa noturna de Belo Horizonte frequentada por jovens), talvez você os conheça por Black n’ Yellow.

Frequentadores do lugar que serviu de primeiro palco para grandes bandas de BH como Skank, Jota Quest, Tianastácia e Lagum, os amigos Ítalo Martins, Guilherme Saffran, Hiago Dias e Gabriel Alonso, o Popota, sentiam falta de um show ali que não fosse um cover de banda de rock antiga. Foi então que tiveram a ideia:

“Vamos formar uma banda e começar a tocar no Major Lock”

Tendo em vista que eram amigos de promoters da casa, viram ali a oportunidade de mostrar o som da Black n’ Yellow para o público belorizontino.

A banda tinha esse nome porque, segundo o vocalista Ítalo, a banda “tinha dois pretinhos: eu e o Popota e dois loirinhos: o Hiago e o Saffran”. Preto e Amarelo, Black n’ Yellow.

Hiago foi o primeiro a deixar a banda por motivos de trabalho. Amigos de longa data, Ítalo não queria que ele sumisse dessa maneira da história da banda e o convidou para produzi-la.

Com Hiago assumindo o papel de produtor, a Black n’ Yellow passou a se profissionalizar, correr atrás de show e de uma formação maior da banda.

A banda

A primeira formação começou com o Ítalo no vocal, o Hiago e o Saffran no violão e o Popota no Cajon. Era uma banda descontraída de amigos, que tocava em alguns rolês para animar a galera.

Para se profissionalizar, após a saída do Hiago, a banda precisava de um guitarrista e um baixista. O Popota tinha um amigo, o Fábio Fuly, que iria comprar um baixo. O Ítalo virou para o Popota e falou:

“Beleza, manda 25 músicas para ele aprender a tocar.”.

O Fuly chegou no dia do show cheio de papel de partição embaixo do braço. Entrou no palco, tocou com a banda e dali não saiu mais.

Ok, agora precisavam de uma guitarra. O Ítalo tinha um amigo de escola que tocava, o Lorenzzo Antonini.

“Cara, quer entrar na minha banda?”

“Quero”.

Pronto. Mais um integrante.

O Popota saiu.

O Luqui entrou na bateria, substituindo o Cajon. Depois acabou saindo também, entrando no seu lugar o Yuri, que também saiu. Por fim, apareceu o Caio Plinio, primeiro baterista oficial da Papa Black. Os outros eram apenas freelancers.

Nesse meio também teve a Júlia, que trouxe a voz feminina para a banda durante um tempo.

O então advogado/músico Lorenzzo Antonini foi seguir a carreira de advocacia e deixou a banda. No seu lugar entrou Artur Santos, Tuts para os íntimos. O Artur, assim como o Hiago (já produtor da banda), produzia eventos. Em um ou dois shows da Papa Black em que o Hiago não conseguiu aparecer, o Artur foi no lugar dele, conheceu a banda, se apaixonou e quando a vaga do Lorenzzo apareceu, não restaram dúvidas, era a vez do Tuts assumir esse lugar.

Na formação atual também tem o João, tecladista e Cassio Santos, o percussionista.

É possível perceber que as entrevistas de emprego para uma vaga na Papa Black não são muito difíceis, porém as vagas já acabaram.

A Black n’ Yellow começou sendo uma banda de amigos que queriam tocar Natiruts, Rael e Gabriel, o Pensador no Major Lock. Através da influência das músicas que tocavam, foram montando uma identidade e a vontade de se profissionalizar e fazer um trabalho autoral foi crescendo.

Por que contei toda essa história da formação?

Porque quando os meninos deixaram de ser a Black n’ Yellow para ser a Papa Black eles tinham um objetivo claro: se profissionalizar. Deixar aqueles 200 reais em consumação no bar do amigo no passado e voar alto. Acontece que em uma banda, nem sempre todos estão na mesma sintonia. Quando você quer deixar a “parada mais séria”, quem está ali só por diversão acaba ficando para trás. E mais uma vez, isso não é um problema. A amizade prevalece, mas em determinado ponto da caminhada para o sucesso é necessário abrir mão, por exemplo, de cachê, que passa a se tornar caixa para a banda. Entre outras mudanças, definir prioridades que, só quem quer seguir esse novo rumo, topa.

O ano de 2019 foi de transição para a banda, começando 2020 trabalhando mais forte. Com novos lançamentos, mas ainda tocando covers no repertório. Afinal, para uma banda ser atrativa para contratantes, precisa de um cover, mas tudo isso com o objetivo fixo de criar caixa para produção do material autoral que tanto almejam.

A mudança de nome

Se a primeira coisa que lhes vêm à cabeça ao escutar “Black n’ Yellow” é a música do Wiz Khalifa, não é só na sua, é no search do Google também. Digita lá esse nome e aparece a versão original, a versão ao vivo e vários covers.

Nome de banda já é algo complicado, mas quando ela tem o mesmo nome de uma das músicas mais famosas de um rapper americano, parece até auto sabotagem.

E eles perceberam isso. Não dava para competir com a canção, então era necessário encontrar um novo nome.

O nome, além de tudo, ainda era difícil de escrever, ninguém conseguia marcar @blacknyellow nas redes sociais bêbado na balada. Quando os meninos estavam no Uber e contavam que tinha uma banda, o motorista perguntava o nome e ao escutar a resposta, a primeira reação era: “o quê?”

Os flyers de evento com o nome errado.

Mudar era necessário e urgente. A banda estava com o lançamento do EP marcado e não tinham um novo nome e não queriam lançar com o antigo.

Foi em uma tarde, na praça do Papa, que o Ítalo (o que menos concordava com a mudança de nome, muito apegado o garoto) soltou um: “por que a gente não chama Papa Black?” Papa, porque é um dos lugares mais notórios de BH e um dos favoritos dos garotos, e Black, para não perder a identidade que carregaram por tantos anos.

O primeiro EP então foi lançado em Março de 2018, já com o novo nome da banda: Papa Black.

A Papa Black

Ítalo, o furacão, nunca consegue passar despercebido em lugar nenhum. Um verdadeiro vocalista, com presença de palco e estrela na testa. Gosta de holofote e é um cara muito emocionado.

O Saffran, junto com o Ítalo, é o integrante mais velho da banda e traz calmaria para a energia que o amigo tem.

Fuly, rapaz peculiar, sabe dar informação de tudo, desde medicina forense até astrologia, gosta de um forró e de um Led Zeppelin.

Caio, o maestro. Internamente acabou assumindo a função de produtor artístico, conteúdo teatral e trouxe o show business para a banda.

O Cassin traz a swingueira com toda a sua percussão.

Artuzin é o mais novo da banda e mais empolgado. O João, o amigão. E o Hiago, o paizão.

Junta esses oito garotos, muito pop, muito rap e muito reggae. Se antigamente se rotulavam somente dentro de um determinado som, como reggae music ou rap, hoje a Papa Black quebra essa crença e coloca de tudo na sua música.

O Ítalo é um cara de momento e vemos isso claramente nas composições da banda. Com muito freestyle e improviso, quando a ideia vem na cabeça ele bota para fora, sem muito planejamento.

A maioria das músicas da Papa Black nasceu dentro do estúdio. Enquanto os músicos chegam com a estrutura harmônica, o Ítalo compõe a letra na hora da gravação. Com ele não tem aquele negócio de “gosto de ir para o campo escutar os pássaros e tomar um café coado pela avó”. Com ele é energia o tempo todo, o garoto é ligado no 220v.

Falando Mercadologicamente:

Muitas bandas que passaram por este almanaque têm contratos com distribuidoras de música que os ajudam a espalhar seu som e fazer com que cheguem a mais pessoas.

Pois bem, a Papa Black também trabalha com uma distribuidora, a Sony.

Sim, a Sony, a famosa gravadora que também oferece contrato de distribuição de música para artistas em ascensão, e um desses exclusivos artistas são eles, a Papa Black. A música Procê foi lançada em parceria com eles e deu um resultado muito positivo.

A Papa Black, como todas as outras bandas desse almanaque, começou como uma banda independente. Há diversas concepções técnicas para conceituar “música independente”, mas informalmente falando, podemos entender o termo “independente” como uma produção autônoma que, geralmente, não possui financiamentos da indústria musical e cultural por trás. Mas a Papa Black, em um determinado momento, cresceu e precisou sair dessa independência e, de certo modo, amadorismo.

A Sony, com todos seus contatos, consegue levar seus artistas a playlists com milhares de seguidores. A gravadora trabalha com diversos tipos de contratos para bandas. A Daparte, banda que falaremos em seguida e gerenciada pelo mesmo produtor da Papa Black, também tem um contrato com eles, porém um pouco diferente, no caso deles é investido dinheiro.

Para fins de curiosidade, a banda Lagum tem o contrato 360, que é o contrato artístico onde a Sony banca tudo.

Enfim, quando a Papa Black decidiu se profissionalizar, eles não estavam de brincadeira. O Hiago, produtor, faz a mesma função da Cris da Duetê, que é a de ser alguém de fora atuando dentro da banda para ajudá-los a perder um pouco da visão artística e pensar na visão mercadológica.

Produção de conteúdo de qualidade em estúdios e reverter cachê em produção de música e clipe. O público está acostumado a receber conteúdo de todos os lados e, com certeza, aquele com maior qualidade irá atrair mais.

Ao longo dessa caminhada, a antiga Black n’ Yellow começou sendo uma banda cover e percebeu que, em um determinado momento, se saturaram de cantar músicas dos outros e queriam mostrar ao mundo o que era deles. Uma banda cover raramente vai sair da sua cidade natal porque, afinal, se for para contratar uma banda que toca músicas de outros artistas, os contratantes encontram-se na própria cidade. A Papa Black queria mais.

Enfrentaram dificuldades ao querer mostrar seu trabalho autoral na sua cidade, mesmo em se tratando da capital mineira. O perfil do contratante da própria cidade é querer uma banda cover para animar a galera. Perderam nisso, mas ganharam muito mais.

Fizeram uma música teste lá em 2017, quando a Júlia estava na banda. “Não dá mais” ainda é a música com mais plays nas plataformas de streaming. Viram resultado e investiram mais. O EP veio. Confira Tulipas no Spotify.

Papa Black é uma banda com visão de mercado, mas também com visão de parceria. Acreditam fielmente que o cenário das bandas independentes de Belo Horizonte não é de competição, mas de trocas. Um ajudando o outro, no final todos só tem a ganhar. Tem lugar para todo mundo, caminhando lado a lado, de forma democrática, abrindo espaço para todos tocarem e apresentarem seus trabalhos. Há uma valorização mútua. Apoie sua cena local. 

 

*Esse produto resultado do Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário Una da Jornalista Bianca Morais.

 

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Crédito: DIVULGAÇÃO

Retornamos do recesso!!!! A partir de hoje estamos de volta com as nossas matérias e publicações. E para dar start na primeira postagem do ano, trazemos a Banda Duetê que faz parte do Almanaque produzido pela jornalista Bianca Morais.

DUETÊ

A autora deste almanaque que aqui vos fala pede que antes de começar a ler sobre essa banda, vá imediatamente na sua plataforma preferida de streaming e procure a banda Duetê. Em seguida, clique na música Tô na Tua e coloque no último volume.

Ok, não precisa ser no último, mas alto o suficiente para que você sinta a energia.

Sentiu de primeira? Não? Tente de novo, e de novo, e somente quando você conseguir sentir pelo menos um pouquinho de energia volta aqui, porque agora vou falar de uma das minhas bandas favoritas de Belo Horizonte, o nome dela é Duetê.

Nada do que eu posso fazer vai te tirar de dentro de mim vem dizer que é aqui que quer viver uhuuuuuuuuuuu

Todas as bandas que estão neste almanaque são muito boas e eu gosto de todas. Não queria e nem sei se poderia me dar ao luxo de escolher uma favorita, mas a Duetê com certeza tem um espaço especial no meu coração, e eu digo o porquê.

1-         Acho que eu definiria o som deles como brasilidade e isso me atraiu desde a primeira vez que escutei.

2-         Os caras são simpáticos, viu?

3-         Eles têm uma produtora muito incrível, que faz de tudo para ajudá-los a alcançar o sucesso, inclusive ser legal com todo mundo que conhece a banda.

Tem outros vários motivos, mas talvez através desses três, o sentimento de conhecê-los cresça em vocês.

Mas agora vamos falar um pouco sobre eles.

Gabriel Costa, Gustavo Rabelo (também conhecido como Peixe) e Pedro Lacerda são melhores amigos desde o colégio.

A banda de pop rock começou inicialmente como um projeto solo do vocalista, o Costa. Lá em 2017, depois de um tempo tocando em bares, ele decidiu que queria gravar suas próprias músicas, quando nasceu Natureza e Sou Litoral.

Na época, o Peixe e o Vitin (ex-integrante da banda, tecladista, saxofonista e sanfoneiro) acompanhavam o Costa pelos botecos mineiros, enquanto o Pedro Lacerda, o Lamac, estava lá na Nova Zelândia.

O Lamac voltou da Nova Zelândia, entrou na banda dos amigos e quando foram lançar as músicas, o Costa não quis assinar sozinho um trabalho que teve participação de todos. Foi então que no dia 16 de julho de 2017 nasceu a primeira banda dos meninos, Costa e os Mitos.

Curiosidade n°1: O Lamac, segundo ele próprio, aprendeu a tocar baixo uma semana antes dessa data aí em cima. Ok, provavelmente não foi uma semana antes. Mas até entrar na banda, o baixista não sabia tocar baixo. Antes de voltar de viagem ele era DJ, mas cansado da vida de mixagem, ao retornar ao Brasil e ver os amigos tocando em bares pediu para acompanhá-los com um violão ou uma guitarra, instrumentos que ele tocava. Como o Costa já tocava o violão, o Lamac pegou o baixolão do pai do Costa e falou:

“Ah, então vou tocar ele.”.

Isso mesmo, sem medo de desafios, o guitarrista pegou o baixolão, começou a se dedicar, aprendeu, comprou seu próprio baixo e hoje está firme e forte.

Fica a dica: se você tem uma banda e está faltando um integrante, não procure alguém de fora com quem você não tem uma conexão. Pegue um amigo e o obrigue a aprender a tocar o instrumento.

O baixolão ele provavelmente devolveu ao pai do Costa.

A medida que os meninos começaram a entrar de cabeça no projeto, tomando decisões, investindo dinheiro e pensando juntos, o nome Costa e os Mitos já não fazia mais sentido. Não era mais um projeto solo do Costa, mas sim um trabalho em equipe. A partir disso, decidiram mudar o nome.

Em busca de ideias para o nome da banda, a Lu, namorada do Costa e grande inspiração para canções da banda, sugeriu a eles que procurassem uma música deles que tivesse um nome legal. E daí veio a Duetê.

Duetê é uma música que conta a experiência que o Costa teve com um ser de outro planeta. Inicialmente, a música não tinha um nome. Porém, durante os shows, a galera pedia para tocar “aquela do et”; do et; du e tê.

Nesse meio tempo, o Vitin saiu da banda para seguir seus projetos.

A Duetê se formou então no dia 19 de fevereiro de 2019 com o trio Costa, Peixe e Lamac.

Provavelmente também o Vitin saiu porque não se encaixava mais na banda que é formada apenas de olhos claros, vai saber.

O objetivo dos meninos sempre foi ser autoral, compor suas músicas e gravar tudo que fosse possível, singles, EPs, álbuns e, é claro, viver de tudo isso.

Peixe e Lamac são formados em Engenharia. Peixe sempre escuta dos pais um “você acha que música vai te dar alguma coisa?”

Já Costa, o garoto rebelde, largou a faculdade de Direito e resolveu se dedicar a música. Dando aulas e se entregando com tudo a banda. No começo a mãe não gostou, mas hoje é uma das principais fãs. O pai, ao contrário, amou a ideia. Ele, que sempre quis ser músico, foi um grande incentivador do filho.

Curiosidade 2: se você já foi a um show da Duetê com certeza já viu o pai do Costa. Mas se você ainda não foi e depois de ler este almanaque já vai procurar a data pro próximo show deles, não vai ser difícil reconhecê-lo. Sempre na frente do palco, com o boné da Duetê, cantando todas as músicas. O dono do primeiro baixo que o Lamac tocou, é um verdadeiro apoiador da banda.

Dessa experiência de sair da faculdade para seguir a carreira musical que nasceu a música Valeu! da Duetê.

Valeu mamãe, valeu meu pai

Por continuar acreditando que seu filho ainda vai

Crescer e ser alguém de sucesso, por mais

Que muitas vezes não apresente progresso, eu confesso

As composições da Duetê são todas do Costa e o garoto é bom nisso. Dê uma palavra para ele que já nasce uma canção. Vamos aos exemplos (já deixa o Spotify aberto para acompanhar):

Lá fora: um dia em uma resenha na casa do Costa, entre uma cerveja e outra ele vira para alguém e pede uma palavra. Sorriso, alguém respondeu.

Vira para o Peixe e fala: canta essa palavra.

O Peixe: sorriso (leia no ritmo da música)

Dali o Costa tirou de letra o resto.

Quando vejo seu sorriso

De nada mais preciso, só consigo em ti pensar

E pelas ruas não canso de procurar

Sem saber o que tenho pra falar

Curto: A Lu, namorada do Costa, mandou mensagem para ele contando que iria cortar o cabelo. O Costa respondeu: Curto seu cabelo curto

Mais uma música saindo dali:

Curto seu cabelo curto, tô meio que viciado

É complicado sem você do lado

Não é justo seu vestido justo, aquele azul decotado

Assunto encerrado, eu tô grudado

Natureza:

Costa acorda em um sítio e vê um dia lindo. O que ele faz? Isso mesmo, música.

Havia dias que não via um dia como este dia

Havia tempos que não via um tempo como este tempo

Templo de inspiração, vou me preocupar somente

Em manter uma única vibração entre corpo alma e mente

Um dos diferenciais da Duetê são as letras, com certeza. Não são só sobre amor ou tristeza, são sons leves e fáceis de gostar. Nascem de uma palavra, de uma frase ou simplesmente de cantar algo sem letra no violão. Costa com a letra e o violão, depois o Peixe e o Lamac trabalham suas partes testando em seus respectivos instrumentos, vão para o estúdio e lá a produção fica por conta de moldar, acrescentar e dar vida aos singles.

A visão de mercado da Duetê

Diferente de algumas bandas que já apareceram aqui neste almanaque, a Duetê não se importa em, de vez em quando, precisar retirar um pedaço de uma música para torná-la mais aceitável ao gosto de um determinado público.

Com um objetivo muito centrado na cabeça, os três músicos, junto com a produtora e amiga Cristiana Corrieri, a Cris, passaram a ver a banda como uma empresa. Eles pensam na visão de mercado e apostam muito no marketing e conteúdo no Instagram para chamar a atenção das pessoas.

Desde o início da banda até hoje, eles admitem terem mudado como pessoas e profissionais, deixaram de lado a “banda com meus amigos” e adotaram uma visão de “banda que quer fazer isso para sempre”. Exigindo de si cada dia mais qualidade, quanto mais a banda cresce, mais procuram não cometer erros.

A Cris, produtora da banda, tem uma visão ampla de mercado musical e é uma pessoa de fora. O trio tinha uma visão romantizada da música, fazendo coisas criativas como queriam para mostrar ao mundo. Mas se tem uma coisa que o mercado musical não é, é romântico.

O Coto, lá da Lamparina e a Primavera, falou algo muito interessante em relação a esse mercado. Nas suas palavras, “a sociedade põe muito a música e outras artes como hobbies alternativos, só que não é nada alternativo, é profissão igual a qualquer outra.”.

Quando a Duetê toma para si uma versão de banda comercial, não quer dizer que eles vão perder a identidade, apenas que decidiram tomar um rumo que acreditam ser o certo.

Muito influenciados pela banda Lagum, como empresa, tomaram decisões e fizeram mudanças. Admitem que às vezes pode ser difícil desapegar de uma música para torná-la mais comercial, mas acreditam que trará resultado.

Quando você acredita no seu potencial e concentra seu foco naquilo, todo o esforço vale a pena.

Todas as bandas têm o sonho de alcançar seus objetivos, impactar pessoas através da música e subir em um palco e ver milhares de pessoas cantando suas canções. Como o próprio Costa já disse nos shows da Duetê é emocionante ver tanta gente cantando junto com ele as letras de músicas que compôs num pedaço de papel.

Ninguém sabe a receita certa do sucesso. Se alguém soubesse, milhares de artistas já estariam estourados por aí. Diferentes caminhos são tomados pelas bandas tentando alcançá-lo e, enquanto acreditarem no que fazem, nunca será tarde para tentar.

 

*Esse produto resultado do Trabalho de Conclusão de Curso do Centro Universitário Una da Jornalista Bianca Morais.