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Contramão nas Ruas

Arte e Fotografia: Lucas D'Ambrosio

Inviabilidade geológica e financeira são debatidas por especialistas.

Reportagem: Lucas D’Ambrosio

Afinal, Belo Horizonte pode receber linhas de metrô subterrâneas? Essa é uma questão que permeia entre os moradores da cidade. O ideal de ampliação das linhas metroviárias da capital ainda esbarra na dúvida e na incerteza nas condições geológicas da cidade para receber esse tipo de instalação.

Por muito tempo, acreditava-se que BH não possuía condições geológicas para linhas subterrâneas, o que foi combatido pelo especialista Edézio Teixeira de Carvalho, ainda em 1995, com a apresentação dos resultados de um estudo entregue à prefeitura da cidade, naquele ano (veja aqui).

Mapa com representação gráfica do Quadrilátero Ferrífero, no Estado de Minas Gerais. A união das serras do Curral, do Rola-Moça, da Piedade, do Caraça, de Ouro Branco e Itatiaia formam um quadrado que justifica o nome da região. A cidade de Belo Horizonte está localizada no extremo norte do mapa, às margens da Serra do Curral. Fonte: www.visiteminas.com/quadrilatero-ferrifero/.

De acordo com ele, “O terreno de BH é mais do que propício para a instalação do metrô. O conjunto de formação geológica permite a construção de linhas subterrâneas na cidade”. Dos dados levantados pelo especialista, de 70% a 80% do território destinado para o local de instalação, possuem condições favoráveis para isso.

A cidade de Gnaisse

Belo Horizonte está localizada em uma região conhecida como Quadrilátero Ferrífero, ao norte da Serra do Curral. A cidade está construída sobre o embasamento cristalino denominado Complexo Belo Horizonte, que é composto pela rocha gnaisse. A fama da região se deve pela quantidade de ferro que por aqui é produzida. Segundo pesquisa realizada no ano de 2014, pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), mais de 160 milhões de toneladas do minério são extraídas anualmente por aqui.

A pequena amostra de gnaisse que constitui o embasamento de BH. “Uma camada pode possuir quilômetros de espessura. São blocos que possuem condições para uma perfuração com dimensões viáveis à instalação de linhas de metrô, por exemplo”, afirma a geóloga Andréa Ferreira. Fotografia: Lucas D’Ambrosio.

Pode-se dizer que o gnaisse é a base que sustenta toda a região em que o quadrilátero está localizado. Porém, além dos complexos formados, como o embasamento, existem situações em que ele alcança a superfície. Ela explica que, nesses casos, “Quando está exposto ou aflorado, ele pode acabar sofrendo alterações ou intempéries como qualquer outra rocha que esteja à mercê das reações externas do solo”, comenta. É, por exemplo, o caso do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro.

 

Assim como a famosa Pedra Azul, na divisa de Minas Gerais com o Espírito Santo, o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro (foto), é um exemplo de afloramento da rocha Gnaisse. Nesses casos, esse tipo de estrutura geológica, que serve como embasamento das camadas subterrâneas que normalmente estão no subsolo, ultrapassam a superfície sofrendo alterações do tempo e de intempéries. Fotografia: Gustavo Heringer.

Túneis subterrâneos

O que ambos os especialistas concordam é a possibilidade e condições da perfuração do embasamento de BH para a construção de túneis subterrâneos. Para Andréa Ferreira, o fato do gnaisse ser uma rocha compacta é a razão que sustenta sua opinião, “Ela fica estável quando se faz túneis”.

O embasamento é uma camada que pode possuir quilômetros de espessura. São blocos que possuem condições para uma perfuração com dimensões que possam atender a instalação de linhas de metrô, por exemplo. “Não é uma rocha que irá se desfazer. Porém, se o local de perfuração estiver fraturado (quando a rocha está quebrada), não é possível realizar a perfuração naquele determinado lugar”, explica.

A geóloga Andréa Ferreira abre as portas do acervo existente no Museu das Minas e do Metal – MM Gerdau. Ele possui um acervo próprio com amostras de diferentes tipos de rochas. Dentre elas, exemplares do gnaisse. Fotografia: Lucas D’Ambrosio.

Isso justifica a realização das análises geotécnicas, como os que ocorreram com as prospecções feitas em fevereiro de 2012. Este estudo avalia as condições de compactação da rocha. “Se o gnaisse estiver sem faturamento, ele é perfeito para esse tipo de perfuração. O buraco realizado para o túnel irá se sustentar por si só, excluindo a necessidade, inclusive, de escoramento”, conclui.

Para o engenheiro geólogo Edézio Carvalho, outro ponto deve ser levado em consideração é o elevado custo da operação que, para ele, é normalmente superestimado. Ele explica que o gnaisse, quando retirado do solo, pode ser reutilizado para a produção de brita, “Além de solucionar duas questões, uso dos resíduos e solução para o ‘bota-fora’ reduziria, inclusive, os impactos ambientais de uma possível perfuração e extração desses resíduos do solo da região metropolitana de BH”.

Ele defende que outras questões poderiam ser revistas para viabilizar o custo de operação dessa instalação como, por exemplo, “A descontinuidade das obras, impondo repetidas mobilizações e desmobilizações. O atraso tecnológico, a falta de concorrência, a falta de escala e melhores critérios de apropriação de custos”, finaliza.

Reportagens Anteriores:

BH continua na espera pela ampliação do metrô

Os metrôs da CBTU

Estudo aponta condições para linhas subterrâneas em BH

As diferenças entre os metrôs que são administrados pela companhia nacional em outras capitais do país.

A insatisfação com o metrô de Belo Horizonte já é história antiga. Desde sua inauguração, em 1986, as promessas de reforma e ampliação de suas linhas superam as expectativas do esquecimento. A administração do metrô foi transferida do estado de Minas Gerais para a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). A companhia, vinculada ao governo federal desde 2003, por meio do Ministério das Cidades, atua na gestão e operação comercial do transporte de 210 mil passageiros por dia, na capital mineira.

Números do metrô de Belo Horizonte

De acordo com dados apresentados em 2011, por uma pesquisa realizada pela CBTU, do número total de passageiros transportados diariamente, 70,8% deles utilizam o metrô para o trabalho e 45,3% fazem o uso durante cinco dias da semana. Outro número que chama a atenção: 15% dos usuários realizam as viagens originadas de bairros da região metropolitana. Isso mostra a defasagem na atual linha em operação, tendo em vista que apenas o município de Contagem, na região metropolitana da cidade, possui estação de metrô.

Outros dados apontam que, a maioria dos usuários possuem entre 18 e 24 anos e são mulheres. Os horários de maior utilização são das 5 até as 8 horas da manhã e, à noite, das 17 até às 20 horas. Dos 210 mil passageiros diários, 57,2% representam funcionários da iniciativa privada, que dependem do transporte público, para chegar até o seu trabalho.

As linhas da CBTU

Atualmente, a CBTU é responsável pela administração do transporte metroviário das cidades de Belo Horizonte, Recife, Maceió, João Pessoa e Natal. Dentre as cidades, o metrô da capital pernambucana é o mais avançado, em termos de número de linhas e usuários atendidos diariamente. Em Belo Horizonte, de acordo com dados publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população estimada para 2016 foi de mais de 2 milhões e meio de pessoas e um quinto da população atendida pelo metrô.

Em Recife, porém, os números demonstram a importância desse tipo de transporte. Por lá, de acordo com o IBGE, a população estimada para o ano de 2016 foi aproximadamente de 1,6 milhões de pessoas. A diferença: o metrô recifense, atualmente, atende o dobro de passageiros em relação à BH e possui 43 Km de linhas a mais construídas.

    

Reportagem anterior:

BH continua na espera pela ampliação do metrô

Fotografia, arte e reportagem: Lucas D’Ambrosio

 

5 anos de mais um capítulo da história de esquecimento do metrô de Belo Horizonte.

Quem transitava pelas ruas de Belo Horizonte no dia 7 de fevereiro de 2012, em pontos como a Praça Sete, irá se lembrar daquele dia. Logo ali, na esquina da rua Carijós com a avenida Amazonas, no coração da cidade, um conjunto de tapumes, maquinários e operários realizavam perfurações para análise da viabilidade geológica do solo. Uma placa afixada revelava o propósito da operação: “O Metrô é a Solução”.

Cinco anos depois, o que restou foi a desilusão da população belo-horizontina. Lá se vão mais de 30 anos desde a inauguração da única linha metroviária da cidade. De 1986 até hoje, planos para reformá-la pairam no imaginário esquecido da capital mineira. Gestão após gestão, promessas não cumpridas, corte de orçamento, jogo de empurra entre prefeitura, empresas administradoras e Governo Federal, criam desculpas que impedem a tão sonhada ampliação do metrô de BH.

Linhas de metrô em Belo Horizonte. Fotografia: Lucas D’Ambrosio

Durante dois anos, a diarista Wanderleia Maria da Silva, 46, utilizou o metrô para trabalhar. No seu trajeto, ela também utilizava uma linha de ônibus para ir da estação em que descia até o bairro do seu trabalho. “Entre metrô e ônibus, prefiro o metrô. É muito melhor, não tem trânsito e é mais rápido”, comenta.

Sobre as obras que ocorreram em 2012, ela se lembra com pesar das promessas não cumpridas pelo então prefeito, Márcio Lacerda. Nas vésperas do pleito eleitoral que o reelegeram, as obras se tornaram uma lembrança para a população. “Lembro que fizeram umas perfurações pela cidade, ali na Afonso Pena. A gente via todos os dias aquele tanto de gente trabalhando, furando o solo. Isso cria uma confiança de que o metrô seria ampliado e até agora, nada. Ninguém fala mais nada sobre isso”, lamenta.

Apesar de ainda ter esperanças da conclusão da ampliação do metrô, ela acredita que não verá as obras prontas. “Entra político, sai político e eles não dão esperança, não dão continuidade em buscar realizar essa obra. Se um começou, o outro deveria dar continuidade. Seria bom para a gente, que precisa desse tipo de transporte, todos os dias para poder trabalhar”, conclui.

A linha solitária

As obras do metrô foram iniciadas no ano de 1981. Cinco anos depois, as operações comerciais foram iniciadas e, na época, englobavam seis estações ao longo da cidade (Eldorado – Lagoinha). O trecho inicial de 10,8 Km iniciou com três trens disponíveis para a população. Entre o final dos anos 1980 até o começo dos anos 2000, a atual linha do metrô foi integrada com outras estações, inclusive de ônibus, e hoje funciona em 19 locais ao longo de 28,2 Km. Diariamente, cerca de 210 mil passageiros são atendidos. O último investimento, realizado em 2015, se deu com a aquisição de 10 novos trens, o que representou um aumento de 40% na frota, que aumentou para 35 unidades, ao custo R$171,9 milhões.

Fotografia e Reportagem: Lucas D’Ambrosio

Foto: Marina Rezende

A partir da madrugada desta terça-feira, 11, está proibido conversões à direita no cruzamento das avenidas Afonso Pena com Amazonas. As alterações no trânsito fazem parte da Fase 3 da Operação Trânsito Melhor – MOBICENTRO, projeto da BHTRANS que visa melhorar a circulação no Hipercentro de Belo Horizonte.

Segundo a BHTRANS, a intervenção irá beneficiar os pedestres, que terão mais tempo para fazer a travessia. O tempo para cruzar a rua passou de 17 para 60 segundos. Para o Taxista, Sérgio Luiz da Silva, 49, essa ação é uma tentativa de educar os pedestres. “Tem hora que o pedestre é incorreto e atravessa com o sinal aberto”, afirmou o motorista.

Foto: Marina Rezende
Foto: Marina Rezende

A pesar do fluxo intenso de veículos, ainda não houveram problemas. Os pedestres e motoristas estão sendo orientados pelos agentes da BHTRANS e por Guardas Municipais que atuam no local.

Em nota, a BHTrans esclareceu as mudanças e explicou as fases do projeto:

FASE 1 – Região do cruzamento da Avenida Afonso Pena com Rua Espírito Santo. As intervenções foram concluídas no dia 1º de Julho/2015.

FASE 2 – Região do cruzamento da Avenida Afonso Pena com Rua São Paulo. As alterações de circulação foram realizadas no dia 28 de Julho/2015 e estão em fase final as obras para construção de ilhas e acréscimos de calçadas que vão ampliar a segurança para os pedestres.

FASE 3 – Região do cruzamento das avenidas Afonso Pena com Amazonas. Proibição de conversões à direita no cruzamento.

Novos acessos nas Avenidas Afonso Pena e Amazonas:Novos acessos Praça 7Novos acessos Praça 7Novos acessos Praça 7Novos acessos Praça 7

Por Marina Rezende e Victor Barboza

A Praça da Savassi tem vivido em ritmo quase carnavalesco durante a Copa do Mundo. Na noite de sábado, 14, o lugar virou palco de comemorações pela vitória da seleção colombiana. O amarelo do uniforme e os gritos de guerra eram constantes, assim como o sorriso dos taxistas e ambulantes que também aproveitavam a festa. O que faltou mesmo foram banheiros químicos espalhados pelo local, de forma que as bancas de jornal se tornavam mictórios para brasileiros e gringos.

De Manchester, o estudante Martin era só amor pelo país da Copa. Chegando em Belo Horizonte há duas semanas, o inglês decidiu ficar mais uma semana depois do jogo da Inglaterra, que acontece no dia 24, terça-feira. Suas palavras são carregadas de entusiasmo, “O que mais me chama atenção em Belo Horizonte é a noite. O pessoal é simpático e hospitaleiro, além de muito bonito. As mulheres são muito bonitas!”. Na noite deste sábado, o que espanta Martin é o grande volume de colombianos.

Aproveitando o forte movimento, ambulantes aumentaram significativamente seus preços: uma garrafa de catuaba costuma ser comercializado de R$ 12 à R$ 15 na região, ontem o preço mínimo eram R$ 20. Luís Gustavo de apenas 14 anos veio de Betim para se embrenhar entre os gringos e aproveitar a oportunidade para faturar. Otimismo é o que define o sentimento do taxista Cláudio: para ele o movimento tende a melhorar, mas desde já considera que o número de clientes aumentou consideravelmente. Para o profissional, a maior dificuldade é relacionada ao idioma e a grande variedade de culturas e línguas que desembarcam em BH, “mas o problema não é tão grave, por que a maioria vem sempre acompanhado de algum brasileiro”, ameniza.

O colombiano Pedro Antônio, que veio de Bogotá para acompanhar a vitória de sua seleção na tarde do mesmo sábado, também elogia os brasileiros, que classifica como uma gente muito gentil e bonita. O torcedor, no entanto, faz uma ressalva, “vocês são legais, mas poderiam estar mais preparados para a Copa”. Em relação ao idioma, ele revela que dificilmente encontra quem fale inglês ou espanhol, mas que os brasileiros são educados e falam devagar, o que facilita a compreensão, e que, portanto, não tem tido muita dificuldade em relação a isso.

Na noite de sábado a Savassi foi invadida pelos torcedores colombianos, o espanhol foi o idioma oficial da noite e os gritos de guerra faziam parecer que em Belo Horizonte a torcida é pela equipe da Colômbia. A falta de banheiros químicos, no entanto, foi o que destoou a festa, espalhando mau cheiro e constrangimentos em toda região. Este carnaval vai se alongar até o final dos jogos da Copa do Mundo, ainda é tempo de acertar as arestas.

Texto: Alex Bessas
Foto: Divirta-se Uai (Estado de Minas)