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Por Daniela Reis 

O TBT de hoje relembra a construção do Muro de Berlim que iniciou no mês de agosto de 1961. A estrutura foi um dos grandes símbolos da Guerra Fria e rodeava os limites de Berlim Ocidental, capital da Alemanha Ocidental.

O Muro de Berlim existiu ao longo de quase três décadas e foi responsável por conter o fluxo de pessoas que se mudavam da Alemanha Oriental para a Alemanha Ocidental. Estima-se que, durante a existência do muro, mais de 100 pessoas tenham morrido tentando cruzá-lo. O Muro de Berlim foi abaixo em 1989, quando o bloco comunista começou a ruir no leste europeu.

Explicação

A construção está relacionada com a fuga de população da Alemanha Oriental para a Alemanha Ocidental durante toda a década de 1950 e começo da de 1960. A disputa na Guerra Fria refletia diretamente em uma competição entre as duas Alemanhas, embora a vantagem da Alemanha Ocidental fosse notória.

Essa recebeu pesados investimentos dos Estados Unidos via Plano Marshall, e, por isso, su0a economia prosperou rapidamente. Os números da economia da Alemanha Ocidental eram substancialmente melhores em comparação aos da Alemanha Oriental. Além dos investimentos, essa situação era explicada porque a Alemanha Ocidental dispunha de mais população e mais recursos.

Além da economia, havia uma questão fundamental que separava as duas Alemanhas: a liberdade. A repressão imposta na Alemanha Oriental era coordenada pela polícia secreta, a Stasi, que tinha milhares de informantes espalhados pelo território da RFA. A repressão não era uma exclusividade de Alemanha Oriental, mas de todo bloco sob influência soviética.

Esses fatores levaram a um enorme êxodo populacional na Alemanha Oriental, e, de 1948 a 1961, 2,7 milhões de pessoas mudaram-se da Alemanha Oriental para Alemanha Ocidental, segundo levantamento do sociólogo e jornalista Jayme Brener. Entre esses milhões de pessoas, havia um número elevado de professores, médicos e engenheiros.

A situação era emergencial para a Alemanha Oriental, pois a perda de mão de obra, sobretudo da mão de obra qualificada, representava um risco para o desenvolvimento econômico do país. Essa situação chamava a atenção das autoridades da RDA, principalmente, a partir de 1958. Assim, para impedir que esse fluxo de pessoas aumentasse, a Stasi foi mobilizada.

Essa fuga de população ficou conhecida entre as autoridades da RDA como Republikflucht, e o uso da Stasi não foi suficiente para conter a situação. Foi essa polícia que sugeriu o fechamento físico das fronteiras como a única maneira eficaz de reduzir a fuga de cidadãos. Levando esse conselho em consideração, Walter Ulbricht, líder da RDA, pediu autorização a Moscou para fechar a fronteira.

A construção

A construção do Muro de Berlim foi resultado de deliberações e negociações que se arrastaram por meses entre as autoridades alemãs (da RDA) e soviéticas. O pedido de Ulbricht foi realizado em maio, a autorização soviética foi dada em junho, e a construção do muro só foi iniciada em agosto de 1961. Esta fez parte da Operação Rosa.

A operação para construir o muro foi conduzida de maneira extremamente secreta, uma vez que se temia uma reação das nações ocidentais, bem como temia-se que, caso a informação vazasse, um número gigantesco de pessoas fugisse de última hora. O historiador Patrick Major fala que, na RDA, somente 60 pessoas sabiam de sua existência.|2|

Os soviéticos então deram início aos preparativos silenciosos da Operação Rosa, e o comando desta foi entregue a Erich Honecker (presidente da Alemanha Oriental entre 1976 e 1989). Os serviços de inteligência das nações ocidentais tinham evidências de que a RDA poderia fazer alguma ação para fechar as fronteiras. Entretanto, não houve nenhuma mobilização para impedir que isso acontecesse, até porque não se sabia quando seria.

Os soviéticos e alemães determinaram que a operação aconteceria na passagem do dia 12 de agosto para o dia 13. Naquela madrugada, milhares de tanques russos tomavam conta das ruas de Berlim e, pela manhã, os soldados da RDA já haviam se posicionado nos limites entre Berlim Oriental e Berlim Ocidental, com milhares de metros de arame farpado que fechavam a fronteira entre as duas cidades.

Ao longo dos meses seguintes é que foram realizadas as ações necessárias que implantaram vários quilômetros de muro de concreto, torres de segurança, cercas eletrificadas, e colocaram no local equipes monitorando o muro 24 horas por dia. O monitoramento era realizado por soldados do exército da Alemanha Oriental que, além de armamento pesado, tinham, à sua disposição, cães de guarda.

O fechamento da fronteira e a construção do Muro de Berlim conseguiram praticamente acabar com o êxodo de cidadãos para a Alemanha Ocidental. Estima-se que, depois do muro, somente cerca de cinco mil alemães orientais conseguiram fugir do país, e, entre 1961 e 1989.

Parte do Muro de Berlim, que separava os dois lados da cidade, em imagem de 1962.

 

A queda

O Muro de Berlim foi derrubado em novembro de 1989, e isso foi resultado do colapso do bloco comunista na Europa. Ao longo da década de 1980, a situação do bloco agravou-se como um todo. No caso da RDA, a crise econômica fomentou manifestações de populares que desejavam uma economia melhor e mais liberdade.

Em 9 de novembro, o governo da RDA anunciou equivocadamente a abertura das fronteiras do país e milhares de pessoas aglomeraram-se nos locais de travessia. Para evitar um desastre de grandes proporções, a medida foi confirmada e a população, em festa, reuniu-se para derrubar o muro na passagem do dia 9 para o dia 10 de novembro de 1989. Isso deu início ao processo de reunificação da Alemanha.

Queda do Muro de Berlim