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Jornal Contramão

Trecho de "O Eixo" - Fotografia/Divulgação

Revivendo os áureos tempos das telas de cinema projetadas ao ar livre, o evento Mini Festival de Webfilm irá preencher a noite de sábado, 16, em pleno inverno belo-horizontino. Idealizada pelo Coletivo Luminária, a primeira edição do festival reunirá webfilmes produzidos por nomes do cenário independente nacional e internacional. As projeções serão realizadas na calçada, na escadaria e no quintal do espaço do BDMG cultural, localizado na rua da Bahia 1600, no Circuito Cultural da Praça da Liberdade, região centro sul da capital mineira.

Com entrada franca, as projeções do festival terão início às 18h e irá proporcionar ao público a oportunidade de conhecer 40 trabalhos de animações, curta metragens, documentários, fashion filmes, ficções e vídeo performances nacionais e internacionais, todos com classificação Livre. De acordo com a organização do evento, o principal objetivo deste festival é a ocupação do espaço urbano através da utilização de formas audiovisuais criativas além da consolidação de um ponto de encontro para os apreciadores dos trabalhos audiovisuais.  

Em meio à programação, uma série desses trabalhos foram produzidos por autores de Belo Horizonte. Dentre eles, o curta “BH no Ritmo da Luta”. Com produção e direção de Dandara Andrade, nele é abordado o contexto do carnaval da cidade que, a partir do ano de 2009, voltou a receber os tradicionais bloquinhos de rua. Com um engajamento político, os bloquinhos tomaram novamente o espaço urbano e ultrapassaram os limites da Avenida do Contorno, hipercentro da cidade, para alcançar novos espaços da região metropolitana de BH.

Dandara Andrade é formada em comunicação social e jornalismo, especializada em cinema e iniciou os trabalhos com audiovisual na emissora Rede Minas. Atualmente, é diretora de produção da Gabiroba Vídeo e produz documentários e vídeos educativos. Ela comenta sobre o processo criativo de direção do curta, “eu já era stalker do carnaval de rua de BH e a Mariana Fantini, que trabalhava conosco e teve participação fundamental no projeto, também estava ligada na importância e militância que a juventude vinha desenvolvendo antes e durante o feriado festivo. A ideia foi buscar a resposta para uma pergunta que estava se tornando comum por aqui: de onde veio esse carnaval? Queríamos mostrar que aquela festa nunca tinha morrido e ia muito além da folia e do entretenimento. Desejávamos mostrar como o carnaval de rua era, na verdade, de luta.”, completa.

Assim como outros eventos da cidade, o carnaval de BH se tornou um momento de representatividade política e social que, a partir dos anos de 2008 e 2009, voltou a mobilizar uma quantidade significativa de adeptos. ela explica um pouco da importância política na abordagem desse tema em um trabalho audiovisual, “acho que BH no Ritmo da Luta é um registro muito útil para nos lembrar sempre, enquanto cidadãos-foliões, de onde viemos, para quê viemos, porque e onde queremos chegar com esse movimento e suas revoluções e, consequentemente, com a relação que construímos com a cidade.”, comenta Andrade sobre o papel em que o documentário pode atender.  

Mini Festival de Webfilm

O festival é uma oportunidade, também, para os adeptos e apreciadores do estilo. A utilização da internet para a promoção e divulgação dos trabalhos realizados de forma independente é tido como uma alternativa de acesso ao mercado. Andrade pontua, “Coletividade. Juntar a sua turma, unir suas experiências, técnicas e estruturas, em busca de uma produção que traga sentido para sua vida e toque de verdade aqueles que terão acesso a ela – acredito que esse seja o primeiro passo. É óbvio que o fomento governamental ao audiovisual está crescente, mas, não podemos ficar dependentes dele, por isso, ter atitude de pegar e fazer é extremamente importante. Acho interessante também que quebrem o mito da glamourização do cinema e da direção e abram a cabeça para a internet, para as “lentes sociais” e para a responsabilidade que temos ao registrarmos e exibirmos algo. Nesse caso, a mensagem é mais importante que o meio.”, finaliza.  

Fotografia/Divulgação
Divulgação

Reportagem: Lucas D’Ambrosio

Parte da coleção pessoal de discos de vinil de Gustavo Heringer.

Entre um ensaio e outro, o fotógrafo Gustavo Heringer, 29, divide o seu tempo com um hobby clássico que começou recentemente: colecionar discos de vinil. Amante da música, iniciou sua coleção em 2013, quando ganhou de sua esposa um exemplar do Rolling Stones Play Chuck Berry (2010). Desde então, não parou mais e atualmente possui cerca de 50 títulos em sua coleção, grande parte, do rock internacional. Entre David Bowie, ACDC, Yes, Led Zeppelin, ZZ Top, Queen, Jethro Tull, Beatles e outros clássicos do rock, há uma coleção, em particular, que Heringer busca completar, o trabalho realizado pelo Pink Floyd: a banda britânica que surgiu no final da década de 1960 trazendo um rock singularmente psicodélico e com melodias marcadas pela progressão sonora de baixo, guitarra, bateria e sintetizadores.

Disco do Rolling Stones Play Chuck Berry, 2010, primeiro disco da coleção de Gustavo Heringer.
Disco: The Rolling Stones Play Chuck Berry, 2010, primeiro disco da coleção de Gustavo Heringer.

Sua paixão pela banda surgiu ainda em 2002, em uma viagem com amigos. O destino era certo: Belo Horizonte a São Paulo. No carro, a rádio mal pegava e o único CD que estava presente era um Pink Floyd, mais precisamente, The Division Bell (1994) que tocou “infinitamente”, tanto no trajeto de ida quanto na volta para a capital. Depois dessa viagem, o universo do rock mudou para  Heringer. “Quando gosto de um novo artista, busco saber tudo sobre ele.

Disco The Division Bell, Pink Floyd, 1994
Disco The Division Bell, Pink Floyd, 1994

Depois dessa viagem, com meus 18 anos, comecei a pesquisar tudo o que podia sobre a banda. Another Brick on The Wall (música do disco The Wall, de 1979) já era conhecida por todo mundo. Depois de The Division Bell, fui conhecer trabalhos mais antigos como Animals (1977), The Dark Side of The Moon (1973) e Atom Heart Mother (1970) que se tornaram os quatro mais significativos pra mim”, completou o fotógrafo mostrando cada um dos quatro discos em vinil que já possui em sua coleção.

Gustavo Heringer mostra os ingressos e o pôster do show de David Gilmour, realizado no Royal Albert Hall (durante sua lua de mel) em setembro de 2015. Realização de um sonho.
Gustavo Heringer mostra os ingressos e o pôster do show de David Gilmour, realizado no Royal Albert Hall (durante sua lua de mel) em setembro de 2015. Realização de um sonho.

Assim como outros fãs, sempre existe a expectativa de poder ver e assistir aos ídolos, alguma vez na vida e ao vivo. Não foi diferente com ele. Gustavo conta que por ter começado a se interessar pelo Pink Floyd através de um dos trabalhos mais recentes da banda, ele teve a tendência de admirar mais da fase em que David Gilmour (guitarrista e compositor) esteve à frente da banda, no lugar de Roger Waters (baixista e compositor), que saiu do Pink Floyd em 1985. No ano de 2015, enfim o sonho se realizou. “Foi totalmente por acaso. Estava em Londres, passando minha lua de mel com minha esposa, Flávia. Chegamos no dia 24 de setembro e já sabia do show de David Gilmour no Royal Albert Hall e já sabia, também, que não haviam ingressos disponíveis na internet. No dia 25, sem nenhuma pretensão, saímos de manhã e fomos até o local do show para ver o icônico santuário do rock britânico. Por sorte, alguns ingressos estavam sendo vendidos na bilheteria. Foi começar a pagar os ingressos que não segurei a emoção. Estar naquele lugar, na minha lua de mel com a Flávia e poder assistir ao Gilmour ao vivo, era um sonho. Enquanto preenchia os ingressos, minha mão só tremia. Acabei escrevendo o nome da minha cidade de Bolo Horizonte”, relata mostrando os ingressos que estão emoldurados com o pôster do show que ficam na parede de seu escritório.

Royal Albert Hall/Arquivo Pessoal
25 de setembro de 2015. Show de David Gilmour no Royal Albert Hall, em Londres. Gustavo aproveitou sua lua de mel para realizar outro sonho de sua vida. Fotografia: Gustavo Heringer/Arquivo Pessoal

Após onze anos de espera, Gustavo conseguiu realizar outro sonho proporcionado pela cultura do rock. Depois de voltar de sua lua de mel, ter assistido ao show de David Gilmour no Royal Albert Hall, ter ido em um segundo show do cantor que teve em São Paulo, o ano de 2016 foi tão especial quanto o anterior: conseguiu adquirir para a sua coleção de vinil um exemplar, daquele que foi o disco responsável por toda a admiração do rock e da banda Pink Floyd, o The Division Bell (foi reproduzido durante toda a entrevista).

Grande Aquisição
Capa do disco The Division Bell, Pink Floyd, 1994. O grande divisor para a história de Gustavo Heringer no universo do Rock.

Reportagem e Fotografias: Lucas D’Ambrosio

“Em tempos de tempestade, o luxo é o otimismo e o estado é a graça de escapar, mas de forma criativa”, destaca Aldo Clécius, Diretor Criativo.

A 10ª edição UNATRENDSETTERS, evento de encerramento do curso de Moda do Instituto de Comunicação e Arte UNA-ICA, ocorreu em Belo Horizonte, entre os dias 5 e 6 de julho, apresentou, para profissionais da moda do mercado mineiro, entre eles, Renata Canabrava e Aldo Clécius, os trabalhos realizados pelos formandos do curso de Moda do centro Universitário UNA, do Instituto de Comunicação e Artes. Além dos desfiles foram registrados, apresentações audiovisuais, em que os alunos apresentaram suas coleções através de videoclipes e ensaios fotográficos no auditório do ICBEU.

Com o tema Escapismo, a 10ª edição trouxe tendências para a moda inverno 2016/2017. As criações foram inspiradas por clássicos da literatura e da arte e também por épocas marcantes do Brasil. As estudantes Gabriela Ribeiro e Luana Tamara apresentaram sua marca “Retrô Glam”, retratando os Anos Dourados da cidade do Rio de Janeiro. “Aleijadinho, a Arte de um Gênio” é a coleção criada por David Maia que trouxe, através da GaleriaD, o trabalho para o desfile. Já a universitária Silvia Torquetti criou a coleção “Brasil, o País do Futebol”, inspirando-se no universo masculino e no futebol, “A minha paixão pela moda masculina começou quando me deparei com a dificuldade dos meus familiares em encontrar roupas que fossem do agrado deles”, conta Torquetti que completa “Eu tenho um irmão e todos os meus primos são homens. Toda vida eu convivi e cresci no meio deles. Na faculdade voltei a produção das minhas criações para  a moda masculina, e agora no TCC eu criei essa marca justamente por isso.” declarou.

Na noite do dia 6, no Salão Ilustríssimo, ocorreu o encerramento do evento, contando com a entrega do Prêmio Moda Mineira e com homenagem a ex-aluna, Carol Maquí, pelo trabalho realizado por sua marca de bolsas e mochilas, “O Jambú”. Destinada para todos os públicos é influenciada pelo contexto urbano e de manifestações culturais. A marca é uma mistura de referências paraenses e mineiras, estados de origem de seus criadores, Carol Maquí e Swami Cabral, o que reflete na criação de cada uma das peças. Carol Maqui explica sobre a importância de receber tal homenagem, “em um evento que reúne tantos profissionais da área, receber a homenagem e ter a possibilidade de colocar a coleção na passarela trás para a marca uma visibilidade e grande reconhecimento. Vale lembrar que nossas bolsas desfilaram com roupas do estilista Dill Dias, também ex-aluno da UNA.”, completa.

Além de familiares a noite contou com a presença de professores e profissionais renomados no mercado, onde estes avaliaram as criações dos alunos, que tiveram os seus trabalhos inspirados por Carlos Drummond de Andrade e Aleijadinho. A surpresa da noite ficou para o trabalho realizado por Cynthia Cristina, com o projeto “Moda criativa para o melhor amigo do homem”, ela utilizou tecidos produzidos com pelos de cachorros da raça Poodle em suas peças, criando um desfile inusitado entre modelos e seus animais de estimação.


Reportagem e Fotografia: Sarah Mansur – 1º Período  do Curso de Jornalismo Multimídia UNA-ICA

 

Funcionária da Capela Nossa Senhora do Rosário fecha as portas da construção que foi interditada pela Defesa Civil de MG. Fotografia: Lucas D'Ambrosio

A Capela Nossa Senhora do Rosário – a mais antiga da cidade – foi erguida no ano de 1897, na esquina da rua São Paulo com a avenida Amazonas, região central de BH. No inicio do mês, a Defesa Civil de Minas Gerais interditou a capela impedindo o acesso de fieis e visitantes em seu interior. Medida esta, tomada pela Arquidiocese de Belo Horizonte, devido ao desgaste presente na estrutura do teto, feito de madeira, que, pela consequente falta de reforço estrutural, está sob risco de desabar.

De paredes brancas, pequeno porte e timidamente inserida no caos urbano belo-horizontino, ela é um refúgio espiritual para os fieis católicos que transitam pela região e a visitam semanalmente. Com seus 119 anos a capela vem resistindo ao tempo e é um dos símbolos históricos remanescentes da cidade. Cerca de 3 mil pessoas a visitam diariamente, participando de missas, confissões e orações pessoais.

Alina Maria Maciel, administradora de empresas, é frequentadora da capela há mais de um ano. Para ela, o aconchego é especial. “Não é minha paróquia, mas sempre que passo por aqui eu entro. Ela é pequenininha, tem um jardim lindo, bem cuidado e é extremamente aconchegante.”. Sobre a importância desse local para o centro da cidade, ela completa, “é vital uma capela como essa (no centro). Milhares de pessoas passam por aqui todos os dias e elas têm a oportunidade de fazerem suas orações ou confissões”, finaliza.

Há seis anos frequentando o local, Marina Brandão Menezes, aposentada, 72, é moradora do centro de Belo Horizonte. Todos os dias, ela visita a capela em busca de serenidade, “é uma capela aconchegante. Devido ao seu tamanho, existe uma maior sensação de intimidade nas orações. Com a interdição da capela, ainda estou procurando por outra igreja. Isso é algo muito pessoal, que leva tempo até nos acostumarmos com outro local”, lamenta a senhora, se despedindo naquele momento, da capela interditada.

De acordo com a Defesa Civil a interdição foi realizada após a verificação de falhas na estrutura do teto da construção. A assessoria da Arquidiocese informou que a medida foi tomada por prevenção à segurança de quem visita o local e pela restauração do espaço histórico. Após a visita de técnicos e engenheiros, decidiram pelo fechamento temporário do prédio até a conclusão das reformas. Especialistas estão finalizando o projeto que ainda não tem previsão para ser finalizado. De acordo com a própria Arquidiocese, o processo será lento por todas as peculiares características da construção, datada do século dezenove.

Como alternativa para os fieis que frequentam a capela, outros pontos na região central oferecem missas e confissões: a Igreja São José, localizada na rua dos Tupis, número 164, no centro de BH; a Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, localizada na rua Sergipe, número 175 no bairro Funcionários; e a Basílica de Lourdes, que está na rua da Bahia 1596, no bairro de Lourdes.

Texto e fotos: Lucas D’Ambrosio