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Praça da Liberdade

Misturando poesia, politica e pipoca o vendedor Washington Silvestre, 40, chama a atenção de quem passa pelo Centro Cultural Banco do Brasil, na Praça da Liberdade, com poesias e contos colados em seu carrinho. O pipoqueiro, que também é escritor e compositor, sonha em gravar um disco independente e publicar um livro com suas obras.

A ideia de colar os textos surgiu, segundo ele, da vontade de fazer com que as pessoas conhecessem os seus ídolos literários e passassem a ler mais, “com isso faço com que as pessoas, conheçam o que há de bom na literatura brasileira e passem a gostar”.


Antes de se aventurar como vendedor o ambulante trabalhava como gari e afirma ser essa sua profissão. Como perdeu seu emprego, Silvestre resolveu então vender pipoca para se sustentar, “Eu corria atrás de caminhão daí perdi o emprego e resolvi vender pipoca deu certo e estou aqui até hoje”, declara.

Recentemente ele encontrou mais um obstáculo para seu trabalho. A fiscalização da Prefeitura de Belo Horizonte o proibiu de trabalhar em dias de grandes eventos no entorno da praça alegando que o local é patrimônio tombado e vendedor nenhum pode ficar num raio de 50 metros, correndo o risco de tomarem o seu carrinho. A solução encontrada por Washington foi organizar um abaixo assinado e entrar com uma ação pedindo uma liminar para trabalhar em eventos maiores, pois segundo ele, tem o dobro de lucro que nos dias normais, “As vezes a fiscalização tira vendedores de outros pontos que vêm aqui somente em grandes eventos e eu acabo sendo prejudicado”.

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Na foto Washington Silvestre e seu carrinho de pipoca.

Washington morou na rua por três anos, onde acabou se envolvendo com drogas, e encontrou na literatura incentivo para retomar sua vida. Além de poesias ele escreve músicas e espera um dia poder gravá-las. Desde que começou a trabalhar como pipoqueiro passou a usar o espaço para divulgar também as suas obras, onde escreve sobre amor e problemas sociais que ele acompanha de perto.

Animado, Silvestre sonha com o sucesso: “ainda vou conseguir viver somente da minha arte, é isso que eu quero”, finaliza.


Texto e foto: Felipe Chagas

O uso da música para auxiliar no aprendizado é uma das propostas do projeto da Escola Integrada, da Prefeitura de Belo Horizonte. A parceria do projeto com as escolas do ensino fundamental já beneficia milhares de estudantes, como os alunos do Colégio Imaculado Coração de Maria (Imaco). Os adolescentes participantes passam a ter aulas de manhã e participam de disciplinas extracurriculares, como percussão, capoeira, circo, teatro e dança, no período da tarde.

Na tarde dessa terça-feira, 23, o professor Ricardo Britto esteve na Praça da Liberdade, região centro-sul de Belo Horizonte, com alguns alunos do Imaco para uma aula de percussão ao ar livre. Para Britto é importante que os jovens tenham algumas aulas fora do colégio. “Os alunos ficam na escola o dia inteiro. Às vezes a gente vem para a praça para eles terem contato com um ambiente mais natural”, afirma o professor.

O projeto trabalha com crianças de 11 a 14 anos. Britto também chama atenção para as apresentações que as crianças fazem na cidade, como no Parque das Mangabeiras ou na própria Praça da Liberdade. Durante o ano, as crianças praticam as músicas e em algumas datas, como o dia das crianças e o final de ano, elas se apresentam para o público.

As crianças que marcaram presença na aula na praça de hoje, disseram que gostam do projeto por se sentirem bem nas aulas. Algumas fazem apenas percussão, outras, teatro e circo também. Um dos jovens disse preferir fazer as aulas de música porque futebol da para fazer durante as aulas de educação física da própria escola. Todas elas reafirmaram ser muito boa a iniciativa da Escola.

 

Texto e foto: Umberto Nunes.

 

Desde as 00h desta terça-feira, 23, a primavera chegou para colorir as ruas de Belo Horizonte. E para comemorar a chegada da estação, a mantenedora do local, Vale do Rio Doce e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA) estão realizando a troca das mudas dos canteiros da Praça da Liberdade.

Na tarde de hoje, 23, já é possível ver os trabalhadores trocando as mudas do lugar por plantas mais novas e mais resistentes. De acordo com o zelador da Vale, Mario Marioto, a mudança das flores da Praça da Liberdade deve acabar até o final da semana que vem 04 de outubro. Serão colocadas flores das espécies: rosa (Rosa spp), margaridas (Chrysanthemun leucanthemum), cravos-da-índia (Syzygium aromaticum), sálvia (da família das Lamiaceae), entre outras.

Por incrível que pareça, há pessoas na capital mineira que nunca visitaram a Praça da Liberdade, como a estudante Crislaine Rufino, 15. “Vim numa excursão da escola. Nunca tinha vindo aqui. To achando tudo muito bonito”.

O novo visual da praça já é notado pelas pessoas que transitam pelo local.  Ana Mendes, pedagoga, mora em Belo Horizonte há apenas um ano. Ela veio de Feira de Santana, Bahia, para tentar mestrado na UFMG. “Nessa praça eu sinto que as pessoas realmente curtem a cidade, mais o ambiente. Agora tudo vai ficar mais florido e ainda mais bonito”, ressalta.

Texto Luna Pontone
Foto: Umberto Nunes

Era Dia dos Namorados e o caminho para casa incluía a Praça da Liberdade como rota. Dessa vez, havia algo no ar e não era o “enamoramento” dos vários casais que já tem o costume de estar na praça com ares de romantismo europeu. Dezenas de policiais circulavam por todas vias no entorno, várias viaturas chegavam fechando as ruas, cercos eram montados: uma praça de guerra era montada bem à minha vista. Me aproximei mais rápido para ver o que acontecia.

Um saxofonista, que pensava em faturar uns trocados na data, mudou de música quando a polícia tomou a praça. Não tenho ideia se era sua intenção, mas a marcha fúnebre que saiu tocando combinou com o clima que se instaurou naquela momento. Muitos casais dispersaram antes ainda de entender o que estava acontecendo; talvez até mesmo Cupido esteja mais precavido nos dias de hoje. Pouco tempo depois depois da chegada da polícia, vi as bandeiras vermelhas subindo a Avenida João Pinheiro. Mesmo imbuído da minha função (apurar todo o desenrolar da manifestação) e embora estivesse calmo, não pude evitar um arrepio de temor diante do cenário que se desenhava.

A polícia se posicionou em toda praça, com efetivo suficiente para fechar todas as ruas em volta e ainda sobrava gente para ficar em frente ao relógio da Copa – sim, falo do relógio que a Coca-Cola instalou por lá para fazer a contagem regressiva da temporada de futebol (se esse fosse um relato gonzo, eu escreveria “temporada de medo e delírio” no lugar). Ao contrário da força policial, os manifestantes não estavam em número tão expressivo. O grupo se aproximava enquanto a última porta do Xodó era fechada. O barulho não entrou bem em meus ouvidos.

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Eram exatamente 16h, quando uma linha invisível delimitou o posicionamento de manifestantes e policiais na praça; frente a frente, ambos os lados esperavam por algum movimento, alguma ação, uma faísca. A faixa invisível só não era respeitada pela imprensa, que sempre se embrenhava entre os dois grupos para ter bons registros. A linha de frente do grupo que protestava era formada por alguns mascarados, um pessoal com estilo punk e cabelos espetados, jovens e senhoras – destaco senhoras, por que não vi nenhum senhor por lá, pelo menos não à frente. Os policiais estavam imóveis, bravamente posicionados (atrás de escudos e bem armados) defronte ao fatídico relógio. Ninguém tocaria nele desta vez, nenhuma pedra o arranharia, diferente do que aconteceu nas Jornadas de Junho no ano passado. Havia forte aparato policial para garantir sua segurança desta vez.

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Contra a barreira policial os manifestantes puxaram gritos, como “olha que idiota, tá defendendo o relógio da Copa!”. Os agentes permaneciam imóveis. Até que, em certo momento, um pequeno aglomerado de manifestantes começou a queimar a bandeira do Brasil, mas o vento atrapalhou, apagando a intenção deles. Foi nesse momento em que ouvi os primeiros disparos, juntamente com o corre-corre, o gás lacrimogêneo e as pedras. Consegui ver que um manifestante havia se machucada e outro voltava para socorre-lo, mantendo as mãos sempre para cima. Ao redor: bombas de gás versus pedras. Difícil escrever “enfrentamento” para definir isso.

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Enquanto agentes policiais marchavam, uma senhora desabafou aos berros: “a população está ferida, mas o relógio está intacto! Parabéns, vocês conseguiram!”. Uma outra debochou: “a gente só queria dar um abraço no relógio, mas vocês não deixaram”. Com a praça esvaziada, mantendo formação, escudos à frente, a polícia passou a cercar outras vias.

Eram 16h20 quando um grupo de policiais saiu da praça, passou pelo prédio da biblioteca pública para enfim bloquear a Rua da Bahia. De mãos dadas com a namorada sigo para o programa romântico da tarde: vou atrás deste destacamento. Lágrimas correm pelo meu rosto e não é choro sensível pela data comercial, é o efeito do gás que já me cega. Ela assume a câmera até que eu me recupere.

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Os policiais cercaram a Rua da Bahia, mantendo duas filas de agentes. Estamos logo atrás dessa sólida formação. Afora os policiais, somos três: dois estudantes de Jornalismo – no meio de confusão de sentimentos – e um repórter de O Tempo. Enquanto acompanhamos e registramos a ação, dois policiais saíram de suas posições oficiais e se aproximaram de nós. Eu carregava uma mochila e não tinha credencial de imprensa, além disso, fotografava do celular; Guilherme Ávila, o jornalista do O Tempo, tinha credencial, uma GoPro na cabeça, câmera profissional na mão e nada de mochila. Não sei se eu usava um manto de invisibilidade ou se um repórter de jornalão, naquele momento, era mais visado para a abordagem policial, mas o caso é que os agentes me ignoraram e foram direto até Ávila. Só depois de ver a credencial, pedir seu documento de identidade, fazer vistoria corporal e fotografá-lo é que os PMs se lembraram que eu estava lá e pediram para ver o que havia na mochila sem se importar muito com o conteúdo.

Depois da revista, fizemos trajeto contrário ao ato e seguimos pela Rua da Bahia até a proximidade do Minas Tênis Clube, trocando informações com a redação. Sabíamos que com a mochila passaríamos por revistas constantemente e precisávamos nos desfazer dela. Em todo o trajeto havia circulação de policiais. Um professor universitário aparece afobado querendo saber o que estava acontecendo, o som dos tiros o assustaram. Quando explicamos ouvimos uma resposta que me fez cogitar que ele pudesse ser a própria Joana Havelange: “acho que agora não tem mais que protestar, afinal, já gastou muito dinheiro, o que tinha que ser roubado já foi roubado. Agora é nas urnas”.

De novo, o caminho de casa é o caminho da manifestação. Seguimos pela Avenida Bias Fortes. Alguns moradores estavam fora de suas casas com cara de medo. Observamos algumas pichações novas nos muros. “Vocês estão nas manifestações?”, indaga uma senhora. Explicamos que estávamos cobrindo o ato. “Tá uma bagunça, uma baderna, eu se fosse vocês passava por outro caminho”, disse ela. Expliquei que aquele também era nosso caminho para casa. “Boa sorte”.

  Texto por Alex Bessas
  Fotos: João Alves, Alex Bessas e Franciele Carvalho

O Circuito Cultural Praça da Liberdade recebe o pré-lançamento do Ei Música Brasil – Encontro Internacional da Música em Minas Gerais por meio do Programa de Música Minas, do Sebrae e da Secretaria de Estado de Cultura.

“Ei Música” é um seminário para colher opiniões, capacitar e gerar mais informação sendo um teste inicial para pensar como seria uma feira internacional que atenda as necessidades, anseios e vontades de quem participa. Ao todo serão seis shows e duas mesas de debates que reunirão nomes de destaque na questão cultural do país.

Benjamim Taubkin em sua palestra Novas plataformas para a promoção da música no Brasil e no mundo apresentada ontem, dia 12, fez um apanhado compartilhando seus pensamentos e experiências no universo da música, contando com a participação do público, sendo sua maioria pessoas que trabalham nesse universo. No momento em que descreve suas vivências em festivais em outros países, Taubkin ressalta: “percebi que só consegue ter uma presença mais forte no mundo se você tiver uma música forte no seu país, você tem que poder ter uma cultura forte para poder conversar melhor com o mundo”.

Além do debate também houve a criação de Grupos de Trabalhos (GT) com os participantes do evento para a discussão de macro temas e seus desdobramentos. A entrada é gratuita, porém as palestras estão sujeitas a lotação. As apresentações musicais dos artistas Sérgio Pererê, Dibigode e DJ Luiz Valente iniciaram as 19 hr na Praça da Liberdade.

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Por: Bárbara Carvalhaes
Imagem: Divulgação 

A cena rock de Belo Horizonte diversifica suas formas e se desdobra entre covers e trabalhos autorais. O Circuito Cultural Praça da Liberdade promove o debate sobre a produção, circulação e sobrevivência da música cultural na capital mineira, com o tema: “Como fazer, produzir e viver de Rock em BH”, os músicos Marcelo Dolabela e Thiakov Davidovic conduzem uma conversa sobre o estilo musical neste sábado, 3.

Marcelo Dolabela líder do grupo “Divergência Socialista”, conta que as primeiras gravações de rock surgiram em 1965, em paralelo a Jovem Guarda. “O pessoal começa a ter mais discos e, a partir daí, o Rock começou a fazer parte da vida da cidade”, explica Dolabela.

Viver de música é possível?

Para o cantor e produtor musical Thiakov Davidovic é possível sim viver e trabalhar da música. Como prova, ele usa sua carreira “há basicamente 15 anos vivo somente da música. Mas isso só foi viável a partir de um hall de possibilidades que eu tive que criar” ressalta o cantor.

Segundo Dolabela, a essência do rock permanece inalterada, “o Rock foi música e rebeldia, hoje é indústria. Que produz, embala e vende o mais volátil e mais temido sentimento: a rebeldia. Com a cara que tiver, com a roupa que vestir, com a causa que defender, o Rock será sempre primitivo e sempre utópico. Sempre tribal e sempre do contra” finaliza.

Serviço:

O debate será realizado no Espaço do Conhecimento UFMG – Circuito Cultural Praça da Liberdade, neste sábado, 3, às 11h. Entrada franca.

Texto: Gabriel Amorim
Foto: Túlio Travaglia