Tags Posts tagged with "Infância"

Infância

1 596

Por Adria Oliveira 

O nascimento, a meninice, a meninez… quem nunca teve saudade do tempo da infância que
atire a primeira pedra…  Às vezes a saudade pode ser de um cheiro, um gosto, uma memória afetiva ou um sorriso, mas do que eu mais sinto saudade é de não pensar mal dos outros. Parece estranho, mas me diga, qual a última vez que você fez qualquer coisa sem desconfiar de alguém? Quando eu era criança certa vez um vendedor de uma rede de supermercados me perguntou, garotinha, você trocaria seu bico por aquela linda bicicleta rosa? E eu aceitei, é claro, pelo menos foi isso que a minha mãe disse. O fato é que eu nem por um segundo pensei em contestar o porquê daquele vendedor ter aleatoriamente feito aquilo?

Ai que saudade de uma brincadeira tranquila, um desenho animado, de chorar fácil, sorrir fácil, sentir raiva fácil, parar de sentir raiva fácil e não me preocupar se o meu “coleguinha” vai errar comigo de novo. E aí está o paradoxo, porque quase toda a parte da minha infância, tudo o que eu queria era ser adulta.

Você já parou para pensar por que o vendedor me fez aquela proposta? É porque meu pai pagou 50 reais por algo que eu não queria abrir mão: meu bico. Naquela época, eu tinha quase 3 anos e não queria desistir daquela pequena fonte de conforto. É engraçado pensar que, se essa história acontecesse hoje, eu provavelmente estaria procurando uma câmera, pensando que era uma brincadeira ou pegadinha de algum programa de TV divertido, sabe? Às vezes, eu até gosto de ser adulta… Não é tanto a saudade da infância que me bate, mas sim a falta de preocupação em lidar com contas para pagar… ou talvez nem lidar com elas.

Ah, como sinto falta dos tempos da infância! O nascimento, a fase de ser criança, aquela época cheia de pureza… Quem nunca sentiu saudade desses momentos, não é mesmo? Às vezes, basta um cheiro, um gosto, uma lembrança afetiva ou um sorriso para trazer tudo de volta. Mas sabe do que sinto mais falta? De não ter uma mente desconfiada, de não pensar mal das pessoas. Parece estranho, mas me diga, quando foi a última vez que você fez algo sem desconfiar das intenções de alguém? Lembro-me de uma ocasião em que era apenas uma garotinha. Um vendedor de um supermercado se aproximou de mim e perguntou: “Você trocaria seu bico por aquela linda bicicleta rosa?”. E eu aceitei, é claro. Pelo menos foi isso que minha mãe me disse. Naquela época, nem por um segundo passou pela minha cabeça questionar o porquê daquela proposta repentina.

Ah, como sinto falta de brincadeiras tranquilas, de desenhos animados, de rir e chorar facilmente, de sentir raiva intensamente e, em seguida, deixá-la ir embora sem rancor. Sinto falta de não me preocupar se meus amigos vão me machucar novamente. É engraçado como tudo isso é contraditório, porque na maior parte da minha infância, eu só queria crescer logo.

Adria Oliveira na fase adulta. Foto: arquivo pessoal.

Você já parou para pensar por que o vendedor me fez aquela proposta? É porque meu pai pagou 50 reais para me tirar o bico, algo que eu não queria abrir mão. Eu tinha quase 3 anos naquela época, e aquela chupeta era meu pequeno refúgio. É curioso pensar que, se essa história acontecesse hoje, eu estaria procurando uma câmera, pensando que era uma brincadeira ou pegadinha de algum programa de TV divertido, sabe? Às vezes, até consigo apreciar a vida adulta… Não é tanto a saudade da infância que me consome, mas sim a falta de preocupações com contas a pagar… ou, quem sabe, nem precisar lidar com elas.

0 2122

No dia último domingo, 21 de março, foi comemorado o Dia Mundial da Infância. E para comemorar e trazer de volta lembranças dessa época tão especial, a jornalista Bianca Morais nos agraciou com uma crônica. 

 

A infância na casa da vovó

Por Bianca Morais

Fecho os olhos e me lembro dos anos dourados. 

– “As férias chegaram!”

Isso significava que era hora de fazer as malas, pegar o máximo de roupas que cabiam dentro dela e partir para casa da vovó! Encontrar com os primos e ficar por lá até o dia que ela se cansasse da nossa bagunça e nos devolvesse aos pais.

Brincadeiras durante todo o dia, fazíamos teatro e interpretávamos os personagens da nossa novela predileta, montávamos um salão de beleza na sala com direito a tudo, incluindo cabelo e maquiagem. E a  unha só quando a gente conseguia pegar os esmaltes da vovó escondidos, porque quando ela descobria era uma baita confusão. A cabaninha a enlouquecia, já que usávamos todos os seus lençóis limpos e almofadas chiques do sofá, tudo espalhado pelo chão. 

À noite expulsávamos nosso tio do quarto dele e ficávamos lá, alguns amontoados na cama de casal e outros nos colchões. Fingíamos que estávamos dormindo, luzes e tv apagadas, assim que escutávamos o primeiro ronco da vovó era só bagunça. Assistir filmes até depois da meia noite, guerra de travesseiros, virar a madrugada contando histórias. 

Uma vez ou outra, nosso tio expulso do quarto pelos sobrinhos, se fantasiava do personagem do filme Pânico para nos assustar. Agora pense em um monte de crianças acordadas em um horário que não deveriam, e de repente entra o Pânico no quarto. Era gritaria total. Nessa hora a vovó acordava, xingava e colocava todo mundo para dormir. 

No dia seguinte vovó não poupava. Bem cedo já abria as cortinas do quarto e cantava “deixa a luz do céu entrar”, e ali não importava que horas a gente tinha ido dormir, todo mundo tinha que estar de pé na hora que ela mandasse.

Café da manhã na mesa, cada um com a sua canequinha, as das meninas super poderosas ficam guardadas até hoje, 20 anos depois. No almoço o cardápio não tinha dúvidas, macarrão com batata frita. Podia fazer todos os dias que não enjoávamos. E claro, cachorro quente para o café da tarde.

Tempo bom que não volta mais. 

Juntar todo mundo e ir até a banca para comprar figurinha e completar o álbum, trocar as figurinhas entre si, alugar um filme na locadora, brigar pelo controle remoto e para ser o primeiro a jogar video game, colecionar adesivos, passar trote pelo telefone. 

Hoje, os primos estão mais velhos e muito longe um dos outros. As férias agora cada um tira numa época diferente, mal conseguimos nos encontrar. A saudade e a nostalgia que vivemos é saber que curtimos uma fase muito boa. A infância será para sempre um momento de alegria e coisas boas em nossas vidas.

 

*Edição: Daniela Reis 

**Revisão: Italo Charles 

0 535
Em ambientação lúdica, o curso de gastronomia e de design de ambientes da Una, juntamente com o curso de design da UFMG, promoveram jantar que remete à infância. Foto: Divulgação.

Jantar promovido no Centro Universitário Una, no último dia 5, resgatou as memórias afetivas de convidados através de pratos e brincadeiras que remetem à infância

Por Moisés Martins*

Sentar à mesa e fitar o prato de comida é um dos rituais mais antigos e capazes de conduzir-nos, por meio da memória afetiva, ao passado, a momentos felizes da nossa vida. Por mais simples que seja a mesa, por mais comum que seja o alimento, esta é uma das chaves que acessam em nossa mente o que há de melhor. É com este propósito, o de reavivar experiências como esta, que alunos do curso de gastronomia e de design de ambientes do Centro Universitário Una, juntamente com o curso de design da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), realizaram na última quarta-feira, dia 5 de dezembro, um jantar especial, sob o tema “Sabores da Infância”.

A noite se iniciou com a leitura de um poema do escritor Manoel de Barros (1916–2014). A aluna do curso de design da UFMG, Mariana Guimarães, declamou o primeiro poema, extraído do livro Poemas Rupestres (2004):

“A turma viu uma perna de formiga, desprezada, dentro do mato. Era uma coisa para nós muito importante. A perna se mexia ainda. Eu diria que aquela perna, desprezada, e que ainda se mexia, estava procurando a outra parte do seu corpo, que deveria estar por perto. Acho que o resto da formiga, naquela altura do sol, já estaria dentro do formigueiro sendo velada […]” (BARROS, Manoel — 2004).

 

A poesia parte de algo frívolo, de uma brincadeira de criança, para resgatar a preciosidade das memórias da infância. A intenção era, desde o princípio, assim como Manoel de Barros, com maestria, transitar entre a realidade e o onírico, em um jantar embebido de poesia.

O jantar tinha como finalidade maior conduzir a todos os comensais, através do paladar e da experiência dos sentidos, a uma viagem profunda à infância.

O ambiente todo era de um clima muito agradável. As luzes da sala, em tom de amarelo, traziam ao lugar uma sensação de aconchego. Além, claro, de dar aos pratos melhor aspecto e visibilidade. Nas paredes, frases do escritor e desenhos feitos a mão traziam leveza e despertava nos convidados o lado mais lúdico.

O primeiro prato então chegou à mesa. Mas não pratos convencionais, aqueles de louça ou vidro como costumamos ver por aí. Eram, na verdade, esferas de acrílico, transparentes, ligadas a um cordão. Eram cinco esferas em cada bandeja servida, com cordões pendendo em uma das extremidades, completamente embaraçados. Como que em uma brincadeira, cada convidado teria que escolher um fio, para assim saber qual salada seria a sua.

Após cada convidado escolher seu respectivo fio, ele ainda teria que abrir o recipiente. A esfera, com a iguaria dentro, se abria ao meio, ao se retirar uma fita adesiva. A surpresa, ao retirá-la, atingiu a todos. A fitas continham ilustrações de formigas, como na poesia de Manoel de Barros, que remete às brincadeiras de criança e o fascínio pelos insetos.

Os convidados ficaram encantados com o modo em que o prato de entrada foi servido, uma maravilhosa salada feita com mamão verde, cenoura, pasta tailandesa e esferas de mostarda e mel.

À medida que os pratos eram servidos, cada um dos convidados à mesa tinham uma experiência estética com o prato e, até mesmo, resgatavam uma memória afetiva, que remete à infância.

Os idealizadores do jantar, propositalmente, diluíram poesia e memórias a cada apresentação, a cada prato.

O chefe Adriano Vilhena, em dado momento, pediu um minuto da atenção, enquanto eram servidos aos convidados aquele ossinho em forma de forquilha que se encontra no peito do frango, chamado de fúrcula. O mestre, então, disse que o prato teria que ser disputado através dessa velha brincadeira. Quem é que, durante a infância, à beira de um fogão a lenha, não apostou/disputou algo, com um irmão ou primo, através do osso da galinha?!

As reações e o entusiasmo dos convidados, diante da proposta, tornou o jantar ainda mais descontraído. E para que todos saíssem felizes, na aposta com o osso, em que quem tira a parte maior ganha, todos ficaram com partes do mesmo tamanho. Após a disputa foi servido o Trio de Frango, composto por sobrecoxa temperada, tulipa de asa na brasa, espetinho de coração com farofa.

Na sequência, o chefe Adriano, mais uma vez, propôs uma brincadeira com as memórias afetivas. Ele entregou a cada convidado um vasinho de plástico com um galho de hortelã. À primeira vista, a impressão é de que, realmente, era um vaso com terra.

Enquanto o mistério não era desvendado, o jantar continuou. O prato a seguir, um pudim de leite queimadinho, foi servido faltando um pedaço.

“Mamãe, comeram meu pudim!!! ”

Espera! Estão cheirando o vasinho de planta? Comendo a terra do vasinho de planta? Como assim? Pensei que só na infância fossemos capazes de tamanha façanha. Calma, era mais uma pegadinha dos chefes da noite. Acreditem vocês ou não, não era terra preta, e sim um maravilhoso bolo de chocolate com creme de chantilly, feito pela aluna de gastronomia da Una, Tamyres Barbosa. O prato foi descoberto antes da hora, obrigando o chefe a explicar do que se tratava, mas já era tarde, todos já haviam comido a terra preta. Quer dizer, o bolo de chocolate.

Ainda restavam dois pratos para serem servidos, e as pessoas aguardavam ansiosas. O penúltimo prato foi nomeado como tortinha. Elaborado a partir de uma massa amanteigada, creme de legère, e, claro, mais brincadeiras. A tortinha vinha acompanhada de confetes, cremes especiais, e frutas picadinhas, com plaquinhas que diziam: brinque, experimente e descubra. Nesse instante, cada um colocou a criatividade e a criança.

“Para Refrescar”, um sorvete feito à base de rabanada, foi o nome do prato que encerrou a noite. Servido em um copinho com um palitinho de madeira, a intenção era de reproduzir a brincadeira que muitas crianças fazem ao congelar alimentos, na tentativa de fazer o próprio sorvete.

O chefe Adriano Vilhena, em agradecimento a todos, e com o sentimento de satisfação, em nome também dos profissionais que participaram da elaboração do jantar, despediu-se de uma maneira bastante reflexiva:

— A gente acredita muito que a cozinha une, que a cozinha é elo de ligação para uma série de coisas. O que a gente fez esse semestre foi só ligar o design, o design de interiores e a gastronomia, e uma série de outras ligações. Como estamos todos aqui hoje, a gente sugere que através da comida vocês façam isso constantemente na vida de vocês. A mesa une, a comida une, e isso é muito importante para gente – assegurou.

*(O estagiário escreveu a reportagem sob supervisão do jornalista Felipe Bueno). 

A mostra TODOXS DIVERSXS irá abrir as suas exibições com o filme Tomboy, que conta a história de Laure, uma garota de dez anos que vive com os pais e a irmã caçula. Ela gosta de usar cabelos curtos e vestir  roupas masculinas. Um dia Laure foi confundida com um garoto e a partir daí começou a se apresentar como Mickaël, sem que seus pais soubessem.

O filme retrata bem como surge o interesse ainda na infância por pessoas do mesmo sexo, além de mostrar como nasce o desrespeito e a intolerância. A mostra que é um espaço para discussão de assunto com a homofobia que vem ser ilustra neste filme.

Tomboy é ganhador de vários prêmios como 19º Festival MixBrasil da diversidade Sexual foi agraciado com o melhor longa da competição, melhor filme LGBT do festival de Berlim/11, prêmio do público no Frameline Gay & Lesbian Film Festival, de San Francisco/EUA, melhor longa do Philadelphia QFestivalde Cinema Gay e Lésbido e novamente o prêmio máximo no Torino Lesbian and Gay Film Festival/2011.

 

Por: Ana Carolina Nazareno
Foto: Imagens Google


Jogos de computadores, bate-papos virtuais e videogames são alguns dos exemplos de diversão das crianças de hoje. Muito diferente da infância de nossos pais e avôs que brincavam na rua, na maioria das vezes com os pés descalços. “Éramos mais crianças, aproveitávamos mais, éramos mais livres. Eu lembro que brincava de ´finca´, bolinha de gude, bambolê”, relembra a professora Dayse Sene.

A professora ainda comenta que as crianças pareciam mais amigas umas das outras. “Nós dividíamos os brinquedos que, na maioria das vezes, nós mesmos fabricávamos. Brincávamos em cima dos pés de frutas, era bem divertido”, comenta.

Revivendo esta prática e aproximando as crianças desta infância que parece tão distante, o Museu dos Brinquedos oferece ao público uma oficina em que os participantes serão os criadores dos seus próprios brinquedos. Além da oficina, o público poderá apreciar a exposição EcoBonecos que é  composta por 40 bonecos feitos com material reciclável.

Jovens

Aqueles que hoje estão na casa dos 20 anos também cultivam lembranças dos tempos de criança. A estudante de jornalismo Mariana Rocha relembra sua infância. “Meu brinquedo favorito era uma boneca que fala, inclusive a tenho até hoje”, revela.

As brincadeiras também começaram a ficar modernas. “Eu gostava de brinca de queimada, pique esconde e de Power Rangers. Juntávamos cinco amigos e cada um era de uma cor”, explica a estudante de Jornalismo Naiara Dias, se referindo à série de TV japonesa.

Mesmo com toda tecnologia que existe, “na minha época” é que era divertido!

Por : João Vitor Fernandes e Ana Carolina Nazareno

Foto: Imagens Google