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Eu amo Itabira

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Por Bianca Morais 

 

Itabira é uma cidade do interior de Minas Gerais, muitos a conhecem pelo seu morador mais famoso, Carlos Drummond de Andrade, outros por sua beleza histórica, os casarões antigos, as praças e parques. 

Tem o Pico do Amor, localizado na mais elevada região de Itabira, onde pode se ter uma visão panorâmica da cidade que abriga o Memorial Carlos Drummond de Andrade, tem a Praça Arão  tombada como patrimônio histórico cidade, frequentada por cidadãos locais e turistas para piqueniques e atividades esportivas, por lá também se encontra em exposição a “Maria Fumaça”.

 

“Alguns anos vivi em Itabira.

Principalmente nasci em Itabira.

Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.

Noventa por cento de ferro nas calçadas.

Oitenta por cento de ferro nas almas.

E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação”Carlos Drummond de Andrade

 

Apesar de ser uma memória viva do grandioso Drummond, se engana quem pensa que o município é apenas isto, um fato interessante de se mencionar sobre o local, é que em 1975, Itabira foi reconhecida pela UNESCO, como cidade educativa, considerada um dos maiores centros de educação do interior de Minas.

De volta aos dias de hoje, o Centro Universitário Una chegou a cidade de Itabira no ano de 2017, a chegada da instituição no local foi um importante marco, trouxe revitalização para um prédio que estava abandonado no centro e ainda trouxe novos cursos que, até então, não existiam em Itabira e região. Desde então, além de levar educação de qualidade para cerca de 1000 estudantes, ainda leva diversos projetos e melhorias para a comunidade local. 

Prédio da Una Itabira

Eu Amo Itabira

Um desses projetos ficou conhecido como o concurso Eu Amo Itabira, que envolveu alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo, sob a coordenação do professor Bruno Oliveira e apoio dos professores Lucas Lima e Daniela Rocha, que conduziram os alunos durante o processo.

O concurso foi uma parceria entre a Prefeitura de Itabira e a faculdade Una, através de um convite exclusivo feito por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Inovação e Turismo (SMDECTH), com o objetivo de inserir os estudantes de arquitetura no projeto de elaboração de um monumento que fosse referência para a cidade.

O objeto deste concurso foi a elaboração de um artefato urbano presente em várias cidades brasileiras, geralmente na entrada ou no centro, onde convidam visitantes e moradores a tirarem suas fotos e demonstrar o amor pelo local.

Para Bruno Oliveira, coordenador de cursos de Graduação e Pós Graduação da Una Itabira, o concurso foi de grande importância para o reconhecimento do engajamento dos alunos e professores em projetos acadêmicos, ele trouxe mais visibilidade para o curso de Arquitetura e Urbanismo e para a faculdade.

Monumento Eu amo Itabira

“É gratificante poder fazer parte da história de Itabira, como coordenador de cursos na Faculdade Una. Os professores e alunos que participaram do concurso mantiveram uma postura engajadora. É um importante marco para a cidade e para nós enquanto Instituição. Foi uma grande honra ter feito parte desse grandioso projeto”, comenta o coordenador.

A cidade que já conta com diversos pontos turísticos ganhou mais um, o monumento que simboliza o amor pelo lugar, recebeu feedbacks positivos sobre a importância da Una para a cidade, por meio de parcerias com diversas empresas, órgãos e instituições, com foco em inovação, empreendedorismo e sustentabilidade.

 

O concurso

Os estudantes que tiveram interesse em participar do concurso realizaram a inscrição por meio de um formulário anexo ao Edital, as propostas foram elaboradas e enviadas pelos próprios alunos, no total, 15 se inscreveram e a maioria ainda estava no início do curso. Elementos associados à história da cidade, utilizando-se de formas, desenhos ou quaisquer outros elementos que caracterizassem inovação e criatividade foram utilizadas por eles na elaboração.

Lucas Lima foi um dos professores que ajudou os alunos nesse processo, como um monumento, o projeto contempla diversas esferas, desde a arquitetura, o urbanismo e o design, ele os orientou principalmente em questões metodológicas.

“A principal dificuldade foi na adequação dos materiais disponíveis, então tinham várias questões técnicas para o projeto funcionar, principalmente com relação ao peso, a estrutura, a forma de encaixe das peças, ajudei bastante nessa tratativa técnica com a prefeitura”, conta o professor.

O grupo do júri responsável pela avaliação das propostas foi composto por arquitetos convidados da região de Itabira; um representante da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia, Inovação e Turismo; um representante da Faculdade UNA de Itabira. Os critérios de avaliação foram: habilidade em expressar claramente as ideias em conformidade com o projeto; integração com o tema proposto; solução funcional e design.

Os estudantes vencedores do concurso foram Marcos Paulo Gonzaga dos Reis e Luidy Djean Viana Silva. Os alunos tiveram seus nomes expostos na obra.

A professora Daniela Rocha que também acompanhou os discentes nessa trajetória garante que auxiliou os garotos na escolha dos materiais e estudo das formas, mas que o conceito e criatividade presentes no projeto são méritos deles próprios. 

“Na época do concurso, os alunos vencedores estavam iniciando o curso, ainda não tinham conhecimento acerca de materiais e técnicas necessárias para a execução do projeto, eles precisaram pesquisar muito e conversar com nós professores sobre possíveis soluções projetuais. No final, ver eles conquistarem um prêmio tão importante para a cidade é muito gratificante. O esforço em participar e desenvolver o melhor projeto mostra que o conhecimento que passamos faz diferença na formação dos alunos”, compartilha a professora.

Ambos os professores acreditam que concursos como esse são de grande importância para a formação dos alunos e enriquecimento de seus currículos, além de fazer com que eles façam parte da história da cidade.

“É uma grande satisfação. Conheço os alunos desde o primeiro semestre e pude ver a evolução deles ao longo do percurso acadêmico, através das disciplinas e da participação deles nas atividades de extensão, eu acho que isso faz a diferença quando o aluno tem esse engajamento acima das atividades acadêmicas, estão envolvidos nos projeto e a conquista é o resultado de um processo bem feito”, conclui Lucas.

A equipe vencedora foi premiada com seus nomes no monumento, uma visita técnica ao consulado da Eslováquia em BH, uma reunião com o cônsul, certificado de Apoio ao Turismo de Itabira, além das menções honrosas por parte da prefeitura e da Una.

 

Os vencedores

Marcos Paulo Gonzaga dos Reis foi um dos vencedores do concurso, o garoto desde novo gostava de arte e com o tempo a arquitetura foi chamando sua atenção. No começo do ensino médio ele procurou profissões que lhe atraíssem e percebeu que a Arquitetura era um meio onde ele poderia ter contato com as mais variadas pessoas, com a criatividade e concepção de ideias, além de que a Arquitetura e Urbanismo tem um apelo social que muda vidas. 

Com a chegada da Una em Itabira foi possível que ele ingressasse no curso sem necessitar sair da minha cidade natal.

“A minha trajetória tem sido muito enriquecedora para meu conhecimento, embora ainda no meio do curso, já adquiri muitas informações que mudaram algumas concepções que antes eram formadas”, comenta ele.

Marcos e Luidy criaram a placa primeiramente pensando em remeter as principais referências da cidade. A primeira versão do projeto foi inspirada na representação do Drummond arrastando os vagões que levam a frase “Eu amo Itabira”, mostrando o quanto o minério e as poesias estão enraizadas nas terras do lugar. 

Como já dizia o poeta em uma de suas obras, o maior trem do mundo, “O maior trem do mundo transporta a coisa mínima do mundo, meu coração itabirano”, por onde passar este trem junto às poesias, Itabira sempre será lembrada.

“Esse projeto foi o primeiro concurso que participei e ganhei. Ele é a primeira obra que criei e se tornou realidade. Sendo o meu primeiro contato de como ocorre toda a produção de uma obra. Foi uma sensação dotada de alegria, surpresa e superação. Eu e meu amigo Luidy doamos muito do nosso tempo e esforço para a criação desse projeto e ao perceber que todo esse trabalho foi reconhecido começamos a perceber quão grande é nosso potencial”, expressa o futuro arquiteto. 

Assim como Marcos, sua dupla Luidy Djean Viana Silva, também sempre teve esse gênio para a Arquitetura. Quando era criança gostava muito de desenho, buscava passar o tempo desenhando, modelando massinha, e isso começou a despertar nele a criatividade. 

No momento da escolha do ensino superior, pensou muito no que encaixaria em seu perfil, e escolheu o curso de Arquitetura e Urbanismo, por estar diretamente ligado à criatividade, ao bem estar das pessoas, e a construção de um espaço que elas passariam grande parte de suas vidas. 

“Na minha opinião é uma responsabilidade muito grande poder realizar o sonho de uma construção ou da reforma da casa de alguém, pensando nisso fiz minha escolha. Desde então, a Una tem me proporcionado muitas oportunidades de ver na prática tudo aquilo que aprendemos na teoria. Participando de tantos projetos propostos pela instituição, o meu interesse pela área da Arquitetura só tem ampliado, abrangendo meus conhecimentos”, diz ele.

Luidy e seu colega de classe deixaram sua marca no centro de sua cidade natal, o valor daquilo para os jovens ainda no início do curso é inestimável.

“Esse projeto é muito importante para mim, e consequentemente para minha carreira. Uma sensação de privilégio, por poder representar um pouco da história da cidade e fazer parte dela. Meu amigo Marcos e eu desde que nos inscrevemos no concurso, nos entregamos por completo para poder dar nosso melhor e vencer, e ver todo nosso trabalho sendo reconhecido, ver as pessoas visitando, tirando foto, não tem preço, estamos orgulhosos por termos feito esse projeto”, finaliza o rapaz.