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Por Bianca Morais

Desde o ano passado, o mundo enfrenta dias muito difíceis com a pandemia do coronavírus. Isolamento social, desemprego, dificuldades financeiras, são apenas alguns dos vários problemas que atingem a população. O fechamento de espaços de convívio público como parques, praças e shoppings, com o objetivo de evitar aglomerações, que é uma das principais formas de contágio do vírus, tem afetado e muito a saúde mental das pessoas. 

O Centro Universitário Una, além de ser uma instituição de ensino, carrega também certas responsabilidades sociais como a de promover ações para a cidade onde se localiza o campus. Levando em conta esse momento que passamos e como uma forma de levar um pouco de alegria e diversão a população, a Una Itumbiara criou o Cine Drive. Um evento gratuito para os moradores da cidade e arredores, que promoveu não apenas divertimento, como saúde e bem-estar, nesse período tão complicado.

O Cine Drive aconteceu no dia 26 de agosto de 2020 e exibiu duas sessões de filmes, uma infantil com o Rei Leão, e outra adulta com Minha Mãe é Uma Peça 3. A ideia do evento partiu da liderança comercial da Una Itumbiara, Mariella Alves, junto com o coordenador e professor do curso de engenharias, Gesmar Junior, que desenharam a ação e levaram até a gerente do campus Erika Costa e juntos criaram estratégias para fazer o Cine Drive.  

Segundo a gerente da unidade, Erika Costa, a Una chegou a cidade de Itumbiara com o propósito de transformar a vida pela educação, mas também com propostas de ações para a comunidade. “Seja de entretenimento, voltada para a área da saúde, para a parte de agrárias, e outras áreas as quais tem curso na cidade, a gente está sempre promovendo ações que favoreçam nossa comunidade de alguma forma.”, diz ela. 

A instituição conseguiu movimentar a cidade de Itumbiara, a prefeitura local aceitou a parceria e concedeu o estacionamento onde foi feita a exibição dos filmes. O lugar foi todo demarcado com um propósito de distanciamento entre os veículos, ainda com o apoio da prefeitura, foi proibido ambulantes e vendas fora dos automóveis para evitar aglomeração fora dos veículos. 

Os ingressos foram adquiridos de forma online e retirados dias antes do evento, com horário marcado. Os patrocinadores do Cine Drive se uniram e criaram um kit cinema que continha um balde de pipoca e squeeze, para chegarem equipados ao evento, e o mais importante, sem precisar sair do carro. 

Os cidadãos de Itumbiara ficaram muito felizes com o evento que proporcionou uma experiência incrível, diversão e a quebra da rotina do isolamento. O Cine Drive, conseguiu reunir com todas as medidas de cuidado e segurança divulgadas pela OMS, 450 carros e cerca de 1500 pessoas em um único dia.

A prática do cine drive-in, muito famosa antigamente, principalmente na década de 70, e com a pandemia e a necessidade de distanciamento social retornou ao Brasil. Ao cinema muita gente já foi, agora a experiência de drive in para muitos ali presentes deu-se pela primeira vez. Dentro do carro o áudio dos filmes eram sintonizados pela rádio via FM, os espectadores viam o longa na tela gigante e vivenciava o som dentro do veículo, com certeza uma experiência única para quem esteve presente.

A iniciativa da faculdade Una cumpriu seu papel social como instituição de ensino e levou à comunidade uma oportunidade de lazer com segurança, em um período que muitos anseiam por isso de distrair a cabeça, bem-estar físico e mental. 

*Edição: Daniela Reis

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Por Italo Charles

 

Ao contrário do que já aconteceu na história, 2020, com certeza, foi um ano atípico para a maior parte da população mundial. A começar pelo surgimento de um vírus que mais tarde, ao se proliferar, causaria uma das maiores pandemias já vividas e, posteriormente, com a rápida disseminação em diversos países as relações seriam afetadas.

Visto que a melhor tática, inicialmente, seria optar pelo isolamento social, os relacionamentos em vários âmbitos sofreram alterações. Empresas tiveram que criar métodos para possibilitar aos prestadores de serviços o trabalho remoto, a população teve que se adaptar ao novo modelo de vida permanecendo em casa e só saindo caso fosse necessário.

Espaços de convívio comum passaram a ficar vazios, corporações fecharam suas portas, comércios sofrem com a falta das vendas. Esses, entre outros, fatores viabilizaram novas maneiras de comunicação e aproximação para a manutenção da vida, de certa forma, saudável.

Neste contexto, a mídia e os canais de comunicação se adequaram para transmitir aos espectadores e usuários informações precisas e conteúdo de entretenimento e, a partir dessas modificações foi possível perceber o crescimento exorbitante de mídias digitais.

As redes sociais, nesse período, cresceram significativamente como instrumentos para amenizar a distância física entre pessoas e, também, como atalho para os processos trabalhistas.

Outrora, os aplicativos de vídeo chamada não eram tão usados como em 2020. Escolas, empresas e universidades passaram a utilizar esses sistemas para dar continuidade ao trabalho feito, seja em aulas, palestras, reuniões e afins. 

Mas, para além dos aspectos profissionais, o mundo começou a se conectar dia após dia através dos canais digitais, fossem eles por: videochamada, aplicativos de mensagem ou redes sociais.

O que antes era vivido por meio da presença física, encontros e toques começou a se tornar experiências virtuais, validando então os dilemas da aproximação. Dessa forma, os contatos, relacionamentos e encontros conquistaram novos formatos.

 

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*Por Moisés Martins

Desde a descoberta do vírus SARS-CoV-2, conhecido como Covid-19, a humanidade passa por momentos difíceis, esse ser invisível foi capaz de mudar a vida e o destino de todos.

Logo, uma das medidas de segurança adotada pelo governo de Minas, foi esvaziar as escolas públicas e privadas. Eu pergunto: Onde estão nossas crianças, aquelas que muitos dizem ser o futuro da nossa nação?

Eu busco respostas para essa pergunta todos os dias, ao olhar pela janela e ver uma escola completamente abandonada, a alegria que aqui existia tomou lugar para o silêncio e uma solidão sem fim. Os gritos e as conversações cessaram, por aqui é como se o tempo estivesse parado.

Durante o dia os pássaros cantam, e a noite ouço o estridular dos grilos, uma sinfonia animal tomou conta dos espaços que antes eram habitados por jovens e crianças do ensino médio e fundamental. Quando chega a noite, as luzes tentam iluminar o lado mais sombrio de uma escola vazia, é uma tristeza que parece não ter fim.

Com a ajuda de fenômenos da natureza, principalmente as chuvas, os matos têm crescido cada vez mais, e a poeira nos vidros das janelas aparenta cada vez mais um ar de lugar esquecido.

Nossas crianças, estão “presas” dentro de casa, ligadas ao mundo virtual e circundadas da tecnologia, enquanto os pais se submetem todos os dias a pegar conduções completamente lotadas para ir ao trabalho, correndo sérios riscos de terem contato direto com o vírus. Hipocrisia? Talvez!

Mas a economia precisa se manter, os pais e mães de família precisam levar alimento para dentro de casa, e a educação e o ensino se mostram cada vez menos importantes nesse país capitalista que visa somente o lucro.

Em casa, só os que possuem acesso a internet recebe informações e aulas online, uma pesquisa publicada em 29 de abril de 2020 pela Agência Brasil, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), juntamente com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação e Comunicação

(Pnad Contínua TIC), mostra que uma em cada quatro pessoas no Brasil não tem acesso à internet. Em números totais, isso representa cerca de 46 milhões de brasileiros que não acessam a rede, um número bastante expressivo.

Em 2020 fomos pegos de surpresa, sofremos e tivemos muitas perdas, foi um ano muito difícil, mas acabou! E nele ficou toda a angústia e frustrações causadas pelo vírus.

O ano de 2021 chegou, e junto com ele a esperança da vacinação. Temos vacina! Ufa, que alívio. Agora, será quanto tempo mais nossos jovens vão demorar para retornar às escolas? Quanto a essa resposta, acredito que vamos ter que aguardar mais um pouco, já que o público jovem ainda não é prioridade no calendário de vacinação.

Aguardamos ansiosos para que todos os brasileiros se vacinem, e junto a isso, nossas escolas voltem a funcionar, cabe aos nossos governantes criar um plano de ação para que o ensino presencial volte gradativamente, e os alunos possam começar a correr atrás do prejuízo e do tempo perdido. Dias melhores virão, e em breve nossas escolas vão estar prontas para receber os alunos novamente, o sol há de brilhar e toda alegria perdida será restabelecida. Que não percamos a esperança!

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Educadores e pais se reinventam para dar suporte às crianças nesse modelo de ensino remoto

*Por Bianca Morais

A realidade do ensino online já existe há anos, o famoso EAD (Ensino a Distância), sempre foi bem funcional principalmente para o público adulto. Cursos superiores muitas vezes eram procurados por pessoas, que sem muito tempo para frequentar uma aula presencial, optaram por realizá-la no computador.

Atualmente grande parte dos estudantes, crianças, adolescentes e adultos, do país se encontram em uma realidade forçada, tendo essas aulas de forma remota como alternativa para as cidades onde as escolas e faculdades permanecem fechadas devido à pandemia do coronavírus.

Se muitas vezes já era difícil o ensino online para adultos, que de certa forma conseguem manter o foco, imagine para as crianças?

A partir de hoje e nas próximas quartas-feiras o Jornal Contramão irá trazer uma série de reportagens sobre como esse ensino virtual está sendo visto pelos principais envolvidos na cadeia da educação.

Lugar de criança é na escola

Nathalia Fernandes Reis, 34 anos, é professora do ensino fundamental há 11 anos e hoje leciona na rede privada de ensino.

Para a educadora uma das questões mais desafiadoras tem sido a preocupação em alcançar os alunos, principalmente aquelas crianças com necessidades especiais, com dificuldades de aprendizagem, carências emocionais, entre outros diversos grupos que precisam de atenção. De acordo com ela, dentro das escolas era muito mais fácil perceber e sentir o que a criança passava e observar seu desenvolvimento, o ensino online, no entanto, criou uma barreira para isso.

“Foi como andar na escuridão”, diz a docente.

Existem dois grupos de alunos dentro de uma sala de aula, aqueles que conseguem aprender de forma e tempo natural e os que necessitam de um olhar mais sensível e uma maior atenção. Em sua vivência educacional, Nathália percebeu que essas crianças que inspiram cuidados neuropsicopedagógicos sofreram grandes déficits e acumularam lacunas no processo de aprendizagem durante esse momento de aulas pela internet.

A forma de ensino precisou ser repensada nesse momento de pandemia, lugar de criança é na escola, com um profissional qualificado ao seu lado, para lhe orientar e dar todo o suporte necessário. Além da presença do educador, é claro, que os pequenos precisam dos colegas,afinal são entre eles que acontece a troca de experiências, a criação de laços e o mais importante, o crescimento e a diversão. A realidade enfrentada agora é outra e ficou nas mãos desses profissionais buscas novas ferramentas para rever e inovar o ensino, pois nem todas as práticas que funcionavam anteriormente se aplicam no sistema remoto.

 

“Nesse período, comprovamos que o professor precisa mesmo elaborar um “circo” para atrair as crianças. Brincadeiras à parte, o que percebemos é que a ideia de que o professor precisa envolver o aprendiz ao que se propõe a ensinar nunca fez tanto sentido como agora. É preciso colocar o estudante dentro do contexto do conteúdo e mostrar o sentido daquilo tudo em sua vida, seja do Português, da Matemática, da Geografia, etc. Para isso, foi necessário utilizar ferramentas que despertavam o interesse das crianças, como os jogos online ou os passeios virtuais, por exemplo” conta Nathália.

Para o momento atual, além da alfabetização das crianças, os profissionais da educação tiveram também toda uma mudança em sua rotina, precisaram se adaptar a como dar aula online. Aqueles que não eram habituados a ferramentas digitais precisaram se recriar para esse novo mundo.

“Professores são heróis e seu principal poder é o conhecimento”. Essa frase nunca foi tão forte. Em meio a uma pandemia mundial, eles não desistiram de levar aprendizado a quem precisa, mesmo com os obstáculos do home office, às condições de cobertura digital doméstica (que muitas vezes não é suficiente para sustentar tantos dados e programas por tantas horas de trabalho). Se a realidade agora é essa, eles procuram a melhor maneira de lidar com ela.

Nathália relata como esse momento foi de grande crescimento em sua vida.  Ao invés de se desmotivar, ela procurou se reinventar para fazer a diferença. Mas reconhece, que na realidade, nem todos os profissionais pensam por esse lado. “Desejo que mais profissionais carreguem essa vontade para alcançar as crianças de todos os cantos”, desabafa. 

Um outro ponto que muito é discutido no que diz respeito às aulas remotas, mais particularmente no ensino privado, é o valor da mensalidade, que além de não ter descontos ainda sofreu reajustes neste ano. Nathália explica um pouco dessa situação e de início ela entende que a atual situação financeira do país não é fácil, o Brasil vive sim um momento de crise e desemprego, porém é necessário analisar o valor da hora/aula dos professores, assim como os materiais utilizados.

“Além desses aspectos, é importante considerar a readequação que as escolas precisaram realizar para essa nova experiência: não há os mesmos custos de manutenção com o espaço da escola, mas em muitas instituições aplicaram grandes investimentos em equipamentos para professores e plataformas para permitir o ensino remoto”.  

O sistema de educação no Brasil vive um momento bem delicado, não é hora de apontar dedos e procurar desentendimentos, é momento de se unir e buscar formas que diminuam ao máximo o impacto das crianças não irem às escolas. Muitas delas passaram a ter atendimento especializado com as famílias e algumas fizeram até drive-thru com a proposta de alunos matarem as saudades dos professores.

Na instituição em que Nathália leciona os profissionais tentaram manter alguns eventos de formas alternativas para não quebrar o laço do aluno com o lugar.

“A escola tentou manter suas atividades de forma adaptada ou representativa, como um evento cultural on-line no formato cada um faz o seu em casa, aula comemorativa sobre a tradição da vida no campo e a Festa Junina, campanhas de Natal no formato drive-thru”.

O caos do ensino público

Joyce Mariano, 48 anos, manicure e depiladora, vive uma realidade muito diferente da contada por Nathalia. Joyce é mãe de Bernardo Henrique, de 7 anos, aluno do ensino fundamental da rede pública de ensino.

Durante a pandemia, Joyce teve que virar uma espécie de professora para o filho. Diferente do suporte que o ensino privado disponibilizou, a escola pública apenas enviava às aulas por áudio no whatsapp e uma apostila. Ficava a cargo dos responsáveis repassá-los da melhor maneira à criança. A mãe recebia o material para orientar o ensino ao filho e a única cobrança da professora e da instituição era que as respostas estivessem escritas no caderno.

Bernardo ainda não é uma criança alfabetizada, por isso, a mãe usava todas suas tardes, de 13 até às 17 horas para ajudar o menino com seus exercícios. Joyce não tem nenhuma formação na área e acabou sendo atingida por uma das maiores dificuldades dos pais em circunstâncias como essa, ela não soube lidar com a situação e o desgaste fez com que ela desistisse.

“Chegou um momento que assim, eu encerrei, eu não conseguia mais, porque ele ficava estressado, eu ficava estressada. Eu gritava muito com meu filho, eu vou ser muito sincera, eu tive momentos de pânico”, desabafa.

Joyce não era responsável por ensinar Bernardo mas o peso caiu sobre ela, o ambiente doméstico tira muito a atenção das crianças, e ainda têm as suas responsabilidades diárias de uma chefe de família, seu emprego e cuidar da casa e dos outros filhos. Jamais se pode culpar uma mãe por não ter se esforçado. Escolas e professores existem para passar conhecimento, para ensinar, e a pandemia tirou isso de muitos.

O sentimento de impotência tomou conta de Joyce por muitas vezes, a falta de recursos, o fato de não conseguir matricular seu filho em uma escola particular em meio ao caos da educação pública. A falta de suporte é algo que atinge diretamente esses pais que sem outras opções são obrigados a aceitar aquilo que o governo oferece. Além disso, Joyce tirou o dinheiro de seu bolso para imprimir os exercícios enviados pelo aplicativo Whatsapp, pois acreditou ser uma forma de facilitar para o filho, e mais,  ainda teve que investir na instalação da internet na sua casa, pois não tinha.

Bernardo hoje está no terceiro ano do ensino fundamental, mas a mãe afirma que não viu evolução no filho desde quando começou o isolamento social e Bernardo ainda cursava o segundo ano. 

“No final eu tive que acelerar, fazer algumas respostas para ele, para conseguir entregar o material lá na escola da data marcada”, confessa a mãe.

A questão a se pensar agora é muito séria. Em algumas cidades brasileiras as aulas presenciais estão de volta, o que se torna um grande alívio para os que poderão entregar a alfabetização dos filhos a quem realmente entende do assunto. Porém, ao mesmo tempo que as aulas presenciais são essenciais a crianças em formação, o medo da exposição ao Coronavírus é real. A vacina chegou para alguns, mas não para as crianças, fazer com que elas não tirem a máscara, por exemplo, será um grande desafio a se enfrentar. A certeza de que desde pequenos o ensino é fundamental na vida de qualquer um irá ser a chave para se alcançar o mais rápido possível a segurança para todos voltarem à escola, quanto a quando isso será de fato realmente cem por cento garantido apenas o tempo irá dizer.

 

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Cleuza Maria Teixeira Reis - Professora e supervisora da rede pública de educação

As aulas online são uma saída para a educação durante a pandemia, mas a rede pública ainda enfrenta problemas com famílias carentes

*Por: Jéssica Reis, Marcelo Duarte e Mariana Aroni

A inesperada pandemia de Covid-19 afetou todos setores importantes do Brasil, e a educação é um dos mais afetados. Segundo a Unesco, estima-se que cerca de 776,7 milhões de crianças e jovens estão sem aula em 85 países que adotaram o isolamento social. Na rede pública os desafios diários, como falta de acesso à internet, à computadores e telefones, têm sido enfrentados pelos professores, que tentam diminuir o impacto no ensino dos alunos.

Novas medidas tiveram que ser acionadas para que o ano letivo pudesse continuar a ser ministrado. A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) preparou uma metodologia integrada com suporte de três ferramentas para utilização de um material construído por professores da própria rede pública para este momento. Os materiais disponibilizados são: o Plano de Estudo Tutorado (PET), o programa de TV Se Liga na Educação e o aplicativo para telefone Conexão Escola.

A professora e supervisora da rede pública, Cleuza Maria Teixeira Reis, pós-graduada em psicopedagogia e especialista em educação inclusiva, falou ao Jornal Contramão um pouco das dificuldades e barreiras que este momento de isolamento social tem trazido para os professores.

 

 Como estão sendo ministradas as aulas para os alunos da rede pública?

As aulas estão sendo ministradas de maneira remota, através da formação de grupos no WhatsApp com cada turma, através do “Conexão Escola”, aplicativo do governo, e pela Rede Minas,com o programa “Se Liga na Educação”. E também, por meio de grupos em facebook, blogs da própria escola, etc

 Quais os maiores desafios que as aulas online trouxeram para a educação? Como está sendo o processo de adaptação para todos os envolvidos?

As aulas online trouxeram mudanças bruscas para o setor público educativo,  levando a mudanças em nossa rotina para que pudéssemos nos adaptar a esta nova versão de ensinar. Quanto ao processo de adaptação, depende do querer de cada um envolvido. Para o servidor público são muitas indagações, principalmente no que se refere à valorização dos nossos serviços. De como se dará isto, já que nas aulas presenciais era preciso ir para as ruas adquirir direitos que nos foram negados. Agora, em casa com a pandemia, a luta só fica nas redes sociais. Quanto às famílias, percebemos uma grande dificuldade de adaptação pois, muitas vezes, a falta de acesso à internet e [baixas] condições financeiras, impossibilitam que o material chegue até elas. Outras famílias não querem saber deste novo jeito, acham que a escola é obrigada a ensinar e não elas.

 Você acha que o sistema de aulas remotas será capaz de suprir as necessidades e trazer um conhecimento efetivo para os alunos?

Acredito que se houvesse uma adaptação melhor por ambas as partes poderíamos à longo prazo, sim. Mas… como temos visto, há dificuldade para chegar naquela criança sem telefone, sem televisão, até mesmo [sem] o que comer em casa. Impossível haver efetividade de ensino diante de tantas desigualdades sociais e educacionais.

 Vocês, professores, diretores e comunidade escolar, participaram da elaboração do material e dos conteúdos que estão sendo ministrados por meio das videoaulas e da apostila da Secretária de Educação? Como foram feitos?

Como professora, não. E acredito que uma parcela muito pequena dos servidores tivesse informações sobre este material.

 Desde o começo do ano letivo de 2020 a rede estadual está em greve. Em meio à greve surgiu a pandemia e, logo em seguida , as diretrizes de isolamento. Você acha que este ano letivo está perdido ou vê saída

Talvez, depende de vários fatores que nos ligam. O problema maior são nossas famílias que não possuem condições de terem telefones com internet, muitas vezes também não querem ter trabalho… Enfim, o novo é sempre difícil, mas o querer sair de onde estamos precisa acontecer de ambas as partes.

 Assim como estudantes, os professores também são prejudicados por falta de estrutura na migração das aulas presenciais para online. Como vocês têm sido afetados?

Com certeza, ambas as partes saem prejudicadas. Principalmente o professor por ser cobrado e não ter condições de pagar a própria conta por atraso do pagamento salarial e continuar ministrando suas aulas. Quanto à mim, sou afetada somente quando a internet não pega na região. Tenho buscado me adaptar.

 Além do atraso nos salários e no décimo terceiro, os professores da rede pública enfrentam ainda a dificuldade de trabalhar com escolas sem estrutura e alunos carentes, que por vezes não têm o básico para estudarem. Como esse cenário tem se agravado neste período de quarentena?

Cenário triste das periferias, onde as condições são precárias e a estrutura familiar sofre com a falta do que comer. Há crianças que iam à escola para se alimentar. Agora, com toda a situação de pandemia, são obrigadas a se virarem pelo pão de cada dia. Ficam sem condições de estudar, não se encaixam ao novo.

 

* A entrevista foi produzida sob a supervisão da jornalista Daniela Reis e do professor Maurício Guilherme Silva Jr.

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Nutricionista e Preparador Físico falam sobre cuidados para manter o corpo saudável 

Por: Amanda Gouvêa e Camila Toledo

A pandemia global do novo coronavírus, fez com que várias pessoas trocassem a sua rotina normal de trabalho pelo “home office” (teletrabalho) e pelo ensino remoto, no caso das universidades. Além disso, essas mudanças também afetaram as formas de lazer e de se exercitar, impactando diretamente na saúde física e emocional de diversas pessoas pelo país.

Muitos estabelecimentos comerciais (bares, restaurantes, academias e afins), estão com funcionamento reduzidos ou fechados, com isso, as pessoas cada vez estão a procura para alternativas de consumo, o que contribuiu significamente para o aumento de pedidos de delivery e, consequentemente, o sedentarismo.

Com o intuito de entendermos as consequências da má alimentação e da falta de exercícios físicos, conversamos com Clara Marcelle, nutricionista que atua na rede pública de Vespasiano, e com o preparador físico da equipe feminina de vôlei do Itambé/Minas, Alexandre Marinho, sobre os impactos e cuidados que devem ser tomados devido ao isolamento social ocasionado pela Covid-19.

Cuidados com a alimentação

Clara, Quais os hábitos que devem ser evitados durante esse período de isolamento social?

CM: Você deve evitar criar “falsos hábitos” Mudar horário do sono, alimentação, trabalho, você mesmo que esteja em casa, tente manter os hábitos e horários, da sua vida habitual antes.

A crise que vivenciamos devido a pandemia da Covid-19 influencia na formação de comedores compulsivos?

CM: O período de quarentena que estamos vivenciado influencia muito na nossa alimentação. Quando estamos em casa e ansiosos nossos hábitos compulsivos afloram, por este motivo é importante tentar manter os horários habituais.

Como se alimentar em tempos de pandemia? Quais alimentos ajudam no fortalecimento da imunidade?

CM: Precisamos ficar atentos a algumas fontes que podem fortalecer nosso sistema imunológico. A vitamina C por pode ser encontrada na acerola, limão, goiaba, caju, laranja, brócolis, pimentão, espinafre, salsinha e tomate. Estas opções podem ser incluídas em saladas, sucos, temperos e consumo in natura. Podemos inserir o Zinco na alimentação através de semente de girassol, abóbora, chia, farelo de aveia, castanhas e nozes – que podem ser adicionadas em vitaminas, sucos, bolos, na preparação de alguma refeição ou consumidas in natura, e carnes em geral. É importante incluir também o Ferro no cardápio, consumindo carnes e vegetais verdes escuros, e Vitamina A, presente nos alimentos alaranjados como cenoura, mamão, abóbora, além de ovos, manga, couve, espinafre, pimentão vermelho, leite e derivados.

Uma boa hidratação é essencial para combater infecções virais, por isso alerta-se para o consumo diário de no mínimo dois litros de água potável evitando assim a desidratação. Lembrando que uma alimentação equilibrada não é cura para o vírus, mas fortalecerá o sistema imunológico.

Com o isolamento social as pessoas tem pedido com mais frequência comida em Delivery. Existe algum tipo de dica pra que isso não afete tanto na saúde das pessoas?

CM: A dica é: se for pedir um Delivery, evite sanduíches, pizzas e outros tipos de massa, dê preferência a pedidos de comidas in natura, frutas, legumes frescos e sucos naturais.

Existe uma forma correta para a higienização dos alimentos?

CM: Sim, a forma correta é: Para cada 1 litro de água, coloque 1 colher de sopa de hipoclorito de sódio (água sanitária), e deixe verduras e legumes imersos nesta solução por 15 minutos. Para produtos embalados, você deve borrifar álcool líquido sobre as embalagens lacradas. Nunca faça isso com embalagens abertas. Caso prefira usar álcool em gel, você deve adicionar um pouco do álcool em um pano limpo e passar sobre toda a embalagem.

Cuidados com o corpo

Alexandre, em meio ao isolamento social devido à pandemia de Covid-19 muitas pessoas só estão saindo de casa em casos muito necessários, então, até atividades simples praticadas no dia-a-dia – como subir escadas no trabalho ao invés de usar o elevador e preferência à caminhada ao percorrer distâncias curtas, por exemplo – foram paralisadas. Como as pessoas podem inserir atividades em seus cotidianos sem sair de casa?

Hoje a gente tem várias opções, os profissionais estão cada vez mais criativos e estão elaborando treinos de acordo com as coisas que as pessoas têm em casa: é possível transformar toalhas em TRX – que é um treinamento de suspensão – amarrando na porta, por exemplo, e (utilizar) principalmente o peso corporal que, com a criatividade de quem está prescrevendo, a gente consegue variar bastante o tipo de estímulo: pranchas, puxadas, flexões de braço, agachamentos são alguns dos exemplos que conseguimos fazer em espaços bastante limitados. É a criatividade de quem prescreve (os exercícios) que vai mandar, pensando também na individualidade para conseguir ajustar essas cargas em função da demanda da pessoa

Qual a importância da mobilidade para quem está trabalhando em home office?

AM: A mobilidade e a flexibilidade são alguns dos pilares do treinamento em casa no período de pandemia, então é fundamental que a pessoa se preocupe com esse tipo de exercício porque a tendência é ficarmos cada vez mais parados. Muitas pessoas estão casa, então os deslocamentos são pequenos e as atividades do dia-a-dia estão cada vez menores.

Quais prejuízos de se ficar muito tempo sentado em uma única posição?

AM: Nada que é exagerado é bom, então ficar na mesma posição pode gerar dores nas pernas, na região lombar, na região torácica. Manter uma mesma posição durante muito tempo é prejudicial em relação à dor e obviamente ao ficar muito tempo sentado você diminui ainda mais o gasto calórico. O ideal é, mesmo dentro de casa, se locomover o máximo possível.

Quais os efeitos do isolamento no corpo de um atleta com a paralisação das atividades dos clubes? E nas pessoas não atletas, qual a diferença?

AM: O atleta tem várias demandas físicas, a qual depende da modalidade. Independente de qual esporte é praticado, as perdas são muito grandes: força muscular, potência, agilidade, velocidade, além de mudanças ruins na composição corporal, ou seja, ele tende a perder massa magra e ganhar gordura. Isso porque o tipo de estímulo que a gente dá em casa está longe de ser o estímulo que ele, o atleta, trabalha no clube com disponibilidade de equipamentos, com a intensidade do treino.

Nós não conseguimos reproduzir isso de uma forma ideal para a demanda de um atleta. Uma pessoa normal, como ela não tem a mesma demanda, tem perdas um pouco menores, mas elas existem também. Se você para de treinar, começa a se alimentar mal – e a tendência é comer mais. Assim, a composição corporal vai variar de uma forma muito ruim, então temos que estar atentos a isso.

O Minas Tênis Clube têm realizado lives no instagram e preparado vídeos no Youtube com exercícios físicos instruídos por seus profissionais de cada área. Qual a importância disso nesse momento?

AM: A importância dessas lives nas redes sociais é minimizar essas perdas que vão ocorrer, não tem jeito, o período é muito extenso. No vôlei feminino, por exemplo, eu dou férias de inatividade de uma semana apenas para as atletas, já estamos estendendo muito o tempo. Se não fizer nada, a perda é muito grande. Então, a ideia dessas lives é minimizar as perdas das capacidades físicas e, no caso das atletas, prepará-las para retornar em uma condição melhor.

Quais os perigos de se fazer um exercício sem a instrução devida de um profissional?

AM: A pessoa adequada, para instruir os exercícios, é o profissional de educação física, porque ele organizará a sua demanda, seus problemas e eventuais lesões. Não recomendo as pessoas pegarem vídeos de blogueiros, porque, estes podem fazer coisas erradas e passando treinos sem ver quem está do outro lado, perdendo a orientação. Fazer qualquer coisa é melhor do que nada? Nesse momento, sim. A orientação é mover-se, mas com cuidado. Temos muitas opções tecnológicas para um preparador físico ou um personal trainer conseguir, virtualmente, ajudar. Não é o ideal, mas conseguimos ajudar sim.

Como está trabalho com as atletas do Minas? Quais as recomendações e dicas você e sua equipe estão passando para as jogadoras?

AM: No momento, não só para as atletas, mas para a população em geral, a gente tem que se exercitar, mas é preciso alguns cuidados. Não é a hora de fazer exercício extenuante, em altíssima intensidade ou exercício muito prolongado. A gente sabe que o nosso sistema imunológico pode sofrer e não é a hora dele estar debilitado.

Exercícios moderados a moderado intenso são mais curtos, via de regra hoje eu recomendo em torno de 45 minutos – talvez um pouco mais, um pouco menos, mas por volta disso. Esse é o principal recado que eu passo para as atletas porque elas acham que, como está parado, tem que se dedicar ao máximo e não é bem assim. Tem que se dedicar fazendo o que é para ser feito, mas com os devidos cuidados. Elas vêm treinando, algumas tem a estrutura própria que facilita (as atividades), e eu personalizo o treino, mando vídeos explicativos com as todas as variáveis do treinamento e, pra quem não tem estrutura, eu passo um treino com peso corporal, utilizando o menor espaço possível. Tudo isso dentro da base que eu disse, que é estimular o gasto calórico, diminuir as perdas das valências físicas, de potência, de força. Então é um pouco nesse sentido.

 

 

*A entrevista foi revisada por Italo Charles e Daniela Reis