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Promover a empregabilidade no setor econômico, desenvolver a autonomia produtiva e ampliar o network. São estes os pontos-chaves para o Centro Universitário Una e a FIEMG (Federação das Indústrias de Minas Gerais) se unirem, e atuarem na contramão da pouca qualificação profissional na indústria, comércio e serviços. Uma parceria de vital importância para Minas Gerais e o setor produtivo do país. 

Se antes entrar em uma universidade ou se formar em um curso superior era sinônimo de sucesso, no cenário atual é preciso ir além do diploma para ser de fato um bom profissional. É necessário, hoje, ser um indivíduo cada vez mais comprometido, capaz de operar em diferentes âmbitos ocupacionais com a expertise de acompanhar e evoluir de acordo com as necessidades do mercado. Ciente disso, a união entre as instituições foi firmada em fevereiro de 2020, tendo foco na experiência prática e como prioridade a abertura de trabalhos em conjunto para a capacitação de universitários e cidadãos do estado que anseiam ser atuantes no seu próprio futuro. Para conter assim, o abismo da desqualificação e ensejar a formação efetiva.  

“A parceria entre a FIEMG e a Una é uma grande realização. Não para as entidades envolvidas, mas para os alunos que são os grandes beneficiados deste encontro de forças. A união entre mercado e a academia proporciona a eles uma qualificação e preparo ainda maior, além de gerar oportunidades únicas em diversas áreas de conhecimento”, diz Pedro Costa, assessor da Presidência da FIEMG. 

Desde o início, a parceria tem sido um sucesso. Nesses quase dois anos de união contam com ações em conjunto que dão oportunidades para os alunos evidenciarem o saber teórico à prática na promoção de projetos que experienciam habilidades diversificadas, como as soft skills (habilidades comportamentais) e as hard skills (habilidades técnicas). Entre as principais ações estão o Programa Indústria Jovem que promove novas soluções para produtos e serviços, formação de competitividade e mão de obra especializada para atender a indústria. 

A partir do programa, os estudantes têm acesso a uma Landing Page com ofertas de estágios, um projeto trainee que aproxima os melhores alunos de grandes indústrias, estágios avançados em todas as áreas de atuação do sistema da Federação, UCs Duais na grade curricular e um espaço para docentes da Una nas Câmaras e Conselhos da FIEMG. Além disso, podem se conectar aos laboratórios da Fundação de Ensino SESI e SENAI, que são amplamente modernos, prontos para abrigar ideias criativas, soluções de problemas e criação de projetos inovadores. 

De acordo com a diretora de Marketing da Una regional MG/GO/RJ, Marina Guedes Marques, essas ações em conjunto são importantes para tornar a jornada acadêmica dos alunos(as) mais produtiva e promover por meio dela a empregabilidade e a competitividade. “É a oportunidade dos nossos alunos e alunas colocarem em prática os conhecimentos adquiridos em aula, vivenciando situações reais e propondo soluções para os desafios da indústria mineira”, afirma. 

Segundo a diretora, a Una estar ao lado da FIEMG significa não só pensar, e articular, a favor do sucesso profissional dos alunos, como também demonstra a mestria de estar à frente do mercado enquanto academia disruptiva. “A Una se destaca na qualidade do ensino e na proximidade com o mercado, firmando parcerias e projetos inovadores que corroboram para o sucesso profissional dos nossos alunos e alunas”, explica Marina. 

Para a estudante Samira Canaan, que está cursando o segundo período de Moda, a união entre universidade e indústria tem surtido efeito positivo para alavancar sua carreira de forma significativa. “Com a parceria consigo ter uma visão mais ampla sobre como as coisas funcionam e assim correr atrás daquilo que vem agregar a minha trajetória profissional. Tenho tido mais conhecimento e ‘maldade’ sobre o mercado, e com toda certeza isso faz sentido pra mim, me ajuda a alavancar minha carreira”, comenta.

A estudante participou da 26ª edição do Minas Trend, maior salão de negócios da moda da América Latina, promovido pela FIEMG, cobrindo as redes sociais do evento, ela explica que atuar no Minas Trend permitiu ter uma percepção macro sobre o setor têxtil, além de enriquecer ainda mais o seu portfólio. “Confesso que foi uma surpresa poder fazer parte da equipe técnica do Minas Trend, estando ainda no segundo período do curso. Essa oportunidade me deu uma visão ampla sobre como funciona um evento de moda e como se portar diante das marcas. Foi maravilhoso!”, afirma Samira.

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*Por Ana Flávia da Silva 

O mercado de trabalho é um ambiente onde a desigualdade está presente, principalmente se olharmos para questões como raça e gênero. A mulher negra dentro deste âmbito encontra inúmeros desafios, que estão diretamente relacionados ao racismo estrutural e institucional.

A desigualdade no mercado de produção está diretamente associada ao desequilíbrio social que vivemos no Brasil. Os dados apontam um crescimento do número de pessoas negras alfabetizadas e concluintes do ensino médio. Contudo o índice de analfabetismo entre as mulheres negras é duas vezes maior do que as mulheres brancas, segundo uma pesquisa realizada pelo IBGE em 2014. No mercado de trabalho não seria diferente, tendo em vista de que o acesso à educação ainda é muito precário. Grande parte das mulheres negras que se formam do ensino médio encontram dificuldades de ingressar no ensino superior, os dados apontam que apenas 10% conseguem se formar na faculdade.

Segundo dados da Previdência Social, 39,08% das mulheres negras estão inseridas em relações precárias de trabalho, fazendo parte também do maior número de pessoas que trabalham sem carteira assinada e recebendo os menores salários. Em diversas áreas do mercado a presença de trabalhadoras negras é praticamente inexistente. Um bom exemplo é o Cinema Brasileiro, até o momento apenas duas cineastas negras conseguiram lançar longas-metragens.

“Embora vivamos em uma sociedade multirracial e haja muitos discursos de que no Brasil não há racismo, as mulheres negras têm grande dificuldade em se inserir em determinados lugares. Basta observarmos quantas mulheres trabalham em atividades de maior retorno financeiro. Quantas ocupam cargos políticos ou mesmo estão em altos escalões do governo?”, questiona Yone Gonzaga, Consultora em Relações Étnico-Raciais e de Gênero e Doutora e Mestra em educação pela UFMG.

A mulher negra ao buscar uma vaga de emprego por muitas vezes poderá ser julgada pela cor de sua pele, por seu cabelo entre outros atributos físicos. “Outra barreira é o fato de os Setores de Gestão de Pessoas ou Recursos Humanos das empresas, não estarem aptos tecnicamente para compreenderem a dimensão racial como um entrave para o ingresso de pessoas negras no mercado de trabalho”, conta Yone.

Dentro das empresas elas são a minoria, sendo que pouquíssimas conseguem chegar aos cargos de liderança. Conversando com um grupo de mulheres negras, foi possível encontrar alguns pontos em comum em seus depoimentos. O principal deles é de que dentro das empresas muitas vezes elas têm sua forma de trabalho questionada, e precisam sempre se reafirmarem para não terem suas ideias ou opiniões invalidadas.

O racismo estrutural como consequência do nosso processo de colonização corrobora com a situação de desigualdade dentro do mercado de trabalho. É interessante observar que o racismo muitas vezes não ocorre de forma explícita, e sim através de um comentários considerados inofensivos. Essas pequenas atitudes do cotidiano precisam ser reavaliadas, essa é uma batalha constante que precisa ser combatida por todos.

Ainda de acordo com Yone, a melhor forma de derrotar o racismo estrutural é a denúncia. “O silêncio em relação às diversas formas de discriminação racial e de opressão de gênero permite a reincidência. Penso que a questão racial é um problema que deve ser enfrentado por toda a sociedade brasileira e não somente pelo segmento negro. Afinal, não basta as pessoas fenotipicamente brancas fazerem discursos de que não são racistas. Elas precisam se posicionarem e agirem contra todas as formas de discriminação e opressão que têm no pertencimento racial a sua origem”, afirma.

O feminismo negro

A pauta da igualdade de gênero e racial está sendo discutida constantemente. Podemos dizer que o feminismo tem sido um grande auxílio para que as mulheres negras possam alcançar seus objetivos em suas respectivas carreiras. Está havendo uma ruptura nos padrões impostos pela sociedade, isto fica claro quando observamos o fenômeno da transição de cabelos. É possível perceber que esse foi um grande marco do feminismo negro no Brasil, colocando em evidência outros assuntos que estão diretamente relacionadas à diversidade. A rede de apoio que foi possível criar através do feminismo, tem servido de inspiração para que mulheres negras possam discutir os principais desafios que enfrentam na sociedade e partir disso encontrar soluções para mudar o cenário atual.

 

*A matéria foi produzida sob a supervisão da jornalista Daniela Reis