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Por Keven Souza

Se existe algo que a pandemia evidenciou é o hibridismo das tarefas. Se antes era preciso sair de casa para de fato trabalhar, hoje, essa não é a única realidade. O home office é um tipo de atuação flexível que tende a ficar e permanecer em todas as profissões, mesmo no  pós-pandemia. 

Com este modo de trabalho é preciso ter autonomia, comprimento e disposição para se manter produtivo durante as inúmeras horas de permanência dentro de casa. Acredita-se que uma das alternativas capaz de melhorar a qualidade do trabalho remoto é ter um ambiente em casa adequado, organizado e adaptado para as tarefas, capaz de auxiliar no rendimento e otimizar o tempo para reduzir o cansaço mental. 

No entanto, apesar das nuances salubres, é comum encontrar pessoas que por falta de oportunidade ou condições não possuem imóveis planejados com espaços home offices. É o que explica Flávia Papini, professora e coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Una. “Com a pandemia, as relações de estudo e trabalho se tornaram mais híbridas. Isso é um fato que iria acontecer de qualquer maneira, só foi acelerado. Não tivemos tempo de nos adaptar e muitas pessoas não têm um espaço adequado para realizar atividades de trabalho e estudo em casa, sendo que é imprescindível às atividades de uma residência estarem bem definidas para nos sentirmos bem nos ambientes”, diz. 

Para auxiliar trabalhadores nesse novo modelo de teletrabalho, os alunos de Arquitetura e Urbanismo da Una Linha Verde,  ofereceram no último semestre consultorias gratuitas para quem precisava fazer adaptações de ambiente doméstico para um local de trabalho ou estudo e não tinha condições de pagar pela mão-de-obra de um arquiteto. O serviço foi ofertado através do Mosaico, que é o Escritório Modelo de Arquitetura, Urbanismo e Engenharia (Emau), que atua desde 2019, em parcerias com prefeituras, ONGs e ações institucionais na promoção de projetos arquitetônicos, estruturais, elétricos e de reformas. 

No Mosaico já passaram mais de dez alunos, além de diversos professores especialistas em diferentes áreas de edificações. O escritório toma consciência de que grande parte da população não tem acesso a um projeto arquitetônico bem feito, com aspectos técnicos e funcionalidade, e que existem diferentes realidades que se pode encontrar em termos de habitação. E essa concepção ficou evidente com o serviço oferecido para melhorar o home office.

Segundo Flávia, que é uma das responsáveis pelo Escritório Modelo, participaram do ofício aqueles que se encaixavam na Lei da Assistência Técnica, norma regulamentadora que permite indivíduos carentes terem acesso gratuito aos serviços de profissionais de arquitetura. “Nosso público alvo são famílias de baixa renda, que se enquadrem na Lei 11.888/2008. Por legislação é onde o Escritório Modelo pode atuar e a proposta deste serviço surgiu da própria demanda das famílias que eram atendidas, dentre tantas colocações de melhorias, o ambiente de estudo/trabalho era uma delas”, afirma.

Ela ressalta que, a partir da renda do participante, a consultoria era feita de maneira remota, por videoconferência com o cliente para conhecer a demanda e especificidade do espaço que era preciso adaptar para o trabalho remoto. “Fazemos uma entrevista prévia da família a ser atendida, para conhecer sua demanda, vemos fotos da casa/apartamento, e verificamos se a área atendida se enquadra como habitação de interesse social”, comenta.

Após o atendimento online, os estudantes colocavam em prática seus conhecimentos adquiridos em sala. Era entregue aos clientes um projeto arquitetônico com imagens em 3D para que pudessem visualizar o ambiente com as devidas transformações. Esta etapa é uma das mais importantes do EMAU, pois é onde os estudantes se conectam com um cliente real para fomentar uma experiência acadêmica mais enriquecida. 

“A experiência que os alunos adquirem com o Mosaico é ímpar. Há uma demanda, angústia e expectativa real. Os erros e acertos no projeto serão validados pelo “dono” do projeto e isso traz um senso de responsabilidade que não consegue muitas vezes ser replicado em sala de aula”, ressalta Flávia. 

O Mosaico passou recentemente por uma reforma de infraestrutura e no momento as consultorias não estão abertas para participação. O Escritório Modelo está focado na agenda institucional do campus Una Linha Verde e há expectativa de que em janeiro de 2022 os serviços ligados às famílias de renda baixa retornem, incluindo o serviço de arquitetura gratuita para melhorar o home office. 

Créditos: Freepik

Por Arthur Paccelli

A pandemia da covid-19 trouxe consigo uma das maiores mudanças comportamentais da história. A maior e mais eficaz recomendação das autoridades de saúde é ficar em casa, o que resultou em reviravolta na rotina de trabalho de milhões de pessoas ao redor do mundo. Basicamente, todo serviço possível passa a ser feito em casa.

Home office antes da pandeia, para muitos, era uma realidade distante. Muitos acreditavam ser impossível fazer o trabalho fora do escritório. Diante de um cenário cujo ato de sair de casa se transformou em sinônimo de correr riscos, não houve outra escapatória a não ser aderir.

Historicamente, o ambiente do lar é associado a um refúgio de tudo aquilo que nos desgasta e nos estressa no mundo externo. Ouvimos, desde sempre, que não se deve levar trabalho para casa. A “cultura” de desmembrar, radicalmente, a casa do trabalho gerou resistência e delonga na adaptação ao novo modelo.

Isto é, nosso subconsciente percebe a casa como ambiente de descanso. Logo, o foco no trabalho é afetado, não somente pela mudança do ambiente, claro, mas, também, devido ao clima de incertezas de uma pandemia. Não se pode negar que um local tranquilo propicia uma experiência de trabalho melhor.

Pessoas que moram sozinhas, geralmente, não veem problemas, e até preferem o home office. Por sua vez, aqueles que moram com a família, ou têm crianças em casa, por exemplo, encontram dificuldade de adaptação e preferem ir ao escritório. Isso se reflete na situação daqueles que não detêm espaço silencioso e calmo, separado do restante da casa, para trabalhar.

Inúmeros trabalhadores não têm sequer uma estrutura de mesa e cadeira adequadas para o exercício da função. Assim também ocorre no contexto de regiões de periferia, onde não há rede de internet de boa qualidade.

A jornada de trabalho, talvez, tenha sido a que mais sofreu alterações. Como não é mais considerado o tempo de deslocamento de casa à empresa, o trabalhador “ganhou” horas a mais. Em diversos casos, o expediente começa um pouco mais cedo, e só termina quando as demandas acabam, pois não há mais aquela pressa para ir embora.

Uma vez que o motivo de não sair de casa – nem para trabalhar – seja prevenir-se de uma doença, não há o que questionar. A verdade, contudo, é que trabalhar em casa, como tudo da vida, tem dois lados. Os prós e os contras do home office são bem correlatos: ainda que dispensar o uniforme, o dress code, e poupar o tempo do transporte possam ser agradáveis, não ter interação direta com os colegas, ou com o chefe, pode ser estressante, principalmente, em trabalhos de equipe (situação, aliás, da maioria).

Em tese, o modelo de trabalho em home office exige, acima de tudo, paciência, organização e foco. Não podemos romantizar as atuais circunstâncias, pois os desafios são diários. Em meio à atual crise socioeconômica global, é de grande valia ter um emprego. Voltaremos aos escritórios sabendo valorizar e apreciar o melhor dos dois mundos.

 

*Edição: Professor Mauricio Guilherme Silva Jr.