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Da esquerda para direita: Marcelo Miranda (crítico de cinema), Ricardo Moura (guia religioso da Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente e Célio Dutra (Diretor do Documentário)

Por Ana Paula Tinoco

A 11ª Mostra de Cinema de Belo Horizonte chegou ao seu final e não poderia ser de outra forma que se não em grande estilo. Com uma programação variada, o evento contou com várias opções para diferentes gostos e preferências, entre seminários, sessões de cinema e shows musicais, a CineBH 2017 foi um grande sucesso.

Documentários tiveram suas estreias, mas um em particular chamou atenção, não por ser sua primeira exibição, mas pelo seu roteiro que guiou seu diretor através dos ritos e preparativos da celebração do Dia do Preto Velho. Sendo essa uma das mais importantes festas da Umbanda no Brasil, o filme nos leva por uma viagem que parte do primeiro dia em que os fiéis começam sua liturgia até o dia dá tão esperada celebração.

Sobre a ideia do filme o diretor Célio Dutra nos conta como surgiu a ideia para o longa-metragem: “Era vontade minha produzir algo com um amigo meu, eu via o trabalho social que ele fazia, questões que não estavam juntas a religiosidade. E eu tinha aquela vontade de participar, mas não encontrava um jeito. Ele começou a frequentar a casa do Ricardo* e após dois anos dialogando sobre a maneira ideal que refletisse a realidade da casa, que mostrasse o dia a dia, o filme aconteceu”.

O longa apresenta de forma prática, didática e educativa a organização e sistema criado pelos frequentadores do terreiro da lagoinha que dividindo seu tempo entre orações e canções trabalham para que tudo saia perfeito no grande dia. Descontraídos e bem-humorados aqueles que nos falam sobre a religião tentam levar entendimento àqueles que desconhecem a fé e o credo de quem segue as Matrizes Africanas.

“O terreiro é acolhimento, respeito a diversidade. Todos que chegam lá são abraçados e acolhidos como iguais”, fala Pai Ricardo quando o tema intolerância é ressaltado. Para Dutra, o preconceito somente pode ser subjugado pelo respeito, “A intolerância não precisa existir, você tem que conhecer.”

 

 

*Guia religioso da Casa de Caridade Pai Jacob do Oriente

 

Por Ana Paula Tinoco

Pierre León, cineasta francês de origem russa, é o grande homenageado e possui destaque merecido na 11ª CineBH. Como diretor León tem uma gama de filmes distribuídos entre curtas e longas metragens, sendo que desse apanhado de 30 obras 14 delas serão exibidas em sessões ao longo da semana na Mostra de Cinema.

Talentoso, mas ao mesmo tempo modesto, León diz ter orgulho de suas obras, afirmando que jamais teve vergonha do que tenha sido feito ao longo de sua carreira que começou em 1994 com o longa Li per Li. Questionado sobre pertencer ao Cinema Marginal, ele esclarece: “Não me considero Marginal, sou periférico. Sou do cinema de estoque.”

Sobre a inspiração para suas obras, León poetiza de onde vem a sua inspiração e como suas ideias para filmes surgem ao dizer que vêm da beleza: “Ela (inspiração) pode vir de uma música, um prédio bonito ou até mesmo um belo rosto que eu tenha visto. Eu quero é contar uma história”, diz León com muito bom humor.

Sobre as dificuldades que cineastas independentes encontram, ele diz que não importa como, mas o filme tem que ser feito: “Se não há dinheiro eu consigo, empresto dos amigos, da minha mãe, de quem puder ajudar e faço meus filmes”.

Ao ser questionado sobre o futuro e como ele vê sua obra inserida nele, León diz que gosta de pensar que daqui 50 anos pessoas verão seus filmes. Mas que gostaria que as pessoas soubessem que seus filmes são específicos, pois seus filmes são diferentes uns dos outros, são imagens e salienta: “Eu às vezes faço filmes ruins, mas o fato de mostrar tudo o que uma pessoa fez dá uma ideia melhor. E em 30 anos será possível ver se há coerência no meu trabalho”.

León que também é crítico de cinema, escrevia pra revista francesa Trafic, faceta pela qual muitos o conhecem, diz que o trabalho do crítico é atentar para os detalhes presentes nos filmes e não dizer ao público o que ele deve gostar e cita o cineasta, também francês, Jean-Luc Godard: “Não é porque o público é ruim que os filmes sejam ruins”. E aponta para o fato de que os críticos devem sim falar de filmes que as pessoas não falam, uma forma de levar conhecimento sobre cineastas desconhecidos.

E encerrou o bate-papo com a seguinte frase: “O cinema precisa de invenção!”.

Por Ana Paula Tinoco

A abertura da Mostra CineBH 2017 ocorreu ontem, 22 de agosto, no Cine Theatro Brasil Vallourec. Com entrada franca, o público foi recebido pela atriz Lira Ribas, mestre de cerimônia, responsável por conduzir a apresentação de um roteiro voltado para a diversidade. A noite que teve uma programação interativa contou em sua abertura com a participação de Mc Douglas Din, Marise Dinis e Ailtom Gobira do Duo Paralelo em uma performance audiovisual dirigida por Chico de Paula e Grazi Medrado ao som do músico G.A. Barulhista.

Para o Jornalista João Alves a proposta deste ano que gira em torno de um assunto que diz respeito a todos nós: “Urgências do Mundo”, tem tudo a ver com a realidade que vivemos em nossa capital: “Eu espero que com esse tema a mostra abra as portas de vez para um evento cada vez mais político, democrático e inclusivo, pois infelizmente o cinema é uma linguagem que não é direcionada para todos, seja pelo espaço, pela representatividade ou pelo preço”.

As homenagens deste ano serão voltadas ao crítico, ator e cineasta francês Pierre León, que em sua primeira visita ao Brasil, terá 14 filmes exibidos em retrospectiva na programação da CineBH. León que subiu ao palco para receber o prêmio, desculpou-se por não conhecer nosso idioma e bem-humorado brincou iniciando seu discurso com uma palavra que nós mineiros conhecemos bem: “uai! ”

“Obrigado pelo meu primeiro prêmio. Venham ver pelo menos um dos meus filmes, tem muitos, para saber se esse troféu foi merecido. Obrigado, obrigado a todos. ” – Pierre León

Dando continuidade à noite, o filme “Corpo Elétrico”, primeiro longa-metragem de Marcelo Caetano, foi exibido em pré-estreia em Minas Gerais.

De Minas para a Minas, o diretor mineiro nos traz a história de Elias, jovem trabalhador que divide seu tempo entre o ofício numa pequena empresa e as noitadas regadas à bebida, gargalhadas e sexo com amigos e parceiros.

 

Sobre a programação: Mostra CineBH

 

Por Ana Paula Tinoco

A Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte – CineBH – chega a sua 11ª edição, o evento que terá início hoje, 22 de agosto, conta com uma programação diversificada e gratuita. No total serão exibidos 101 filmes, sendo 41 longas, 1 média e 59 curtas-metragens organizados em 60 sessões distribuídas em toda grande BH.

A mostra que irá até o dia 27 de agosto, receberá pré-estreias e retrospectivas vindas de seis estados brasileiros: Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná. Além, da participação de 16 países: Brasil, França, Reino Unido, Estados Unidos, Portugal, Senegal, Alemanha, Japão, China, Rússia, Áustria, Líbano, Síria, Emirados Árabes, Qatar Tailândia.

Os espaços ocupados serão ao todo dez, são eles: Fundação Clóvis Salgado, Teatro Sesiminas, Sesi Museu de Artes e Ofícios, Sesc Palladium, Cine Theatro Brasil Vallourec, Praça Duque de Caxias – Santa Tereza, MIS Cine Santa Tereza, Cento e quatro Centro Cultural, Serraria Souza Pinto.

A novidade este ano fica por conta da montagem de um cinema na Praça da Estação, ao ar livre. Integrando a programação da Minas Gerais Audiovisual Expo – A MAC – o objetivo desta estreia é abrir e intensificar a interação entre a CineBH, Belo Horizonte e todos os movimentos sociais e culturais vigentes em nossa cidade.

Abaixo link dos lugares em que a 11ª Mostra de Cinema Internacional de Belo Horizonte – CineBH –  ocorrerá:

  • Fundação Clóvis Salgado – Palácio das Artes

Avenida Afonso Pena, 1.537 – Centro, Belo Horizonte – MG

  • CentoeQuatro – Centro Cultural

Praça Ruy Barbosa, 104 – Centro, Belo Horizonte – MG

  • Teatro Sesiminas

R. Padre Marinho, 60 – Santa Efigênia, Belo Horizonte – MG

  • Sesi Museu de Artes e Ofícios

Praça Rui Barbosa, 600 – Centro, Belo Horizonte – MG

  • Sesc Palladium (Entrada Principal)

Av. Augusto de Lima, 420 – Centro, Belo Horizonte – MG

  • Cine Theatro Brasil Vallourec

Av. Amazonas, 315 – Centro, Belo Horizonte – MG

  • Praça Duque de Caxias

Santa Teresa, Belo Horizonte – MG

  • MIS Cine Santa Tereza

R. Estrela do Sul, 89 – Santa Teresa, Belo Horizonte – MG

  • Serraria Souza Pinto

Av. Assis Chateaubriand, 809 – Centro, Belo Horizonte – MG

  • Praça da Estação

Av. dos Andradas – Centro, Belo Horizonte – MG

Para informações sobre a programação completa: CineBH

 

 

 

A 6ª Mostra CineBH, faz o público refletir sobre o mercado audiovisual mineiro, nacional e internacional. O evento, que se encerra amanhã, nasceu com o intuito de contextualizar o cinema no mercado e entender como este mercado se configura, hoje, no Brasil e no exterior. “No Brasil, existe uma política pública de produção, mas ainda falta uma [política] de difusão”, explica a produtora da Universo Produção Raquel Hallak.

Segundo Raquel Hallak, os eventos da Universo Produção, responsável pelo mostra, são instrumentos a favor da produção impendente que envolvem a realização de baixo orçamento e que imprimem uma identidade. “São filmes autorais que, muitas vezes, não têm a oportunidade de chegar até o publico, porém são eles que deram a nova cara do cinema brasileiro”, avalia a produtora.

Público – Mostra CineBH

Para o programador do Cine104 Daniel Queiroz, o mercado no geral encontra-se em uma mudança enorme com diretrizes boas e ruins. “A juventude de hoje tem algumas dificuldades com o cinema tradicional, como, por exemplo, de se concentrar em um filme de duas horas de duração”, observa Queiroz. Por outro lado, ele percebe que os filmes estão circulando de novas maneiras, sem se prenderem somente a formatos e a gêneros tradicionais.

Entre o público, estavam àqueles que acompanham a trajetória de dez anos da Teia, como é o caso de Pedro Aspahan, formado em Rádio e TV. “Acho que a Teia tem um trabalho consistente, com poesia, e que nos inspira a produzir novos trabalhos”, afirma.

Para os homenageados o clima era de felicidade e frio na barriga. “Ser homenageado é bom, dá uma alegria, um frio na barriga. É um reconhecimento e uma certeza que não podemos acomodar, temos que continuar seguindo em frente”, declara a produtora do grupo Teia Clarissa Campolina.

Clarissa Campolina

Hoje, um dos destaques do evento é a apresentação do filme Tabu, do diretor Miguel Gomes, cartaz do Cinema Belas Artes 1.

Por João Vitor Fernandes e Rafaela Acar

Foto João Vitor Fernandes e Rafaela Acar

A cidade recebe neste mês a edição da Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte (Mostra CineBH). O evento contará com a exibição de 126 filmes nacionais e internacionais e homenageará a produtora Teia, que comemora dez anos de existência, além de oficinas, palestras, cursos, sessões de escola e lançamentos de livros.

O público terá a oportunidade de rever cinco longas que representam a carreira dos diretores Sérgio Borges, Leonardo Barcelos, Helvécio Marins Jr, Clarissa Campolina, Marília Rocha, Pablo Lobato e Cao Guimarães, todos membros da produtora.

Serão apresentadas, nesta edição, nove mostras, entre elas uma retrospectiva da carreira do diretor francês LeosCarax, que teve sua mais recente produção, o filme Holy Motor, premiada no último Festival de Cannes, e, o jovem prodígio do cinema, o mexicano Nicolas Pereda, 28 anos e que já acumula em seu currículo sete filmes e recebeu diversos prêmios, incluindo o Toulouse e Guadalajara. Pereda estará presente no evento, para discutir com o público suas técnicas de filmagem e como acontece seu processo criativo.

Pelo terceiro ano seguido será realizado, simultaneamente, com a mostra, o BrasilCineMundi, que visa a troca de experiências e capacitação dos profissionais e estudiosos do cinema, oferecendo assim oficinas, debates e estudos de caso.

Com a Mostra de filmes de produção independente e do grande mercado, os organizadores do evento visão uma conexão através de debates e seminários sobre as exibições, tendo o propósito de ampliar os questionamentos comerciais, criar ações de cooperação, lançamentos de novas ideias, com o intuito de modificar a compreensão do cinema que se faz, e refletir sobre o assunto.

A abertura da amostra será amanhã, dia 18 de outubro, às 20h30, no SESC Palladium. A entrada é franca e o evento vai até o dia 30 de outubro em diversos pontos da cidade.

Por Hemerson Morais, Paloma Sena, Rafaela Acar e Rute de Santa

Foto: divulgação do curta Cadê meu Rango?, de George Damiani