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cuidados com a saúde

2 2007

Por Bianca Morais 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 12 milhões de brasileiros sofrem com depressão, a população está adoecendo em quantidade e velocidade preocupantes. Janeiro é o mês dedicado a conscientização para os cuidados com a saúde mental, cuidar da mente é cuidar da vida, o ser humano é um conjunto de corpo, mente e espírito, muitas vezes acaba se cuidando apenas do corpo e se esquece de cuidar da mente, sendo que ela influencia diretamente no corpo, se a saúde mental não está boa, ela pode atingir o corpo, abaixando a imunidade, por exemplo.

Em 2014, com objetivo de conscientização da promoção e proteção da Saúde Mental,  psicólogos da cidade de Uberlândia em Minas Gerais criaram o termo “Janeiro Branco”, uma campanha brasileira que tem o propósito de dar visibilidade para o tema e fazer com que as pessoas busquem ajuda, para cuidar do psicológico.

Nos últimos dois anos, com a pandemia que ocasionou o isolamento social, muitas pessoas descobriram que “saúde mental” não é brincadeira. Sofrer em silêncio não é saudável, desabafar com os amigos é bom, mas é necessário a consciência de que um apoio profissional é muito importante. 

Em entrevista ao Jornal Contramão, a psicóloga Nicole Ornellas Nunes, psicoterapeuta com especialização em transpessoal sistêmica com ênfase em Relacionamento Abusivo e Violência Doméstica – Formada pela Acadêmia Forense em Sexologia Forense, Crimes, Psicopatologia Forense, Mediação de Conflitos e Gerenciamento de Crise responde questões sobre o Janeiro Branco e sobre saúde mental.

 

  1.       O que é o Janeiro Branco?

Janeiro branco é uma campanha voltada para a prevenção da saúde mental, visa dentro da saúde, não só a ausência de transtornos psicológicos, mas seu bem-estar e a forma como você se percebe entre as situações da vida, como você lida com seus sentimentos e emoções.

  1.       Quando essa campanha teve início?

Surgiu em 2014 por psicólogos e estudantes de psicologia em Uberlândia, Minas Gerais. No primeiro ano da campanha, as ações foram realizadas através de mini palestras, roda de conversa entre outras ações, já em 2016, tomou maior proporção com a ajuda das redes sociais e outros profissionais da saúde mental também de outros estados.

  1.       Por que a cor branca?

O Branco traz clareza, paz e tranquilidade. É uma cor que sugere libertação, que ilumina o lado espiritual e restabelece o equilíbrio interior. Por ser ausência das cores, acredita-se que como em uma “folha ou em uma tela em branco”, todas as pessoas podem ser inspiradas a escreverem ou a reescreverem as suas próprias histórias de vida, colocando cores, detalhes e alegrias.

  1.       O que você acha sobre as promessas de ano novo? Você acredita que elas possam causar frustrações?

Sou a favor, desde que todos estejam abertos para as mudanças. Mas o que vem acontecendo ultimamente são pessoas que não saem da sua “zona de conforto” e repete as mesmas ações de anos anteriores, e desta forma se torna inviável uma colheita diferente. Sim, as frustrações surgem quando coloca-se muita expectativa nos processos, e dentro das promessas para um novo ano, existe uma autocobrança enorme e uma baixa tolerância a aceitar falhas que em outras palavras são as” frustrações”. Tudo bem se você falhar!

  1.       Como psicóloga, qual sua opinião sobre a importância do Janeiro Branco?

É importante para conscientizar as pessoas de que os cuidados com a saúde mental começa de cada um,  que nossas ações ou a ausência delas, refletem na vida do outro, ter responsabilidade afetiva, empatia, são pilares fundamentais que contribuem para essa campanha.

  1.       Você percebe um aumento na procura de atendimento psicológico nos últimos anos? Se sim, ao que se deve isso?

Sim, sempre existiu um tabu dentro da psicologia, e, todos esses preconceitos foram sendo desmistificados ao longo dos anos, acredito que a internet e suas redes sociais tem muita influência para esse crescimento. Hoje qualquer ser humano tem acesso as informações e por conseguinte tirar suas dúvidas e se inteirar nos assuntos pertinentes a área, o que antes muitas vezes eram velados.

  1.       Como reconhecer que está na hora de procurar um psicólogo?

Temos uma cultura onde precisamos ter determinado “problema” para buscar ajuda, e não necessariamente. Não existe um momento exato, o trabalho de nós profissionais em teoria era para ser voltado para a prevenção, mas na prática, as pessoas procuram na UTI.

  1.       Qual o maior receio das pessoas em buscar ajuda de psicólogo? E como resolver isto?

O medo do desconhecido, por nunca ter feito, além do preconceito e crenças que existem na sociedade onde dizem que terapia é para “doido” ou terapia é um “luxo”. Só tiramos os receios e medos confrontando com verdades, pesquisem na fonte e só assim podem ter uma clareza sobre como funciona o processo.

  1.       O que se pode fazer para cuidar da saúde mental diariamente?

Ter uma saúde mental equilibrada requer muito mais de nós do que dos outros, ou seja tem muito a ver com nossos hábitos e comportamentos, diante disso, não gastar energia com aquilo que não podemos mudar, se colocar em primeiro lugar, saber dizer não, ter uma alimentação mais próximo do saudável possível, dormir bem, praticar atividade física, entre outras.

  1.     Em relação aos jovens e adolescentes, como os pais ou família podem identificar que os mesmos precisam de acompanhamento psicológico?

A fase da adolescência em si, já se torna um motivo para buscar ajuda de um profissional, principalmente por ser uma fase onde o jovem entra em conflito com sua própria identidade por ter muitas cobranças, não se ver como criança, mas também não é adulto.  Hoje em dia os pais não precisam lidar com eles sozinhos, e pedir suporte é de extrema importância para ajudar no desenvolvimento de cada um.

  1.     Como as doenças emocionais podem influenciar no cotidiano das pessoas?

Influenciam na mudança da rotina de uma forma que deixa de te trazer benefícios, se antes por exemplo, você produzia 10, e caiu para 6, é um dado a se observar, qual conflito não assimilado está sugando sua energia a esse ponto? A falta de motivação, ansiedade e estresse, libera descarga de adrenalina no corpo, e com o tempo esse excesso pode te deixar hipervigilante, ou seja, em estado de alerta sempre, e por consequência, insônias, aumento ou diminuição do apetite entre outros que com certeza desestabiliza não só o cotidiano, mas a vida.  

  1.     Qual dica você daria para que o tema saúde mental não seja lembrado apenas em janeiro, mas durante todo o ano?

É uma força tarefa, acredito que todos devem fazer sua parte nessa divulgação, tanto os profissionais sempre estarem lembrando em suas plataformas, como as políticas públicas com mais e mais campanhas nas comunidades para quem não tem acesso à internet, a própria sociedade criar esse interesse/ curiosidade para buscar e repassar por diante. A dica? Olhe para o lado, não chame a dor do outro de drama e nem “mimimi”, dessa forma vocês estariam não só lembrando, mas colocando em prática o que a campanha tem como objetivo.

  1.     Pensando na pandemia, existem algumas alternativas para manter a saúde mental durante este momento?

Existe sim, vale lembrar que não temos histórico na nossa memória de nada parecido com o que estamos vivendo hoje, portanto o desconhecido já desestabiliza, nosso cérebro tende a buscar sempre por fatos passados para repetir o comportamento seja de fuga ou enfrentamento, nesse caso ficamos paralisados e angustiados. Portanto, alguns “paliativos” ajudam como: evitar ver notícias onde disseminam o caos certificando-se da fonte, não sofrer por antecipação, ocupar a mente com cursos, leituras, assistir filmes que fujam do padrão de violência, além de manter uma alimentação saudável, meditação entre outras alternativas, vale aquilo que te traz bem-estar e que faça sentido para sua vida.

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Nutricionista e Preparador Físico falam sobre cuidados para manter o corpo saudável 

Por: Amanda Gouvêa e Camila Toledo

A pandemia global do novo coronavírus, fez com que várias pessoas trocassem a sua rotina normal de trabalho pelo “home office” (teletrabalho) e pelo ensino remoto, no caso das universidades. Além disso, essas mudanças também afetaram as formas de lazer e de se exercitar, impactando diretamente na saúde física e emocional de diversas pessoas pelo país.

Muitos estabelecimentos comerciais (bares, restaurantes, academias e afins), estão com funcionamento reduzidos ou fechados, com isso, as pessoas cada vez estão a procura para alternativas de consumo, o que contribuiu significamente para o aumento de pedidos de delivery e, consequentemente, o sedentarismo.

Com o intuito de entendermos as consequências da má alimentação e da falta de exercícios físicos, conversamos com Clara Marcelle, nutricionista que atua na rede pública de Vespasiano, e com o preparador físico da equipe feminina de vôlei do Itambé/Minas, Alexandre Marinho, sobre os impactos e cuidados que devem ser tomados devido ao isolamento social ocasionado pela Covid-19.

Cuidados com a alimentação

Clara, Quais os hábitos que devem ser evitados durante esse período de isolamento social?

CM: Você deve evitar criar “falsos hábitos” Mudar horário do sono, alimentação, trabalho, você mesmo que esteja em casa, tente manter os hábitos e horários, da sua vida habitual antes.

A crise que vivenciamos devido a pandemia da Covid-19 influencia na formação de comedores compulsivos?

CM: O período de quarentena que estamos vivenciado influencia muito na nossa alimentação. Quando estamos em casa e ansiosos nossos hábitos compulsivos afloram, por este motivo é importante tentar manter os horários habituais.

Como se alimentar em tempos de pandemia? Quais alimentos ajudam no fortalecimento da imunidade?

CM: Precisamos ficar atentos a algumas fontes que podem fortalecer nosso sistema imunológico. A vitamina C por pode ser encontrada na acerola, limão, goiaba, caju, laranja, brócolis, pimentão, espinafre, salsinha e tomate. Estas opções podem ser incluídas em saladas, sucos, temperos e consumo in natura. Podemos inserir o Zinco na alimentação através de semente de girassol, abóbora, chia, farelo de aveia, castanhas e nozes – que podem ser adicionadas em vitaminas, sucos, bolos, na preparação de alguma refeição ou consumidas in natura, e carnes em geral. É importante incluir também o Ferro no cardápio, consumindo carnes e vegetais verdes escuros, e Vitamina A, presente nos alimentos alaranjados como cenoura, mamão, abóbora, além de ovos, manga, couve, espinafre, pimentão vermelho, leite e derivados.

Uma boa hidratação é essencial para combater infecções virais, por isso alerta-se para o consumo diário de no mínimo dois litros de água potável evitando assim a desidratação. Lembrando que uma alimentação equilibrada não é cura para o vírus, mas fortalecerá o sistema imunológico.

Com o isolamento social as pessoas tem pedido com mais frequência comida em Delivery. Existe algum tipo de dica pra que isso não afete tanto na saúde das pessoas?

CM: A dica é: se for pedir um Delivery, evite sanduíches, pizzas e outros tipos de massa, dê preferência a pedidos de comidas in natura, frutas, legumes frescos e sucos naturais.

Existe uma forma correta para a higienização dos alimentos?

CM: Sim, a forma correta é: Para cada 1 litro de água, coloque 1 colher de sopa de hipoclorito de sódio (água sanitária), e deixe verduras e legumes imersos nesta solução por 15 minutos. Para produtos embalados, você deve borrifar álcool líquido sobre as embalagens lacradas. Nunca faça isso com embalagens abertas. Caso prefira usar álcool em gel, você deve adicionar um pouco do álcool em um pano limpo e passar sobre toda a embalagem.

Cuidados com o corpo

Alexandre, em meio ao isolamento social devido à pandemia de Covid-19 muitas pessoas só estão saindo de casa em casos muito necessários, então, até atividades simples praticadas no dia-a-dia – como subir escadas no trabalho ao invés de usar o elevador e preferência à caminhada ao percorrer distâncias curtas, por exemplo – foram paralisadas. Como as pessoas podem inserir atividades em seus cotidianos sem sair de casa?

Hoje a gente tem várias opções, os profissionais estão cada vez mais criativos e estão elaborando treinos de acordo com as coisas que as pessoas têm em casa: é possível transformar toalhas em TRX – que é um treinamento de suspensão – amarrando na porta, por exemplo, e (utilizar) principalmente o peso corporal que, com a criatividade de quem está prescrevendo, a gente consegue variar bastante o tipo de estímulo: pranchas, puxadas, flexões de braço, agachamentos são alguns dos exemplos que conseguimos fazer em espaços bastante limitados. É a criatividade de quem prescreve (os exercícios) que vai mandar, pensando também na individualidade para conseguir ajustar essas cargas em função da demanda da pessoa

Qual a importância da mobilidade para quem está trabalhando em home office?

AM: A mobilidade e a flexibilidade são alguns dos pilares do treinamento em casa no período de pandemia, então é fundamental que a pessoa se preocupe com esse tipo de exercício porque a tendência é ficarmos cada vez mais parados. Muitas pessoas estão casa, então os deslocamentos são pequenos e as atividades do dia-a-dia estão cada vez menores.

Quais prejuízos de se ficar muito tempo sentado em uma única posição?

AM: Nada que é exagerado é bom, então ficar na mesma posição pode gerar dores nas pernas, na região lombar, na região torácica. Manter uma mesma posição durante muito tempo é prejudicial em relação à dor e obviamente ao ficar muito tempo sentado você diminui ainda mais o gasto calórico. O ideal é, mesmo dentro de casa, se locomover o máximo possível.

Quais os efeitos do isolamento no corpo de um atleta com a paralisação das atividades dos clubes? E nas pessoas não atletas, qual a diferença?

AM: O atleta tem várias demandas físicas, a qual depende da modalidade. Independente de qual esporte é praticado, as perdas são muito grandes: força muscular, potência, agilidade, velocidade, além de mudanças ruins na composição corporal, ou seja, ele tende a perder massa magra e ganhar gordura. Isso porque o tipo de estímulo que a gente dá em casa está longe de ser o estímulo que ele, o atleta, trabalha no clube com disponibilidade de equipamentos, com a intensidade do treino.

Nós não conseguimos reproduzir isso de uma forma ideal para a demanda de um atleta. Uma pessoa normal, como ela não tem a mesma demanda, tem perdas um pouco menores, mas elas existem também. Se você para de treinar, começa a se alimentar mal – e a tendência é comer mais. Assim, a composição corporal vai variar de uma forma muito ruim, então temos que estar atentos a isso.

O Minas Tênis Clube têm realizado lives no instagram e preparado vídeos no Youtube com exercícios físicos instruídos por seus profissionais de cada área. Qual a importância disso nesse momento?

AM: A importância dessas lives nas redes sociais é minimizar essas perdas que vão ocorrer, não tem jeito, o período é muito extenso. No vôlei feminino, por exemplo, eu dou férias de inatividade de uma semana apenas para as atletas, já estamos estendendo muito o tempo. Se não fizer nada, a perda é muito grande. Então, a ideia dessas lives é minimizar as perdas das capacidades físicas e, no caso das atletas, prepará-las para retornar em uma condição melhor.

Quais os perigos de se fazer um exercício sem a instrução devida de um profissional?

AM: A pessoa adequada, para instruir os exercícios, é o profissional de educação física, porque ele organizará a sua demanda, seus problemas e eventuais lesões. Não recomendo as pessoas pegarem vídeos de blogueiros, porque, estes podem fazer coisas erradas e passando treinos sem ver quem está do outro lado, perdendo a orientação. Fazer qualquer coisa é melhor do que nada? Nesse momento, sim. A orientação é mover-se, mas com cuidado. Temos muitas opções tecnológicas para um preparador físico ou um personal trainer conseguir, virtualmente, ajudar. Não é o ideal, mas conseguimos ajudar sim.

Como está trabalho com as atletas do Minas? Quais as recomendações e dicas você e sua equipe estão passando para as jogadoras?

AM: No momento, não só para as atletas, mas para a população em geral, a gente tem que se exercitar, mas é preciso alguns cuidados. Não é a hora de fazer exercício extenuante, em altíssima intensidade ou exercício muito prolongado. A gente sabe que o nosso sistema imunológico pode sofrer e não é a hora dele estar debilitado.

Exercícios moderados a moderado intenso são mais curtos, via de regra hoje eu recomendo em torno de 45 minutos – talvez um pouco mais, um pouco menos, mas por volta disso. Esse é o principal recado que eu passo para as atletas porque elas acham que, como está parado, tem que se dedicar ao máximo e não é bem assim. Tem que se dedicar fazendo o que é para ser feito, mas com os devidos cuidados. Elas vêm treinando, algumas tem a estrutura própria que facilita (as atividades), e eu personalizo o treino, mando vídeos explicativos com as todas as variáveis do treinamento e, pra quem não tem estrutura, eu passo um treino com peso corporal, utilizando o menor espaço possível. Tudo isso dentro da base que eu disse, que é estimular o gasto calórico, diminuir as perdas das valências físicas, de potência, de força. Então é um pouco nesse sentido.

 

 

*A entrevista foi revisada por Italo Charles e Daniela Reis