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Por Bianca Morais 

Hoje, 23 de abril, é Dia Nacional da Educação de Surdos. A data especial foi criada para celebrar as lutas e conquistas da comunidade surda na área da educação. No Brasil, o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) é referência na área da surdez, desde o ensino a surdos até a sua atuação com ações de inclusão social. 

Conhecida como Libras, a Língua Brasileira de Sinais, é a forma utilizada por pessoas surdas e ouvintes, e está diretamente ligada a movimentos e expressões faciais para ser entendida. 

A Libras foi reconhecida como língua em 2002. Ela possui suas regras, é um conjunto organizado de sons e gestos que um grupo usa para se comunicar, um sistema que tem estruturas, sintaxe, semântica e pragmática próprias e bem definidas. Os sinais substituem as palavras de uma língua de modalidade oral auditiva.

Cada país possui sua própria língua de sinais, em todo o mundo existem mais de 200 línguas de sinais e cada uma tem suas específicas normas.

A história da educação para surdos

A comunicação com as mãos é uma realidade bem antiga, desde o tempo da pré-história, nossos ancestrais utilizavam-se delas para se comunicar. Com a evolução, as mãos passaram a ficar ocupadas com o manuseio de ferramentas para produção de ofícios, e por isso, a conversação passou a ser feita de forma oral, o que acabou por excluir aqueles que não conseguiam escutar.  

Por não conseguirem ouvir também não aprenderam a falar, dessa forma os surdos foram excluídos em vários momentos da história. Na Grécia Antiga, Roma Antiga e na Idade Média, eles perdiam seus direitos, eram considerados seres humanos incompetentes e sem conhecimento. Para a Igreja Católica a alma deles não era imortal, pois não podiam falar os sacramentos. 

Foi apenas na Idade Moderna que apareceu o primeiro professor de surdos, Pedro Ponce de León, um monge beneditino, nascido na Espanha, foi um dos pioneiros na educação dos surdos e mostrou ao mundo que eles eram capazes sim de aprender. 

Anos mais tarde aparece Charles Michel de l’Epée, conhecido como o pai dos surdos, mostrou que os deficientes auditivos eram cidadãos com pleno direitos na sociedade. O francês se dedicou à educação deles com o principal objetivo de poder ensiná-los princípios do cristianismo. Especialistas no assunto, afirmam que ele foi o primeiro a criar um alfabeto de sinais para alfabetizar os surdos e o utilizou para ensinar seus alunos em uma escola criada por ele em 1755.

A língua de sinais francesa, desenvolvida por l’Epée, teve grande influência na criação da brasileira, a libra foi criada por outro francês com base no método de Charles. Ernest Huet, nasceu em uma família nobre na França e teve acesso a uma excelente educação. Aos 12 anos teve sarampo e como consequência da doença perdeu sua audição e entrou para o Instituto Nacional de Surdos de Paris, após anos de envolvimento com os estudos, Huet se tornou professor.

Por seu admirável trabalho na educação de surdos, em 1855, a convite de Dom Pedro II, Ernest Huet veio para o Brasil e trouxe consigo o sistema francês de educação que ajudou a criar a primeira escola para surdos do país. O nomeado Imperial Instituto Nacional de Surdos Mudos, foi fundado no Rio de Janeiro em 1857, e com Huet a frente, educou milhares de surdos. Atualmente a escola criada por Huet, é o conhecido Instituto Nacional de Educação dos Surdos. 

A língua de sinais, desde sua criação, sofreu muitas retaliações, uma vez que antigamente se acreditava na cura da surdez. Para muitos a educação dos surdos deveria ser por meio da oralização, por isso, em 1880, uma conferência internacional de educadores, o Congresso de Milão, determinou a proibição do uso de sinais na educação de surdos na Europa. Em 1911, a escola criada por Huet, decidiu adotar a determinação do Congresso e estabeleceu que o “oralismo puro” deveria ser a única forma de educação dos surdos no país.  

O Congresso de Milão foi considerado uma grande opressão sofrida mundialmente pela comunidade surda, ali eles perderam o direito de se comunicar da forma que desejavam com o uso das línguas gestuais. Aquele congresso foi organizado por um grupo de pessoas que eram contra o uso da língua de sinais e todos ali presentes foram selecionados para garantir que o oralismo vencesse. Esse episódio foi apenas mais um na incansável luta dos surdos contra os preconceitos e a opressão. 

A educação hoje é um direito de todos, porém isso apenas ficou estabelecido na Constituição de 1988. Foi através de muita batalha e ao longo de anos usando a língua de sinais de forma clandestina, que a comunidade surda alcançou essa primeira conquista de inclusão por parte do governo. Posteriormente outros avanços aconteceram por meio da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 e de 2000. A Libra, no entanto, só foi reconhecida como língua em 2002 pela Lei n°10.436 que determinou que:

Art. 1º É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados.

Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.

A lei também coloca como dever do governo e órgãos públicos apoiar e difundir a libra.

A regulamentação ocorreu em 2005, quando um decreto presidencial incluiu a inserção de Libras como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício dos magistérios médio e superior. 

Segundo o IBGE, no Brasil, existem cerca de 10 milhões de pessoas com surdez. Vale lembrar que a surdez tem graus diferentes sendo eles: leve, moderado, severo e profundo. 

Pensando sempre no lema de transformar o país pela educação, que o Centro Universitário Una, instituição reconhecida por seus projetos de inserção social, conta com Núcleo de Apoio Psicopedagógico e Inclusão – NAPI, entre os suportes que ele oferece está a inclusão de deficientes auditivos. Conheça o projeto

O NAPI

Em funcionamento desde 2011, o NAPI (Núcleo de Apoio Psicopedagógico e Inclusão) tem como base o compromisso da Una com a formação integral e humanista de seus estudantes, pautada na visão institucional de acolhimento das pessoas.

O núcleo é um espaço que oferece suporte psicopedagógico de intervenção e prevenção nos processos cognitivos, emocionais, sociais, culturais e pedagógicos do aluno, e atuam sobre os múltiplos fatores que possam intervir em seu desenvolvimento integral e nas questões ligadas à aprendizagem. O NAPI também é o apoio às pessoas com deficiência e/ou com transtornos que afetam o conhecimento, nestes casos, são realizados acompanhamentos periódicos, articulações com setores, professores e coordenadores, que promovem de forma individual de acordo com as necessidades de cada sujeito.

Através de estudos, os membros do NAPI entendem as demandas e necessidades por parte dos alunos e oferecem suporte para a superação dessas dificuldades para que o estudante possa ter um melhor aproveitamento acadêmico e equidade no quesito ensino-aprendizagem, tudo isso leva em consideração o histórico do estudante e as variáveis pessoais, curriculares e organizacionais. 

Em busca de uma inclusão para os alunos com deficiência auditiva, o núcleo fornece o AEE – Atendimento Educacional Especializado, com acompanhamento de intérpretes diretamente aos alunos em sala de aula. Como vimos até aqui, durante toda sua trajetória dentro do sistema de educação, os surdos sempre sofreram um abandono, a Una então cumpre seu papel como instituição de ensino ao inserir esse público, disponibilizando o profissional tradutor intérprete nas aulas, palestras, vídeos institucionais e em qualquer outro espaço que o aluno demandar dentro da instituição, como biblioteca, coordenação de cursos e áreas de atendimento ao aluno.

Além disso, a Una oferece a disciplina de LIBRAS em cursos de licenciatura e de forma optativa nos cursos de bacharelado e tecnólogos, e o NAPI oferta cursos de extensão de LIBRAS para colaboradores, estudantes e comunidade em geral.

Welder Rodrigo, é líder do Núcleo de Apoio Psicopedagógico e Inclusão e acredita muito no compromisso que o lugar promove. “O NAPI já proporcionou a inúmeros alunos a alcançar seus projetos de vida, o grande sonho de uma graduação ou uma nova profissão, por meio dos acolhimentos, oficinas e os atendimentos educacionais especializados a estudantes com ou não deficiência”, diz ele. 

Fora o núcleo, o NAPI possui um projeto mensal chamado “NAPI Olhares Múltiplos” que tem como objetivo discutir, em forma de seminário, assuntos tanto relacionados à UNA como presentes na sociedade. Normalmente esses eventos são amplamente divulgados dentro da universidade e abertos à comunidade. Nos últimos dois seminários foram discutidos os temas “O protagonismo do estudante Autista, Down e Surdo no ensino superior” e “Discriminação Racial”, ambos com bastante engajamento.

Recentemente o núcleo também passou a oferecer oficinas com o objetivo de aprimorar os conhecimentos dos alunos. Essas oficinas são discussões abertas sobre métodos de estudos, como gerenciar o tempo, oratória e estilos de aprendizagem, é uma troca de conhecimentos e técnicas entre os próprios alunos e o NAPI. 

Os atendimentos do NAPI são realizados com hora marcada individualmente ou em grupos. Durante a  pandemia, porém, esses encontros presenciais foram suspensos, o recurso das aulas online fez com que o núcleo precisasse se adaptar e desenvolver novos métodos de atendimentos para que mesmo de longe pudessem oferecer uma assistência de qualidade. Durante as aulas, os acompanhamentos continuam, mesmo que através de mensagens para a compreensão do aluno. Os demais auxílios, como organização de cronograma, é marcado um horário na semana para uma conversa e fazer o acompanhamento psicopedagógico. O núcleo entra em contato com alguns desses alunos após algum tempo de ajuda para acompanhar como foi para eles essa experiência.

O NAPI oferece ao estudante da Una um espaço de escuta e acolhimento, ele ajuda a promover a elevação da autoestima, da autoconfiança e maturidade do aluno, necessárias ao seu desenvolvimento acadêmico, buscando despertar o potencial motivacional, criativo e cooperativo dos mesmos.

Os intérpretes 

 

maria Evaristo – interprete de libras

Marina Evaristo dos Santos, 30 anos, é intérprete no NAPI – Núcleo de Apoio Psicopedagógico e Inclusão, em entrevista ao Jornal Contramão compartilhou um pouco de sua experiência e vivência na área. 

  • Qual o papel de um intérprete na educação dos surdos?

O papel do intérprete na educação dos estudantes surdos é mediar a informação entre o professor e o aluno. Auxiliar na tradução dos textos na língua portuguesa para LIBRAS. A primeira língua dos surdos é a língua de sinais e a segunda língua é o português em sua modalidade escrita.

  •  Quais as principais dificuldades da inclusão de pessoas surdas nas universidades? 

 – A ausência de materiais adaptados para os estudantes surdos,

 – Escrita acadêmica ( a primeira língua do sujeito surdo é a Libras e o português em sua modalidade escrita como segunda língua. O letramento acadêmico que envolve os gêneros secundários (trabalhos de conclusão de curso, relatórios, provas, livros didáticos) são mais difíceis para os surdos por não possuir uma adaptação em Libras,pensando o intérprete como tecnologia assistiva.

 – Normalmente os TILS ( Tradutor/intérprete de Língua de Sinais) não são formados na área em que o estudante surdo estuda.

  • Qual o maior desafio para a educação de surdos?

 O maior desafio na educação dos estudantes surdos é a inclusão linguística dentro da sala de aula, na maioria das vezes os estudante surdo necessita do intérprete para ser incluído. É preciso que as instituições de ensino promovam cursos de Libras para os funcionários ouvintes, para que os estudantes surdos sejam incluídos linguísticamente.

  •  Qual a importância que você como intérprete enxerga na educação de surdos?

O profissional intérprete de Libras é importante para a inclusão linguística dos estudantes surdos, ele é o mediador entre o estudante surdo, os professores e também os colegas de sala.  

  • Quais medidas você acha que poderiam ser tomadas para uma maior inclusão dos surdos no meio acadêmico?

– Poderiam ampliar a acessibilidade em Libras dos materiais didáticos

– Promover cursos de Libras para o público interno e externo da faculdade

– Aulas com recursos visuais para facilitar a compreensão dos conteúdos

  • Sobre o NAPI – Núcleo de Apoio Psicopedagógico e Inclusão, qual a importância de um núcleo como esse em uma faculdade para o público com deficiência auditiva?

O NAPI é muito importante na inclusão dos estudantes surdos, porque  o NAPI oferece o intérprete de Libras para estudantes surdos que são usuários da língua de sinais e também o intérprete repetidor para estudantes surdos que são usuários da leitura labial.O NAPI oferece cursos de Libras para alunos, professores e os demais funcionários, promovendo assim a inclusão linguística para estudantes e funcionários surdos.     

Nesse dia tão importante de reconhecimento pelos surdos que ao longo da história correram atrás de reconhecimento e aceitação pelo direito de ensinar e aprender, é relevante ressaltar que muitos surdos ainda não têm acesso à educação, muitos até pelo medo do desconhecido. Muitos pais deixam de levar seus filhos com deficiência auditiva à escola, por se sentirem inseguros sobre a inserção dos seus filhos nelas, e muitas vezes até porque essas escolas não oferecem a estrutura adequada para os receberem. 

São muitos anos de luta que ainda não acabaram, é necessário mudança e é indispensável que seja para agora, a inclusão educacional de pessoas com surdez pede pressa, pois essas pessoas não podem mais esperar. Educação para todos, e para agora.

 

*Edição: Daniela Reis

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*Por Bruna Silva Araújo Nunes

Toda criança com deficiência tem o direito de estudar e à ela deve ser garantida uma educação inclusiva. Pensando na inclusão, o sistema de ensino brasileiro promove algumas iniciativas de integração, como é o caso da Sala de Recurso que trabalha com a inclusão de crianças especiais da educação infantil ao ensino fundamental I.

Implantada a cerca de treze anos a Sala de Recursos Multifuncionais (SRMF), realiza atendimento educacional especializado visando promover uma condição melhor de acesso, aprendizado e conhecimento para alunos especiais, através de uma serie de atividades voltadas para as diferentes necessidades desses alunos. Para entender melhor essa parceria na educação com as escolas e familiares entrevistamos a professora Elzeni Rodrigues, especialista em psicopedagogia e libras que atua a mais de vinte e cinco anos nesse segmento.

 

Como funciona a Sala de Recurso?

R: A Sala de Recurso dá um apoio para os pais e professores, além de atender os alunos. Os alunos são recebidos nessa sala onde é feita uma avaliação para ver a necessidade dele. Quer dizer, cada um tem uma dificuldade, então de acordo com a dificuldade que o aluno apresenta é que é feito um trabalho social, pedagógico, de coordenação motora e também um atendimento e orientação aos pais e professores além da adaptação de material de acordo com o nível pedagógico dele.

Como foi a implementação da Sala de Recurso nas escolas públicas? No quesito acessibilidade

R: Facilitou muito a vida a vida das pessoas com deficiência, porque os alunos não tinham acesso a escola regular, eles iam para a escola especial e com a implementação da Sala de Recurso tiveram que capacitar professores para estarem fazendo esses trabalhos junto aos alunos especiais e as professoras deles.

Como esse acompanhamento especializado ajuda esses alunos nas áreas acadêmicas e sociais?

R: Nas áreas acadêmicas ele vai para a Sala de Recurso e tem uma aula diferenciada. Se ele está estudando matemática, na Sala de Recurso ele vai aprender a matemática de outra forma, brincando, jogando, cantando, se ele tem que aprender a tabuada dependendo do nível dele a gente trabalha com musiquinha ou jogos para ele entender como funciona a tabuada, porque na sala de aula a professora não tem como fazer isso, ela vai passar a matéria, explicar e pronto.

Na parte social, por exemplo, nós já tivemos um aluno que não sabia tomar banho e precisou passar por uma orientação através da Sala de Recurso, então a professora dessa sala que vai trabalhar isso. Até em questão de convívio, eu já tive um aluno que não conseguia se socializar, ele veio com um mandado judicial, então ele veio para mim e fiz um trabalho com ele para que se acostumasse comigo e depois aos poucos colocando mais um aluno dentro da sala. Às vezes eu saia com ele para outras salas para ir se socializando e voltar a frequentar o recreio ou a escola.

Como os demais colegas de sala de aula, podem ajudar esses alunos especiais a se sentirem mais incluídos?

R: Primeiro a gente faz uma preparação na sala de aula, informamos que tem um aluno assim, que tem dificuldade. E na realidade, todo mundo tem alguma dificuldade, um usa óculos porque não enxerga direito, o outro usa aparelho auditivo porque não escuta bem, então a gente vai explicando para eles entenderem que todo mundo tem um tipo de dificuldade em alguma área e que aquele coleguinha que está vindo tem essa ou aquela restrição.  Então eles acabam ajudando o tempo todo, por exemplo,  aquele aluno que é autista e sai muito de sala, eles são os primeiros a falarem “não professora pode deixar que eu vou atrás”, e eles vão lá e buscam o coleguinha, ajudam a vigiar e tomar conta na hora do recreio. Mesmo tendo uma professora para isso, a professora de apoio, os outros alunos entendem e muitas vezes colocamos um colega que tenha mais afinidade do lado desse e aí a tendência é aquele que tem mais condição ajudar o que tem menos.

O apoio da família em qualquer idade é importante. Como é o trabalho da escola em parceria com eles?

R: É importante a família ter consciência da dificuldade do aluno e do que precisa ser trabalhado com ele. Não adianta a escola fazer a parte dela se em casa a família não der continuidade, ou então, na escola a gente ensina e chega em casa os pais passam a mão na cabeça e não deixam fazer nada “ai tadinho não sabe nada”.  Tem outras situações também, como ao contrário, cobrar demais sendo que ele ainda não tem condição. Então, o ideal é a família participar das reuniões, de treinamentos na escola, porém essa pe a parte mais difícil, é o que a gente menos tem. Infelizmente a maioria das famílias não participam e isso dificulta nosso trabalho, mas que é importantíssimo é.

Hoje nos temos varias atividades em jogos que ajudam no desenvolvimento de crianças especiais, como eles podem ser aplicados fora de sala de aula?

R: Os jogos pedagógicos ajudam de acordo com a dificuldade do aluno e pra cada uma utilizamos um tipo de jogo. Você usa uma sequência numérica para um aluno que tenha essa dificuldade. Para os que tem dificuldade de concentração pode-se aplicar sequência de cores, por mais bobo que pareça ajuda a pessoa a ter mais atenção. Se ele precisa desenvolver o movimento de pinça, começamos a desenvolver o movimento de amassar, pegar nas coisas e se for mais voltado ao movimento da escrita pode se usar um pegador de gelo para mover peças. Esses jogos não são só brinquedos, mas o aluno brincando começa a aprender coisas que  já foram explicadas várias vezes e ele não entendeu, mas quando ele vai brincar acaba aprendendo mais fácil.

Durante essas décadas na área da educação como você vê esse processo de valorização da educação especial?

R: Nossa! Mudou muito, antes a gente trabalhava e não tinha nada, tudo tinha que ser construído e era tudo dentro da escola especial. O aluno com deficiência não estudava na escola regular, e às vezes era apenas um déficit de atenção, uma coisa mais simples que uma psicopedagoga com alguns atendimentos resolveria. E de lá pra cá mudou muita coisa, hoje temos palestras, congressos, tem muito material na internet e antes não tinha nada disso, as pessoas não sabiam falar ou discutir o assunto e a maioria dos profissionais que ajudavam os professores eram os médicos. Fazíamos curso de capacitação com fonoaudiólogos, com otorrinos, pediatras, fisioterapeutas, eram os próprios médicos e pessoal das clinicas que capacitava a gente na APAE, pois não existiam pessoas da área da educação capacitadas para poderem estar fazendo esse trabalho com a gente, hoje em dia temos nas grades curriculares de alguns cursos a matéria de inclusão.