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Pessoas

Foto por Ana Luísa Arrunátegui

Texto por Henrique F Marques
Vídeo e edição por Ana Luísa Arrunátegui e Henrique F Marques

Expedições surgiu de algumas conversas no NUC (Núcleo de Convergência de Mídia) base do Jornal Contramão, este é um projeto baseado na idéia de se aprofundar no desconhecido e conseguir coletar suas histórias, não se importando com a veracidade dela e sim, em mostrar as pessoas ali presentes. Sem nenhuma pauta fixa, com uma mochila, câmeras e quase sem contatos, os representantes do Contramão, chegam a cidade para descobrir o quais são as histórias e lendas do lugar.

No lançamento os estagiários Ana Luísa Arrunátegui e Henrique Faria Marques, viajaram para a cidade de Rio Acima, localizada à cerca de 36km do centro de Belo Horizonte. A região é conhecida pelas suas lindas cachoeiras abertas ao público, com cerca de 8 mil habitantes, a cidade passa a impressão de não ser tão acolhedora, como na verdade é, entre alguns olhares estranhos, que falava “olha os dois turistas”, os viajantes encontraram pessoas que os recebiam, com um pouco de receio, porém com muita educação como por exemplo “Preta”, que tem uma loja no centro do município.

Preta os recebeu muito educadamente e com pouco tempo de conversa, já soltava risadas e contava alguns casos que vira, em companhia de Ninilza, que no começo foi uma pouco mais reservada, explicou um pouco de como as coisas funcionavam por ali.

Mesmo sem pauta fixa, o vídeo abaixo foi produzido com as histórias nos contadas e com elas, temos a idéia de como que a cidade e seus habitantes se comportam, tanto entre si, tanto com seus visitantes.

 

Foto: Marina Rezende

A vida moderna tenciona as pessoas a, cada vez mais, aumentarem a velocidade de suas atividades. O trânsito caótico e os horários “apertados” as tornam mais estressadas e, consequentemente, menos atentas a onde vivem. Na contrapartida disso, ainda existem pessoas que se desligam, pelo menos um pouco, do estresse da vida moderna e se empoderam da cidade.

No meio da Praça da Liberdade encontramos o estudante de Relações Internacionais, Felipe Xavier. Ele lia o início do livro Encontro Marcado, de Fernando Sabino, antes de ser abordado por nossa equipe. “As pessoas não costumam prestar atenção na cidade.”, aponta. Segundo Xavier, o momento crucial que sinaliza a necessidade de reduzir a velocidade do dia-a-dia é quando o cansaço (físico e mental) chega ao extremo. “A plasticidade da cidade é um refúgio, traz descanso e tranquilidade.”, finaliza.

“De tudo ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro.”

Encontro Marcado – Fernando Sabino

No banco ao lado de Xavier havia um casal. Vivendo em bairros distantes, Ana Carolina Cordeiro e Cairo Luís, ambos estudantes de 18 anos, fazem da região central um ponto de encontro. “Serve para aliviar, melhorar o humor, relaxar.”, argumenta Luís, enquanto segura a mão direita de Ana Carolina. Ela, por sua vez, ressalta as características da Praça da Liberdade que influenciam na escolha do local para dar uma pausa na rotina. “É um ponto que está mais acessível, no centro da cidade. É aconchegante, tem guarda-municipal, natureza, etc.” O casal, ainda, declara o amor um pelo outro. Luís conta que eles se conhecem há dez anos e que a amizade ajudou no namoro, que já dura um ano e um mês.

Também encontramos Rosilene Carneiro, coordenadora pedagógica de 50 anos que cuidava de crianças que se divertiam próximas às árvores. “Estamos na fila de um museu há um “tempão” e não conseguimos vagas. Daí, dividimos. Viemos com duas turmas: uma está lá dentro [museu] e nós estamos aqui, esperando, e aproveitando a Praça da Liberdade.”, explica. Quando a perguntamos da importância de as crianças terem, desde cedo, a cultura de passar pela cidade com calma, Carneiro fez sinal positivo e acrescentou que só faz isso nas férias. “Você não tem tempo para relaxar. É só trabalho, trabalho, trabalho, e você fica por conta disso. Não dá para, por exemplo, caminhar na praça, pois existem muitas, muitas outras atividades a serem feitas.”, justifica.

Com sacolas em punho, Ana Caldas, 46, servidora pública, caminhava com passos largos e ligeiros. “Durante a semana eu tenho obrigações. Horário de serviço, de levar minha filha na escola, de buscar, compromissos que não podem ser adiados para poder parar para apreciar a cidade”, declara enquanto corre. Ela diz que nem sempre o rápido e o devagar representam o que parecem. “Às vezes você pode fazer as coisas rapidamente de uma maneira tranquila. Não significa que é devagar e tranquilo.”, compara.

Por fim, avistamos uma idosa sentada com alguns papéis em mão. Ao nos aproximarmos, fomos recebidos com um sorriso largo e um convite para sentar no banco que, antes, era ocupado pelas sacolas que carregava. Berenice de Oliveira, de 74 anos, nos contou sobre seu dia. “Hoje eu tenho uma manicure, então resolvi sentar na praça para ler e relaxar. Eu não substituo esse momento, comigo mesma, por nada”, reconhece.

Por: Gabriel Peixoto