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Negro

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Por: Kedria Garcia

As revistas em quadrinhos têm sua origem nas charges e nos cartuns, que se baseiam no humor ou na crítica. A palavra Comics é uma expressão inglesa que pode ser traduzido ao pé da letra como “cômico”. O papel do negro dentro deste universo se apresentou inicialmente bastante limitado em personagens jocosos e/ou coadjuvantes. Ainda assim a presença negra esteve presente desde o início, ao longo da história a discriminação e o preconceito foram se embrenhando no meio, emergindo em narrativas que colocavam o negro com inteligência limitada.

A primeira mudança veio quando Orrin C. Evans, jornalista negro norte-americano, reuniu artistas para lançar a All-Negro Comics, primeira HQ – História em Quadrinhos, produzida por afro-americanos. O protagonismo negro veio à tona com os movimentos que exigiam direitos civis, juntamente com a luta e resistência de líderes como Luther King e Malcom X, e os movimentos sociais como os Panteras Negras e os Black Powers. Vendo um terreno fértil as editoras lançaram revistas relacionadas ao tema criando super-heróis negros e com notoriedade.

                                                               Black Lives Matter têm origem nos movimentos raciais dos Estados Unidos, com o lema Vidas Negras Importam é direcionado
ao combate à violência contra negros. A hashtag #BlackLiveMatter
surgiu nas redes sociais em 2013, após o segurança George Zimmerman
ser absolvido do crime que resultou na morte do adolescente afro-americano
Trayvon Martin
morto por um tiro no peito disparado pelo vigilante.
A insatisfação saiu do virtual e se espalhou em diversas manifestações,
trazendo o tabu do racismo para uma conversa séria e franca.

 

Black Lives Super Matter Collab

O projeto Black Lives Super Matter Collab com curadoria de Wendrick Ribeiro, reuniu 80 ilustradores voluntários para ilustrar personagens negros no universo nerd.  “O desejo de promover o projeto veio da importância da resistência no universo nerd e como ele pode ser o canal para criar um diálogo com o público consumidor de cultura pop.” Relata o idealizador, que complementa dizendo que há um alerta para o discurso da diversidade e a representatividade na mídia.

As divulgações dessas artes começaram no dia 18 de setembro nas redes sociais, em menos de duas semanas a fanpage no Facebook recebeu quase 800 seguidores e avaliações positivas dos usuários. Além das postagens favoráveis de blogs e veículos da área dos quadrinhos.

Envolvido em uma polêmica sobre racismo, o escritor Monteiro Lobato, autor do clássico infantil o Sítio do Pica-pau Amarelo, é um dos personagens do tema Racismo e Literatura, que será discutido no Café Controverso, que acontece no Espaço Tim UFMG do conhecimento, no próximo sábado, 24, às 11h. O autor que, em seus livros trata a personagem Tia Nastácia como “Preta Velha” e “macaca de carvão”, foi alvo de criticas de entidades ligadas ao movimento negro.

O Evento contará com a presença da professora da Faculdade de Educação da UFMG, Santuza Amorim e a professora de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa e de Literatura Afro-brasileira da PUC-MG, Maria Nazareth.

Segundo Santuza Amorim , os negros são tratados, de uma forma geral,  de forma depreciativa, nos livros usados pelas escolas. “Na maioria das vezes, o negro aparece em situações subalternas. Tais livros não mostram essas figuras em famílias organizadas ou como trabalhadores que têm profissões bem situadas”, defende.

Já Maria Nazareth acredita que deve ser delegada aos professores a tarefa de dar o contexto em que a história foi escrita. Censurar uma obra que foi escrita no passado é desconhecer o contexto em que foi publicada. “Apagando a visão do livro não temos nem esse momento pra discutir formas de racismo” explica.

Leitores

Os alguns leitores de Monteiro Lobato o preconceito é inexistente. A dona de casa Danielle Caetano Tia Nastácia tem um papel muito importante na história de Lobato. “O papel dela é muito bonito, à vejo mais como uma vovózona de todos”, declara.

E o diretor executivo Guilherme Guerra completa dizendo que acha “isso uma bobagem. O racismo existirá enquanto tivermos que justificar porque alguém chamou a outra de preta, amarela etc.”, conclui.

Por João Vitor Fernandes e Rute de Santa

Foto: Internet