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Brasil

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Por Igor Tiago Ribeiro

Você já se perguntou hoje quem está mais exposto a este tiroteio que é a pandemia de covid-19? Conheço quem tenha a coragem de dizer “eu”, ou “todos nós”. Mas, infelizmente, os dados provam que essa não é uma verdade absoluta. A periferia tem sofrido cada vez mais porque o mal que a acomete não é somente a pandemia de covid-19, a distância dos centros de saúde, a falta de acesso ao saneamento básico, a quantidade de pessoas que moram na mesma casa, mas também a falta de acesso à educação, o aumento da presença messiânica da igreja nas comunidades e o quanto isso, infelizmente, a aproxima do discurso negacionista escancarado no mais alto escalão da política brasileira.

Pode soar conspiracionista demais que estes fatores se somem aos péssimos que já existem e resultem em uma chacina da população menos favorecida de um país, mas onde já vimos estes fatores acontecer, a história posterior fez questão de mostrar que nunca é somente só o fato, mas, sim, tudo o que está por trás dele. E eu, como jornalista, seria um irresponsável se não estivesse atrás da origem do fato de o Brasil ter ultrapassado mais de 300 mil mortes por covid-19, e elas estarem, em maioria, na população mais pobre.

Você ainda lembra que a primeira vítima fatal de covid-19 no Brasil foi uma empregada doméstica? Essa cena se repetiu outras milhares de vezes e foi um estudo publicado pelo Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde da PUC-Rio que primeiro confirmou tudo. Levando em conta as primeiras 30 mil notificações de casos de covid-19 disponibilizadas pelo Ministério da Saúde, o estudo concluiu que quanto maior a taxa de escolaridade, menor era a letalidade da doença, ficando em 71,3% entre pessoas sem escolaridade e 22,5% em pessoas com nível superior.

Se aprofundarmos os dados e cruzá-los com as características de raça, vemos que pardos e pretos sem escolaridade representam 80,35% dos dados de frente, com 19,65% dos brancos com nível superior. E esse é apenas o resultado de uma pesquisa no início da pandemia, em maio de 2020. O problema mesmo está no fato de que, com a permanência da pandemia, os dados ficam mais específicos e confirmatórios – por vezes, até mais assombrosos.

Pesquisa do estúdio de inteligência de dados Lagom Data, feita em exclusividade para o jornal El País, comparou os dados de 2020 com os de 2021 e confirmou aumento de até 60% das mortes entre as pessoas com vínculos profissionais comprovados que não puderam ficar em casa. Em especificidade, as profissões que não exigem formação de nível superior e não ganham o suficiente para sair das regiões marginalizadas onde habitam são as mais afetadas.

Mas o que a igreja tem a ver com isso? É meio difícil imaginar como a religião possa impactar numa crise humanitária quando seu papel, na história da sociedade, sempre foi o de passar uma imagem humanizada para a sociedade que a cerca [e a sustenta].

Segundo pesquisa divulgada pelo instituto Datafolha, em janeiro de 2020, pré-pandemia, 60% das pessoas que compõe o perfil do brasileiro evangélico se autodeclaram pretas ou pardas. Isso é resultado do crescimento da presença dessas igrejas nas regiões onde essa população está, em sua maioria, nas regiões mais periféricas. Essa representatividade não existe somente nesta população. Pelo contrário, está, até mesmo, no cenário político brasileiro, no qual compõe 20% do Congresso, em Brasília.

Só nas eleições municipais de 2020, foram, aproximadamente, 13 mil candidatos espalhados pelo Brasil, que usaram a própria religião como bandeira política, segundo o Instituto dos Estudos da Religião. E o maior problema é que a religião faz oposição à ciência, e, quando forma representatividade política, colocamos os estudos científicos em xeque na mão dos representantes do povo. Afinal, a voz do povo é a voz de Deus.

É com esse discurso que o próprio presidente Jair Bolsonaro conseguiu puxar para si a taxada irresponsabilidade social durante a gestão da pandemia. Principalmente, porque representa o combo perfeito entre negacionismo, religião e poder. E, quando esse discurso ecoa entre as pessoas que frequentam os centros religiosos neopentecostais, que é são as mesmas, mas sem acesso à educação, e representam a maioria entre os seus eleitores, temos o resultado catastrófico de um número maior de mortes nesta população.

Infelizmente, ainda estamos numa realidade longe do ideal de conseguir separar política de religião, formar cada vez mais pessoas em ensino superior, e voltar a investir em educação pública para aumentar o acesso da população mais pobre a melhores oportunidades de vida. Em 2021, já não bastava que brasileiro, o que, no geral, já é difícil? Também ser pobre e preto é a certeza de que não há como sobreviver a mais uma pandemia.

 

*Edição: Professor Maurício Guilherme Silva Jr.

 

 

Por Ked Maria

Existem várias maneiras de contar uma história, podem ser através de causos, poesias, prosas e textos, porém, quando a narrativa se une com os desenhos para transmitir uma mensagem, as coisas ficam mais divertidas, fluidas e às vezes até mais leves. As histórias em quadrinhos ou as HQs fazem parte da vida de muitos brasileiros, na volta para a casa dentro do ônibus ou do metrô, é comum encontrar algum leitor ávido por aventura imerso nas páginas desenhadas.

Wendrick Ribeiro de 23 anos, consome HQs e diz que a produção nacional é muito boa, porém falta um ar de comercialização. No cenário brasileiro as revistas em quadrinhos se restringem a publicações independentes, talvez com investimento das editoras ou instituições de mercado intensifique o que traria um aumento exponencial nas publicações. Sobre o conteúdo o publicitário ressalta que os quadrinistas buscam inspirações estrangeiras o que acaba seguindo um padrão norte-americano. Para ele, os quadrinhos estão caminhando para a democratização, “Os quadrinhos atualmente ganharam uma impulsão com a internet, porém essa impulsão fez com que alguns grupos que não tem acesso ou que não tem contato de forma complexa com a internet em sua totalidade, não conseguem serem absorvido.”

 

“Ainda não é tão democrático para quem produz, afinal os quadrinhos
que estão em evidência tem um público muito pequeno que é
de uma faixa com o poder aquisitivo um pouco maior.” Wendrick Ribeiro

 

 

As histórias em quadrinhos entraram na vida do quadrinista Luan Zuchi, ainda na infância, com a coleção da revista Tex”. “Esse encontro com o universo dos quadrinhos me fez perceber que a ilustração poderia servir para contar histórias, causar sentimentos, tocar o outro com uma boa narrativa.”, explica o desenhista  de 22 anos, que lembra: “O interesse pelas HQs veio aos sete anos, com cópias de desenhos por observação e com as tentativas de ampliar essas cópias”. O foco sempre foi desenhar quadrinhos, destaca o jovem que entrou em uma faculdade de design na busca de uma base teórica. Hoje Zuchi tem 10 histórias publicadas sobre diversos temas e seu último projeto é a HQ Kong Comics, onde o autor promete disponibilizar seus quadrinhos para a leitura digital. “Todos esses projetos foram publicados de modo independente, ou seja, eu mesmo bancando a impressão, naqueles que fui responsável por roteiro e arte também fiz o projeto gráfico e cuidei, literalmente, de todas as etapas, da ideia à venda. ”, afirma Luan.

 

“Essa fusão de imagem e texto é instigante para quem lê e traz
o indivíduo para dentro da narrativa, já que é na cabeça do leitor
que a ação sugerida nos desenhos se desenrola.” Luan Zuchi

 

A vontade de tocar o próximo, causar alguma reflexão ou risos, são algumas das razões que motivam o ilustrador, já as ideias para os roteiros variam em cada edição, como sentimentos, situações inusitadas ou até mesmo um ponto vista sobre a vida em sociedade. “Acredito que o dever de um autor é filtrar o mundo ao seu redor e entregar ao leitor o seu ponto sobre aquilo e, se tudo der certo, gerar uma reação em quem consome.”, explica Zuchi e acrescenta que os quadrinhos fazem parte da cultura assim como o cinema, o teatro ou até mesmo os livros, mas ressalta que as características de cada país afetam o conteúdo das HQs. No Brasil, por exemplo as histórias em quadrinhos são associadas ao público infantil, porém para Luan as revistinhas são suporte para contar uma história e nada impede que um adulto se envolva em uma narrativa voltada para a criançada. “Tenho percebido é que temos uma grande oportunidade, de criar quadrinhos que se conectem com as pessoas pelos seus interesses na narrativa, devido à produção diversificada que temos atualmente, de criar quadrinhos para quem ainda não consome quadrinhos seja de super heróis, infantis ou material importado e traduzido por aqui.”.

 

Dificuldades dentro das HQs

Sobre as dificuldades nas produções independentes Luan Zuchi diz que não é na produção que se encontra muitos obstáculos, mas sim na distribuição. O autor alega que a fonte de capital vem com eventos ou financiamento coletivo. Na primeira opção se tem custos como aluguel do espaço, deslocamento, hospedagem, o que impacta diretamente no lucro das vendas, já na segunda opção há um investimento muito grande de tempo e de energia que poderia ser melhor aproveitado no desenvolvimento das histórias.

Outro assunto que instiga o ilustrador é a democratização das HQs, o que foi tema de um dos vídeos postados em seu canal no YouTube. Segundo o quadrinista as histórias em quadrinhos eram vistas como cultura de massa, estavam nos jornais, nas bancas, no mercadinho ou nos postos de gasolina, eram para serem lidas a qualquer momento, por qualquer pessoa. Os quadrinhos de certa forma começaram a se afundar no elitismo das livrarias, nas capas duras e ilustradas, papel bom e preço alto. “As editoras focam no público que já consome quadrinhos e que exige edições luxuosas. Enquanto esse público, que começou a ler na banca, na rodoviária, em edições baratas, se vislumbra com a qualidade gráfica atual e aceita pagar o preço, o novo leitor em potencial acredita que não se publica mais histórias em quadrinhos, simplesmente por que elas foram retiradas do seu campo de visão.”, externa o desenhista e alega que o caminho para reverter esse fenômeno talvez seja produzir narrativas que atraem o público que ainda não lê quadrinhos, uma vez que, todos são leitores potenciais.

“O mundo inteiro está mudando e se adaptando a
esse novo capitalismo tecnológico, os quadrinhos
também estão passando por isso.” Luan Zuchi

 

Para ele há outros vetores que implicam diretamente como as editoras, distribuidoras, lojistas e consumidores, contudo Luan Zuchi acredita que as HQs possuem capacidades incríveis. “Exatamente por essa efervescência que estamos vendo nos últimos anos, com eventos e novos autores surgindo e conseguindo produzir por aqui mesmo, conquistando seu público e mantendo um contato próximo com ele por meio das redes sociais.”.

Julio Almeida de 24 anos, publicou seu primeiro quadrinho na Comic Con Experience de 2017, a revista em quadrinhos se chama “Gie, The Gift”, onde narra a história de uma bruxinha e um desafio para acertar um feitiço. “Nesta história em especial tudo aconteceu muito rápido e não teve uma etapa prévia de preparação e concepts, eu só sentei e fui produzindo uma página atrás da outra. Por trás dessa trama principal eu quis criar uma metáfora sobre amor e afetividade, o que foi bem intuitivo e fluido.”, conta o ilustrador que atualmente trabalha no quadrinho “Nico e Alf”, previsto para este ano, e diz que desta vez anda respeitando melhor as etapas e preparando tudo com mais calma.

 

Inspirar os leitores é uma das motivações de Almeida, o autor propõe reflexões em suas narrativas de uma forma que sejam honestas e que encoraja o consumidor. “Enquanto artista eu me sinto no dever de produzir algo que encante visualmente e que guie esse vislumbre do leitor para uma reflexão sobre algo que seja real no modo como a sociedade funciona ou funcionou algum dia de forma que ele se identifique em algum grau com o que está sendo contado e que essa experiência seja levada para fora da leitura do quadrinho.”, explica o jovem e acrescenta que os quadrinhos instiga a curiosidade, as percepções visuais, a imaginação, fortalece vínculos com personagens e tipos de personalidade.

Para o quadrinista as HQs no Brasil eram dominadas pela produção estrangeira, há uma ou duas décadas atrás dificilmente um título nacional ganhava destaque ou era nacionalmente conhecido se não fosse algum título do estúdio Mauricio de Souza Produções. O que está mudando, o consumo de quadrinhos nacionais cresceu bastante e vem inspirando o surgimento de novos e bons autores. “Eu acredito que estamos nos encaminhando (muito bem) para que as histórias em quadrinhos estejam enraizadas como cultura nossa mesmo, com estilo próprio, sem influências a quadrinhos americanos, europeus ou japoneses.”, afirma Julio e alega que o cenário nacional vem criando personalidade própria.

O quadrinho é sempre muito mais sobre a experiência
por trás
do desenho do que o visual em si, e essas experiências
não podem ser definidas por idade.” Julio Almeida

Dentro das principais dificuldades que o quadrinista enfrenta é a publicação e distribuição, mesmo com o mercado em crescimento há poucas editoras interessadas nesse tipo de mídia. “A principal ferramenta de publicação de quadrinhos nacionais hoje é o financiamento coletivo em plataformas como Catarse, Vaquinha, Benfeitoria, KickStarter.”, afirma ilustrador que completa dizendo que prejudica um pouco a qualidade do material impresso, uma vez que, se trabalha com orçamentos muito apertados.

Sobre a divisão entre o público infantil e o adulto, Almeida diz que o quadrinho é muito rico e diverso, existem cada vez mais títulos com mensagens poderosas. “Eu acredito que essa definição hoje só existe na questão de “classificação indicativa”, pois realmente existem títulos com conteúdo que não são apropriados para o público infantil. Mas, fora esses casos específicos, no geral é uma grande besteira essas divisões.”.

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Foto reprodução internet

Por Sérgio Fraga do Nascimento Neto  

Toda vez que ligo a TV em um jornal qualquer, vejo a roubalheira dos nossos políticos. É dinheiro que não acaba mais, independente do partido ou época. Nesse momento fico pensando naqueles brasileiros que trocavam “farpas” com todo mundo por causa dessa política podre. Fico imaginado o motivo daquela briga e raiva em cima de outros cidadãos de bem e não nesses ladrões de “quinta”.

Recordo-me que no começo dessas brigas, para defender partido “A” ou “B”, pareciam discussões entre torcidas de futebol, em que o meu era melhor que o seu e vice-versa. Esses brasileiros tinham em mente que só um partido ou um grupo de políticos eram corrupto nesse país. Isso seria o maior de todos os sonhos, se os nossos problemas se resumissem somente em um nome ou em um partido. Se isso realmente fosse verdade, talvez a gente não estivesse passando por esse momento tão difícil.

Nesse período dava vergonha as atitudes da nossa nação, brigas sem sentido, sem argumentos sólidos e uma desunião desnecessária.  Em vez de se juntar para uma causa comum, que era acabar com a corrupção, foi para redes sociais ou rodas de conversas defenderem seu partido ou político, parecendo até que eles mereciam ser defendidos. Independentemente se era o melhor amigo, pai, mãe, irmão ou irmã, se desse uma opinião contrária que seu líder implantou na sua cabeça, era o fim da relação, e a guerra estava iniciada.

Muitas amizades e relações familiares nesses últimos anos terminaram do nada, só para mostrar que o pensamento da pessoa estava equivocado, que a escolha dela tinha afundado ou iria afundar o país. Resultado: o Brasil caiu numa crise profunda e a população em guerra, dividida entre “coxinhas e mortadelas”, perdendo tempo defendendo políticos enquanto eles se uniam para não serem descobertos e continuarem no poder.

Hoje as delações nos mostra como fomos ingênuos, como colocamos as nossas relações de afeto em segundo ou até mesmo em terceiro plano, por uma coisa que estava na nossa cara o tempo todo, que sempre existiu desde quando o Brasil foi descoberto, mas não queríamos ver. Que todos eles nos manipularam e ainda fizeram de tudo para ter essa separação no país, porque eles sabem do poder de uma sociedade unida, em busca de um só objetivo, e isso acabaria com todas as mordomias deles.

Pelo menos esses grupos acalmaram os ânimos um pouco, talvez tenham, mesmo que tarde, acordado e visto que a situação está muito pior que a gente imaginava. Que agora é o momento de todos se unirem, mostrar que a população tem muito mais força que qualquer corrupção, impunidade ou alianças de “caciques” para tentar sobreviver até as próximas eleições.

Que não é vergonha ter votado em corrupto, ter defendido um corrupto, pois nesse momento eles trabalham dia e noite para nos passar essa imagem que não corresponde com a realidade. Vergonha mesmo é continuar a acreditar neles, fechando os olhos para tudo ao nosso redor e continuar achando que a gente não tem poder para mudar o país.

Chega de ofensas, chega de bandeiras, chega de brigas entre torcidas, isso o que o país está vivendo agora é muito sério e precisamos que os amigos, familiares e toda a sociedade lutem juntos para um Brasil mais forte, honesto e que tudo isso não acabe em “pizza”, como sempre acabou. Precisamos construir uma nova nação!

Outra vez, o dia 13 de dezembro entrou para a história da política brasileira. No ano de 1968, o Ato Institucional nº 5 (AI-5) foi baixado durante o governo militar do general Costa e Silva, na vigência do período em que o país viveu sob os comandos da ditadura militar. Quarenta e oito anos depois, no mesmo 13 de dezembro, o senado federal aprovou a Proposta de Emenda Constitucional nº55 (PEC-55). Por se tratar de uma emenda à Constituição da República, eram necessários 49 votos para o texto ser aprovado, pela casa, em segundo turno. No total, 69 senadores votaram, 53 favoráveis à proposta e 16 votos contra.

No dia 15 de junho, o governo de Michel Temer apresentou ao Congresso Nacional, a Proposta de Emenda à Constituição nº 241. O projeto visa a diminuição das despesas públicas tentando alcançar a adimplência do Brasil com seus atuais credores, decorrentes da atual dívida pública do estado, que superam os três trilhões de reais.

A PEC 241 irá alterar o Ato das Disposições Transitórias (ADCT) da Constituição do Brasil acrescentando a ele os artigos 101 a 109. Ela visa estabelecer um teto de gastos e investimentos primários da administração pública federal, em relação às três funções do seu poder Legislativo, Executivo e Judiciário, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, utilizando como base o orçamento de 2016.

No dia 11 de novembro, secundaristas e manifestantes se reúnem no coreto da Praça Sete (símbolo da liberdade) em protesto contra as medidas impostas pela PEC-55. Fotografia: Lucas D'Ambrosio.
No dia 11 de novembro, secundaristas e manifestantes reunidos no coreto da Praça Sete (símbolo da liberdade) em protesto contra as medidas impostas pela PEC-55. Fotografia: Lucas D’Ambrosio.

Com a atual tramitação no Senado Federal sob o número 55, eventuais mudanças ocorreram no texto inicial da proposta. A PEC pretende criar limitações e estabelecer um teto de despesas para os próximos 20 exercícios financeiros (20 anos). Será estabelecido um limite máximo de investimentos atualizados, anualmente, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Final (IPCA). Ou seja, este limite terá que obedecer ao total gasto no ano anterior, corrigido pelo índice inflacionário. Além disso, o Presidente da República, à época, poderá propor ao Congresso Nacional, após os 10 primeiros anos de vigência e por meio de lei, a alteração do regime fiscal.

Desta regra estão excluídos a transferência constitucional de recursos para estados da União e municípios, recursos federais destinados ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), créditos extraordinários que são permitidos em casos de guerra, comoção interna ou calamidade pública. A outra exceção é a despesa decorrente do aumento de capital de empresas estatais não dependentes.

Atualmente, os gastos e investimentos que são destinados à setores básicos sociais como educação e saúde, são realizados conforme a receita arrecadada pela União, ano após ano, respeitando índices mínimos previstos na Constituição. De acordo com a proposta, se a PEC for aprovada neste ano, a aplicação mínima no ano de 2017 para a saúde será de 15% em relação à receita corrente líquida do exercício financeiro de 2017, conforme consta na Constituição.

Para a educação, o mínimo aplicado pela União no ano de 2017 será de 18% da receita resultante da transferência dos impostos, para a manutenção e desenvolvimento da área. A partir do ano de 2018, o valor que poderá ser aplicado para ambas as áreas irá corresponder aos valores mínimos aplicados nos anos anteriores, corrigidos pelo IPCA. Ou seja, haverá a limitação dos gastos e investimentos nas áreas de educação e saúde a partir do ano de 2018, tendo em vista o que tiver sido gasto no ano de 2016 e 2017.

Fotografias e Reportagem: Lucas D’Ambrosio

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Foto Divulgação

“A Democracia é o pior modelo de sociedade, depois de todos os outros” – autor desconhecido

A base da democracia parte do pressuposto de que é a vontade da maioria que prevalece e há o respeito aos direitos da minoria, mas se estudarmos a história de nosso país veremos que a descrição do que é não condiz com a realidade de fato. Para isso basta fazer uma pequena retrospectiva, até primórdios de quando nos tornamos “independentes”, para nos questionar se esse tal de estado democrático é uma utopia ou a realidade.

Nas colônias: os direitos políticos eram restritos a uma parcela limitada de proprietários de terras, os famosos “homens bons”. Era deles a decisão de quem iria ocupar cargos políticos de maior importância, assim como quais leis teriam validade.

Século XVII: apesar dos ideais iluministas usados como suporte das revoltas coloniais, lê-se “Inconfidência Mineira”, e o possível surgimento de direitos não podemos deixar de ressaltar que a escravidão seria mantida no novo regime. Para o estudante de Jornalismo Guilherme Resende o ideal de democracia não existe e completa: “Ainda que se tente lapidar esse modelo para a perfeição, ainda vão existir falhas. Para essas falhas serem minimizadas, a população deve estar ciente dos seus direitos e deveres, e o limite de onde podem contribuir para uma sociedade mais justa. Essa conscientização levará a um progresso por parte de toda a sociedade, pois emergirá da base da pirâmide social, “contaminando” os setores mais atribulados de poder. ”.

Independência: nasce nossa primeira constituição e com ela a instalação do voto censitário e a escravidão mantida no Brasil, a participação na política era uma regalia destinada aos privilegiados.

A partir de 1870: a onda republicana trouxe o abolicionismo, mas em contrapartida o acesso ao voto foi reduzido, já que a alfabetização era requisito exigido na escolha de representantes políticos. Havia uma carência de instituições de ensino.

Resende acredita que estamos longe de um lugar ideal desse modelo que vivemos e concluí que existe ainda uma questão hegemônica que impede a população de entender todos os processos democráticos, e isso tem a ver com os grupos que estão em poder de nossa sociedade em muito tempo. Por enquanto, ainda assistimos (parcialmente) calados e até dando voz a violações graves desse sistema, e isso apenas atrapalha no processo de construção de uma sociedade mais democrática.

Vargas: a pesar de ir contra a corrupção eleitoral e exclusão política, ele manteve-se 15 anos no poder usando manobras políticas.

1964: com o golpe militar veio a redução das liberdades democráticas do país. Ameaçando e aterrorizando a sociedade, o regime se instalou criando um sistema bipartidário sem brechas a uma possível oposição ao governo.

20 anos, eleições diretas: permitindo a volta das eleições diretas e a livre organização partidária, o fim do regime militar deixou instabilidade econômica, além dos terríveis índices inflacionários. Mas houve democracia?

Atualmente: todo brasileiro pode exercer sua cidadania, basta ter idade acima de 16 anos, mas fala-se na obrigatoriedade do voto. Fala-se em liberdade, mas não se vê o respeito às diferentes crenças ideológicas. Fala-se em Estado laico, mas não se respeita a liberdade de expressão que nos é garantida por lei.

E então, existe democracia ou ela é apenas uma utopia?

Por Ana Paula Tinoco

 

Na manhã de segunda-feira, 09 de Maio, o deputado Waldir Maranhão (PP-MA) divulgou em sessão a decisão que tenta anular a admissibilidade do Impeachment da Presidenta Dilma Rousseff que foi realizado no dia 17 de Abril.
No mesmo dia, porém, o presidente interino da Câmara voltou atrás de sua decisão e autorizou, novamente, a abertura do processo contra a nossa Presidenta. “Revogo a decisão por mim proferida em 9 de maio de 2016, por meio da qual foram anuladas as sessões do plenário da Câmara dos Deputados ocorridas nos dias 15, 16 e 17 de abril de 2016, nas quais se deliberou sobre denúncia por crime de responsabilidade número 1 de 2015”, esclarece Maranhão em carta liberada por sua assessoria de imprensa.
Diante desse impasse e reviravoltas, o Jornal Contramão foi às ruas ouvir os cidadãos, afinal, você é a favor ou contra o impeachment da Presidenta Dilma Rousseff?

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“O maior absurdo que a gente vive nesse momento político é um lixamento da nossa Presidente. E tenho orgulho de tê-la elegido duas vezes. E sem dúvida a oposição está com raiva por não ter o número de votos para ganhar, por isso eles estão usando desse artifício. Estou indignado como o vandalismo político nesse momento no nosso país. Nós não nos vendemos e nem nos rendemos.”, explica Manoelito Pereira, Agricultor aposentado.

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“O que eles estão querendo fazer com a nossa Presidente eleita é uma covardia. E baseado nisso eu gostaria de saber na mão de quem que fica? Eles estão entregando o galinheiro para as raposas. Por isso eu sou contra o Impeachment.”, a opinião de Itamar Carlos de Paula, Motorista.

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“Deve haver democracia. E infelizmente, muitas pessoas da população voltaram atrás no seu voto. Eu, mesma, fui uma que votou na Dilma, com o decorrer do tempo, da crise e devido às consequências de decisões erradas eu sou a favor do Impeachment.”, conta Daine Garcia, assistente administrativa.

Matéria Ana Paula Tinoco/ Fotos Júlia Guimarães