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Mostra de Cinema de Tiradentes

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*Por Bianca Morais

A Mostra de Cinema de Tiradentes chega à sua 24°edição com versão totalmente online e gratuita, devido a pandemia do novo Coronavírus. A programação diversificada estará em cartaz de 22 a 30 de janeiro.  

O evento é considerado o maior do cinema brasileiro contemporâneo e apresenta sempre o que há de mais inovador e promissor na produção audiovisual brasileira, em pré-estreias mundiais e nacionais, uma trajetória rica e abrangente que ocupa lugar de destaque no centro da história do audiovisual e no circuito de festivais realizados no Brasil.

A Mostra Tiradentes deste ano exibirá um total de 114 títulos de 19 estados brasileiros. Os filmes estão em pré-estreias nacionais e foram selecionados por um forte grupo de críticos e pesquisadores. Os longas-metragens ficaram a cargo dos críticos Francis Vogner dos Reis e Lila Foster. A curadoria dos curtas foi assinada por Camila Vieira, Tatiana Carvalho Costa e Felipe André Silva.

Felipe André Silva é um dos curadores do evento, para ele essa experiência tem sido muito instigante e curiosa, principalmente por se diferenciar das que já trabalhou. Felipe já foi cineclubista por alguns anos e depois colaborou na seção de longas do Janela  Internacional de Cinema do Recife.

“Esses dois trabalhos têm em comum o processo intuitivo e complexo de ir buscar os filmes, pesquisar o que acontece de interessante, tentar criar uma linha coerente a partir de uma proposta puramente pessoal. Já Tiradentes é um trabalho mais “tradicional”, no que diz respeito a seguir o protocolo de avaliar apenas filmes inscritos, e a partir desse universo restrito tentar dar conta do que acontece de interessante na produção nacional durante aquele período”, conta ele.

O curador acredita que a seleção de curtas deste ano conseguiu cumprir sua missão apesar dos diversos problemas que vive tanto o cinema brasileiro quanto do resto do mundo. “Felizmente ainda estávamos num período transicional, por assim dizer, então muitos filmes tradicionalmente narrativos, e experimentos curiosos surgiram para nós, mas fica a dúvida do que será essa próxima etapa do cinema brasileiro, estagnado tanto pela pandemia quanto pelo desmonte das políticas de fomento” complementa.

A Mostra de Cinema é um evento muito além do audiovisual, é uma manifestação artística que conta com uma programação cultural extensa. Mostras temáticas, homenagem, oficinas, debates, seminário, mostrinha de cinema, exposições, live-shows, performance audiovisual, encontros e diálogos audiovisuais e atrações artísticas são alguns dos exemplos do que está presente.

Assim como nos anos anteriores, a mostra irá contar com o Encontro com o filmes e os debates. Nos Encontros com os Filmes, críticos e pesquisadores convidados irão discutir alguns filmes em exibição com a presença dos realizadores e dos espectadores. Nos debates, discussões conceituais em diálogo com a temática deste ano e a produção brasileira contemporânea.

O tema desta edição é “Vertentes da Criação”, proposto pelos curadores Francis Vogner dos Reis e Lila Foster, reflete como realizadores audiovisuais se relacionam com a construção das imagens e sons na busca pela poética de seus filmes.

“O convite a esse exercício de pensar os caminhos do cinema pode criar um léxico, novas palavras, acionar o campo de expressão das experiências particulares do trabalho de criação, um trabalho que não está isolado dos processos mais amplos do mundo (econômicos, técnicos, políticos), mas dele toma parte ativa com mais proximidade ou com uma calculada e necessária distância”, afirma Francis Vogner dos Reis.

A abertura do evento terá a exibição do filme inédito e em finalização “Obstinato”, dirigido pela homenageada Paula Gaitán. A cineasta é uma artista incontornável do cinema brasileiro, ela é a pura representação do tema da edição, uma vez que seus filmes se empenham sempre em buscas distintas. Além de cineasta é também artista plástica, fotógrafa e poeta. Paula está por trás de grandes obras cinematográficas, Vida, Agreste, Exilados do Vulcão, Memória da Memória, Noite, o videoclipe Mulher do Fim do Mundo da Elza Soares, É Rocha e Rio, Negro Léo, Sutis Interferências, entre outras.

O encerramento, no dia 30, terá a pré-estreia de Valentina, de Cássio Pereira dos Santos.

A programação completa do evento já está site oficial, confira.

 

 

Por Ked Maria 
A 21ª Mostra de Cinema de Tiradentes além de difundir a sétima arte, dá destaque para grandes nomes do cinema e abre espaço para quem está começando no mercado audiovisual. O Jornal Contramão conversou com quem está estreando na Mostra de Tiradentes para saber mais sobre as produções, os desafios e a expectativa da apresentação de seus trabalhos.

 Maria Cachoeira
21/01 | Domingo – 15h00 | Cine-Tenda


Escrito e dirigido por Pedro Carcereri, de 29 anos, o curta-metragem “Maria Cachoeira”, exibido onze vezes em mostras e festivais brasileiros e seis internacionais. O curta contou com o apoio da Lei Murilo Mendes de incentivo à cultura de Juiz de Fora. “Nossa ideia foi ambientar a narrativa nas pessoas e lugares que melhor pudessem representá-la, por conta disso nos utilizamos de locações e moradores (não-atores) de Torreões, um distrito de Juiz de Fora.”, relata Carcereri que confessa se sentir satisfeito com a troca que envolve a sociedade na realização cinematográfica.


O interesse pelo cinema surgiu na vida do diretor em 2008, quando frequentava festivais como o de Tiradentes e cursava outro curso na faculdade. “Comecei a conviver com pessoas da área, sempre escrevi e fui atento a filmes, mas de 2009 pra frente comecei a estudar e produzir.”, confessa o jovem-adulto que teve seu primeiro curta, “Modorra”, lançado em 2014. “Sempre pesquisei e tentei produzir um tipo de cinema que chamo de fantástico, onde elementos sobrenaturais se mesclam com certas peculiaridades à nossa realidade.”, e complementa alegando que esse tipo de cinema se mostrando muito fértil no sentido de produzir uma estética relevante quanto uma discussão social no Brasil.


Com todos os preparativos para a 21ª Mostra de Cinema Tiradentes, Carcereri demonstra entusiasmo com a exibição de Maria Cachoeira. “É um festival pelo qual tenho muito carinho, por ter sido meu primeiro contato com o cinema há dez anos atrás, levar meu primeiro filme para lá faz muito sentido na minha caminhada cinematográfica, além de ser um imenso prazer.”, Sobre o temaChamado Realista, o jovem destaca que o momento que vivemos no Brasil nos choca com a responsabilidade de estarmos atentos para que novos cataclismas políticos e sociais não venham a acontecer, apesar da certa iminência deles. “Devemos estar conectados com a realidade nua e crua, mesmo que flertando com diversas outras formas de realidade é importante para uma construção cinematográfica contemporânea”.

Maria Adelaide
24/01 | Quarta – 17h30 | Cine Teatro SESI

 

Com direção de Catarina Almeida de 23 anos, o curta-metragem Maria Adelaide é sobre uma retirante nordestina que se descobre na cidade grande do Rio de Janeiro. Resultado de um trabalho de conclusão de curso, o processo de produção durou cerca de um ano e meio. Almeida conta que o início se deu no sexto período, onde o roteiro foi escolhido para uma defesa oral. “Dessa defesa, 2 projetos foram aprovados, entre eles, o “Maria Adelaide”, que na época tinha até outro nome. Seguindo para o 7º período, tivemos 6 meses para produzir todo o filme.”, relata a diretora. A arrecadação de fundos para a pré-produção se deu com bazar, rifas e financiamento coletivo, as filmagens foram feitas em sete dias seguidos de manhã até a madrugada. “Foi um processo de extremo aprendizado e também foi onde a turma toda se uniu muito para produzir o filme da melhor forma possível.”, Catarina afirma que o resultado foi uma consciência de que o trabalho em equipe é a forma mais gratificante e gostosa de se aprender a trabalhar.

O cinema sempre esteve presente na vida da jovem diretora, “Minha madrinha fazia faculdade de Cinema quando eu tinha uns 8 anos, e eu me lembro de assistir com ela Cidadão Kane (não entendia nada), e até os filmes de terror, que eu assistia escondida na beirada da porta.”. Mas foi em 2013 quando entrou para a Escola Cinema Nosso que Catarina teve um contato real com as telonas, com criação de roteiros, aprendizados sobre posicionamentos de câmera e termos técnicos. “Eu não tenho um estilo de filme favorito, eu gosto do filme que de alguma forma me desperta interesse, principalmente aqueles que envolvam questões relacionados ao ser humano”, comenta a diretora e complementa dizendo que gosta de histórias que a faça refletir, seja através das risadas ou lágrimas.

Maria Adelaide, já passou por festivais no México e na Itália, além do Brasil, na Bahia, Porto Alegre, Santos e Curitiba. Foi premiado como Melhor Curta de Ficção no NEOfest em Puebla e direcionada ao público LGBTQ em Napoli. Ansiosa para a 21ª Mostra de Cinema Tiradentes, Almeida ressalta a importância desses espaços para quem está começando no mercado audiovisual, “A recepção do filme está sendo algo inimaginável. É importante demais para nós universitárias e recém-formadas, perceber essa abertura em festivais tão múltiplos, além de servir como um super apoio para prosseguirmos produzindo e fazendo o que amamos, que é o cinema.”. A jovem confessa curiosidade sobre os filmes relacionado ao tema Chamado Realista, uma vez que, ela se sente próxima dessa expressão artística. “Os debates do ano passado me acrescentaram bastante, principalmente pela presença da mulher que mais me inspira cinema. Acredito que esse ano os debates também vão trazer diversas reflexões e direções futuras para o cinema nacional.”, declara a diretora.

Por Ked Maria

A pequena Tiradentes entra mais uma vez na rota dos amantes da sétima arte, a 21ª Mostra de Cinema começa nesta sexta, 19 e se estende até o dia 27 de janeiro com uma programação gratuita e bem diversificada que atende toda a família. Será uma semana de seminários, exibições de longas e curtas, lançamento de livros e DVDs, exposições, oficinas, shows e muito mais. O tema desde ano é o Chamado Realista, que reúne títulos que exprimem a demanda social do público e traz filmes que tratam sobre feminismo, violência, política, protestos, segregação e manipulação midiática, referenciando as discussões cotidianas e os noticiários.

A 21ª Mostra de Cinema Tiradentes se consolida como um importante canal de lançamento do cinema brasileiro contemporâneo, abrindo oportunidades e espaço para os iniciantes. Exibindo filmes em pré-estreias mundiais e nacionais, títulos premiados e de destaque em festivais no Brasil e no exterior. Neste ano, na Mostra Homenagem, estará Babu Santanta, ator brasileiro que ganhou destaque pelo seu trabalho na televisão brasileira e no cinema, totalizando 23 filmes entre eles Estômago e Tim Maia.

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Filme Clarisse ou alguma coisa sobre nós dois encerra trilogia sobre a morte do diretor Petrus Cariry

O longa-metragem, Clarisse ou alguma coisa sobre nós dois, do diretor Petrus Cariry, conta a história e os dilemas de Clarisse para conseguir sua “libertação” após traumas vividos na infância que insistem em retornar durante a última visita feita a seu pai.

Com direção e fotografia de Petrus Cariry, a produção foi toda realizada no Ceará, “com uma equipe 90% cearense”, destaca a produtora e irmã do diretor, Bárbara Cariry.  O filme de suspense vem para encerrar a trilogia sobre a morte, produzida por Cariry.

Durante a exibição do filme, nesta quarta-feira (27), no Cine-Tenda na Mostra Transições, uma forte chuva despencou na cidade de Tiradentes, deixando a sala de projeção com um ar ainda mais apreensivo durante as cenas de suspense vividas pela personagem principal. “Algumas pessoas me perguntaram se as trovoadas faziam parte do filme ou eram da chuva. Não temos nenhum som de trovão no longa”, brinca o diretor. “Fui para a sala de projeção ajustar o som, já que o barulho da chuva e do vento estava mais alto. Foi interessante ver dali de cima a apreensão das pessoas”, conta.

Nesta quinta-feira (28), um bate papo entre publico e diretor foi mediado pelo curador e professor Pedro Maciel Guimarães, com a presença da crítica Guiomar Ramos.

Cariry possui uma longa conexão com a Mostra de Cinema de Tiradentes, já que seu primeiro filme da trilogia sobre a morte, “O Grão”, participou da Mostra Aurora há dez anos. O segundo filme da trilogia, foi gravado com orçamento de curta, e se chama “Mãe e Filha”.  O diretor, além de conversar sobre o filme e deixar uma interrogação sobre a história que ronda na sua produção, que pode ser interpretado das mais diversas formas, também apresentou ao publico um pouco do seu novo projeto previsto para ser lançado no segundo semestre de 2016. “O Barco será um filme menos sombrio, mas também fala sobre deslocamentos e sobre a luta para sair da ilha”, finaliza.

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O resultado das Mostras competitivas acontecerá no sábado dia (30) no Cine-Tenda e terá cobertura completa pelo Jornal Contramão em parceria com o Jornal Hoje em Dia.

Por Julia Guimarães e Gael Benítez
Foto capa: Divulgação do filme

Com grandes curtas metragens no currículo, as professoras e diretoras Aline Portugal e Julia Simone, estrearam na terça-feira, 26, o documentário de longa-metragem Aracati, no Cine Tenda da 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes.

O filme, que traz “uma fotografia impecável e sútil”, segundo o crítico de cinema Ticiano Monteiro, foi produzido durante os estudos das diretoras sobre o vento Aracati, no Vale do Jaguaribe, no estado do Ceará. Mesmo que o foco seja a trilha do vento, moradores locais participam do filme e contam a história do Vale e de suas vidas na região cheia de mudanças desde a construção do açude Castanhão, que, segundo os locais, fez com que a cidade de Jaguaribara deixasse de existir.

O destaque da obra é dado ao som produzido pelo vento, pelo o movimento das águas e das árvores, e também a delicadeza como as imagens foram capturadas pelo diretor de fotografia Victor de Melo.

Durante as pesquisas para obter o resultado final, ainda foram gravados dois curtas, o “Estudo Para o Vento”, em 2011 e “Vento Aracati” em 2014. Com a renda arrecadada para a produção do longa, foi contratado o pesquisador Victor Furtado para auxiliar na busca de cenários e personagens, além de seguir a trilha do próprio vento Aracati.

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Aracati – Encontro com a crítica

No seminário realizado nesta quarta-feira, 27, no Cine Teatro Sesi, as diretoras Aline e Juliana, diretor de fotografia Victor Melo, e o pesquisador Victor Furtado bateram um papo sobre a produção do filme com o crítico de cinema Ticiano Monteiro e com o público presente. De acordo com as diretoras, a produção do filme levou cerca de sete anos. “O filme refaz o percurso do vento em busca de entender o que ele está movimentando naquele espaço”, explica a diretora Simone enquanto complementa também a diretora Portugal sobre o Vento Aracati, “Limites, divisão e espacialização”, finaliza. . As diretoras também produziram: Sinfonia.

Em entrevista para a UNA TV/ Jornal Contramão em parceria com o Jornal Hoje em Dia, a diretora Aline Portugal fala como foi produzir o longa e da sua experiência em participar da 19ª Mostra de cinema de Tiradentes.

Texto por Julia Guimarães
Fotos: Gael Benítez

Foto: Leo Lara/Universo Producao

Há 18 anos, o mês de janeiro marca um momento de efervescência cultural na pequena Tiradentes, em Minas Gerais, é quando ocorre a Mostra de Cinema, considerada o maior evento do cinema brasileiro contemporâneo. Esse ano a mostra chega a sua 19ª edição com realização entre os dias 22 e 30 de janeiro, apresentando uma programação diversa, com mais de 100 produções entre curtas e longas de 12 estados brasileiros.

A edição deste ano traz como tema “Espaços em Conflito”, que casa com a obra do grande homenageado da mostra, o cineasta Andrea Tonacci. Seu filme “Serras da Desordem” será exibido na abertura do evento, às 21h, no Cine-Tenda e marcará uma década desde sua primeira exibição em Tiradentes, em 2006. O longa que mistura ficção e documentário aborda as questões indígenas no Brasil e é descrito como “a maior referência de uma mudança de paradigmas no olhar estético e na maneira de se fazer cinema brasileiro independente e de autor”.

A Mostra Tiradentes apresenta o que terá de novo no cinema nacional, inaugurando o cenário de produções independentes em pré-estreias mundiais e nacionais em 2016. Cléber Eduardo, Francis Vogner e Pedro Maciel Guimarães, a equipe de curadores do evento, foram os responsáveis por analisar as centenas de obras inscritas e preparar a lista final. Os filmes serão exibidos em três espaços: Cine-Tenda, Cine BNDES na Praça e Cine-Teatro Sesi e distribuídos em diversas mostras conceituais. A curiosidade das escolhas de exibições para 2016 é a forte presença de cineastas veteranos que são aguardados com suas novas obras, Walter Lima Jr., Ruy Guerra, Julio Bressane e Helena Ignez são alguns nomes.

Durante os nove dias de programação, além das exibições cinematográficas a mostra reunirá diversas manifestações artísticas, homenagens, oficinas, seminários, debates, performances, lançamentos de livros, teatro de rua e shows musicais, a programação completa é gratuita. O evento se encerra com a pré-estreia do longa de ficção de Aly Muritiba, “Para Minha Amada Morta” (2014).

Texto: Gael Benitez