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Blocos carnavalescos

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Por: Kedria Garcia Evangelista

O Carnaval de Belo Horizonte vem crescendo a cada ano, em 2016 a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), registrou cerca de dois milhões de pessoas. Esse ano, batendo o recorde de público, foram três milhões de foliões nas ruas da capital. Com mais de dois meses para o Carnaval de 2018, a expectativa é grande e os preparativos já começaram, como o cadastramento de blocos de ruas no site da Prefeitura de Belo Horizonte.

Diversidade | Nerds também curtem carnaval 

O bloco de rua Unidos da Estrela da Morte, que desfila desde 2016 na capital, surgiu a partir do fã clube de Star Wars chamado Conselho Jedi Minas. Dani Aayla, professora e fundadora do bloco, conta que a ideia nasceu entre um grupo de amigos, que decidiram compor o cenário de BH no período carnavalesco de uma forma incomum. “Digo incomum porque os membros do fã clube são pessoas mais reservadas, gostam em sua maioria de outro estilo musical que não vão de encontro com o ritmo da referida data, preferem ficar em casa a sair para “baladas” e recebem até um rótulo muito conhecido: são nerds e geeks.”, explica a idealizadora, que conclui dizendo sobre a adaptação da trilha sonora do filme, Guerra nas Estrela, unindo ritmos diferenciado com músicas e temas de outras obras.

Marlon Spielberg de 26 anos, técnico em radiologia é fã da franquia Star Wars desde a infância e hoje integra a bateria do bloco Unidos da Estrela da Morte. Spielberg confessa que não tinha uma relação muito próxima com o Carnaval, passou a ter mais contato com a festa após conhecer o grupo que convoca todos os nobres guerreiros para a folia. “É muito gratificante participar do bloco nesses dois anos, nunca foi fã de carnaval, mas como se tratava de Star Wars, fiz um esforço para participar e fui surpreendido.”, afirma o radiologista ao mencionar a organização e a sensação de familiaridade.

Laila Rezende de 33 anos, nutricionista, conta como foi sua participação do bloco Unidos da Estrela da Morte. “Acho o carnaval de BH muito lindo, muito democrático. Conheço Star Trek e Star Wars desde criança, gosto muito das duas franquias e adorei participar do bloco, porque junta a cultura nerd e o Carnaval, fica uma coisa bem brasileira.”, outro fator que o Unidos leva destaque é no quesito é na diversão. “Gosto também porque não é um bloco muito grande, dá pra se divertir sem se preocupar, dá até pra levar crianças.” conclui.

Créditos: Conselho Jedi Minas

Desafios | O lado negro de colocar seu bloco na rua

Segundo a organizadora Aayla, o grande desafio para o Unidos da Estrela da Morte colocar o bloco na rua, é a sonorização. “Somos poucos músicos, com instrumentos que não são ligados em tomadas e as caixas de som fazem muita falta, pois acreditamos que se a qualidade do som fosse melhor, a experiência dos participantes seria ainda mais intensa e inesquecível. ”, a professora conta que a cada ano a vizinhança se mostra mais solidária e receptiva, assim como os foliões, que comparecem em grande número e fantasiados de personagens conhecidos ou com trajes inusitados.

Segundo Marlon, o Carnaval de BH é diverso, onde todos podem se divertir, desde crianças até idosos. Ainda assim a falta segurança é um problema “São diversos relatos de furtos e arrastões que ocorrem durante a passagem dos blocos.”, alerta o baterista. A PMMG constatou que nos cincos dias de festa, o número de roubos caiu 42% em relação ao ano passado. Laila observa que há poucas lixeiras espalhada pela cidade, “Há pouca lata de lixo durante o carnaval, a gente anda muito tempo tentando achar um lugar pra jogar fora as coisas.”.

A organização promove campanhas nas redes sociais alertando sobre a limpeza da cidade, além de ter pessoas responsáveis por recolher o lixo antes da partida do bloco. “Essas iniciativas dá sentido à festividade, visto que ir com um bloco para a rua não consiste apenas em vestir um traje diferente e beber.”, explica a organizadora à respeito sobre os pedidos verbais e e-mails da prefeitura, incentivando as campanhas sobre limpeza e preservação de patrimônio, disque denúncia, outras sobre sexo seguro, respeito a opções sexuais. “A PBH dá apoio aos blocos, incentiva campanhas de valorização a respeito, educação e cuidados com a saúde mesmo durante o auge da euforia do carnaval, nos sentimos amparados e bem orientados. ”, alega a organização.

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Foto Divulgação

O Corpo de Bombeiros de Belo Horizonte passa a tratar os blocos carnavalescos como manifestações culturais. Os desfiles que eram considerados eventos temporários terão que seguir orientações específicas e normas de segurança especiais contra incêndios e pânico. As novas medidas constituem a Instrução Técnica 39, mudanças que acontecem por legalmente os blocos não se enquadrarem na tipificação de “evento temporário”, pois ocorrem em via pública, sem delimitação de barreiras ou estrutura com tendas e arquibancadas.

A nova legislação, que surge após extensa negociação entre os blocos de carnaval e representantes da Prefeitura Municipal, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, foi criada para que haja uma simplificação dos procedimentos e uma forma de facilitar a comunicação entre os blocos carnavalescos e os demais órgãos envolvidos, conseguindo assim uma atuação mais eficaz.

Segundo a Instrução Técnica, os blocos de rua do Carnaval de Belo Horizonte são de especial interesse público, com aglomeração de pessoas em determinada via pública, com finalidade festiva de carnaval, de caráter momentâneo, estacionário ou itinerante. Inclusive aquelas ocorridas em períodos diversos ao calendário oficial, sendo assim, os organizadores ficam dispensados de apresentar o projeto de prevenção contra incêndio e pânico elaborado por um responsável técnico.

“Blocos do Carnaval de BH serão considerados manifestações culturais”

Para o presidente da Belotur e da Fundação Municipal de Cultura, Leônidas Oliveira: “O reconhecimento dos blocos como manifestações culturais espontâneas dão ainda mais independência e liberdade para o Carnaval de Belo Horizonte. Nascido nas ruas da cidade e com características únicas no país, tendo a diversidade cultural como elemento fundamental, o Carnaval de BH vem tomando dimensões nacionais. É uma festa que nasce com o conceito de liberdade. É claro que medidas organizacionais são imprescindíveis, mas sempre no sentido de preservar e garantir a autonomia dos blocos, tanto os contemporâneos como os tradicionais. Rua com gente significa cultura da paz”.

A partir de agora, a organização do bloco deve preencher formulário informando local de concentração, previsão de itinerário e local de dispersão dos blocos de carnaval, junto a estimativa de público. Não há mais a necessidade de apresentar formulários de evento temporário e pagar a taxa de Segurança Pública, mas deve ser comunicado ao Corpo de Bombeiros as condições sob as quais ocorrerão os desfiles. O prazo dado na Instrução é de 10 dias úteis para os blocos que possuam mais de 10 mil foliões e de três dias para os menores. No caso de trios elétricos, fica a cargo da organização o cordão de isolamento para evitar atropelamentos.

Por Ana Paula Tinoco