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Por Bianca Morais

A diabetes é uma doença global, pelo mundo milhões de pessoas vivem com ela, e não necessariamente é causada pelo consumo excessivo do açúcar, mas por fatores genéticos, comportamentos sedentários, obesidade, hipertensão entre outros.

Um diagnóstico de diabetes não deve significar o fim do mundo, ao contrário, é uma possibilidade de viver uma vida saudável, sem ter que abrir mão de tudo, mas aprendendo a se controlar e ter cuidados.

 A Sociedade Brasileira de Diabetes mostrou que em 2019, mais de 13 milhões de pessoas viviam com a doença no país. E apesar dos obstáculos, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para a doença, fazendo a distribuição de insumos matérias como aparelho de medir glicose, tiras reagentes, insulina, seringas e agulhas. 

A luta contra a diabetes é algo constante e o autocuidado preventivo é essencial, afinal ela é uma doença crônica que precisa de cuidados por toda a vida. No dia 14 de novembro, é celebrado o Dia Mundial da Diabetes, como uma forma de conscientização a respeito do assunto.

Em comemoração a data de hoje, o Jornal Contramão traz uma entrevista com a jovem Beatriz Porto, de apenas 14 anos. Ela estudante do Ensino Fundamental e convive com a doença ainda bebê. Como convive desde muito nova com a doença, Beatriz não vê sua condição como um problema. Viver com diabetes não a impede de fazer o que gosta, como praticar vôlei, sair com os amigos e primos e assistir suas séries favoritas.

Confira a seguir a entrevista com a adolescente.

Com quantos anos você descobriu a diabetes e como foi? 

Eu descobri que tinha diabetes com um ano e meio de idade, não lembro como foi, pois era muito nova, mas pelo que me contam foi algo surpreendente. 

Minha mãe diz que no dia em que descobrimos eu estava na natação da minha irmã mais velha, a Brenda, e estava muito quietinha em um canto, quando saímos fui para casa da minha avó e ela disse para minha mãe me levar na minha pediatra, a doutora Helena. 

Ao chegar lá, minha mãe contou sobre os sintomas e imediatamente a doutora me mandou direto para o hospital e falou que podia internar que eu tinha diabetes, ela mesma já sabia e fizemos o exame só para confirmar. No hospital, minha mãe disse que eu chorava muito e não queria ficar com ninguém.

Como foi a reação da sua família? 

Minha família ficou meio assustada, porque foi de repente que eles descobriram que eu tinha diabetes, mas eles me apoiaram e me apoiam até hoje.

Alguém da sua família tinha diabetes?

Na minha família nós temos predisposição, só que o tipo de diabetes que temos predisposição é o tipo 2, no qual a gente toma remédio, no meu caso minha diabetes usa a insulina, então é diferente, a minha diabetes não foi por família.

Qual seu tipo de diabetes? E o que isso significa?

O tipo de diabetes que eu tenho é o tipo 1, mas conversando com minha médica ela entendeu que meu caso é tipo mody, que é um pouco diferente. A diabetes tipo 1 é aquela que faz uso de insulina porque o pâncreas não funciona, ele funciona a zero por cento e isso significa que você precisa injetar insulina em si mesmo. 

A diabetes tipo 2 é a que você usa o remédio, o pâncreas funciona mas a célula que precisa introduzir a insulina dentro do sangue não consegue captar essa insulina, precisando do remédio para funcionar. 

A diabetes tipo mody, que é a que eles acham que é a minha, é assim, meu pâncreas funciona na hora que ele quiser, parece ter vida própria.

Você descobriu a diabetes muito nova, consequentemente acabou crescendo e aprendendo a viver com ela. Quando mais nova seus pais conseguiam controlar sua alimentação, e agora que você está maior você sente dificuldades em se controlar sozinha?

Não, eu não sinto nenhuma dificuldade em controlar a minha alimentação sozinha. A minha alimentação é um pouco diferente, ela não é igual a de alguém que não tem diabetes, mas também não é igual a uma pessoa que tem diabetes, como meu pâncreas funciona na hora que ele quer, é um pouco mais difícil de controlar, mas ainda dá super certo.

Como é viver com diabetes?

Viver com diabetes é um pouco complicado, porque você tem que estar sempre se controlando, se a glicose estiver um pouco baixa você começar a sentir dor de cabeça, começar a ficar tonta. E quando você fica com ela muito alta pode acontecer a dor de cabeça e também a agitação provocasa pelo excesso de açúcar no sangue. 

Depois de descobrir a diabetes você teve algum caso de urgência ou precisou ir ao hospital?

Sim, uma vez quando eu era muito novinha, era festa de aniversário do meu primo, eu estava brincando no parquinho e tinha uma mesa de doces próxima, porque era festa de crianças, e como eu era pequena ainda não sabia o que era diabetes eu só estava comendo muito doce, e acabou que essa foi a primeira vez que eu fui parar no hospital depois de descobrir a doença.

Como foi chegar na escola pela primeira vez e perceber que seus colegas não eram como você?

Como eu tenho diabetes há muito tempo, a primeira vez que eu fui a escola eu não me lembro ao certo, mas perceber que meus colegas tinham um jeito diferente foi um pouco assustador, porque eu achava que todo mundo era assim e descobri que não. Com isso, fuime aprofundar um pouco mais e entendi mais ou menos o que estava acontecendo.

Você procura se informar sobre sua doença?

Sim, procuro me informar e muito, faço várias pesquisas e converso muito com minha médica.

Você sente medo? 

O medo em si eu não sinto, eu sinto mais ansiedade, desconfiança, tentando descobrir o que pode mudar essa situação que eu vivo, não sei muito expressar, às vezes fico com raiva e pensando porque não posso comer aquilo se todo mundo pode. 

Qual a pior parte de ter diabetes?

A parte mais ruim é eu ter que me furar todo dia, ter que tomar insulina, ter que furar o dedo para olhar a glicose, essa é a parte mais ruim.

Seu tratamento é caro?

O tratamento em si é caro, mas só que eu consigo o suporte do SUS. Então, a gente sempre consegue pegar a insulinas, os exames, as fitinhas, daí não gastamos muito, mas de vez em quando acontece do governo não mandar a insulina e termos que comprar, e é muito caro.

Como é sua rotina? Segue alguma dieta específica?

A minha rotina ela é bem centrada, eu vou para escola, faço minhas tarefasm assisto tv, tenho que fazer alguma atividade física todos os dias para tentar sustentar a glicose no sangue. Sim, eu sigo uma dieta específica, até pouco tempo atrás eu não seguia, porque eu ainda não tinha conseguido uma nutricionista para mim, só que depois consegui sigo uma dieta super especifica e controlada.

Você sente vontade de comer alguma coisa e não pode?

No meu caso como eu expliquei, a minha diabetes é tipo mody, a minha alimentação é diferente de um diabético tradicional. Eu posso comer doce à vontade, eu só preciso controlar com a insulina. Um diabético tradicional não pode comer doce de forma alguma, a não ser que sua diabetes esteja baixa, mas eu nunca senti vontade de comer algo que eu não possa, porque sempre fui liberal, sempre pude comer tudo.

Qual sua dica para viver bem com a diabetes?

Minha dica é sempre se controlar, usar a insulina da forma correta como o médico explica, usar todo o equipamento, fazer exame controlado, deixar o açúcar correto no sangue, e sempre controlar açúcar no sangue.

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*Por Bianca Morais

A Clínica Integrada de Atenção à Saúde oferece gratutamente encontros semanais em grupo voltados para condições médicas como: obesidade e sobrepeso, diabetes e hipertensão. Os encontros sãoonlines pelo google meets, sempre às quartas- feiras, 11 horas.

O atendimento é realizado pelos estagiários do curso de Nutrição do Centro Universitário Una, uma prática regulamentada pelo CFN (Conselho Federal de Nutrição). Os estudantes preparam as orientações com antecedência sob a supervisão de um profissional responsável. 

Os grupos operativos funcionam desde 2018 e pela primeira vez acontece online. A dinâmica em grupo permite às pessoas mais liberdade para falar, contar suas experiências, o que funcionou e o que não deu certo, é um verdadeiro bate papo, com linguagem bem simples para que todos possam tirar suas dúvidas. Para aqueles, no entanto, que não se sentem à vontade, também existe a possibilidade do agendamento individual.

Para as nutricionistas Izabela Broom e Junia Drews, responsáveis pela iniciativa, movimentos como esses são de grande importância para quem tem a doença ou a predisposição. De acordo com elas, o indivíduo precisa entender sua condição para que possa se adaptar no dia a dia, evitando dietas que estão na moda e muitas vezes são restritivas e acabam por gerar mais compulsão e problemas de saúde. Quando a pessoa entende sua condição, ela se empodera para fazer melhores escolhas e ter maior adesão ao tratamento.

As inscrições para os grupos estão disponíveis no link

 

*Edição: Daniela Reis